Em 2022, o Talibã anunciava o fechamento das escolas femininas no Afeganistão, uma medida que preocupou o mundo inteiro, e até mesmo autoridades islâmicas, pois consideravam frágil o embasamento da medida, além de prejudicial para a população.
Uma dessas autoridades foi o Mufti Muhammad Taqi Usmani, erudito sunita de orientação hanafita e foi juiz da Suprema Corte Sharia do Paquistão.
Ele é uma autoridade reconhecida em questões de ética e governança islâmica e desempenha um papel proeminente como professor e vice-presidente de Darul-Uloom Karachi, uma das instituições mais importantes de estudos islâmicos no Paquistão.
Além disso, ele é uma figura altamente respeitada pelos próprios Talibãs, e se valeu de sua influência para fazer um apelo pela reabertura das escolas e universidades para as mulheres.
Em sua carta, o Mufti Muhammad Taqi Usmani enfatizou:
"A educação das meninas é atualmente uma questão importante que os inimigos do Emirado Islâmico têm usado como uma ferramenta de propaganda. Valorizamos as medidas sábias e sinceras que o Emirado Islâmico tomou até agora. No entanto, acreditamos que é necessário fazer arranjos adequados para a educação das meninas de acordo com a Sharia"
Ele também enfatizou que a educação das mulheres é algo de grande importância para as sociedades islâmicas:
"Em segundo lugar, é necessário dissipar a impressão de que o Islam ou o Emirado Islâmico são contra as mulheres. No entanto, é necessário fazer arranjos segregados para a educação das meninas – separados dos meninos."
Na ocasião, o Mufti soube que não havia meios suficientes para criar instituições educacionais separadas para meninos e meninas.
Através de sua carta ele buscou propor soluções, como a introdução de horários escolares diferentes para meninos e meninas. Outra alternativa que ele sugeriu foi a criação diferentes seções da mesma escola voltadas para cada gênero.
"Uma solução pode ser encontrada com consultas mútuas", afirmou.
Atualmente as escolas afegãs continuam sendo restringidas para as mulheres. Este problema gera indignação perante a comunidade internacional, que é considerado uma violação dos Direitos Humanos.
Este problema é um grande empecilho para que o Afeganistão consiga repor a mão de obra do mercado de trabalho interno, além de inibir uma série de investimentos estrangeiros, o que é particularmente grave devido à grande pobreza que abate a população local.
De acordo com o jornal Dawn.com, antes do Mufti Muhammad Taqi Usmani, um grupo de 16 eruditos islâmicos do Paquistão já havia feito um apelo ao Talibã para que não banisse a educação para as mulheres.
Atualmente, o Afeganistão é o único país que proíbe meninas e mulheres de ter acesso à educação secular.
Para quem deseja entender o contexto da proibição, não deixe de ler a nossa retrospectiva do governo Talibã entre 2021-2024 clicando aqui.
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