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Aplicativos islâmicos entregam dados pessoais para militares americanos

Reportagem de uma revista americana mostrou que o aplicativo Muslim Pro estaria repassando dados pessoais de 98 milhões de usuários.
  • Uma reportagem da revista Vice apurou que os militares americanos usam aplicativos de celular para obter acesso a dados pessoais dos usuários.
  • Alguns desses aplicativos são voltados para o público muçulmano, entre eles, o Muslim Pro, o mais popular do mundo deste segmento.
  • Esses dados auxiliam militares em operações no exterior. 

Uma reportagem da revista americana Vice mostrou que aplicativos islâmicos para celulares estão vendendo dados de seus usuários ao exército americano. Entre eles, estaria o Muslim Pro, o app islâmico mais baixado do mundo, com 98 milhões de downloads, que informa a hora exata das orações e disponibiliza a leitura do Alcorão na íntegra.

Na reportagem, a revista relatou ter tido acesso a registros públicos, entrevistas com desenvolvedores e análises técnicas que comprovam que os militares americanos acessam os dados dos usuários usando os serviços de duas empresas que são parceiras das desenvolvedoras de aplicativos.

Como os dados são obtidos

Uma das formas de espionagem é através de uma empresa chamada Babel Street, que criou um produto chamado Locate X, no qual o Comando de Operações Especiais do exército americano adquiriu acesso para auxiliar em operações das forças especiais no exterior. A Vice entrevistou o comandante e porta-voz da marinha americana, Tim Hawkins, que confirmou que os militares possuem acesso a este dispositivo.

A outra forma de espionagem é através de uma empresa chamada X-mode, que capta informações e as revendem para outras empresas, incluindo as forças militares dos EUA. Esta companhia está presente em mais de 400 aplicativos, incluindo o Muslim Pro e o Muslim Mingle, que é voltado para relacionamentos amorosos entre muçulmanos e já foi baixado mais de 100 mil vezes.

Ao instalar os aplicativos no celular, a Vice observou que eles enviam informações precisas sobre a geolocalização, data e hora, informações do telefone (como o modelo, por exemplo) e a rede wi-fi que está conectada no dispositivo para o X-mode. 

A Vice também descobriu que a X-mode obtém acesso a informações de diversos aplicativos de relacionamento no Irã, Egito e Turquia. A reportagem também menciona outros apps que não são voltados exclusivamente para muçulmanos.

Resposta do Muslim Pro

Após a divulgação da reportagem, a Bitsmedia, empresa responsável pelo Muslim Pro, sediada em Cingapura, emitiu uma nota nesta terça (17/11) nas redes sociais do aplicativo. Em resposta, a desenvolvedora negou as acusações apresentadas pela Vice e disse que “Isso é incorreto e falso. A proteção e o respeito à privacidade de nossos usuários é a maior prioridade do Muslim Pro.” 

A nota ainda afirma: “Como um dos aplicativos muçulmanos mais confiáveis ​​nos últimos 10 anos, aderimos aos mais rígidos padrões de privacidade e regulamentações de proteção de dados e nunca compartilhamos nenhuma informação pessoal identificável.”

A Bitsmedia afirmou que irá instaurar uma investigação interna e irá rever sua política de gestão de dados. A desenvolvedora também garantiu que encerrou sua relação com todos os parceiros de dados, incluindo a X-Mode.

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