O desjejum do iftar é um momento muito aguardado durante o Ramadan, no qual as pessoas finalmente podem fazer uma refeição, após um dia inteiro sem comer e beber. Em dois países asiáticos, este momento é acompanhado de samosas, pakoras, dahi wada, channa dal e muitos outros pratos típicos.
Quem nunca ouviu essas expressões nem imagina que são nomes de receitas populares da Índia e do Paquistão. Durante o mês sagrado islâmico, são preparadas em grandes quantidades para atender não somente aos muçulmanos, mas a todos aqueles que querem participar do tão esperado desjejum.
No momento em que os pratos são servidos, pessoas de todas as religiões e classes sociais podem se alimentar e confraternizar juntas. Em países onde a intolerância religiosa tem aumentado cada vez mais, a celebração islâmica inspira a paz e oferece a todos um momento de trégua.
Os muçulmanos estão presentes em larga escala na Índia e no Paquistão. No primeiro país, embora o Islam seja uma minoria religiosa diante dos 800 milhões de hindus, eles ainda representam mais de 13% da população indiana, ou seja, cerca de 195 milhões de pessoas.
Já o percentual de muçulmanos no Paquistão é altíssimo. No país, cerca de 96% da nação é adepta do Islam, o que representa, aproximadamente, 200 milhões de pessoas. Em ambos os países, ainda há grandes comunidades hindus, cristãs, sikhs e budistas, e a convivência entre esses povos têm sido bastante abalada nos últimos anos.
Desde que o primeiro ministro indiano Narendra Modi assumiu o poder, a Índia tem vivido um forte ressurgimento do nacionalismo hindu, o que reacendeu conflitos – especialmente contra muçulmanos e seu país vizinho, o Paquistão.
Desde então, as diferenças religiosas estão inspirando a desarmonia, conflitos, brigas e até assassinatos. Diante de um cenário tão triste para países com culturas ricas e diversificadas, é difícil imaginar se algum dia poderá haver união, especialmente entre hindus e muçulmanos, que são as principais religiões locais.
As comunidades islâmicas na Índia e no Paquistão não costumam jejuar sozinhas. Algumas pessoas de outras religiões, como os hindus e os cristãos, aproveitam pelo menos os últimos dias do Ramadan para ver se são capazes de se abster dos alimentos e das bebidas.
No Paquistão, não é permitido comer em público nas grandes cidades durante o Ramadan, embora as regras no interior do país sejam mais frouxas com relação a isso, no entanto, este costume não é uma lei oficial. Por causa da forte tradição islâmica no país, comércios de alimentação não abrem durante o dia.
Na Índia, é comum que os restaurantes que se localizam próximo a grandes concentrações de muçulmanos pendurem cortinas em suas portas e janelas. É um sinal de respeito, para que aqueles que estejam jejuando não precisem ver os alimentos e outras pessoas comendo. No entanto, o comércio abre normalmente.
Nos dois países, quando o final do dia se aproxima, a movimentação começa a aumentar. Bancas de comida começam a ser montadas nas calçadas, o trânsito de carros e pedestres começa a ficar mais intenso e todos têm pressa em se preparar para o desjejum.
Em ambos os países, a tradição de chamar vizinhos ou pessoas da comunidade para ceiar durante o desjejum do Ramadan ainda é forte. Neste momento, hindus e muçulmanos ficam lado a lado na hora da confraternização.
Nos dois territórios, também há distribuição de comida para todos que quiserem se alimentar. As doações acontecem em vários lugares e são feitas por instituições beneficentes e pessoas generosas. Os espaços públicos e as mesquitas são tomados por fiéis que fazem a oração obrigatória do pôr do sol e, em seguida, as preces noturnas.
Na Índia, há grande colaboração das autoridades e de pessoas de outras religiões para que os muçulmanos possam cumprir seus deveres religiosos. Eles podem ocupar os espaços públicos até 22h30 e podem até abrir barracas temporárias para distribuir alimentos.
No Paquistão, as pessoas mais pobres se beneficiam com a farta distribuição de alimentos, já que é uma oportunidade para poderem saciar a fome. Em geral, elas aproveitam a ocasião para poupar o dinheiro que seria gasto com a alimentação e o investem no sustento da família.
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