Os dez mandamentos são pilares fundamentais do judaísmo e do cristianismo. As leis entregues por Deus ao Profeta Moisés constam nos livros sagrados de ambas as religiões e são preceitos para que os fiéis percorram caminhos retos e consigam a salvação perante ao Criador do universo.
Esses mandamentos eram os princípios nos quais os Filhos de Israel deveriam orientar a sua fé e, mais tarde, também se tornaram um elemento fundamental no cristianismo. No Alcorão, há princípios semelhantes que o Profeta Muhammad recitava aos muçulmanos para que fossem pessoas justas.
No entanto, ao verificarmos as fontes sagradas islâmicas, isto é, tanto o Alcorão quanto os relatos do Profeta Muhammad, é possível encontrar nitidamente os mesmos princípios presentes nos dez mandamentos que Allah entregou ao Profeta Moisés.
No sexto capítulo do Alcorão, Deus revela os princípios que compõem a Senda Reta, o caminho que o muçulmano deve percorrer para agradar seu Senhor. Alguns estudiosos do Livro Sagrado islâmico deram o nome de “al Din al Jami”, que em português quer dizer: Os Ensinamentos da Religião Universal e Abrangente. São eles:
“Vinde, eu recitarei o que vosso Senhor vos proibiu: nada Lhe associeis. E tende benevolência para com os pais. E não mateis vossos filhos, com receio da indigência: Nós vos damos sustento, e a eles. E não vos aproximeis das obscenidades, aparentes e latentes. E não mateis a alma, que Allah proibiu matar, exceto se com justa razão. Eis o que Ele vos recomenda, para razoardes.
E não vos aproximeis das riquezas do órfão, a não ser da melhor maneira, até que ele atinja sua força plena. E completai a medida e o peso com equidade. Não impomos a nenhuma alma senão o que é de sua capacidade. E, quando falardes, sede justos, ainda que se trate de parente. E sede fiéis ao pacto de Allah. Eis o que Ele vos recomenda, para meditardes.
E, por certo, esta é a Minha senda reta: então, segui-a e não sigais os outros caminhos, pois vos separariam de Seu caminho. Eis o que Ele vos recomenda, para serdes piedosos.” (Alcorão 6:151-153)
Alguns dos mandamentos entregues a Moisés são reafirmados nesta passagem, no entanto, mesmo aqueles que não se repetem ainda reforçam os princípios não só do Islam, mas das crenças monoteístas: temência a Deus e amor ao próximo.
Alguns companheiros do Profeta Muhammad consideravam estes versículos do Alcorão como o testamento e a vontade dele.
“Quem quer que deseje contemplar sobre o que está firmado o selo de Muhammad, que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele, que então recite estes versículos: ‘Diga: Vinde, eu recitarei para você o que o vosso Senhor vos proibiu (…)’ (6:151) até que ele alcance o versículo, ‘(…) para serdes piedosos’ (6: 153)”. (Sunan al Tirmidhi 3070)
Além do que Deus revelou no sexto capítulo do Alcorão, as fontes sagradas islâmicas reforçam os mandamentos entregues aos Filhos de Israel, inclusive, com exemplos.
“Vosso Allah é Um só. Não há mais divindade além d’Ele, o Clemente, o Misericordiosíssimo.” (Alcorão 2:163)
“Dize-lhes: Sou tão-somente um mortal como vós, a quem tem sido revelado que vosso Deus é um Deus Único. Consagrai-vos, pois, a Ele, e implorai-Lhe perdão! E ai dos idólatras” (Alcorão 41:6)
“E não invoques, à semelhança de Allah, outra divindade, porque não há mais divindade além d’Ele! Tudo perecerá, exceto o Seu Rosto! Seu é o Juízo, e a Ele retornareis (todos)!” (Alcorão 28:88)
“Tais (divindades) não são mais do que nomes, com que as denominastes, vós e vossos antepassados, acerca do que Allah não vos conferiu autoridade alguma. Não seguem senão as suas próprias conjecturas e as luxúrias das suas almas, não obstante ter-lhes chegado a orientação do seu Senhor!” (Alcorão 53:23)
“Abdullah relatou: Eu disse: “Ó Mensageiro de Allah, qual é o maior pecado?” O Profeta, que a paz e as bênçãos estejam com ele, disse: Atribuir parceiros a Allah, embora Ele tenha te criado sozinho.” (Sahih al Bukhari 5655)
Os mais sublimes atributos pertencem a Allah; invocai-O, pois, e evitai aqueles que profanam os Seus atributos, porque serão castigados pelo que tiverem cometido. (Alcorão 7:180)
Quando deparares com aqueles que difamam os Nossos versículos, afasta-te deles, até que mudem de conversa. Pode ocorrer que Satanás te fizesse esquecer disso; porém, após à lembrança, não te sentes com os injustos. (Alcorão 6:68)
Neste tópico, é importante lembrar que o livro sagrado dos judeus prevê o sábado como um dia de descanso, em que algumas atividades não podem ser feitas. No entanto, para a religião islâmica, o dia mais importante da semana é a sexta-feira, quando os muçulmanos devem interromper o trabalho para participar das orações da jummah.
“Ó crentes, quando fordes convocados para a Oração da Sexta-feira, recorrei à recordação de Allah e abandonai os vossos negócios; isso será preferível, se quereis saber.” (Alcorão 62:9)
“Salman Al Farisi relatou: O Mensageiro de Allah, paz e bênçãos estão sobre ele, disse: Um homem que faz o banho ritual na jummah, se limpa da melhor maneira que pode, passa óleo ou perfume em seu corpo e vai (para a mesquita), não separa (dois homens sentados na mesquita) e, finalmente, observa o que está escrito para ele (Salat superrogatório) e fica mudo enquanto o imam fala (prega), terá seus pecados perdoados naquela e na próxima jummah.” (Sahih al Bukhari 843)
“Adorai a Allah e não Lhe atribuais parceiros. Tratai com benevolência os vossos pais e parentes” (Alcorão 4:36)
“Abu Huraira relatou: Um homem perguntou ao Profeta: “Quem é mais merecedor da minha boa companhia?” O Profeta, a paz e as bênçãos estão sobre ele, disse: Sua mãe.
O homem perguntou: “E depois?” O Profeta disse: Sua mãe.
O homem perguntou novamente: “E depois?” O Profeta disse: Sua mãe.
O homem perguntou novamente: “E depois?” O Profeta disse: Seu pai.” (Sahih al Bukhari 5626)
“(Igualmente o são) aqueles que não invocam, com Allah, outra divindade, nem matam nenhum ser que Allah proibiu matar, senão legitimamente” (Alcorão 25:68)
“O assassino não é um crente enquanto está matando.” (Sahih al Bukhari 6809)
“Evitai a fornicação, porque é uma obscenidade e um péssimo exemplo!” (Alcorão 17:32)
“O adúltero não é um crente enquanto está cometendo adultério.” (Sahih al Bukhari 2343)
“Não consumais os vossos bens em vaidades, nem os useis para subornar os juízes, a fim de vos apropriardes ilegalmente, com conhecimento, de algo dos bens alheios.” (Alcorão 2:188)
“O ladrão não é um crente enquanto está roubando. O saqueador não é um crente enquanto está saqueando e as pessoas o estão observando.” (Sahih al Bukhari 2343)
“Ó crentes, temei a Allah e dizei palavras apropriadas.” (Alcorão 33:70)
“Ó crentes, sede firmes em observardes a justiça, atuando como testemunhas, por amor a Allah, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja o acusado rico ou pobre, porque a Allah incumbe protegê-los. Portanto, não sigais os vossos caprichos, para não serdes injustos; e se falseardes o vosso testemunho ou vos recusardes a prestá-lo, sabei que Allah está bem inteirado de tudo quanto fazeis.” (Alcorão 4:135)
“Na verdade, a veracidade leva à justiça e à justiça leva ao Paraíso. Um homem pode falar a verdade até ser registrado por Allah como um verdadeiro. Na verdade, a falsidade leva à maldade e a maldade leva ao Fogo do Inferno. Um homem pode contar mentiras até ser registrado por Allah como um mentiroso.” (Sahih Muslim 2607)
“Ou invejam seus semelhantes por causa do que Allah lhes concedeu de Sua graça?” (Alcorão 4:54)
“Anas ibn Malik relatou: O Mensageiro de Allah disse: Não se odeiem, não invejem uns aos outros, não se afastem um do outro, mas sejam servos de Allah como irmãos.” (Sahih Muslim 2559)
Abu Huraira relatou: O Mensageiro de Allah disse: “Cuidado com a inveja, pois consome as boas ações assim como o fogo consome madeira ou grama.” (Sunan Abi Dawud 4903).
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