Página Inicial » Alcorão Sagrado » As Principais Diferenças Entre o Alcorão e a Bíblia

As Principais Diferenças Entre o Alcorão e a Bíblia

Embora existam semelhanças entre o Alcorão e a Bíblia, as diferenças são fundamentais para distinguir as doutrinas do Islam e do cristianismo.
  • O Alcorão e a Bíblia possuem semelhanças quanto às narrativas dos profetas e outros personagens e até mesmo com relação a alguns mandamentos.
  • No entanto, há algumas diferenças consideráveis que são determinantes para a doutrina de cada religião.
  • Muçulmanos creem que o Alcorão é apenas a palavra de Allah enquanto cristãos creem que a Bíblia tem a palavra de Deus, dos profetas e escribas.
  • A história dos personagens narradas em ambos os livros também são diferentes, especialmente as de Adão e Jesus.

O Alcorão e a Bíblia possuem histórias semelhantes, mas que diferem em alguns pontos que acabam constituindo as diferenças entre as religiões islâmica e cristã. Enquanto o livro sagrado do cristianismo foca nos detalhes da história dos profetas e de pessoas que encontraram o favor e a ira de Deus, o dos muçulmanos foca mais nas lições que as histórias transmitem.

Para a religião islâmica, essas diferenças podem ser atribuídas a uma correção enviada diretamente por Allah. Isso porque a história dos profetas e de outras pessoas virtuosas foram transmitidas por muitos séculos e algumas acabaram sendo adulteradas e, portanto, o que o Alcorão faz é transmitir a versão correta do que aconteceu.

Podemos observar essa diferença de narrativas em quase todos os personagens mencionados em ambas as escrituras. Através deles, podemos observar melhor o que pregam as duas escrituras.

Mas, além das narrativas, encontramos também algumas diferenças chaves nas doutrinas propagadas pelos livros sagrados. Os detalhes são variados, mas neste texto iremos destacar alguns dos principais aspectos.

Diferenças Chaves Entre as Escrituras

A principal diferença entre as escrituras islâmicas e cristãs que podemos destacar é quanto à autoria de ambas. De acordo com o que cada religião acredita, o Alcorão é um livro que contém apenas as palavras de Allah que foram enviadas ao Profeta Muhammad através do arcanjo Gabriel, enquanto a Bíblia é um livro com as palavras de Deus, profetas, escribas, etc.

O Alcorão é um único livro que foi revelado ao longo de 22 anos. A Bíblia, poe sua vez, é um compilado de livros que são divididos entre o antigo e o novo testamento, sendo que o primeiro são escrituras do povo judeu, enquanto o segundo fala sobre as revelações e a vida de Jesus Cristo e os fundamentos da doutrina cristã. Mesmo assim, os cristãos acreditam em ambos os testamentos.

O Alcorão não tem uma cronologia bem definida, pois Allah apresenta as histórias de acordo com o ensinamento e as ordens que Ele tem para transmitir. Embora, em alguns casos, a Bíblia apresente a mesma história, porém sob perspectivas diferentes, ela tende a ter uma narrativa de acordo com a ordem que as histórias ocorreram.

Hoje, há muitas denominações cristãs que afirmam que a Bíblia não precisa estar escrita no idioma em que os livros foram escritos. O mesmo não ocorre com o Alcorão: o livro sagrado dos muçulmanos deve ser escrito em árabe e, portanto, as traduções não são uma cópia original. Embora também devam ser tratadas com respeito, os rituais que envolvem a recitação ou leitura do Alcorão devem ser feitos no idioma em que ele foi revelado.

Diferenças nas Doutrinas das Escrituras

As diferenças principais entre as escrituras cristãs e islâmicas giram em torno da forma de perceber o monoteísmo. Na Bíblia, Jesus e o Espírito Santo também são partes de uma trindade e que formam um Deus único e perfeito. 

Para o Alcorão, o conceito apresentado é falho, pois esta noção por si só contradiz o que é o monoteísmo. Por isso. Ele afirma que Jesus não é uma divindade, mas sim um profeta, e o Espírito Santo é, na verdade, o anjo Gabriel. Para o Islam, tudo que não é o Criador é criatura e, por mais que os anjos e profetas sejam os mais elevados entre toda a criação, eles são meios para que os humanos possam se conectar com Allah, mas não são Allah em si.

A Bíblia também diz que o pecado cometido por Adão e Eva no paraíso deixou uma mácula na espécie humana que só poderia ser paga com com a imolação do Seu filho unigênito, que seria a crucificação de Jesus. Isto seria o pecado original, que só é corrigido através do batismo.

Toda essa narrativa é contestada pelo Alcorão pois, na versão islâmica, Adão e Eva erraram, mas Deus perdoou os dois, pois Ele perdoa todos aqueles que se arrependem com sinceridade, já que a misericórdia de Allah é superior à Sua ira. Sendo assim, não há pecado original e os humanos são salvos apenas pela crença em Allah, nos profetas, anjos, livros, no Dia do Juízo e por meio de boas obras.

Allah, portanto, não enviou Jesus a este mundo para ser sacrificado, mas sim para admoestar os filhos de Israel do erro que estavam cometendo ao seguirem rabinos que estavam totalmente afastados das leis de Deus. 

Histórias dos Profetas e de outros Personagens

A maior parte do Alcorão não é focada no estabelecimento de leis, penas, normas, etc, mas sim em relatos da vida dos profetas e de outras pessoas piedosas que encontraram o favor de Allah. Boa parte delas também estão incluídas na Bíblia, mas a maioria das histórias possuem alguma diferença nos dois livros. Abaixo, nós citamos apenas as maiores delas.

Adão e Eva

O Alcorão diz que Adão foi criado a partir da argila e que Deus soprou Seu espírito nele. Em seguida, os anjos questionaram a criação do homem, argumentando que eles poderiam fazer tudo o que Allah manda e o homem, por outro lado, derramaria sangue e espalharia a corrupção pelo mundo - uma narrativa que não aparece no livro de Gênesis.

Outra diferença está no momento de nomear os animais. Na Bíblia, Adão os nomeia e, no Alcorão, Allah ensina o nome dos outros seres vivos para ele. Deus manda que todos os anjos se prostrem perante a Adão, mas iblis (Satanás) se nega a fazer isso e protesta dizendo que ele era feito de fogo enquanto o homem havia sido criado a partir do barro.

No Alcorão, também não há menção sobre a criação de Eva, embora os muçulmanos a reconheçam como a mãe de toda a humanidade.

Quando eles comem o fruto da árvore proibida, se arrependem do erro que cometeram e pedem perdão a Allah que, por Sua vez. os perdoa.

Noé

A versão da Bíblia sobre a história de Noé possui mais detalhes que a do Alcorão, que não relata nada do que foi dito pelo profeta antes de ele deixar a arca. 

A diferença de narrativas, no entanto, consiste principalmente na parte em que fala a respeito dos familiares que foram salvos do dilúvio. Enquanto a Bíblia diz que todos foram salvos, o Alcorão menciona um filho que subiu em uma montanha ao invés de refugiar-se na arca, mostrando que as pessoas não podem se salvar por laços familiares, apenas por sua própria fé.

Não consta no Alcorão a versão bíblica de que Noé se embriaga, dorme nu e é acordado por seu filho Cam. Além de o álcool ser proibido pela religião islâmica, Allah jamais permitiria tal desonra a seus mensageiros, que são protegidos de cometer pecados.

O Alcorão também diz que a esposa de Noé é o exemplo de uma infiel e a sentencia ao fogo do inferno no versículo 66:10.

Abraão

Uma das principais diferenças entre as narrativas religiosas se concentra na imolação do filho de Abraão, que a Bíblia diz ser Isaac, enquanto o Alcorão não diz o nome dele, mas na tradição islâmica considera-se que esse filho era, na verdade, Ismael.

A Bíblia diz que Abraão esteve no Iraque-Síria, depois em Canaã, Parã e Egito, e viveu seus últimos dias em Canaã e Hebron. Tanto Isaque quanto Ismael assistem ao funeral de Abraão.

O Alcorão menciona que Abraão deixou Ismael e a senhora Hagar na terra onde hoje fica Meca e, em seguida, partiu para o que aparentemente era a Palestina.

Ló, assim como Adão, é mencionado como profeta no Alcorão, mas não na Bíblia. Na tradição islâmica, Ló também é mencionado como o sobrinho do Profeta Abraão.

Em ambos os livros, Abraão implora a Deus que tenha misericórdia do povo de Sodoma. Também é comum o fato de que a esposa de Ló morre por olhar para trás enquanto a cidade era destruída.

A Bíblia narra eventos incestuosos entre Ló e sua filha, no qual eles acreditavam que a raça humana havia sido extinta, o que os levou a cometer tal ato para manter a espécie. Tais eventos não apenas não são narrados no Alcorão como têm sua veracidade contestada pelos estudiosos islâmicos.

Moisés

Na Bíblia, Moisés reluta para se tornar profeta e, no Alcorão, pede a Deus para que seu irmão Arão também se torne um profeta junto com ele, pois era um orador melhor e também pelo apoio que teria dele.

No Alcorão, os feiticeiros do Faraó se convertem ao Islam depois de verem os sinais que Deus enviou através de Moisés. No livro sagrado dos muçulmanos, também é dito que o Faraó se arrependeu enquanto se afogava, mas o fez enquanto já via os anjos vindo buscar a sua alma e, portanto, atendeu o chamado de Allah tarde demais. Por isso, seu Senhor não aceitou suas desculpas.

Na Bíblia, Arão ajuda os filhos de Israel a fazerem um bezerro de ouro. Entretanto, no Alcorão, ele condena que as pessoas construam o ídolo, afirmando que isso despertaria a fúria de Deus.

Virgem Maria

O Alcorão menciona que Maria ficou grávida através do espírito de Deus. No entendimento cristão, o Espírito Santo é o próprio Deus, mas para o Islam ele é o anjo Gabriel, que concebe um filho em seu ventre através de um sopro.

Na narrativa corânica, Maria nunca se casou com José e foi acusada de ser fornicadora pelo seu povo.

Jesus

No Alcorão, quando Maria é acusada de fornicação, o primeiro milagre de Jesus é falar enquanto ainda era um bebê de colo e testemunhar que sua mãe era uma mulher virgem. Quando ainda era criança, o Messias também dava vida a pássaros de barro através de um sopro.

Além disso, Jesus não é considerado Deus ou filho de Deus, e sim um profeta enviado por Ele. O messias nega que seja uma divindade e que seja digno de ser adorado e ainda profetiza a vinda do Profeta Muhammad, o último mensageiro de Deus.

Por fim, no livro dos muçulmanos, Jesus não é crucificado. Ele é arrebatado de corpo e alma para o paraíso, local onde permanece até os dias atuais e aguarda a hora de seu retorno a este mundo para concluir a sua missão de guiar toda a humanidade e destruir o anticristo.

Conclusão

O Alcorão e a Bíblia possuem semelhanças que podem ser percebidas até mesmo nas doutrinas das religiões que se orientam a partir deles, como: a crença em um Deus Único, nos anjos e nos profetas. No entanto, podemos perceber diferenças que são muito relevantes.

As principais diferenças estão na forma de perceber o monoteísmo, pois enquanto o Islam acredita na unicidade divina (tawhid), os cristãos creem na trindade. Isto significa que, no cristianismo, Jesus e o Espírito Santo também são Deus, enquanto para os muçulmanos essa percepção é equivocada e, portanto, Jesus é um profeta e o Espírito Santo é, na verdade, o anjo Gabriel.

Outra crença importante que o Islam não partilha com o cristianismo é a ideia do pecado original. Para os muçulmanos, Allah perdoou Adão e Eva, o que significa que Jesus não veio ao mundo para ser sacrificado pelos pecados da humanidade e também não é necessário o batismo para ser salvo. 

Esta crença é reforçada pelo fato de que o Alcorão nega que Jesus tenha sido crucificado. Segundo o livro, ele foi arrebatado de corpo e alma para os céus, onde está até hoje aguardando a hora de retornar para guiar a humanidade ao Islam e destruir Satanás.

Links Para Leitura

Sobre a Redação

A Equipe de Redação do Iqara Islam é multidisciplinar e composta por especialistas na Religião Islâmica, profissionais da área de Marketing, Ilustração/Design, História, Administração, Tradutores Especializados (Árabe e Inglês). Acesse nosso Quem Somos.