O Profeta Muhammad foi um líder religioso e político. Muitos fatos da sua história são amplamente difundidos, mas outros acabam passando batidos ao falarmos dos principais acontecimentos de sua vida.
Porém, alguns detalhes que parecem ser simples são, na verdade, fundamentais para compreendermos o contexto da revelação do Alcorão e também para conhecermos melhor a nobreza de caráter do Mensageiro de Allah.
Separamos alguns fatos que também falam sobre o ambiente familiar, suas características pessoais e sua carreira profissional antes do início de sua missão profética.
Durante sua vida, o Profeta Muhammad viveu por diversos momentos a dor de perder entes queridos. Antes mesmo de ele nascer, seu pai, Abdullah ibn Abd al-Muttalib, estava em uma caravana comercial em direção à Síria e à Palestina e, na volta, acabou contraindo uma doença que o matou pouco tempo depois.
Quando o Profeta tinha seis anos, sua mãe, Amina bint Wahab, faleceu devido a uma doença, e o menino ficou órfão. Não ter pais para cuidar de uma criança ou jovem pode ser um grande problema em uma sociedade tribal. Apesar disso, seu tio Abu Talib tomou conta dele e o protegeu, mesmo quando ele começou a pregar o Islam.
Além disso, Deus foi o amparo para o Profeta e, na revelação do Alcorão, o Criador mostra que a boa conduta do muçulmano também deve se refletir em tratar os órfãos com justiça e dignidade.
“Porventura, não te encontrou órfão e te amparou? Não te encontrou extraviado e te encaminhou? Não te achou necessitado e te enriqueceu? Portanto, não maltrates o órfão, nem tampouco repudies o mendigo, mas divulga a mercê do teu Senhor em teu discurso.” (Alcorão 93:6-11)
O Profeta Muhammad começou a ficar conhecido por seu caráter nobre quando ainda era um simples comerciante. A maneira como lidava com os negócios lhe conferiu boa reputação até mesmo entre aqueles que viriam a ser seus inimigos nos anos de profecia.
Ele passou a ser chamado de “O Confiável”, que não era um simples apelido; era quase um título que o povo de Meca deu ao Profeta. Devido a tamanha honra, Khadija confiou no trabalho de Muhammad e, pouco tempo depois, esta relação profissional se converteria em matrimônio.
Mais tarde, quando Muhammad começou a se dedicar a entregar a mensagem de Allah, nem seus inimigos se atreveram a menosprezar sua honra. Um dos homens mais violentos na luta contra o Islam foi Abu Jahl e, certa vez, um homem o questionou sobre a reputação do Profeta.
“Fale-me sobre Muhammad, se ele é verdadeiro ou um mentiroso.” Respondeu Abu Jahl: “Aí de ti! De fato, Muhammad é verdadeiro e nunca disse uma mentira. Mas se os filhos de Qussay ficarem com o estandarte, a distribuição de água aos peregrinos, a custódia da Caaba e a missão profética, o que restará aos Quraysh?” (Hidâyat al-Hayâra, 51)
Antes de ser tornar muçulmano, Abu Sufyan também combateu o Islam e tentou convencer Heraclius, o imperador Bizantino, de que Muhammad era um impostor. No entanto, quando o imperador lhe perguntou se Muhammad já havia sido acusado de mentiras antes da profecia, a única coisa que ele pôde responder foi “Não”.
Quando o Profeta Muhammad entregou a Revelação do Alcorão, os árabes ficaram admirados com a beleza dos versos que foram apresentados. Mas alguns detalhes chamavam atenção na recitação daqueles versos, afinal, Muhammad não era poeta, não era acostumado a lidar com palavras e sequer sabia ler ou escrever.
Ficou claro para todos que aqueles versos não estavam saindo da mente do Mensageiro de Deus, mas de alguma fonte que era, de fato, divina. Allah, através do Alcorão, impõe Sua majestade e desafia qualquer um a compor algo parecido com o Livro Sagrado.
“Dize-lhes: Mesmo que os humanos e os gênios se tivessem reunido para produzirem coisa similar a este Alcorão, jamais teriam feito algo semelhante, ainda que se ajudassem mutuamente.” (Alcorão 17:88)
E se tendes dúvidas a respeito do que revelamos ao Nosso servo (Muhammad), componde uma Surata semelhante às dele (o Alcorão) e apresentai às vossas testemunhas, independentemente de Allah, se estiverdes certos. Porém, se não o fizerdes – e certamente não podereis fazê-lo –, temei, então, o fogo infernal cujo combustível serão os homens e as pedras; fogo que está preparado para os incrédulos. (Alcorão 2: 23-24)
Os muçulmanos não fazem imagens do Profeta Muhammad, pois isso é uma prática que historicamente esteve associada à idolatria de deuses pagãos. No entanto, sabe-se que ele era um homem muito bonito e muitos relatos falam sobre suas características.
Ele tinha uma pele clara, mas não era muito branco, nem marrom, em certa época de sua vida tinha cabelos longos que iam até o lóbulo das orelhas, barba densa, era de estatura média, tinha os ombros largos e um fato curioso é que diversos companheiros do Profeta o mencionam como uma pessoa reluzente, como se o sol brilhasse em seu rosto.
“Anas bin Malik (que Allah esteja satisfeito com ele) relata: “O mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) não era alto, nem baixo. De aparência, ele não era muito branco como o cal, nem muito escuro, nem era um marrom que resultasse em escuridão (ele era iluminante, mais luminoso do que a lua cheia na 14ª noite).” (Tirmidhi)
Vale lembrar que os padrões dos árabes para definir uma cor de pele não eram os mesmos que os nossos. Em geral, eles possuíam uma pele morena que alternava entre tons escuros e mais claros, mas nada que fosse igual aos caucasianos ou aos africanos subsaarianos.
Khadijah bint Khuwaylid era uma mercadora bem sucedida que costumava contratar comerciantes para liderarem suas caravanas que iam para regiões fora de Meca. Foi em uma ocasião como essa que ela soube da reputação de Muhammad que, naquela época, ainda não tinha recebido revelação alguma do Alcorão.
Ela era 15 anos mais velha do que Muhammad, mas isso não a impediu de pedir aquele homem honesto em casamento. A relação dos dois foi marcada por uma entrega profunda. Khadijah, desde que a Revelação iniciou, sempre acreditou que Muhammad era um profeta de Deus, e ele, por sua vez, amou-a como nenhuma outra mulher.
Durante o tempo em que estiveram juntos, Muhammad não teve nenhuma outra esposa além de Khadijah. Infelizmente, ela morreu doze anos antes do Profeta, causando um profundo lamento entre a comunidade islâmica da época.
No ano em que Khadijah morreu, também faleceu Abu Talib, tio do Profeta Muhammad. Ambas as mortes causaram muita comoção aos muçulmanos e, por isso, aquele ano ficou marcado na história como o “Ano da Tristeza”.
O Profeta Muhammad teve sete filhos ao longo de sua vida e seu grande amor por eles também foi sua dor. Seis de seus filhos morreram antes dele, e alguns faleceram de maneira extremamente precoce.
Na união com Khadijah, o primeiro filho foi Qasim, que morreu aos três anos de idade, e a segunda foi Zainab, que viveu pouco mais de trinta anos e, ainda assim, morreu dois anos antes do Profeta. A terceira filha foi Ruqayyah, que faleceu aos 23 anos; a quarta foi Umm Kulthum, falecida aos 27 anos, e Abdullah perdeu a vida ainda na infância.
O único filho de Muhammad cuja mãe não era Khadijah foi Ibrahim que, infelizmente, acabou falecendo aos dois anos de idade, poucos meses antes do Profeta morrer. De todos os filhos, apenas Fatimah morreu após o pai.
Mesmo com a perda de tantos entes queridos ao longo de sua jornada, o Profeta nunca perdeu o ânimo pela vida e sempre continuou determinado em sua missão, até os seus últimos dias.
Um ranking elaborado por Michael H. Hart em 1978 apontou as 100 personalidades mais influentes da história. Entre nomes como Cristóvão Colombo, Albert Einstein, Isaac Newton, Buda e até Jesus Cristo, sobressaiu o nome de Muhammad, que estava no topo da lista.
A escolha gerou controvérsias, mas Hart alegou que o papel de Muhammad no desenvolvimento do Islam foi mais importante do que o de Jesus para o cristianismo. Ele atribuiu o desenvolvimento das religiões cristãs a Paulo.
Sobre a influência de Muhammad, Michael Hart ainda considerou que o profeta islâmico foi extremamente bem-sucedido no domínio religioso e secular.
A Equipe de Redação do Iqara Islam é multidisciplinar e composta por especialistas na Religião Islâmica, profissionais da área de Marketing, Ilustração/Design, História, Administração, Tradutores Especializados (Árabe e Inglês). Acesse nosso Quem Somos.