Em 2019, nas áridas paisagens do sudeste do Afeganistão, despontou a inspiradora história de Mia Khan, um trabalhador braçal que, todos os dias, percorria 12 quilômetros de motocicleta para garantir que sua filha, Rozai, pudesse frequentar a escola.
Era uma jornada que ia além da distância física: simbolizava a luta por um futuro melhor em uma terra onde oportunidades, especialmente para meninas, eram escassas.
A dedicação de Khan tinha um objetivo claro — realizar o sonho de Rozai de se tornar a primeira médica de Sharan, uma cidade na província de Paktika.
Com uma saúde debilitada em virtude de uma doença cardíaca e sem acesso à educação formal, ele enxergava na filha a possibilidade de romper ciclos históricos.
"Não temos médicas em nossa cidade. Meu maior desejo é ver minha filha como a primeira médica daqui. Quero que ela sirva à humanidade", declarou Khan ao Arab News.
Khan não apenas levava Rozai à Escola Nooranya, mas aguardava pacientemente do lado de fora até o fim das aulas, zelando por sua segurança.
Rozai, por sua vez, reconhecia o sacrifício de seu pai e, em meio ao cansaço das longas jornadas, sonhava com uma escola mais próxima.
"Viajamos uma longa distância e, às vezes, chegamos cansados à escola. Gostaria que houvesse uma escola mais próxima de nossa casa", contou ela ao Arab News.
A determinação de Khan foi amplamente reconhecida. O Ministério da Educação do Afeganistão anunciou a construção de uma escola em sua aldeia, um gesto que simbolizava não apenas gratidão, mas o compromisso com a educação em áreas remotas.
"O ministro prometeu construir uma escola perto de sua casa", afirmou Noorya Nazhat, chefe de assuntos públicos do ministério.
No entanto, desde 2020, não há novas notícias sobre Mia Khan e sua filha. O cenário educacional no Afeganistão mudou drasticamente.
Com a retomada do poder pelo Talibã em agosto de 2021, medidas restritivas foram impostas, proibindo meninas de frequentar escolas secundárias e universidades, tornando o Afeganistão o único país a barrar a educação feminina além do sexto ano.
A história de Mia Khan e Rozai, apesar de interrompida, permanece como um símbolo de resiliência e amor paterno, mesmo nas condições mais adversas.
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