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Como Gaza virou uma Prisão ao Ar Livre

Os bloqueios que Israel impõe à Gaza levou a Human Rights Watch a chamar o local de "prisão ao ar livre". Conheça esta história.
  • A Faixa de Gaza é um território fortemente controlado por Israel.
  • Desde 2007, Israel impõe cerco marítimo, terrestre e aéreo na região.
  • Isto impede que suprimentos básicos e mercadorias cheguem a Gaza e causa diversos problemas socioeconômicos.
  • Organizações observam que os cercos configuram graves violações dos Direitos Humanos.

Se você tivesse que pensar em um lugar cercado por muros, onde as pessoas não têm direito de ir e vir, fortemente monitorado, com controle de entrada de suprimentos básicos e fornecimento de serviços fundamentais, você provavelmente diria que este lugar é uma prisão.

É desta forma cruel e desumana que os habitantes de Gaza vivem atualmente, mesmo que a maior parte deles não tenha nenhum envolvimento com algo criminoso, todos pagam como se fossem culpados.

E isto não é um exagero dos partidários da causa pela libertação da Palestina, pois até mesmo importantes organizações em favor dos direitos humanos já definiram desta forma.

Como Gaza foi Cercada

O planejamento da divisão da Palestina foi apresentado na Assembléia Geral das Nações Unidas em 1947, até então toda a terra era controlada pelos britânicos.

O planejamento inicial previa 55% das terras para os judeus, muito embora eles compreendessem 32% da população da Palestina, enquanto o restante era de árabes.

Quando o mandato britânico acabou em maio de 1948, imediatamente árabes e israelenses entraram em guerra, com muitos palestinos sendo obrigados a se deslocar e assentar na Faixa de Gaza, que havia ficado sob controle dos árabes.

Após o armistício, Gaza ficou sob domínio do Egito até 1967, quando ocorreu a Guerra dos Seis Dias.

Israel saiu vitoriosa, garantindo um acesso maior a territórios que não lhe pertenciam na partilha de 1947.

Atualmente, a Palestina fica dividida em três regiões: Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

Embora os territórios sejam considerados autônomos, eles são controlados por Israel, e por isso enfrentam diversas limitações e restrições.

Em 1987, ocorreu um levante dos palestinos contra Israel, em um episódio que ficou conhecido historicamente como a primeira Intifada.

É durante este período que o Hamas se desenvolve como um grupo de resistência paramilitar. 

A primeira intifada termina em 1993, quando é promulgado os Acordos de Madrid e o de Oslo, que criou a Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Este marco concedeu certa autonomia para Gaza e Cisjordânia, mas na prática, a vida dos palestinos ainda continuou extremamente limitada e controlada por Israel.

Em 2000 ocorreu a segunda intifada, ainda mais violenta do que a primeira. Ela se encerra no ano de 2005, e resulta na retirada das tropas e cerca de 7 mil colonos israelenses da Faixa de Gaza.

Em 2006, o Hamas venceu as eleições na Faixa de Gaza, o que desencadeou uma violenta luta contra o Fatah, o partido de oposição, ao longo do ano seguinte.

Após a vitória, o Hamas passou a governar Gaza, e desde então mantém o seu poder, resistindo a várias ofensivas de Israel e realizando ataques em outras oportunidades.

Por causa disso, Israel iniciou um duro bloqueio aéreo, marítimo e terrestre por Gaza, o que restringiu severamente a liberdade da população local.

Embora Israel utilize o Hamas como argumento para impor as restrições, o controle de Gaza sempre foi algo extremamente violento e difícil para os palestinos, mesmo antes do Hamas existir.

Vale destacar que o Hamas não controla a Cisjordânia, esta é governada pela Autoridade Palestina de Mahmoud Abbas.

Restrições Impostas em Gaza

A população de Gaza não pode sair ou entrar no território no momento em que desejam, pois as fronteiras são controladas por Israel.

Palestinos só são autorizados a sair dali quando precisam de tratamento de saúde, mesmo assim, este direito só é concedido em casos bastante excepcionais.

O controle também afeta a entrada de suprimentos básicos em Gaza e também as importações e exportações.

Isso além de causar problemas de abastecimento, gera problemas econômicos e motiva uma alta no desemprego, que atinge mais de 40% da população.

A forma de driblar as barreiras, é através dos túneis subterrâneos criados pelo Hamas, que Israel bombardeia frequentemente por se tratar de parte da tática militar do grupo que controla Gaza.

Este território palestino possui 40 km de extensão e 10 km de largura, o que compreende uma área total semelhante ao plano piloto de Brasília.

Mesmo assim, a população local é de cerca de 2,3 milhões de pessoas, o que faz de Gaza uma das áreas mais densamente povoadas do mundo.

Por causa da alta taxa de natalidade, mais da metade da população da região possui menos de 19 anos de idade.

Essas crianças, adolescentes e jovens possuem baixíssima mobilidade social e não têm oportunidades de interagir com o restante do mundo, educar ou trabalhar fora, o que acarreta em um impacto sócio-econômico extremamente negativo.

Condenações às Restrições em Gaza

Vários grupos internacionais que monitoram a situação dos direitos humanos na Palestina já condenaram as ações de Israel em Gaza devido às constantes violações à dignidade da população.

A Human Rights Watch já afirmou que a Faixa de Gaza é uma "uma prisão ao ar livre", devido às restrições de movimentação que Israel impõe aos palestinos.

Já o Comitê Internacional da Cruz Vermelha considera os bloqueios ilegais, pois eles infringem as Convenções de Genebra.

A Amnistia Internacional já se referiu à situação da Palestina como um apartheid imposto por Israel, e disse que "o bloqueio é uma forma de punição coletiva".

Conclusão

A Faixa de Gaza é um território palestino, mas controlado por Israel. Ele é cercado por muros e seu espaço aéreo e marítimo estão sob controle israelense.

Palestinos não podem sair e entrar no momento que quiserem e a entrada de suprimentos e mercadorias são reguladas por Israel.

Durante o cerco de Gaza em outubro de 2023, Israel endureceu o bloqueio e bombardeou a Faixa de Gaza.

Até o final da redação desta matéria, o Ministério da Saúde de Gaza havia informado que 6.546 palestinos já haviam morrido nos ataques israelenses. 

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