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A História de Adão e o Propósito da Humanidade na Criação

Veja sobre a criação do homem no Islam: vice-regência, importância do conhecimento, livre arbítrio, e a misericórdia divina como pilares da humanidade.
  • Adão como califa na Terra estabelece o papel humano de cuidar do mundo, refletindo a honra e a responsabilidade dada por Allah aos seres humanos.
  • A história de Adão ensinando os nomes aos anjos sublinha a importância do conhecimento, diferenciando os seres humanos de outras criaturas.
  • O episódio do fruto proibido ilustra o livre arbítrio, apresentando a vida como um teste, onde o arrependimento é fundamental para obter a misericórdia de Allah.
  • O perdão concedido a Adão e Eva após seu arrependimento destaca a misericórdia de Allah, incentivando os humanos a buscar o perdão pelos erros.

 

No Islam, Adão é considerado o primeiro ser humano e o primeiro profeta, desempenhando um papel fundamental na teologia islâmica. 

Sua história é mencionada em várias partes do Alcorão, o livro sagrado do Islam, bem como em Hadiths (tradições proféticas) e na literatura islâmica. 

Adão é visto como o pai da humanidade e é reverenciado por sua pureza e sua posição de destaque entre os profetas.

A criação de Adão, de acordo com o Islam, é uma história rica e simbólica que destaca o poder, a criatividade e a intenção de Allah (Deus) em criar a humanidade. 

A narrativa pode ser encontrada em várias passagens do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, e é complementada por explicações encontradas nos Hadiths e na exegese islâmica.

A Criação de Adão e o Propósito da Humanidade

No Islam, acredita-se que Allah criou Adão como o primeiro ser humano a partir do barro ou lama. Este ato é frequentemente descrito como um ato de vontade divina e poder, demonstrando a capacidade única de Allah para dar vida. 

Diferente de outras criações, a formação de Adão foi feita com as próprias "mãos" de Allah, uma expressão que, dentro da teologia islâmica, é entendida de forma metafórica, ressaltando a importância especial de Adão entre as criaturas de Deus. 

Após moldar Adão do barro, Allah soprou nele de Seu espírito (ruh), concedendo-lhe vida e fazendo dele um ser vivo e racional.

A questão do "porquê" Allah criou o homem é abordada de várias maneiras no Alcorão e na tradição islâmica. 

Diversos versículos do Alcorão apontam para a ideia de que os seres humanos foram criados para adorar Allah e viver de acordo com Sua vontade e orientação. O Alcorão diz:

"E não criei os jinn e os homens senão para Me adorarem." (Alcorão 51:56)

Esta adoração não se limita apenas aos rituais religiosos, mas abrange viver uma vida que reflete os valores e princípios ensinados por Allah, como justiça, misericórdia, compaixão e cuidado com a criação de Deus. 

Os seres humanos são vistos como "califas" (guardiães ou vice-regentes) na Terra, encarregados de cuidar dela e de suas criaturas de maneira responsável.

Além disso, a criação do homem é frequentemente vista dentro de uma perspectiva de teste ou prova. 

A vida terrena é vista como uma série de desafios e tentações, onde cada indivíduo tem a liberdade de escolha para obedecer ou desobedecer a Deus. 

As escolhas feitas pelos seres humanos nesta vida determinarão seu destino na vida após a morte. 

Assim, a criação do homem serve a um propósito duplo: adoração a Deus e teste de sua vontade e fé.

Os anjos levantam uma questão sobre a criação do ser humano e sua colocação na Terra como sucessores (califas). 

Esse questionamento ocorre antes da criação de Adão, o primeiro ser humano, e reflete uma preocupação celestial sobre a potencial violência e corrupção que os humanos poderiam trazer à Terra. 

A narrativa é encontrada no início da Surata Al-Baqara (2:30), onde Allah informa aos anjos de Sua decisão de fazer um "califa" na Terra.

Os anjos perguntam a Allah:

"Vais colocar nela quem fará o mal e derramará sangue, enquanto nós celebramos Teus louvores e glorificamos Teu santo nome?" (Alcorão 2:30)

Esta pergunta reflete a preocupação dos anjos com a propensão humana para a desordem e a violência, contrastando com sua própria natureza de obediência e adoração constantes a Allah.

A resposta de Allah é profunda e instrutiva:

"Eu sei o que vós não sabeis." (Alcorão 2:30)

Essa resposta não só reafirma a sabedoria e o conhecimento de Allah, que estão além da compreensão dos anjos, mas também indica que há propósitos e sabedorias na criação do ser humano que os anjos não podem inicialmente perceber.

Apesar de sua capacidade para a transgressão, os seres humanos também têm um grande potencial para o bem, para a adoração consciente de Allah e para a realização de atos de justiça e misericórdia, o que é parte da sabedoria de Allah.

Na tradição islâmica, a superioridade do conhecimento de Adão em comparação aos anjos é evidenciada.

Isso demonstra a razão pela qual Allah escolheu o homem para ser um califa (representante ou vice-regente) na Terra. 

Segundo o Alcorão, depois de criar Adão, Allah ensinou-lhe os nomes de todas as coisas. Em seguida, apresentou essas coisas aos anjos e lhes pediu que nomeassem-nas, caso soubessem.

Os anjos, reconhecendo suas limitações, responderam que não possuíam conhecimento além daquilo que lhes fora ensinado por Allah, declarando sua incapacidade de nomear as coisas. 

Então, Allah pediu a Adão que informasse os anjos dos nomes. Quando Adão fez isso, demonstrou sua capacidade única de aprender e memorizar, assim como a sabedoria que Allah lhe concedeu. 

Esse episódio é interpretado como uma lição sobre a honra e a posição do homem no universo, enfatizando a importância do conhecimento e da capacidade de aprender que foram dados aos seres humanos.

Este evento é mencionado no Alcorão, especificamente na Surata Al-Baqara, e serve para estabelecer a dignidade do homem e a justificativa para sua posição de liderança na Terra. 

E ensinou Adão todos os nomes, depois os apresentou aos anjos e disse: "Informai-me os nomes destes, se estiverdes certos."

Eles disseram: "Glória a Ti! Não temos conhecimento, exceto o que Tu nos ensinaste. Certamente, Tu és o Onisciente, o Sábio."

Ele disse: "Ó Adão, informa-os de seus nomes." E quando ele os informou de seus nomes, Ele disse: "Não vos disse que Eu sei o segredo dos céus e da terra? E Eu sei o que revelais e o que ocultais." (Alcorão 2:31-33)

Ele também prepara o terreno para a subsequente ordem de Allah aos anjos para se prostrarem diante de Adão, não como um ato de adoração, mas de respeito à criação que Allah dotou com tal conhecimento e posição. 

A recusa de Iblis (Satanás) em se prostrar, por considerar-se superior por ter sido criado do fogo, ao contrário de Adão, que foi criado do barro, é um momento crucial que leva à sua queda e ao seu papel como tentador da humanidade.

"E quando Nós dissemos aos anjos: "Prostrai-vos diante de Adão", eles se prostraram, exceto Iblis (Satanás), que se recusou, ensoberbeceu-se e estava entre os descrentes." (Alcorão 2:34)

O Fruto da Árvore Proibida e o Declínio da Humanidade

Na perspectiva islâmica, os profetas são vistos como infalíveis (Masum) em relação à entrega da mensagem divina e em sua conduta moral, o que inclui o Profeta Adão. 

A história de Adão e Eva comendo do fruto proibido e sua subsequente expulsão do Paraíso é interpretada dentro desse contexto de infalibilidade, focando mais na lição de vida humana, a misericórdia de Deus, e a importância do arrependimento.

Allah colocou Adão e Eva no Paraíso, permitindo-lhes desfrutar de tudo, exceto o fruto de uma árvore específica. A proibição visava testar sua obediência. 

No entanto, influenciados por Satanás, que lhes prometeu conhecimento e imortalidade, eles acabaram comendo do fruto.

Esse ato é frequentemente interpretado não como um pecado no sentido de desobediência intencional, mas como um lapso ou esquecimento, visto que os profetas são protegidos de cometer grandes pecados.

“E com efeito, recomendamos, antes que Adão não comesse da árvore, mas ele o esqueceu, e não encontramos, nele, firmeza” (Alcorão 20:115)

Ao comerem do fruto, Adão e Eva reconheceram sua falha e se voltaram para Allah em arrependimento. 

No Islam, o foco é na misericórdia e no perdão de Allah. Ele aceitou o arrependimento de Adão e Eva, ensinando-lhes palavras de arrependimento, seu retorno sincero a Allah é o que os redime.

A expulsão do Paraíso não é vista como um castigo pelo "pecado", mas como parte do plano divino para a humanidade. 

A Terra seria um lugar de teste e uma oportunidade para Adão, Eva, e seus descendentes buscar o perdão e a proximidade de Allah através do arrependimento e das boas ações. 

Por causa disso, não há qualquer interpretação na religião islâmica de um pecado original, nem é preciso fazer qualquer ritual para apagar o que aconteceu entre Adão e Eva no Paraíso, pois ninguém pode pagar pelo pecado de outra pessoa

A história prefigura a experiência humana de falha, arrependimento e a busca pela misericórdia divina. 

A misericórdia de Allah é maior do que qualquer pecado humano, portanto, não há motivos para acreditar que Ele não perdoaria Adão e Eva, muito menos crer que haveria algum tipo de punição para os seus descendentes.

O Que Significa Dizer Que os Homens São Feitos à Imagem e Semelhança de Allah?

Na tradição islâmica, a ideia de que Adão ou qualquer ser humano foi criado à "imagem e semelhança" de Allah é interpretada de maneira muito diferente da concepção judaico-cristã. 

O Islam enfatiza fortemente a unicidade (Tawhid) e a transcendência de Allah, rejeitando qualquer forma de antropomorfismo ou atribuição de características humanas a Deus. 

Portanto, a noção de ser criado à "imagem de Deus" não é entendida no sentido literal de compartilhar atributos físicos ou essenciais com o Divino.

Quando se fala que Adão foi criado à "imagem" de Allah no contexto islâmico, isso é frequentemente interpretado de maneiras que evitam qualquer implicação de semelhança física ou essencial entre Allah e Sua criação. 

Existem algumas narrações (Hadiths) que mencionam a frase "à imagem de Allah", mas os estudiosos islâmicos têm interpretado isso de forma a manter a compreensão da completa transcendência e unicidade de Allah.

Uma interpretação comum é que ser criado "à imagem de Allah" refere-se à capacidade que os seres humanos têm de refletir atributos divinos, como misericórdia, justiça, conhecimento e criatividade, de maneira limitada. 

Essa interpretação enfatiza a dignidade especial conferida aos seres humanos, permitindo-lhes serem vice-regentes (Califas) na Terra, com a capacidade de discernir, escolher e agir de maneiras que promovam o equilíbrio e a justiça.

É crucial na teologia islâmica manter a crença na absoluta transcendência e unicidade de Allah. 

Allah é descrito no Alcorão como "nada se assemelha a Ele" (Alcorão 42:11) e como "o Ouvinte, o Vidente" (Alcorão 42:11), o que sublinha que, embora Allah possua atributos de audição e visão, esses não se assemelham às capacidades humanas ou de qualquer outra criação. 

Essa transcendência divina é um princípio fundamental que separa o criador da criação.

Conclusão

A criação de Adão no Islam carrega profundas implicações sobre o propósito e a natureza da humanidade, refletindo uma série de princípios fundamentais e valores que são centrais para a compreensão islâmica da existência humana. 

Adão foi escolhido por Allah para ser o primeiro profeta e o califa (vice-regente) na Terra. 

Isso estabelece o papel da humanidade como guardiãs responsáveis pelo mundo, encarregados de viver de acordo com os preceitos divinos, manter a justiça, e cuidar do meio-ambiente. 

A vice-regência humana é uma honra e uma responsabilidade, convidando cada pessoa a contribuir para o bem-estar da criação.

A concessão do conhecimento a Adão, especialmente quando ele ensinou os nomes de todas as coisas aos anjos, destaca a importância do conhecimento e da aprendizagem no Islam. 

A capacidade de adquirir conhecimento não apenas diferencia os seres humanos dos outros seres criados, mas também serve como uma ferramenta para cumprir sua missão na Terra de maneira eficaz.

A história de Adão e Eva comendo do fruto proibido e seu subsequente arrependimento ilustram o conceito de livre arbítrio. 

Os seres humanos são dotados da liberdade de escolher entre o certo e o errado. Esta vida é vista como um teste de fé, obediência e caráter, onde o arrependimento sincero é sempre recebido pela infinita misericórdia de Allah.

A resposta de Allah ao arrependimento de Adão e Eva sublinha a natureza compassiva e misericordiosa de Deus. 

A misericórdia divina é um tema recorrente no Islam, reforçando a ideia de que, independentemente dos erros cometidos, a porta do arrependimento está sempre aberta. 

Allah está sempre pronto para perdoar aqueles que se voltam para Ele com corações sinceros.

A história de Adão reafirma a unicidade de Allah (Tawhid) e a dignidade especial conferida aos seres humanos. 

Criados com a capacidade de refletir atributos divinos, os seres humanos são chamados a viver de maneira que honre essa dignidade, promovendo o bem, a justiça e a misericórdia.

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