Na última quinta-feira (05/03/2020), a mesquita al Haram, em Meca, o local mais sagrado do mundo para os muçulmanos, ficou interditada para esterilização devido às ameaças do coronavírus. O templo, que chega a receber milhões de muçulmanos em um único dia, esteve completamente vazio e chocou aqueles que estão acostumados a ver imagens da Caaba cercada de fiéis.
Embora a cena seja incomum, esta não é a primeira vez que a peregrinação foi interrompida. Algumas ocasiões, inclusive, foram bem marcantes, e é impossível falar da história da Casa Sagrada sem mencionar esses episódios:
No ano de 683, a visitação à Caaba foi interrompida por um motivo grave. A Casa Sagrada ficou destruída após um incêndio causado por uma batalha entre Yazid e Abd Allah ibn al Zubayr em um episódio que ficou conhecido com o Primeiro Cerco de Meca.
Depois que venceu a guerra, Abd Allah ibn al Zubayr reconstruiu a Casa Sagrada, erguida originalmente pelo Profeta Abraão.
Nove anos após a destruição da Caaba, Meca viveu tempos violentos novamente. O segundo cerco à cidade resultou na queda de uma das paredes da Casa Sagrada, consequência de uma pedra que foi catapultada para atingir a estrutura.
Por estar localizada em um vale, a mesquita al Haram sempre sofreu com inundações. No ano de 1629, durante o período do califado otomano, a estrutura da Caaba desabou após uma enchente. O templo também foi reerguido naquele ano.
Em 1941, a Casa Sagrada sofreu com mais uma enchente. A peregrinação teria sido totalmente interrompida se não fosse por um menino de 12 anos, que circundou a Caaba nadando nas águas da inundação.
O jovem era Sheikh al Awadi, do Bahrein, que assumiu o cargo religioso anos após o ocorrido. Ele chegou a fazer declarações sobre este episódio, dando o seguinte relato:
“Eu era estudante em Meca na época em que a cidade santa testemunhou chuvas torrenciais por quase uma semana, sem cessar, durante o dia e a noite, resultando em inundações repentinas em todas as partes. Vi várias pessoas, veículos e animais sendo levados pelas inundações e várias casas e lojas inundadas.”
No último dia de chuva, ele foi até a mesquita junto com o irmão e dois amigos. Quando testemunhou o que havia acontecido, sua reação foi surpreendente:
“Quando crianças, ficamos encantados ao ver a mataf inundada”, comentou. “Sendo um bom nadador, fiquei impressionado com a ideia de realizar a circundução, e meu irmão e amigos também se juntaram a mim”, concluiu.
Entre os dias 20 de novembro e 4 de dezembro do ano de 1979, a mesquita sagrada foi ocupada por terroristas que mantiveram os peregrinos como reféns. Entre os autores da ocupação, haviam cerca de 500 homens que diziam pertencer a um grupo salafista chamado al Ikhwan.
O grupo era liderado pelos terroristas Juhayman al Otaybi e Muhammad Abdullah al Qahtani, que afirmava ser o Mahdi, que na religião islâmica, é uma figura que voltará antes do final dos tempos para trazer a justiça. O atentado, na concepção dos autores, seria uma forma de fazer os muçulmanos se voltarem para a obediência a Deus, que supostamente haviam perdido.
O exército da Arábia Saudita conseguiu reconquistar a mesquita com o apoio do Groupe d’Intervention de la Gendarmerie Nationale (GIGN) da França. Muitas pessoas inocentes foram mortas por causa do atentado.
Em 1996, a Caaba passou por sua mais recente reconstrução. Embora a peregrinação não tenha sido interrompida, o movimento foi reduzido drasticamente para que as obras pudessem ter um bom andamento.
A Equipe de Redação do Iqara Islam é multidisciplinar e composta por especialistas na Religião Islâmica, profissionais da área de Marketing, Ilustração/Design, História, Administração, Tradutores Especializados (Árabe e Inglês). Acesse nosso Quem Somos.