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Emirados Árabes declara Irmandade Muçulmana como grupo terrorista

Grupo influenciou o surgimento de organizações terroristas como a Al Qaeda e o Hamas. Outros países islâmicos já haviam adotado posturas semelhantes.
  • A Irmandade Muçulmana é um movimento reformista do Islam cujos princípios influenciaram diversos grupos terroristas.
  • Diversos países muçulmanos já impuseram sanções contra as atividades do grupo.
  • O Conselho de Fatwas dos Emirados Árabes Unidos afirma que os muçulmanos não devem seguir nenhuma das entidades que geram discórdia.

O Conselho oficial de Fatwas dos Emirados Árabes Unidos declarou nesta terça-feira (24) a organização Irmandade Muçulmana como um grupo terrorista. A decisão veio durante uma reunião online que foi liderada pelo Sheikh Abdullah bin Bayyah. No passado, outros países islâmicos já haviam denunciado e proibido a existência do grupo.

De acordo com a agência WAM, dos Emirados Árabes, durante a reunião o conselho destacou que os muçulmanos não devem se associar a grupos que “trabalham para dividir as fileiras e inflamar a discórdia e o derramamento de sangue”. Além disso, também foi reiterado que “não é permitido jurar lealdade a ninguém que não seja o governante” e que os líderes devem ser tratados com respeito e compromisso.

A decisão causou controvérsia entre os membros e apoiadores do grupo. O porta-voz da Irmandade Muçulmana, Talat Fehmi, afirmou que “A Irmandade (…) está longe de ser violência, terror e destruição à Ummah. Desde a sua criação, tem chamado as pessoas a Allah com bons conselhos”.

Em 2013, a Irmandade Muçulmana já havia sido considerada como grupo terrorista pelo governo do Egito, que é o país onde o grupo foi fundado. O último país adotar esta postura havia sido a Arábia Saudita, mas Rússia, Bahrein e Síria já haviam tomado a mesma decisão no passado.

A controvérsia sobre a Irmandade

Inspirada pelo reformismo islâmico e por valores ocidentais como o nacionalismo e o socialismo, a Irmandade Muçulmana surgiu após a queda do Império Otomano, em 1928, como uma resposta ao colonialismo europeu, que os membros do grupo acreditavam ser uma degradação moral.

O objetivo do movimento era unificar os países muçulmanos sob a Sharia, libertando o mundo islâmico da influência europeia através de guerras que eles chamavam de “jihad”.  Ao longo da história, diversos grupos extremistas foram apoiados pela Irmandade Muçulmana.

O grupo defendia doutrinas criadas a partir de interpretações pessoais de seus fundadores sobre o Alcorão e as práticas do Profeta Muhammad. A Irmandade Muçulmana se opunha à obediência aos eruditos (ulemás) que transmitiam os ensinamentos da religião, o que é contrário ao Islam ortodoxo, que defende este princípio.

Em seu auge, entre os anos 1930 e 1940, a entidade chegou a contar com 500 mil membros, sendo uma das maiores instituições políticas do mundo. Alguns de seus membros ajudaram a criar grupos terroristas como a Al Qaeda, fundada por Abdullah Yusuf Azzam; o Hamas, liderado por Ahmed Yassin; e a Jihad Islâmica Egípcia, comandada por Ayman al Zawahiri, que também é o atual líder da Al Qaeda.

O atual líder intelectual da Irmandade Islâmica é o egípcio Sheikh Yusuf Al Qaradawi, que vive em Doha, no Qatar. Em 2017, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, Egito e Bahrein impuseram bloqueio aéreo, terrestre e marítimo ao Qatar, alegando financiamento a grupos terroristas e por manter relações com o Irã.

Com informações de: WAM

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