No Islam, o Evangelho, conhecido em árabe como Injil, é considerado uma das revelações divinas enviadas a Jesus, considerado um dos principais profetas islâmicos, e o último antes de Muhammad.
Embora os muçulmanos acreditem que o texto original do Injil tenha sido alterado ao longo do tempo, eles ainda reconhecem a sua importância como parte do ciclo de revelações que culmina no Alcorão.
Para os muçulmanos, essas escrituras, incluindo o Injil, constituem um testemunho da contínua orientação de Deus para a humanidade.
Para os muçulmanos, o Evangelho é considerado uma revelação divina específica enviada por Deus ao profeta Jesus.
Diferentemente da percepção cristã, onde o Evangelho é um conjunto de livros compilados no Novo Testamento, os muçulmanos veem o Injil como uma mensagem singular e original que foi posteriormente alterada e fragmentada.
Na época de Muhammad, não existia um livro compilado chamado Evangelho na forma como o conhecemos hoje.
A compilação dos Evangelhos como parte do Novo Testamento apareceu na Arábia somente após a morte de Muhammad.
Portanto, apenas fragmentos do Evangelho estavam preservados na tradição cristã dos árabes, mesmo assim, afastada de sua mensagem original.
Os muçulmanos acreditam que o Evangelho original continha ensinamentos autênticos de Deus transmitidos por Jesus, mas com o tempo, essas escrituras foram modificadas, levando a discrepâncias em relação à mensagem original.
Por isso, no Islam, embora o Evangelho seja reverenciado como uma revelação divina, ele é visto como tendo sido corrompido, e o Alcorão é considerado a última e incorruptível mensagem de Deus, restaurando o sentido original e completando as revelações anteriores.
Em resumo, para os muçulmanos, o Evangelho não é o que os cristãos definem como Novo Testamento, mas a mensagem original entregue ao profeta Jesus.
Na visão islâmica, o Evangelho original não existe mais em sua forma pura e original.
Essa perspectiva se fundamenta no fato histórico de que os livros do Novo Testamento, como são conhecidos hoje, foram escritos por diversos autores após a vida de Jesus.
Estes autores, como Mateus, Marcos, Lucas e João, compilaram os Evangelhos baseados em tradições orais e memórias dos seguidores de Jesus, muitos anos após a sua crucificação.
De acordo com a crença islâmica, durante esse processo de transmissão e compilação, ocorreram alterações e adições que desviaram o texto original da sua forma revelada.
Por isso, os muçulmanos mantêm que, embora o Novo Testamento contenha elementos da mensagem original de Jesus, ele não representa fielmente o Evangelho como foi revelado.
Essa corrupção textual é uma das razões pelas quais Deus enviou o Alcorão, através do Profeta Muhammad, como a revelação final e incorruptível, restaurando a orientação divina para a humanidade.
Portanto, na percepção islâmica, aquele que segue o Alcorão está seguindo a mensagem do Evangelho e consequentemente seguindo a Jesus.
Os muçulmanos acreditam e reverenciam o Evangelho como uma das revelações divinas enviadas por Deus. A crença nos livros revelados é um dos seis pilares da fé no Islam, que são:
Entre os livros revelados, os muçulmanos reconhecem quatro principais:
Embora os muçulmanos acreditem que o Evangelho original foi alterado ao longo do tempo, eles ainda reconhecem a importância de respeitar o Novo Testamento devido à parcela da revelação original que ele contém.
Essa reverência se baseia na crença de que, apesar das alterações, o Novo Testamento ainda mantém traços das palavras e ensinamentos divinos de Jesus.
É devido a essa parcela de crenças que o Islam e o cristianismo compartilham que faz com que os cristãos sejam definidos como um dos povos do livro, que são aqueles que Allah agraciou com parte da revelação, a crença no monoteísmo e nos profetas.
Este assunto não é relativo para os muçulmanos, e não há diferença de interpretações sobre isso. Seguir o Islam significa necessariamente aceitar estes princípios.
Na percepção islâmica, há diferenças fundamentais entre o Evangelho revelado e o Novo Testamento, conforme conhecido no cristianismo. A seguir, destacam-se alguns dos pontos mais relevantes:
Evangelho: É visto pelos muçulmanos como uma revelação direta de Deus a Jesus, transmitindo ensinamentos puros e incorruptos. Esta revelação foi destinada a guiar a humanidade e confirmar a Torá (ou pentateuco).
Novo Testamento: É composto por escritos de vários autores que vieram depois de Jesus, incluindo os Evangelhos segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Estes textos foram compilados a partir de tradições orais e memórias dos seguidores de Jesus, o que, segundo a percepção islâmica, levou a alterações e adições ao texto original.
Evangelho: Os muçulmanos acreditam que Jesus nunca afirmou ser Deus e, pelo contrário, negou tal afirmação. Ele é visto como um profeta e mensageiro de Deus, não como uma entidade divina.
A mensagem original do Evangelho, segundo os muçulmanos, enfatizava a unicidade de Deus (Tawhid), isto é, que Deus não divide sua majestade com ninguém, criou e governa a criação sozinho, contrapondo a ideia da trindade cristã.
Novo Testamento: Contém passagens que são interpretadas pelos cristãos como declarações da divindade de Jesus. Por exemplo, versículos como João 1:1 ("No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus") são vistos como afirmações da natureza divina de Jesus. Na visão islâmica, essas interpretações são resultados das alterações feitas após a vida de Jesus.
Evangelho: A mensagem de Jesus, conforme entendida no Islam, centrava-se na adoração a Deus único, na justiça, na caridade e na piedade. Ele veio para confirmar a Torá e trazer uma mensagem de renovação espiritual.
Novo Testamento: Apresenta Jesus como o Filho de Deus e Salvador, cuja missão culminou em sua crucificação e ressurreição para redimir a humanidade dos pecados. A percepção islâmica rejeita a crucificação e a ressurreição como eventos históricos, considerando-os distorções da mensagem original de Jesus.
Evangelho: Considerado pelos muçulmanos como um texto divinamente inspirado que, em sua forma original, era livre de erros e corrupção.
Novo Testamento: Percebido pelos muçulmanos como um texto que, embora contenha elementos da revelação original, foi alterado ao longo do tempo. Isso inclui adições e modificações que, segundo o Islam, desviaram o texto de seu conteúdo original.
Apesar das diferenças percebidas entre o Evangelho original, conforme a visão islâmica, e o Novo Testamento, há também várias semelhanças significativas que aproximam esses textos, refletindo aspectos comuns nas tradições cristã e islâmica:
Ambos os textos enfatizam ensinamentos sobre moralidade, ética, justiça, amor ao próximo e caridade.
Jesus é retratado em ambas as tradições como um exemplo de virtude e bondade, ensinando a importância do comportamento justo e compassivo.
Tanto no Evangelho quanto no Novo Testamento, Jesus é uma figura central. Ele é respeitado como um mensageiro de Deus, enviado para guiar a humanidade e ensinar a adoração a Deus.
As histórias de seus milagres, como curar os doentes e ressuscitar os mortos, são reconhecidas em ambas as tradições.
O Evangelho e o Novo Testamento contêm ensinamentos profundos sobre a espiritualidade, a relação com Deus, a oração e a busca pela salvação.
Ambos os textos incentivam a introspecção, o arrependimento e a busca por uma vida piedosa e centrada em Deus.
Ambos reconhecem a importância da revelação divina como um meio pelo qual Deus comunica Sua vontade e orientação à humanidade.
Jesus é visto como um canal dessa revelação, trazendo mensagens diretamente de Deus.
O Evangelho e o Novo Testamento promovem valores de paz, perdão e reconciliação. Jesus é retratado como um pregador da paz, humildade e do perdão, incentivando as pessoas a perdoarem os outros e a viverem em harmonia.
Ambos os textos contêm profecias sobre eventos futuros e expectativas escatológicas, incluindo a vinda do Reino de Deus e o Dia do Juízo. No Islam, Jesus é esperado para retornar antes do fim dos tempos para restaurar a justiça.
Em resumo, para os muçulmanos, o Evangelho (Injil) é visto como uma revelação divina autêntica e importante, entregue diretamente ao profeta Isa (Jesus).
Embora acreditam que o texto original tenha sido alterado ao longo do tempo, os muçulmanos respeitam o Novo Testamento por conter fragmentos da mensagem divina.
Essa visão destaca a contínua orientação de Deus através das revelações, culminando no Alcorão, considerado a mensagem final e incorruptível.
A crença nos livros revelados, incluindo o Evangelho, é um dos pilares fundamentais da fé islâmica.
A reverência pelo Evangelho original e o respeito pelo Novo Testamento refletem a conexão espiritual e histórica entre as tradições islâmica e cristã.
As semelhanças em ensinamentos morais e espirituais, a importância atribuída a Jesus como mensageiro de Deus, e os valores compartilhados de paz e justiça, mostram um terreno comum significativo entre as duas religiões.
Dessa forma, os muçulmanos mantêm um equilíbrio entre reconhecer as diferenças teológicas e históricas, enquanto valorizam os elementos comuns que promovem a compreensão e o respeito mútuo entre as tradições religiosas.
Este respeito pelo Novo Testamento, mesmo com a crença em suas alterações, é um testemunho do reconhecimento muçulmano da continuidade e importância das revelações divinas ao longo da história.
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