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Conflito Turquia e Síria: Entenda as Razões do Conflito

Nos últimos dias uma forte retaliação turca contra o exército sírio reascendeu a possibilidade de uma nova guerra em larga escala na região.
  • Na última semana, três aviões sírios foram abatidos pela aviação turca na região de Idlib, na Síria.
  • A Turquia ocupa um território sírio desde 2017, quando assinou um acordo pela diminuição das hostilidades no local.
  • Uma aliança entre a Rússia e a Síria torna possível uma eventual guerra contra a Turquia.

Na última terça-feira (03/03), um avião sírio foi abatido na província de Idlib, na região noroeste do país. O caça foi destruído pela aviação da Turquia, que desde domingo intensificou a operação no país após 36 militares turcos serem mortos em um ataque realizado pelo exército da Síria. 

De acordo com o governo sírio, o avião estava em uma ofensiva contra grupos terroristas. O ataque ao caça faz parte da Operação Primavera que, desde domingo, abateu três aviões.

O episódio marcou um avanço na tensão entre os dois países, que começou a se agravar no ano de 2017, quando o exército da Turquia passou a ocupar um território em Idlib.

Por que Idlib?

Idlib é a única região onde ainda há rebeldes contrários ao regime sírio do ditador Bashar Al-Asad. Os oposicionistas chegaram a tomar conta de boa parte do país, mas com o apoio do exército russo e de rebeldes do Irã, o governo sírio conseguiu reconquistar esses territórios, faltando apenas esta província que faz fronteira com a Turquia.

Na região, o grupo dominante é o Hayat Tahrir al-Sham, que surgiu em 2017, a partir de uma dissidência com a Al-Qaeda. No entanto, há outros grupos, como o Exército Nacional Sírio, formado por rebeldes apoiados pela Turquia. 

Em Idlib, há também a presença de rebeldes curdos que lutam pela criação de um estado autônomo na fronteira da Turquia com a Síria. Mas este grupo sofreu um grande enfraquecimento nos últimos tempos, após ter perdido zonas de influência dentro do território turco. 

Também estão presentes algumas centenas de terroristas do Daesh (ISIS), mas que não são considerados como uma grande ameaça há algum tempo, pois estão sendo combatidos por diversos grupos armados na Síria.

Como começou o conflito

Em 2017, Síria, Rússia, Irã e Turquia firmaram um acordo para diminuir as hostilidades em quatro regiões, entre elas, Idlib. Em outubro daquele ano, o exército turco enviou tropas para além da fronteira para monitorar o pacto.

Neste período, as tropas da síria conseguiram reocupar diversos pontos que estavam sob o controle dos rebeldes, até que eles foram forçados a se concentrar nas fronteiras. Em setembro de 2018, o exército sírio preparava um ataque contra Idlib, que foi evitado após a Turquia fazer um tratado com a Rússia, que previa uma desmilitarização na região.

Desde então, aconteceram vários ataques na região, que resultaram em confrontos mortais entre os sírios e os turcos, custaram a vida de civis e causaram enormes fluxos imigratórios em direção à Turquia. Atualmente, a Turquia já recebeu cerca de 3,7 milhões de refugiados.

Preocupados com a ofensiva síria, o exército turco havia dado o ultimato para que o governo de Assad afastasse os soldados de Idlib até o final de fevereiro, mas as exigências não foram atendidas.

O que esperar?

Embora a Turquia seja militarmente superior à Síria, esta conta com o apoio da Rússia, que é uma das maiores potências bélicas do mundo. No entanto, o conflito não é tido como algo desejável para os turcos e russos.

Embora a Turquia tenha potencial para chegar até a capital, Damasco, não é possível dizer o que a Rússia faria caso houvesse uma tentativa de empurrar as tropas sírias para além de Idlib. Até o momento, Moscou não reagiu aos ataques que abateram os aviões.

Além disso, a Rússia também contaria com o apoio do Irã e do Hezbollah. No entanto, o mais provável é que a situação não vá muito além do que está acontecendo até o momento.

Porém, se a Turquia optar por avançar além de Idlib, ou atacar algum alvo russo, a situação deve se agravar e uma guerra pode se tornar inevitável.

A situação dos civis

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(Foto: Ritzau Scanpix / UNHCR)

A ONU já considera a crise humanitária da Síria como a mais grave do século XXI. Entre 2016 e 2019, o exército russo foi acusado de vários crimes de guerra, como bombardear hospitais e a utilização de armas químicas, como o fósforo branco. 

Atualmente, milhares de civis em Idlib estão sendo obrigados a dormir fora de casa em temperaturas congelantes. Há temores que centenas de milhares de pessoas possam morrer diante de um novo conflito.

Com informações de BBC e Midle East Monitor

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