Quando imaginamos a vida de pessoas de outras religiões em estados majoritariamente compostos por uma religião, sempre nos vêm à mente a Europa medieval e suas fogueiras para pagãos e hereges, fossem eles cristãos protestantes, judeus muçulmanos ou qualquer um que seguisse doutrinas contrárias a predominância católica, clerical e estatal.
Porém, no mesmo período em que as fogueiras na Europa ardiam com os hereges, no Oriente e no Ocidente islamizado uma outra realidade estava disseminada. Os vários regimes islâmicos da gigantesca massa de terra conhecida como Darul Islam (terras do Islam) deixaram sua marca na história como regimes de tolerância às demais religiões. Excluindo episódios isolados que podem ser apresentados ou mal interpretados, majoritariamente e religiosamente a liberdade de culto está garantida e institucionalizada no Islam, podemos apresentar como prova o seguinte versículo do Alcorão (livro sagrado do Islam):
”Allah não vos coíbe de serdes blandiciosos e equânimes para com os que não vos combateram, na religião, e não vos fizeram sair de vossos lares. Por certo, Allah ama os equânimes.”
(Alcorão 60:8)
Este claro versículo corânico mostra em sua exegese claramente a permissão de que os muçulmanos tratam bem os não-muçulmanos que vivem de maneira pacífica, e que não os combatem. Na Sharia (lei islâmica) não-muçulmanos que vivem num regime islâmico são chamados de Ahlul Dhimmah, ou no singular, apenas dhimi.
Na língua árabe a palavra ”dhimmah” significa pacto, garantia ou confiança. Este termo é genericamente usado para definir os não-muçulmanos que vivem sob a proteção do Islam. Tal termo é de grande elevação a esta categoria de indivíduos, se compararmos aos termos pejorativos utilizados na Europa cristã para definir os cristianizados a força, tais como ”marranos” que significa porco para os judeus e muçulmanos que eram obrigados a aceitar o batismo católico, mas ainda mantinham sua religião secretamente.
Essas leis não são idealísticas ou teóricas, mas foram seguidas e praticadas ao longo de séculos.
Em seu comentário do livro intitulado ”Al Hadir Al Islamy”, Shakib Arslan reportou:
”Quando o sultão Selim viu que o número do Povo do Livro, os cristãos e os judeus, no Império Otomano cresceu mais de que alguns milhões, e seu número crescia ano após ano (devido a migrações e conquistas territoriais), ele pensou em encontrar uma maneira para limitar seu crescimento, então ele determinou em fazer eles escolherem entre abraçar o Islam, ou serem exilados dos territórios do Império Otomano. Então, quando o piedoso sábio, e chefe dos teólogos muçulmanos Shaykh al Islam Aly Effendy Al Zimbily ouviu esta notícia, ele se dirigiu diretamente ao sultão Selim contra esta decisão. Ele disse ao sultão: ”Nós (muçulmanos) não temos outro direito sobre estes judeus e cristão se não a Jizyah. Enquanto eles pagarem isso, seu sangue, honra, adoração, e direito de seguir suas crenças serão protegidos por nós. Assim sendo, você não tem o direito de incomodá-los em relação a sua religião, ou exilar eles de sua terra natal.” Prontamente o sultão Selim revogou sua decisão, e se submeteu às palavras do sábio.
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