A verdadeira felicidade e prosperidade reside no contato de uma pessoa com Deus e na sua submissão à vontade de Deus.
Uma pessoa que desfruta de um relacionamento perfeito com Deus alcança o status de Nafs-e-Mutmainnah (a alma tranquila).
Ao demonstrar firmeza na fé e nas ações, essas pessoas ouvem a reconfortante voz dos anjos: “Não temais, nem vos aflijais; e alegrai-vos no Jardim que vos foi prometido.” (Alcorão 41:31)
Este mundo torna-se um paraíso para esses crentes. Uma sucessão de boas novas divinas lhes é revelada e eles acreditam plenamente nelas.
Eles são justificadamente felizes com as bênçãos e a misericórdia de Deus, e é isso que Deus lhes recomenda.
O Profeta Muhammad costumava dizer:
“Um verdadeiro crente está em uma posição única. Sempre que sofre uma aflição, ele a suporta com alegria e é recompensado por Allah. E quando recebe algo de bom, ele é grato e também é recompensado por Allah.”
Isso mostra que um verdadeiro crente é feliz em todas as situações e está satisfeito com seu Criador.
Nesse sentido, esse verdadeiro sentimento de felicidade e temperamento agradável não é apenas indicativo de sua saúde mental e física, mas também se torna um sinal de sua fé.
Quem mais poderia estar em um status mais elevado de obter o prazer de Allah do que o Santo Profeta Muhammad?
Ele estava sempre sorrindo. Ele aconselhava seus companheiros a não considerarem qualquer boa ação como insignificante, mesmo que fosse apenas um sorriso e um gesto amigável para com um irmão. (Sahih Muslim, Kitab-ul-Adab)
Os companheiros descrevem o Profeta Muhammad como a pessoa que mais sorria entre todos e que tinha o melhor temperamento.
Jabir relata: “Quando o Santo Profeta Muhammad recebia uma revelação ou proferia um sermão, ele parecia um advertidor para as pessoas que seriam punidas, mas, em geral, sua aparência era a de uma pessoa bela, com um rosto sorridente.” (Majma-uz-Zawaid, Vol. 9, p. 17)
Aisha relata que o Profeta Muhammad tinha um senso de humor e estava sempre sorrindo e alegre em casa. (Sharah Mawahibul Ludunya, vol.4, p.253)
O Profeta Muhammad tinha um senso de humor sutil. Suas piadas eram limpas e verdadeiras. Ele costumava dizer que não mentia nem mesmo ao contar piadas. (Jami‘ al-Tirmidhi, Kitab-ul-Bir wa al-Silah)
Aisha relata: “O Santo Profeta Muhammad era muito espirituoso e costumava dizer que Allah não se desagrada de uma pessoa espirituosa e verdadeira.” (Jami-ul-Kabir, p. 142)
Seus companheiros relatam que o Profeta Muhammad costumava sentar-se em suas reuniões e nunca aconteceu de eles estarem sentados se divertindo e ele falar sobre algum assunto triste ou sombrio. Ele sentava-se com eles, ria, contava piadas e ouvia suas histórias humorísticas.” (Sahih Muslim, Kitab-ul-Fadhail)
Jabir bin Samurah relata: “Tive a oportunidade de participar de mais de cem reuniões com o Profeta. Os Companheiros recitavam bons versos de poesia e também falavam sobre vários assuntos dos dias de ignorância — os tempos antes do advento do Islam. O Santo Profeta Muhammad ouvia tudo isso em silêncio e, às vezes, sorria ao ouvi-los.” (Jami al-Tirmidhi, Kitab-ul-Adab)
Zaid bin Thabit relata que costumavam falar sobre coisas mundanas. O Profeta ocasionalmente participava. Ele até conversava sobre comida e outros assuntos do dia a dia. (Dalail-un-Nubuwwah, Vol. 1, p. 324)
Esta conduta também se estendia aos pequenos. Anas bin Malik, um servo do Profeta Muhammad, relata que ele falava com as crianças de maneira humorosa e carinhosa. (Dalailun-Nubuwwah, Vol. 1, p. 331)
Alguém perguntou a Abbas sobre a natureza das piadas do Profeta Muhammad. Ele deu o exemplo de que, certa vez, o Profeta cobriu uma de suas esposas com um manto e disse-lhe para louvar e glorificar a Allah e andar como noivas com vestidos longos. (Kanz-ul-Ummal, Vol. 4, p. 43)
Uma característica distintiva do humor do Profeta Muhammad era que ele costumava dizer coisas comuns de maneira que se tornavam engraçadas.
Por exemplo, é normal que toda pessoa tenha dois ouvidos. O Profeta Muhammad chamava carinhosamente seu servo Anas, “Ó, aquele com dois ouvidos, venha aqui.” Isso criava um humor de alta qualidade. (Shamail al-Tirmidhi)
O aspecto sutil desse humor era que o servo obediente, Anas, estava sempre pronto para responder ao chamado de seu mestre. Da mesma forma, o Profeta Muhammad uma vez chamou uma pessoa alta de “Dhul-Yadain”, que significa “aquele com mãos longas”.
Certa vez, um companheiro veio ao Profeta e pediu uma camela para viajar. O Profeta Muhammad disse:
“Eu só tenho uma camela filhote.” O companheiro implorou, dizendo que uma camela filhote não lhe seria útil.
O Profeta Muhammad respondeu: “Não é cada camelo o filhote de uma camela?” Ele então deu-lhe um camela. (Abu Daud, Kitab-ul-Adab)
Safinah relata: “Estávamos acompanhando o Santo Profeta em uma viagem. que algum companheiro se cansava, ele me dava sua espada, escudo ou lança para eu carregar, e eu acabava com uma carga pesada. O Santo Profeta Muhammad observava isso e disse: ‘Você é verdadeiramente um safinah (barco). Você está carregando a carga de todos.’” (Musnad Ahmad bin Hanbal, Vol. 5, p. 221)
Uma vez, uma senhora idosa foi ver o Profeta. Ele lhe disse: “Mulheres idosas não estarão no Paraíso.” Isso a deixou triste e ela começou a chorar.
O Profeta Muhammad, confortando-a, explicou: “Você será admitida no Paraíso como uma jovem senhora”, significando que ela não seria idosa no Paraíso.
Isso alegrou a senhora. O Profeta Muhammad recitou o versículo de Surah al-Waqiah, que diz: “Fizemos as mulheres do Paraíso jovens e virgens.” (Shamail al-Tirmidhi)
O Profeta Muhammad, com sua percepção aguçada, dizia algo espirituoso em uma conversa comum.
Abu Rimthah, acompanhado por seu pai, veio ver o Profeta. Como forma de apresentação, o Profeta perguntou ao pai dele se aquele era seu filho.
A ênfase estava em “aquele”. Em sua simplicidade, o pai entendeu como se o Profeta Muhammad estivesse perguntando se ele era realmente seu filho. Seu pai respondeu: “Juro pelo Senhor da Caaba, que ele é meu filho.”
O Profeta Profeta Muhammad entendeu o mal-entendido, mas em tom de humor perguntou: “Isso é um fato confirmado?” Seu pai ficou ainda mais sério e disse: “Ó Profeta de Allah, eu juro firmemente e posso dizer que ele realmente é meu filho.”
O Profeta Muhammad achou muito engraçada essa resposta e riu bastante. Os juramentos feitos pelo pai de Abu Rimthah especialmente divertiram o Profeta, já que a semelhança entre o pai e o filho era tão grande que ninguém poderia duvidar disso. (Sunan Abu Dawud, Kitab-ul-Diyat)
O Profeta Muhammad dizia coisas engraçadas para as crianças e as mantinha perto de si.
Uma vez, ele visitou a casa de seu servo Anas e encontrou seu irmão mais novo um pouco triste.
Ao perguntar o motivo, foi informado de que seu pássaro de estimação havia morrido. Desde então, sempre que o Profeta os visitava, ele brincava carinhosamente, chamando-o pelo nome patronímico e dizendo:
“Ó Abu Umair, conte-me sobre seu pássaro.” (Abu significa "pai", o Profeta estava brincando com o menino referindo-se a ele como se fosse um velho senhor)
Mahmud bin Rabi recorda carinhosamente um desses eventos engraçados de sua infância.
Ele disse: “Uma vez, quando eu tinha cinco anos de idade, o Profeta veio à nossa casa, bebeu água do poço e, de maneira brincalhona, esguichou água com a boca na minha direção.” (Sahih al-Bukhari, Kitab-ul-Ilm)
Outro companheiro relata: “Eu era bastante jovem quando meu pai me levou para ver o Santo Profeta. Havia uma parte elevada de carne do tamanho de um ovo de pombo entre os ombros do Profeta Muhammad. As escrituras antigas mencionavam isso como o ‘Selo da Profecia’ — um sinal físico reconhecível da profecia. Eu vi aquela parte da carne e comecei a brincar com ela. Meu pai me repreendeu, mas o Profeta disse: ‘Deixe-o brincar, ele é apenas uma criança. Não precisa repreendê-lo.’”
O Profeta Muhammad encorajava o senso de humor de seus companheiros. Eles sabiam que ele apreciava a leveza e não ficava bravo com eles.
Auf bin Malik relata: “Durante a Batalha de Tabuk, fui ver o Santo Profeta, que estava hospedado em uma pequena tenda de couro.
Eu o cumprimentei e ele me convidou a entrar. Percebendo o tamanho reduzido da tenda, eu brinquei: ‘Devo trazer meu corpo inteiro?’ O Profeta Muhammad gostou da piada e disse: ‘Sim, traga seu corpo inteiro para dentro da tenda.’” (Sunan Abu Daud, Kitab-ul-Adab)
Suhaib certa vez foi ver o Profeta e encontrou alguns pães e tâmaras à sua frente. O Profeta Muhammad convidou Suhaib para comer. Suhaib começou a comer mais tâmaras do que pão.
O Profeta Muhammad, notando o inchaço em um de seus olhos, comentou sobre seu olho dolorido. O propósito desse comentário era que ele deveria ser cuidadoso ao comer tâmaras, pois poderia agravar seu olho dolorido.
Suhaib respondeu: “Huzoor, estou comendo do lado do meu olho saudável.” O Profeta Muhammad se divertiu com a resposta espirituosa de seu companheiro e sorriu. (Musnad Ahmad bin Hanbal, Vol. 4, p. 61)
Com seu humor leve, o Profeta Muhammad chamava a atenção para questões de treinamento de seus companheiros.
Khawwatra bin Jubair relatou: “Certa vez, durante uma viagem, acampamos em Maruz-Zahran.
Saí da minha tenda e vi algumas mulheres sentadas de um lado conversando. Voltei à minha tenda, vesti uma túnica de seda e fui sentar-me perto delas.
Nesse meio tempo, o Profeta Muhammad saiu de sua tenda e me perguntou: ‘Ó Abu Abdullah, por que você está sentado perto das mulheres?’ Fiquei nervoso e inventei uma desculpa: ‘Ó Mensageiro de Allah, meu camelo tende a se afastar; estou procurando uma corda para amarrá-lo.’
“O Profeta Muhammad foi fazer ablução e voltou. Ele brincando perguntou: ‘Então, Abu Abdullah, o que você estava dizendo sobre seu camelo que se afasta?’
“Khawwatra diz que ficou envergonhado de sua desculpa. Ele continua relatando: ‘Partimos daquele acampamento, mas sempre que acampávamos e o Profeta Muhammad me via, ele dizia: Assalamu Alaikum, ó Abu Abdullah; como está seu camelo que se afasta?’
“Por fim”, diz Khawwatra, “chegamos a Medina. Agora eu comecei a evitar o Profeta Muhammad e a faltar aos seus encontros.
Um dia, encontrei um momento em que a mesquita estava vazia e comecei a orar. Nesse meio tempo, o Profeta Muhammad veio e começou sua oração.
Ele ofereceu duas rakat curtas e sentou-se, como se estivesse me esperando. Prolonguei minha oração, esperando que ele fosse embora.
O Profeta Muhammad percebeu isso e disse: ‘Ó Abu Abdullah, você pode prolongar sua oração o quanto quiser, mas eu não vou sair antes de você terminar.’
“Pensei comigo mesmo: ‘Por Deus, hoje terei de me desculpar com o Profeta.’
“Assim que terminei a oração, o Profeta Muhammad disse: ‘Ó Abu Abdullah, conte-me mais sobre seu camelo que se afasta!’
“Eu implorei: ‘Ó Mensageiro de Allah, juro pelo nome de Aquele que te enviou com a verdade, que meu camelo nunca se afastou.’
“O Santo Profeta Muhammad disse: ‘Que Allah tenha misericórdia de você.’ Ele me abençoou duas ou três vezes com essa oração. Depois disso, ele nunca mais brincou comigo sobre esse incidente.” (Mujam-ul-Kabir, Vol. 4, p. 243)
Concluímos com um interessante evento humorístico que divertiu os companheiros por um ano inteiro. Umm Salama relata que um ano antes da morte do Profeta Muhammad, Abu Bakr foi a cidade de Basra para comércio.
Ele foi acompanhado por Nuaiman e Suwaiba, ambos tiveram a honra de participar da Batalha de Badr.
Nuaiman tinha a tarefa de preparar a comida. Suwaiba era muito inteligente e uma pessoa humorística. Durante a viagem, ele pediu comida a Nuaiman.
Nuaiman disse que a comida só seria servida quando Abu Bakr retornasse ao acampamento. Pouco depois, uma caravana passou por perto.
Suwaiba perguntou às pessoas da caravana se estavam interessadas em comprar um escravo. Eles prontamente demonstraram interesse.
Suwaiba lhes disse que havia apenas um defeito nesse escravo: quando alguém tentasse comprá-lo, ele começaria a chorar, dizendo que não era escravo, mas um homem livre.
Suwaiba deixou claro que, uma vez fechado o negócio, eles não deveriam deixá-lo escapar de forma alguma.
As pessoas da caravana concordaram e mostraram disposição para comprar o escravo. Assim, ele vendeu Nuaiman em troca de 10 camelos.
Quando essas pessoas vieram buscar o escravo recém-comprado e tentaram colocar um colar em seu pescoço, ele começou a dizer que Suwaiba estava brincando e que ele não era um escravo, mas um homem livre.
As pessoas da caravana ignoraram seus pedidos e o arrastaram, levando-o embora. Assim que se foram, Suwaiba sentou-se e comeu tranquilamente a refeição.
Quando Abu Bakr voltou e soube da história, correu atrás da caravana, devolveu seus 10 camelos e trouxe Nuaiman de volta.
Na volta da viagem, Abu Bakr relatou essa história ao Profeta Muhammad, que se divertiu e riu bastante com o incidente. (Sunan Ibn-e-Majah, Kitab-ul-Adab)
(Este texto é uma adaptação. O conteúdo é de autoria do site alhakam.org)
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