O mês sagrado do Ramadan está se aproximando e, neste ano, os fiéis do Islam terão que mudar algumas de suas práticas por causa do coronavírus. Entre elas, uma das práticas mais executadas pelos muçulmanos é o tarawih, uma oração recomendada que deve ser feita após as preces obrigatórias da noite (Isha).
O tarawih deve ser feito com 20 unidades de oração e é uma prece que o Profeta Muhammad fez poucas vezes em comunidade por causa do grande esforço que é necessário para praticá-la. Porém, em todo Ramadan ele fazia isso em sua casa. Anos depois da morte do Mensageiro de Allah, o califa Omar Ibn Al-Khattab instituiu a prática nas mesquitas ao longo dos meses sagrados e, desde então, se tornou um hábito para a comunidade islâmica.
Neste ano, boa parte das mesquitas pelo mundo estarão fechadas durante o mês sagrado. Portanto, para muitos muçulmanos, a solução será fazer a prece em casa. Para ajudar, vamos falar um pouco sobre o sentido da oração, qual é a opinião das quatro escolas de jurisprudência islâmica e quais são os passos para fazer o tarawih em casa.
O tarawih não é uma prece obrigatória, mas os sábios das escolas Hanafi e Hanbali, além de alguns da escola Maliki, consideram este ato voluntário (sunnah) como algo muito importante de ser cumprido. Isto se deve a alguns ditos atribuídos ao Profeta Muhammad, que teria se referido a esta oração da seguinte forma:
“Allah tornou obrigatório o jejum no mês de Ramadan e eu tornei ficar em oração durante as noites (do Ramadan) uma prática.” (Al-Nasai)
Muitos comentaristas afirmam que a oração da noite à qual o Mensageiro de Allah estava se referindo era o tarawih. Ele também deixou claro quais são os benefícios de praticar a oração no período do Ramadan.
“Quem estiver em oração à noite durante o Ramadan, com fé e expectativa de recompensa, seus pecados anteriores serão perdoados.” (Al-Bukhari)
Em geral, os sábios do Islam não enxergam nenhum tipo de objeção em ler uma cópia do Alcorão durante a oração noturna do Ramadan, contanto que o seja pronunciado os versículos em árabe (podendo também ser a versão transliterada). Este ponto de vista é compartilhado pelos eruditos das escolas Shafi, Maliki e Hanbali.
No entanto, esta visão não é aceita por boa parte dos sábios da escola Hanafi, pois consideram a leitura do Alcorão durante a oração uma imitação dos hábitos dos cristãos e judeus (povos do livro), que costumam recorrer aos livros sagrados para rezar em congregação.
Esta última opinião é baseada em dizeres do Profeta, que ensinou que “Quem (intencionalmente) copia um povo, é dele”. No entanto, o Imam Al-Bukhari comenta que a cópia em questão é algo feito propositalmente para imitar algum hábito, vestimenta ou objeto exclusivo de uma religião.
Diante desta interpretação, a leitura do Alcorão no tarawih não contradiz o ensinamento do Mensageiro de Allah, pois o Livro Sagrado e este tipo de oração pertencem somente ao Islam.
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