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Sharia – 4 mitos desvendados

Antes de começar a se aprofundar no universo da sharia, é necessário compreender que a sharia é um código de leis e regras que regulamentam desde a maneira que os muçulmanos rezam, até o modo como tomam banho ou cortam suas unhas. A sharia é a essencia do Islam, não existe Islam sem sharia, e não existe sharia sem Islam.

É preciso remover imagens de pessoas sendo açoitadas, amputadas ou decapitadas, perseguidas por não serem muçulmanas como se isso fosse o objetivo da sharia. A sharia busca regulamentar a vida dos muçulmanos de acordo com as ordens de Allah (Deus) tal como foram reveladas no Alcorão (o livro sagrado do Islam). Na sharia existem leis punitivas para os mais diversos crimes, assim como também códios de conduta em batalha, que proíbem por exemplo os muçulmanos de mutilarem o rosto dos inimigos em combate ou atacar mulheres e crianças.

Ela é uma lei religiosa muito mais branda de que muitos sistemas ”democráticos” que temos hoje em dia. Na sharia por exemplo, uma pessoa só pode ser condenada por um crime mediante a presença de 4 testemunhas oculares juramentadas. O que destrói o mito de que basta um marido suspeitar de adultério para que a mulher seja condenada a morte (como no Brasil).

Ela é um sistema de lei igualitário, tanto para homens como para mulheres, tanto seus direitos como seus deveres são equitativos, e um homem que trair sua esposa também recebe a mesma pena de acordo com a sharia (ao contrário do que muitos pensam ou inventam).

Mas após está breve introdução, vamos a alguns mitos ou preconceitos ocidentais sobre a sharia:

1 – ”A sharia é um sistema atrasado e retrogrado”

Se formos analisar a constituição da maioria dos países ocidentais, vamos encontrar mais leis islâmicas de que nos códigos civis greco-romanos. A sharia influenciou imensamente o modo de pensar ocidental, desde os primeiros contatos entre europeus e muçulmanos. Considerar a sharia como atrasada, é uma falacia etnocêntrica, que clama por dizer que qualquer costume de qualquer sociedade que não estive de acordo com a ”forma” do Ocidente é invalido. Oras, por que a sharia seria antiquada, se leis da Idade Média e seus preceitos ainda são mantidas no ocidente? Se a invalidade e o atraso de um sistema se mede pela idade de sua formação, então todos os países do mundo precisariam rever anualmente seus conceitos e leis, para que tal conceito de tempo fosse no minimo aplicável! Quantos anos define a validade de um sistema? Quem o avalia? Quais são os critérios? E por que esses critérios e avaliação fazem de um sistema melhor ou superior a outro?

2 – ”A sharia é um sistema duro de leis inflexíveis”

De maneira alguma! Alguns conceitos da sharia são revistos de tempos em tempos de acordo com descobertas cientificas bem como realidade sociais e pessoais. Uma rápida analise na história do Islam mostra isto. Podemos ver esta realidade aplicada nos primeiros anos do Islam quando o califa Omar ibn al-Khattab suspendeu a pena por roubo por causa da deficiência do estado em poder alimentar os pobres que eram levados ao crime, até que o problema social fosse resolvido. Ou praticas que eram consideradas como desaconselháveis de acordo com a sharia, como no caso do fumo, e passaram a ser proibidas com as novas descobertas da ciência, que mostraram o prejuízo da pratica a saúde. Até as regras litúrgicas da sharia, como o jejum no mês do Ramadã, ou as 5 orações diárias que os muçulmanos devem cumprir, se adaptam a condição de saúde do muçulmano. E no caso do pagamento do zakah ou da peregrinação a Meca, se adaptam a sua condição financeira.

3 – ”A sharia obriga as pessoas a se converterem a força ao Islam, e não apoia a liberdade religiosa.”

Uma pequena ida na seção de historia geral de uma livraria qualquer resolveria essa afirmação, ou uma viagem ao Egito, Turquia e Marrocos, mas vamos refuta-la com fontes islâmicas e história! Apenas a simples menção do verso de numero 256 da segunda surata do Alcorão no qual diz; ”Não há compulsão na religião” já poria fim a qualquer argumento contrario, mas vamos avalias mais a fundo, no que o passado nos deixou.

Uma pequena visita aos centros do mundo muçulmano dos tempos áureos como Cairo, Alexandria, Fez ou Istambul pode fazer com que o visitante se depare com a torre de uma igreja bem como a faxada de uma sinagoga. Os Estados Isâmicos eram conhecidos mundialmente pela sua tolerância a demais confissões religiosas, que pode ser vista em seu legado até hoje, onde países de maioria muçulmana ainda possuem fieis de outras religiões. Terras islâmicas eram o refugio de judeus e segmentos do cristianismo considerados como heresia e perseguidos na Europa. Muitos protestantes e judeus fugiram das fogueiras da inquisição para o Império Otomano, onde iriam viver sob o julgo da sharia. Julgo este que permite que cada grupo religioso vivesse dentro de um estado islâmico mediante ao pagamento de imposto (jizya), o qual o isenta de serviços militares e demais obrigações, e o assegura que mantenham seus templos e preservem seus ritos. Houve um tempo em que havia mais cristãos sob domínio islâmico que muçulmanos, devido a conquistas e migrações, e a falta de conversões forçadas. Sobre a liberdade dentro de um regime islâmico, o rabino Yitzhak Sarfati falou em uma mensagem para os judeus europeus: “…convido meus correligionários para deixarem os tormentos que foram duradouros na cristandade e que busquem segurança e prosperidade na Turquia.” escreveu o rabino Sarfati que “aqui todo homem habita em paz debaixo da sua videira e figueira.”

O pensador francês Jean Bondim (1530-1596) escreveu sobre a realidade da vida dos protestantes dentro de um regime islâmico:

“O grande imperador dos turcos é tão grande em devoção como qualquer príncipe em honra mundo e observar a religião que ele recebeu de seus antepassados, e ainda assim ele não detesta as religiões estranhas de outros, mas da autorizações para cada um viver de acordo com a sua consciência…”

Claro que no período de decadência dos regimes muçulmanos, e com o abando no Islam e a implementação do nacionalismo, ondas de ataques surgiram e a intolerância começou. Mas isso não é em hipótese alguma fruto da sharia, que prega a tolerância, e sim de demais ideologias nacionalistas e separatistas implantadas por potencias europeias para desestabilizar países muçulmanos e facilitar as colonizações e invasões. E tristemente, vemos esse legado em muçulmanos ainda hoje.

4 – ”A sharia oprime as mulheres”

O primeiro fato que podemos usar para derrubar isso, é o fato de a muçulmana Fatima al Fihri ter inaugurado a primeira universidade do mundo no século 9, enquanto no ocidente a mulher só teve direito a frequentar universidades no século 20. E vamos por fim por favor a ideia de que o véu usado pelas muçulmanas e suas variantes são símbolos de opressão. As muçulmanas continuariam usando o véu mesmo se todos os homens na face da terra deixassem de existir, por que o véu não é uma opressão masculina sobre a mulher, e sim uma pratica religiosa do Islam, que assim como a Biblia (no caso da Biblia é ordem mesmo) recomenda as muçulmanas que cubram sua beleza e sejam recatadas, assim como recomenda o mesmo aos homens. E endumentarias como burca e niqab, ambas que cobrem a face, são traços culturais de roupas femininas de tempos anteriores ao Islam, que são mantidos até hoje culturalmente, e não opressivamente. Dizer que uma muçulmana usa o véu por que é obrigada, é o mesmo que dizer que uma brasileira usa biquíni na praia por que é obrigada.

As penas capitais para crimes como adultério e fornicação são um ponto da sharia equitativo para mulheres e homens, em que ambos são responsabilizados perante a lei.

E casos de mulheres sendo queimadas com acido ficando desfiguradas, ou mutiladas em suas genitálias, são crimes de acordo com a própria sharia, e se tais praticas perduram hoje em dia, é um problema social e cultural de algumas partes do mundo, e não existe qualquer texto nas fontes da sharia que aprovem tais atos. Associar problemas sociais a religião majoritária de alguns países seria o mesmo que dizer que o catolicismo e protestantismo são os culpados pelo trafico de drogas no Brasil, e culpar o budismo pelo prostituição infantil na Tailândia.

Conclusão

Tanto a sharia como o Islam em geral merece ser compreendido com urgência. Os muçulmanos já formam 1/4 da população mundial, e ainda assim são uma massa religiosa mal compreendida e vilipendiada pela mídia e demais setores interessados em demonizar o Islam e seus seguidores. Mesquitas ao redor do globo estão de portas abertas para esclarecer a qualquer buscador de conhecimento a verdade do Islam. É claro que existem sim muçulmanos autores de atos bárbaros, bem como existem cristãos também, é ate ateus. Existem grupos terroristas cristãos no mundo, como o IRA na Irlanda, porem as câmeras não direcionadas para eles. O fato é que as pessoas precisam parar de julgar o Islam pelos crimes de muçulmanos, e se dedicar mais a leitura, pois só o conhecimento pode rasgar os véus que vendam o homem e o oprime em sua ignorância.

E sim, de acordo com a sharia é um crime passível de punição a zombaria ou agressão símbolos sagrados do Islam, como o Profeta Muhammad. Mas não entendo qual o motivo de o tema ainda ser tabu no Ocidente, que também proíbe a zombaria de temas como o holocausto, bem como a falta de respeito a negros e homossexuais. Uma sociedade como Ocidente com tantos pontos nos quais não podem ser tocados, poderia parar de querer fazer de banal a zombaria do Islam, quando esta mesma sociedade também tem suas leis de blasfêmias passiveis de punição. Mas ainda assim querem transformar ódio e desrespeito em liberdade de expressão.

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