O jornal britânico The Guardian divulgou nesta terça-feira (1) imagens que mostram soldados australianos bebendo cerveja e dançando com uma prótese de perna em um bar localizado dentro da base das forças armadas da Austrália no Afeganistão. A peça seria de um soldado do Taliban morto em combate, em abril de 2009, na província afegã de Oruzgan.
A imagem surge em um momento comprometedor para as forças armadas da Austrália, em que 19 soldados estão sendo investigados pelo assassinato de 39 prisioneiros e civis afegãos e maus tratos a outros dois, atos que são configurados como crimes de guerra. Há evidências de que essas mortes também foram deliberadamente acobertadas.
O relatório do juiz Paul Brereton, que lidera as investigações sobre as violações do exército no Afeganistão, ainda sugere que outros 25 funcionários e ex-funcionários da corporação estão envolvidos em crimes graves ou são cúmplices deles. Ao todo, 36 incidentes estão sendo investigados.
As imagens publicadas que mostram os soldados exibindo a prótese podem servir como evidência de que vários crimes foram cometidos pelos militares. A prótese de perna foi retirada de um campo de batalha e mantida pelos soldados, o que sugere se tratar de troféu de guerra, podendo ser considerado como pilhagem, que é considerado crime pelas leis australianas.
Outro fato comprometedor é a existência de um bar não-oficial dentro de uma base das forças armadas em Tarin Kowt, capital de Oruzgan. O local, chamado de “Braços da Mulher Gorda”, não tinha autorização para funcionar e vários desrespeitos às normas de comportamento foram cometidos, como beber em operações, violação às normas de vestimenta e comportamento inapropriado.
A prótese de perna acompanhava o bar onde quer que ele fosse instalado. Ela chegou a ser usada na instalação de uma placa onde estava escrito “Das Boot” (A Bota), que ficava ao lado de uma Cruz de Ferro, uma condecoração que era distribuída na Alemanha Nazista.
Alguns soldados afirmam que essas práticas foram amplamente toleradas pelos oficiais do alto escalão e que houve até mesmo a participação deles nesses eventos. Há rumores de que existam fotos que mostram oficiais bebendo cerveja na prótese, mas até o momento nenhuma imagem foi publicada.
O relatório de Brereton concluiu que os soldados investigados estavam abraçando as práticas de uma “cultura guerreira”, que contribuía para o surgimento de um ambiente em que os crimes eram supostamente praticados. Alguns dos militares investigados ainda continuam atuando pelas forças armadas australianas.
Os novatos eram submetidos a um exercício chamado “sangria”, em que a primeira pessoa que eles deveriam matar deveria ser um dos prisioneiros de guerra. Em alguns casos, as vítimas eram civis sem nenhuma ligação com o conflito e, após sua morte, os militares colocavam armas ao lado dos corpos para simular ter havido um confronto, o que encobriria o crime.
De acordo com o chefe das forças armadas australianas, general Angus Campbell, nenhum dos crimes foi cometido no “calor da batalha”. “Nada do que foi alegado ocorreu em circunstâncias nas quais a intenção do perpetrador era pouco clara, confusa ou equivocada”, disse ele em uma entrevista coletiva à imprensa.
Em nota enviada ao The Guardian, o Departamento de Defesa da Austrália afirmou que “O relatório foi redigido para remover nomes e detalhes que pudessem identificar indivíduos”. Essas medidas são baseadas na Lei de Privacidade do país, que garante proteção às informações dos acusados.
Com Informações de: The Guardian e BBC
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