Já são 30 muçulmanos assassinados e 189 pessoas feridas, vítimas dos ataques violentos de nacionalistas hindus na Índia desde dezembro de 2019, quando o governo anunciou uma medida para acolher refugiados de países vizinhos como Afeganistão, Bangladesh e Paquistão.
A medida serve para facilitar o acesso dos refugiados à cidadania indiana. No entanto, este direito não será concedido para pessoas que sejam muçulmanas. Esta exclusão causou uma série de críticas, não só entre os adeptos do Islam, mas também em toda a sociedade indiana.
Embora o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, afirme que a atitude do governo tem o objetivo de acolher pessoas vítimas de perseguição religiosa, os críticos da medida afirmam que, na prática, esta decisão contribui para a marginalização dos muçulmanos no país. Além disso, a Índia possui leis seculares que, em princípio, impedem o governo de favorecer uma religião em detrimento de outras.
Desde a data do anúncio, a Índia enfrenta uma forte onda de protestos contrários à exclusão dos muçulmanos na concessão das novas cidadanias. Do outro lado, a polícia está reprimindo a manifestação de forma truculenta.
Em Nova Delhi, vários muçulmanos foram espancados pelas autoridades policiais, incluindo o imam de uma mesquita. Os agentes também estão sendo acusados de facilitar a ação de grupos nacionalistas hindus de extrema-direita.
Alguns líderes do Partido Baharithiya Janata (BJP), do qual o primeiro-ministro indiano faz parte, estão aproveitando a situação para incentivar que os nacionalistas façam mais ataques aos bairros islâmicos, que nas últimas semanas foram alvos de depredações e saques. Os muçulmanos estão sendo vítimas de agressões que resultam em mortes e ferimentos.
Na última terça-feira (25/02), a mesquita de Nova Delhi foi incendiada, uma bandeira nacionalista hindu foi hasteada em seu minarete, cópias do Alcorão foram rasgadas e tapetes de oração foram queimados. Na rua, os agressores atacaram pessoas com bastões, mas também houve relatos de ferimentos por arma de fogo. Enquanto destruíam o bairro islâmico, eles gritavam “Jai Shri Ram”, que é o lema do BPJ e, em português, significa “louvado seja o senhor Rama”.
Temendo maiores prejuízos, muitos muçulmanos começaram a abandonar suas casas, carregando somente alguns pertences.
Após uma semana violenta, na última quinta-feira (27/02) Narendra Modi se posicionou contra os ataques enquanto recebia o presidente americano Donald Trump em uma visita oficial. A polícia foi reforçada nas regiões onde ocorreram os ataques.
Desde a reeleição de Narendra Modi, em 2019, os muçulmanos vêm sofrendo com as sanções do governo. No ano passado, o governo indiano revogou a autonomia da Caxemira e chegou a impor um bloqueio à região, impedindo acesso pelas rodovias, suspendendo linhas telefônicas e as redes de internet.
No estado de Assam, o governo começou a exigir que os muçulmanos comprovem que são cidadãos indianos. Devido ao fato de muitos não possuírem documentos, cerca de 130.000 pessoas agora vivem no local sem nenhum direito à cidadania.
Os muçulmanos representam cerca 14% da população religiosa da Índia, ou seja, aproximadamente 200 milhões de pessoas, sendo a minoria religiosa mais expressiva do país. A maior religião é o hinduísmo, seguido por aproximadamente 79% dos indianos.
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