Empresas americanas enfrentam queda significativa nas vendas na Ásia e no Oriente Médio devido a boicotes generalizados em resposta ao apoio percebido a Israel em meio à ocupação em Gaza.
Marcas icônicas como McDonald’s, Starbucks e Coca-Cola são algumas das mais afetadas, com ações de boicote impulsionadas por campanhas nas redes sociais e manifestações públicas contra a ofensiva israelense.
O movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) ganha força, destacando o crescente impacto econômico e de imagem para empresas globais em regiões estrategicamente importantes.
O envolvimento das marcas mencionadas — McDonald’s, Starbucks, Coca-Cola e Domino’s — com a guerra em Gaza é percebido principalmente através de suas ações corporativas ou de suas franquias, bem como pela reação pública e campanhas de boicote baseadas nessa percepção.
O envolvimento direto do McDonald’s com a guerra em Gaza é percebido a partir da ação de sua franquia em Israel, que forneceu milhares de refeições gratuitas às tropas israelenses durante a ocupação.
Essa ação levou a chamadas para boicotes globais contra a marca, com críticos argumentando que tal suporte às forças militares israelenses implicava um endosso à guerra em Gaza.
O envolvimento do Starbucks na questão, surgiu principalmente devido à posição de um sindicato de trabalhadores que expressou apoio aos palestinos, o que levou a uma resposta negativa da empresa.
O Starbucks tentou distanciar-se dessa posição através de ações legais contra o sindicato, o que afetou a percepção de seu envolvimento na guerra.
A Coca-Cola não tem um envolvimento direto recente específico na guerra em Gaza que tenha sido publicamente documentado.
Outra marca de destaque, a Coca-Cola manteve entre 1967 e 1991 uma fábrica de engarrafamento de seus produtos em Israel, o que por muitas vezes motivou boicotes contra a marca por parte da Liga Árabe.
As chamadas para boicotes contra a Coca-Cola tendem a basear-se mais em seu histórico de longa data na região.
A Domino’s enfrentou alegações não comprovadas de fornecer apoio direto a Israel durante a ocupação, especificamente alegações de que teria fornecido comida gratuita aos soldados israelenses.
Essas acusações ocorrem devido a postagens feitas nas redes sociais que mostravam soldados israelenses comendo pizzas que supostamente teriam sido fornecidas pela marca.
A franquia israelense da pizzaria também chegou a postar mensagens de apoio à IDF nas redes sociais, mas que foram apagadas após a União de Estudantes do Trinity College Dublin (TCDSU) romper relações com a franquia no Reino Unido e Irlanda.
O suporte da marca às tropas israelenses, no entanto, ainda é algo que não foi comprovado, mas a percepção de envolvimento levou a chamadas para boicotes, especialmente em países de maioria islâmica.
Lista de marcas que integram o boicote da BDS. (Foto: Reprodução / BDS)
Os boicotes a empresas americanas em reação ao apoio percebido a Israel em meio a ocupação em Gaza têm traduzido em prejuízos tangíveis e preocupações crescentes entre os gigantes corporativos.
Esses movimentos de boicote não apenas sinalizam um desafio às operações comerciais, mas também refletem o poder do ativismo de consumo em moldar as práticas empresariais globais.
A gigante do fast food McDonald’s sentiu o impacto dos boicotes particularmente no Oriente Médio, uma região onde está situada cerca de 5% das franquias da empresa.
Após sua filial em Israel fornecer milhares de refeições gratuitas às tropas israelenses, a empresa viu uma resposta imediata na forma de chamadas para boicotes globais.
Isso resultou em um crescimento de vendas muito abaixo do esperado de apenas 0,7% no Oriente Médio, China e Índia no último trimestre de 2023, contra uma meta de crescimento de 5,5% para o período.
A Starbucks, conhecida por sua vasta rede de cafeterias, reduziu suas previsões de vendas anuais após um declínio no crescimento, com expectativas ajustadas de um aumento de 4% a 6%, abaixo da faixa anterior de 5% a 7%.
O CEO Laxman Narasimhan atribuiu parte desse impacto aos efeitos dos boicotes no Oriente Médio, além de desafios nos EUA, onde o apoio expresso por um sindicato de trabalhadores a palestinos exacerbou o clamor público e chamadas para boicotes.
A Coca-Cola, que tem enfrentado boicotes na região do Oriente Médio desde a construção de uma fábrica de engarrafamento em Israel em 1967, novamente se viu sob escrutínio.
A associação da marca com os EUA e seu histórico em Israel foram suficientes para reacender chamadas para boicotes, especialmente notáveis na Turquia, onde a empresa viu uma queda de 22% nas vendas no último trimestre de 2023.
A Domino’s enfrentou reações negativas, com alegações não comprovadas de apoio a Israel, resultando em uma queda de 8,9% nas vendas nas mesmas lojas na Ásia no segundo semestre de 2023.
A marca foi particularmente prejudicada na Malásia, onde o sentimento anti-Israel é forte.
As empresas afetadas pelos boicotes devido à sua percepção de apoio a Israel a ocupação em Gaza estão adotando várias estratégias para lidar com as consequências dessas ações. Franquias do McDonald’s no Oriente Médio, como na Arábia Saudita, Omã, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Bahrain e Turquia, emitiram declarações se distanciando das ações da filial em Israel e anunciaram doações coletivas de $3 milhões para Gaza, numa tentativa de alinhar suas operações com as sensibilidades regionais e demonstrar solidariedade humanitária.
A franquia master do Reino Unido da Domino's se manifestou através de uma resposta publicada no jornal irlandes Trinity News, se distanciando dos eventos que ocorre em Israel.
A entidade britânica esclareceu que não possui relações com ações tomadas por outras franquias pelo mundo. A esperança que o TCDSU reconsiderasse seu posicionamento:
"A Domino’s Pizza Group PLC é uma entidade legal completamente separada de outros franqueadores da Domino’s ao redor do mundo, e, portanto, as únicas pessoas impactadas pelo término desta parceria serão nosso parceiro de franquia irlandês, nossos diversos colegas de loja e motoristas em Dublin, e os estudantes do Trinity College."
(Com informações de: Al Jazeera, Trinity News)
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