A modelo somali-americana Halima Aden afirmou nesta quinta-feira (26) através de seu perfil no Instagram que vai abandonar sua carreira na indústria da moda por se sentir forçada a transgredir sua crença religiosa no trabalho.
Ela ficou famosa por ser a primeira mulher de hijab no concurso Miss Minnesota, dos EUA, e chegou a estampar a capa da revista Vogue. Além disso, também serviu como modelo para grandes grifes, como a Nike e a Yeezy, de Kanye West. No entanto, o glamour das revistas e das passarelas exigiu diversas vezes que ela abrisse mão das suas práticas religiosas para poder conseguir trabalhar.
Halima contou que estava perdendo algumas orações obrigatórias, que todos os muçulmanos devem fazer diariamente. Outros acontecimentos também a desagradaram, como ter que usar apertadas calças jeans e usar ornamentos na cabeça ao invés do lenço, além de usar maquiagem pesada, o que contraria seus princípios sobre modéstia.
“Só posso me culpar por ter me preocupado mais com as oportunidades do que com o que realmente está em jogo”, escreveu ela, em uma postagem no Instagram. Agora, ela afirma que quer resgatar as suas verdadeiras origens ou, em suas palavras, está em busca da “verdadeira Halima”.
Halima Aden nasceu no Quênia, em 1997, veio para os EUA como refugiada em busca de uma expectativa de vida melhor e conseguiu o que almejava. Após vencer o Miss Minnesota em 2016, ela assinou um contrato no ano seguinte com a IMG Models por três anos e, assim, deu início a uma carreira internacional.
A modelo conta que no início, pretendia ser um exemplo de representatividade para as mulheres que, assim como ela, eram muçulmanas, refugiadas e negras. No seu Instagram, ela reagiu com satisfação ao compartilhar alguns depoimentos de admiradores que se identificaram com ela em algum momento.
Seu trabalho foi visto por alguns analistas como um movimento de diversificação na moda mas, ao expor seus dilemas em uma outra postagem no Instagram, Halima contestou este argumento, afirmando que a indústria da moda não é pensada para pessoas como ela. “O que eu culpo a indústria é a falta de estilistas muçulmanas”, afirmou.
Em suas postagens nas redes sociais, nas quais fala sobre sua trajetória, ela afirma que em alguns momentos sentiu que queria fazer do hijab algo sexy, o que contraria todo o propósito desta vestimenta. Ela também se preocupou com a influência que estava exercendo em outras mulheres muçulmanas, que lhe pediam para transformar a modéstia islâmica em algo mais moderno e dentro dos padrões ocidentais.
Essas coisas todas foram se somando ao longo do tempo e Halima afirmou que, graças aos pedidos de sua mãe e também às reflexões que fez durante a pandemia, chegou à conclusão de que sair da indústria da moda lhe faria se sentir feliz novamente. “Se o meu hijab não estiver bem visível – então eu não aparecerei”, disse Halima, em uma de suas últimas postagens sobre o assunto.
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