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Empreendedoras da Moda fazem a identidade das Muçulmanas Brasileiras

A dificuldade para encontrar peças adequadas levou duas muçulmanas convertidas de São Paulo a criarem um grife focada em produzir roupas modestas.
  • As muçulmanas brasileiras têm dificuldades em encontrar roupas adequadas para vestir por causa da diferença de costumes em relação à moda local.
  • Muitas mulheres acabam optando por vestir roupas de países árabes. No entanto, algumas não se identificam com a moda desses lugares.
  • Empresárias de São Paulo viram nesta dificuldade, uma oportunidade para empreender em uma moda islâmica genuinamente brasileira.
  • Mais do que um simples comércio de roupas, este mercado ajuda a criar uma identidade para as muçulmanas convertidas do Brasil. 

Combinar roupas é um desafio para muitas muçulmanas no Brasil. A moda no país geralmente é pensada para mulheres que querem se vestir com roupas curtas e justas, o que não atende às exigências de muitas consumidoras adeptas do Islam.

Para essas mulheres, se vestir não é apenas uma questão de estilo, mas de identidade, já que suas roupas também carregam um valor importante para a fé, que é a modéstia. Mas a falta de boas opções no país fez com que fosse necessário fortalecer a identidade da mulher muçulmana brasileira.

A arquiteta Beatriz Kehdy e a modelista Alessandra Melo são brasileiras e muçulmanas convertidas. Elas sempre tiveram dificuldade em encontrar roupas casuais que se adequassem aos preceitos religiosos que carregam.

A dificuldade se tornou uma oportunidade e, em 2018, após muitos experimentos e estudos, elas criaram a iCovered, uma grife pensada especialmente para as adeptas do Islam no Brasil.

Comodidade como conceito

A marca aposta na praticidade para conquistar as clientes. As roupas são feitas com tecidos leves, que são bastante adequados para um país quente como o Brasil. Além disso, as peças são elaboradas para mulheres que lidam com o cotidiano, com uma rotina de trabalho, afazeres, lazer e demais situações que fazem parte da correria do dia-a-dia.

“As nossas peças são atemporais. A gente não foca em tendências que no ano que vem não vão estar na moda, e prezamos muito pela durabilidade e qualidade”, afirma Beatriz. 

Além da praticidade e casualidade, os modelos contam sempre com um detalhe em comum – a modéstia. Todos eles são feitos com tecidos sem nenhum tipo de transparência e com um caimento mais largo, para que a roupa não marque o corpo.

A vestimenta modesta é um requisito para as mulheres adeptas do Islam, mas este tipo de roupa também tem agradado brasileiras que seguem outras religiões. Grande parte das clientes da iCovered são de consumidoras não-muçulmanas que enxergam os modelos não como uma expressão religiosa, mas como adereços de moda elegantes para o cotidiano.

Muçulmanas e brasileiras

iCovered-Modelo-Hijabi
(Foto: iCovered / Divulgação)

As mulheres brasileiras que se esforçam para se vestir conforme os preceitos religiosos do Islam encontram dificuldades pelo caminho, pois o hijab usado para cobrir o cabelo, por si só, já costuma causar impacto em muitas pessoas.

Além disso, algumas muçulmanas acabam recorrendo à moda de países árabes devido à falta de opções no Brasil. No entanto, as roupas usadas na Península Arábica também destoam dos costumes brasileiros, o que acaba afastando as convertidas de sua cultura natal.

Por isso, muitas mulheres se sentem perdidas na hora de se vestir e, por não encontrarem uma boa solução, elas acabam em um conflito de identidade, por não se sentirem nem como árabes e nem como brasileiras.

Se, por um lado, o Islam possui um código de vestimentas, por outro, quase não há restrições quanto a cores, estampas e tecidos, o que torna possível recorrer a várias tendências locais na hora de elaborar uma peça. Foi diante dessas possibilidades que as duas empresárias tiveram a ideia de elaborar uma moda islâmica legitimamente brasileira. 

“Moda islâmica é uma vestimenta solta ao corpo, que não marque e não seja transparente. Os outros elementos são questões culturais. Uma coisa que sempre foi muito importante para nós é: quais são os elementos culturais do Brasil e como a gente consegue mesclar isso”, destacou Beatriz. 

As vendas na web

O modelo de vendas da iCovered foi se aperfeiçoando ao longo do tempo. A princípio, Beatriz e Alessandra costumavam vender as roupas indo até as mesquitas em São Paulo, mas ainda não era o ideal. Elas queriam projetar as suas vendas para um público maior. Então, tiveram a ideia de criar uma loja. 

O sonho se tornou realidade quando elas conseguiram inaugurar um espaço colaborativo no bairro Pinheiros, em São Paulo, que funcionou ao longo do ano de 2019. Mas logo as proprietárias perceberam que ali receberiam demandas de um público majoritariamente formado por não-muçulmanas que procuravam roupas que não se adequavam aos princípios da marca, o que levou-as a abrir mão da loja para apostar na tecnologia e, assim, alavancar vendas. 

Recentemente, a iCovered começou a se dedicar às vendas feitas exclusivamente pela internet. Além de possuir o próprio website, a grife também atende através das principais redes sociais. 

Atualmente, as peças mais vendidas são as batas, mas a demanda também é alta por camisas de mangas longas e vestidos, que são alternativas mais adequadas para os dias mais quentes. Além delas, há também pantalonas, saias, coletes, lenços, toucas e uma série de acessórios.

iCovered Modelo de Saia
(Foto: iCovered / Divulgação)

Serviço

iCovered
Website: icovered.com.br
Facebook e Instagram: @icovered_oficial
Whatsapp: +11 97651 5522

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