Logo nos seus primeiros anos de existência, o Islam se espalhou rapidamente por diversas regiões da Ásia e da África. No entanto, muitas partes da Europa ficaram distantes do contato com os muçulmanos como, por exemplo, a Grã-Bretanha.
Porém, no século XIX, uma escocesa registrou uma história que, possivelmente, é o relato da primeira visita de uma europeia à Meca. A mulher é Evelyn Cobbold, uma aristocrata que tinha o hábito de viajar para diversos lugares.
Ela nasceu em 1868 e teve seus primeiros contatos com o Islam quando ainda era criança. De acordo com seus relatos, quando era menina, costumava passar os meses de inverno na cidade de Argel, capital da Argélia. Uma de suas alegrias durante a infância era escapar dos cuidados de sua governanta e ir até a mesquita.
Mesmo assim, nunca ficou claro em que momento ela se converteu ao Islam. Mas, em 1911, ela já era chamada por seus amigos árabes de “Lady Zainab” e “nossa irmã no Islam”.
Já no ano de 1914, ela foi uma das responsáveis por fazer Marmaduke Pickthall manifestar sua fé islâmica abertamente. Quinze anos depois, ele foi responsável por traduzir o Alcorão para o idioma inglês, e foi também um dos eruditos islâmicos mais notáveis daquele período na Grã-Bretanha.
Em seu livro Pilgrimage to Mecca (Peregrinação à Meca), Lady Evelyn alegou ter sido a primeira europeia a ir a Meca. Durante suas viagens, conheceu diversos eruditos islâmicos, como Abdullah Quilliam, Muhammad Pickthall, e Lord Headley.
Embora os estudiosos não sejam unânimes quanto ao fato de ter sido a primeira europeia a ir à Meca, certamente ela foi a primeira a documentar este acontecimento.
Em 1933, Lady Evelyn escreveu um livro com suas memórias de Meca e conseguiu publicá-lo. Os relatos de sua viagem são bastante parecidos com os de outros peregrinos, mas ela descreveu a sua experiência de maneira emocionada:
“Se eu nunca mais ver a Arábia de novo, sempre viverei com a memória acalentadora daqueles dias maravilhosos, de Meca acesa com uma tocha da viva fé, de Medina e seus jardins, é paz, é encanto.”
Em sua obra, Lady Evelyn sempre defendeu seus pontos de vista sobre o Islam, embasando-se no Alcorão e em fatos históricos. Com relação ao Islam e o direito das mulheres, ela criticava a purdah, que impedia as mulheres de serem vistas pelos homens. Por outro lado, ela se esforçou para esclarecer os equívocos que os ocidentais tinham sobre o sistema dos haréns.
As visões que ela tinha a respeito dos direitos das mulheres no Islam a ajudaram a se manter distante de influências heterodoxas.
“A melhora efetuada na posição das mulheres pelo Grande Profeta da Arábia é conhecida por todos os escritores que não eram preconceituosos e é uma falsa calúnia afirmar que o sistema islâmico diminui o status das mulheres e nega a elas uma alma”.
No tempo em que viveu, boa parte do mundo islâmico estava sofrendo com o forte colonialismo europeu. Naquele período, ela falava das enormes contribuições que os muçulmanos deram ao ocidente como, por exemplo, nas áreas da ciência e da medicina.
Entre outras coisas, ela não escondia sua admiração pelas belas palavras do Alcorão, o que era improvável para os europeus daquela época.
“A simples grandeza da direção, da variedade de imagens, o esplendor das pinturas com as palavras diferenciam o Alcorão de qualquer outra escritura…”
Seu vínculo com as palavras sagradas do Alcorão era tão grande, que ela pediu para que o versículo (24:35) fosse gravado em seu túmulo.
“Allah é a Luz dos céus e da terra. O exemplo da Sua Luz é como o de um nicho em que há uma candeia; esta está em um recipiente; e este é como uma estrela brilhante, alimentada pelo azeite de uma árvore bendita, a oliveira, que não é oriental nem ocidental, cujo azeite brilha, ainda que não toque o fogo. É luz sobre luz! Allah conduz a Sua Luz até quem Lhe apraz. Allah dá exemplos aos humanos porque é Onisciente.” (Alcorão 24:35)
Defender o Islam no ocidente em uma época em que o Império Britânico subjugava boa parte do mundo islâmico é algo digno de admiração. Lady Evelyn nunca direcionou suas críticas ao cristianismo ou à fé alheia, simplesmente mantinha seu foco em mostrar o valor inestimável da sua religião.
Ela sempre buscou um diálogo positivo e promoveu os valores islâmicos de forma verdadeira e sincera. Apesar de ser uma aristocrata, sempre manteve uma postura humilde, e tais atitudes tornaram sua obra relevante para os intelectuais e religiosos de sua época.
Aos muçulmanos, a obra de Lady Evelyn ressalta os valores humanitários da religião e resgata as boas práticas do Islam.
(Com informações do The Muslim Vibe)
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