Jesus ocupa um lugar de imensa importância para a fé dos muçulmanos. Ele é um dos honrados mensageiros de Deus e, assim como outros profetas, representa a mais excelente das criaturas que vieram ao mundo. No entanto, a grandeza do Messias pode ser explicada, em parte, pela da nobreza de sua mãe: a Virgem Maria.
A figura de Maria é amplamente destacada pelo Alcorão, que a descreve como a melhor mulher de toda a humanidade, que teve Jesus através de uma concepção virginal, além de ser uma pessoa profundamente devota e casta. No Livro Sagrado islâmico, há uma sura dedicada inteiramente a ela.
Maria é a única pessoa que, embora não fosse um profeta, recebeu a revelação do anjo Gabriel, o que revela a posição elevada que ela possui diante de Deus.
“Ó Maria, Allah te elegeu e te purificou, e te preferiu a todas as mulheres da humanidade!” (Alcorão 3:42)
Maria é a única mulher nomeada no Alcorão, que diz que ela é a maior de todas as mulheres. Jesus é o único profeta cuja mãe é mencionada no Livro Sagrado do Islam, que relata a história dela em sete capítulos: 3, 4, 5, 19, 21, 23 e 66, sendo que o 19º é a sura intitulada “Mariam”, que é a maneira como o nome dela é pronunciado em árabe.
O Alcorão também confere alguns títulos a ela, como:
Maria é filha de Imran e foi criada em um oratório, aos cuidados do Profeta Zacarias. Sempre que a visitava, Zacarias a via provida de comida e, quando perguntava a ela de onde vinha aquilo, ela respondia: “‘De Allah!’, porque Allah agracia imensuravelmente a quem Lhe apraz.” (Alcorão 3:37)
O Alcorão menciona que a conduta de Maria é o que a elevou entre todas as mulheres do mundo. Deus recompensou sua fé agraciando-lhe com a maternidade, soprando Seu verbo no ventre dela, concebendo o Profeta Jesus.
“E com Maria, filha de Imran, que conservou o seu pudor, e a qual alentamos com o Nosso Espírito, por ter acreditado nas palavras do seu Senhor e nos Seus Livros, e por se ter contado entre os consagrados.” (Alcorão 66:12)
“Ó Maria, Allah te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os próximos de Allah.” (Alcorão 3:45)
Deus enviou um espírito em formato de homem perfeito até Maria, que era ninguém menos do que o anjo Gabriel. Ele vai até ela e se apresenta como um mensageiro que veio dar a ela um filho imaculado. No entanto, isso causa espanto em Maria, afinal, ela era virgem e não era casada. Neste momento, a criatura celestial transmite a seguinte mensagem:
“Assim será, porque teu Senhor disse: Isso Me é fácil! E faremos disso um sinal para os homens, e será uma prova de Nossa misericórdia. E foi uma ordem decretada.” (Alcorão 19:21)
Enquanto Maria estava grávida, ela se retirou para um lugar afastado e manteve isso em segredo. Ainda que aquilo fosse fruto de um milagre, seria algo afrontoso para uma mulher solteira revelar que era mãe de um bebê, todos iriam julgá-la.
No momento do parto, quando começou a sentir as dores, ela se amparou em uma tamareira e, sentindo constrangimento, rogou a Deus para que tivesse morrido ao invés de passar por aquilo. Neste momento, Allah a consolou, colocando um riacho sobre seus pés e fazendo cair tâmaras frescas para que ela pudesse beber e comer.
Quando ela voltou ao seu povo, eles a questionaram sobre aquilo, ao que respondeu que eles deveriam perguntar ao bebê. Todos estranharam, afinal, uma criança recém-nascida não teria a capacidade de formular qualquer palavra. Foi então que o primeiro milagre de Jesus foi protagonizado e Deus permitiu que ele falasse.
“Ele lhes disse: Sou o servo de Allah, o Qual me concedeu o Livro e me designou como profeta.” (Alcorão 19:30)
Não existe nenhuma fonte islâmica que atesta ou refuta a assunção da Virgem Maria, tampouco há descrição sobre sua morte. No entanto a Igreja do Sepulcro de Santa Maria, administrada pela Igreja Ortodoxa Grega, em Jerusalém, possui um mihrab para que os peregrinos muçulmanos possam fazer as suas orações.
No Islam, existe um cuidado e até certo tabu em criar imagens de pessoas que são importantes para a religião, pois isso está associado ao costume dos idólatras de adorar esculturas e figuras e também à tradição cristã que afirma que Jesus é o filho de Deus – algo em que os muçulmanos não acreditam.
No tempo do Profeta Muhammad, a Caaba (a Casa Sagrada erguida pelo Profeta Abraão) estava sob o controle da tribo pagã dos coraixitas, que transformaram o templo em um lugar de idolatria às divindades politeístas. Quando os muçulmanos conquistaram Meca, em 630, todas as imagens que estavam dentro do templo foram destruídas, exceto as imagens de Jesus e Maria.
“No Hadith de Ibn Abi Najih, de seu pai, de Huwaytab b. Abd al Uzza e além dele, (é narrado que): quando foi o dia da conquista de Meca, o Mensageiro de Allah entrou na Casa de Allah (a Caaba) e ordenou (que lhe fosse dada) uma cobertura. Ele a molhou com água e ordenou que as imagens (dentro da Caaba) fossem apagadas, mas colocou as mãos na imagem (sura) de Jesus e sua Mãe e disse: apague tudo, exceto o que está sob minhas mãos.” (Narrado por Al Azraqi)
Não se sabe se a imagem permaneceu na Caaba até sua deterioração ou se ela foi entregue aos cristãos mais próximos, mas essa atitude mostra o respeito que o Profeta Muhammad tinha por Jesus, Maria e pela religião cristã.
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