Durante o décimo dia do mês de Zul Hijjah, o décimo segundo mês do calendário islâmico, os muçulmanos realizam a festa do sacrifício que, em árabe, é chamada de Eid al Adha. Trata-se de uma celebração com alguns rituais específicos e com significados bem especiais para os adeptos do Islam, na qual tradicionalmente se realizam grandes confraternizações e reflexões sobre este período sagrado.
A festa coincide com o Hajj, a peregrinação obrigatória que os muçulmanos devem realizar à Meca pelo menos uma vez na vida. O Eid é celebrado tanto por aqueles que estão fazendo o ritual obrigatório na Cidade Sagrada do Islam, quanto pelos fiéis que não estão.
Esta data é uma das mais importantes do Islam e é considerada feriado em vários países onde há predominância de muçulmanos.
A Festa do Sacrifício possui este nome em referência a um grande ato de fé realizado pelo Profeta Abraão. Ele começou a ter sonhos em que sacrificava o seu filho, o Profeta Ismael, e sabia que se tratava de um sinal divino. Por isto, falou com Ismael qual era a vontade de Deus e ambos aceitaram que isso deveria ser feito.
Enquanto se preparava para abater seu filho, o Profeta Abraão escutou Satanás lhe atentando, na tentativa de convencê-lo a desistir de cumprir a vontade divina. O Profeta afastou a criatura amaldiçoada, atirando-lhe pedras. Quando se preparava para abater o seu filho, Deus interveio e disse a Abraão:
“Ó Abraão, Já realizaste a visão! Em verdade, assim recompensamos os benfeitores.” (Alcorão 37:104-105)
Foi então que o anjo Gabriel trouxe um carneiro dos céus e o ofereceu ao Profeta Abraão para que sacrificasse o animal no lugar de seu filho.
Para celebrar a fé do Profeta Abraão e a sobrevivência do Profeta Ismael, muçulmanos de todo o mundo celebram uma festa na qual tradicionalmente um animal é abatido e sua carne é servida como alimento.
No dia da festa, os muçulmanos devem fazer a oração da alvorada (Fajr), seguida de um banho ritual (ghusl). Devem sair de casa em jejum e, a caminho do local onde será feita a oração, devem repetir “Allahu Akbar” (Deus é Maior), até que o imam que conduzirá a oração da festa (Salat al Eid) chegue para realizar o ritual.
Durante a Festa do Sacrifício e durante os próximos três dias, o muçulmano deverá, após o final de cada oração, repetir a sentença: Allahu Akbar. Este ritual deve se encerrar ao final do quarto dia, após a oração da alvorada.
A reza deve ser feita em comunidade e é realizada em um período após o nascer do sol e anterior à prece do meio-dia (Dhur). Ela não possui um chamado para oração (azan) e consiste em duas unidades de prostração (Rakat), seguidas de um sermão feito pelo imam.
Normalmente, as pessoas mais abastadas abatem um animal para comer, como um boi, camelo, carneiro, etc. Esta carne é conhecida como “Qurbani” e é dividida com as pessoas mais pobres, pois, assim como em todas as celebrações islâmicas, a mensagem final é sempre a misericórdia e a caridade.
As pessoas criam o animal com amor e costumam investir muito dinheiro para mantê-lo. O ato de sacrificá-lo serve como lembrança de que, para Deus, somente o esforço pela fé é o que, de fato, é importante.
“Nem suas carnes, nem o seu sangue chegam até Allah; outrossim, alcança-O a vossa piedade. Assim vo-los sujeitou, para que O glorifiqueis, por haver-vos encaminhado. Anuncia, pois, a bem-aventurança aos benfeitores. (Alcorão 22:37)“
Os peregrinos que estão no Hajj também abatem animais em Meca. Esta carne também é doada aos pobres pelas entidades que organizam a peregrinação.
Durante a festa do sacrifício, é comum que muçulmanos visitem os parentes e amigos, troquem presentes e vistam suas melhores roupas. Em alguns lugares ao redor do mundo, alguns pratos e sobremesas específicas são preparados especialmente para a ocasião.
Para aqueles que não estão em Meca, há também uma tradição em jejuar nos nove dias do mês anteriores à Festa do Sacrifício, em especial no nono dia, quando os peregrinos estão no Monte Arafah clamando pela misericórdia divina em um ritual que marca o dia mais importante da peregrinação.
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