O mês de Rajab é considerado um mês sagrado em que os muçulmanos começam os preparativos para a chegada do Ramadan. Por ser um dos dois meses que antecedem o período mais sagrado do calendário islâmico, é visto como uma oportunidade para se preparar para o grande jejum, pois as boas ações terão uma maior recompensa.
Neste mês abençoado, a guerra é considerada proibida e existem algumas práticas que podem ser feitas para colher os bons frutos que o mês proporciona. Além disso, vários fatos marcaram a história do Islam neste mês e alguns deles são de grande significado para os seguidores da religião.
Embora haja recomendação para fazer boas ações no mês de Rajab, não há algo específico a ser feito durante este mês. Então, as boas obras podem ser o jejum, zikr (recordação de Allah), leitura do Alcorão, caridade, ajuda aos necessitados ou mesmo reforçar o cuidado de se abster de pecados e focar em atos nobres.
Muitos sábios muçulmanos estipulam que a 27ª noite do mês deve ser celebrado a noite da viagem noturna e ascenção do Profeta Muhammad. Nesta noite, muitas pessoas fazem súplica e praticam a lembrança de Allah (Dhikr), para agradecer a Deus por este milagre e também por ter enviado um mensageiro com a revelação do Alcorão.
Alguns sábios piedosos também recomendam a prática do jejum durante o dia 27 como chave para obter as bênçãos do mês. No entanto, o mais importante é focar a atenção nas boas obras, pois todos os atos bondosos terão sua recompensa multiplicada e os maus atos terão uma punição ainda maior.
É importante abster-se de pecados durante os períodos sagrados e ter atenção aos menores detalhes para não cometê-los, como: evitar palavras sujas e de baixo calão, bem como fofocas e assuntos fúteis ou que não são construtivos; cuidado para não perder orações e não cometer deslizes em sua oração, e se esforçar da melhor maneira possível para ficar longe de coisas que desagradem a Deus.
Um dos fatos que marcaram o mês de Rajab. Mais tarde, seria fundamental para um acontecimento que mudaria toda a história islâmica. A segunda aliança de Aqabah foi um pacto firmado entre o Profeta Muhammad e 75 peregrinos vindos de Medina.
A princípio, esses homens eram pagãos, mas foram até o Profeta Muhammad, converteram-se ao Islam e juraram-lhe lealdade. Neste encontro, eles concordaram que os muçulmanos de Meca deveriam ir para Medina para escapar da opressão dos coraixitas e, mais tarde, esta grande migração entraria para a história como a Hégira, que inaugura o início do estado islâmico.
No mês de Rajab, o Profeta Muhammad ordenou a última expedição de sua vida para a região de Tabuk, no norte da Arábia. Ele foi acompanhado por seu exército, pois havia uma ameaça de que os bizantinos queriam conquistar a região para ter controle sobre a rota comercial de Meca.
Os muçulmanos passaram 20 dias na região, explorando a área, mas não encontraram ninguém e retornaram para Medina. Esta foi a maior expedição militar que o Profeta realizou em sua vida. Há estimativas de que ele tenha liderado 30 mil homens.
No dia 28 de Rajab, nasceu Ali ibn Abu Talib, primo e genro do Profeta Muhammad, quarto califa dos muçulmanos e um dos homens mais sábios do Islam. Ele é considerado como um dos principais herdeiros dos ensinamentos transmitidos pelo Mensageiro de Allah e é reconhecido na história da religião como um grande mestre espiritual.
O nascimento de Ali é descrito como um evento miraculoso. Ele foi o único homem a nascer dentro da Caaba, o templo mais sagrado do mundo para os muçulmanos. De acordo com relatos antigos, sua mãe não sentiu dores no momento em que o bebê nasceu.
Entre as mortes que marcaram o mês de Rajab, está a do tio do Profeta Muhammad, Abu Talib, líder dos coraixitas. Embora não tenha se convertido ao Islam, ele foi uma das pessoas que mais apoiaram a missão profética do Mensageiro de Allah.
A morte de Abu Talib foi recebida com grande tristeza pelo Profeta e seus companheiros e, após este acontecimento, o Mensageiro de Allah perdeu a proteção de sua tribo que era concedida por seu tio. Depois disso, Muhammad correu o risco de ser assassinado pelos coraixitas e só conseguiu escapar definitivamente da opressão deles após a migração para Medina.
Rajab é marcante para duas ordens sufis, que relembram o legado de seus mestres que partiram neste mês. Uma delas é a ordem Chisti, que tem como fundador o grande Muin al Din Chisti, que nasceu no Sistão, no subcontinente indiano no século XII. Os discípulos desta tariqa (caminho espiritual) se concentram principalmente no Afeganistão, Paquistão e Bangladesh.
Outro mestre falecido neste mês foi Sheikh Nazim al Haqqani, um dos grandes mestres recentes da ordem Naqshbandi. Ele nasceu no Chipre, durante o ano de 1922, e se tornou um dos grandes difusores do Islam no ocidente, sendo um dos santos sufis mais populares em países europeus e americanos.
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