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O Sultonato de Malaca

Como uma encruzilhada de comércio entre o Oceano Índico e Ásia Oriental, o arquipélago malaio tem sido consistentemente uma região rica, diversificada, e politicamente importante. O Islam começou a se espalhar na região através do comércio não muito tempo depois da vida do Profeta Muhammad. Durante séculos, o povo do Sudeste Asiático começou lentamente a aceitar o Islam e criar cidades e reinos muçulmanos.

Talvez o mais importante desses reinos era o sultanato de Malaca (Melaka em malaio), que atingiu o seu auge em meados dos anos 1400. Como um reino poderoso e influente, a contínua expansão do Islam estava intrinsecamente ligada à ascensão do Sultanato de Malaca. Infelizmente, no entanto, o Sultanato de Malaca não duraria muito, com a chegada do recém-poderoso Portugal conquistando o reino em 1511 e iniciando um período de dominação européia secular.

A Ascenção dos Malacas

 

O Estreito de Malaca

O Estreito de Malaca

 

Uma das rodovias mais importantes do comércio no mundo pré-moderno era o Estreito de Malaca. Limitado em seu lado norte pela Península Malaia e no lado sul pela ilha de Sumatra, foi a principal ligação entre o Oceano Índico e o Mar do Sul da China. Como resultado, a maior parte do tráfego comercial da região passava por este estreito, criando ricos reinos comerciais em suas margens.

Por volta do ano 1400, um rei local, Iskender Shah, estabeleceu um novo reino na localização atual de Malaca, na costa norte do Estreito de Malaca. Alguns relatos atestam que ele era um convertido ao Islam, enquanto outros não sustentam esta teoria. Em qualquer caso, dentro de algumas décadas, o sultanato que ele fundou, o Sultanato de Malaca, tornou-se um dos principais promotores do Islam na região.

Como um reino poderoso e expansivo, o Sultanato de Malaca fornecia uma cultura comum para a região circundante em que os estados vizinhos tentaram adotar. Esta cultura unificada ajudou a desencadear a propagação do Islam em toda a região. Adotar a cultura malaia e se converter ao Islam eram atos tão ligados que era dito quando alguém se tornava muçulmano, Masuk Melayu, o que significa que “entrou no reino dos malaios”.

Somando-se a expansão do islamismo na região foi a presença contínua dos comerciantes muçulmanos indianos e árabes vindos do Ocidente e trazendo a sua religião com eles e espalhando-la para a população local. Outro fator foram as inúmeras visitas pelo almirante muçulmano chinês Zheng He (que é conhecido como Cheng Ho no Sudeste Asiático), que ajudou a disseminar o islamismo em todo o arquipélago malaio. É importante notar que, como a região fez o seu caminho lentamente para o Islam, não houveram conversões forçadas para a religião.

A chegada dos Portugueses

 

O Sultanato de Malaca na sua maior extensão no final dos anos 1400.

O Sultanato de Malaca na sua maior extensão no final dos anos 1400.

 

No final dos anos 1400, o Reino de Portugal começou a procurar novas oportunidades de comércio em alto-mar. Ao invés de depender de rotas terrestres para mercados de especiarias asiáticas (que foram dominadas pelos venezianos), os portugueses decidiram encontrar um caminho marítimo para a China. O explorador Vasco da Gama conseguiu navegar ao redor do extremo sul da África no final dos anos 1400, com o auxílio de navegadores muçulmanos que estavam familiarizados com o Oceano Índico.

Com esta nova descoberta na Europa, Portugal tornou-se rapidamente um poder naval no Oceano Índico e tentou dominar o mercado de especiarias asiáticas. Depois de estabelecer bases nas cidades indianas, como Goa e Calecute por volta de 1510, Portugal olhou para o Oriente para expandir o seu império comercial. Em 1511, eles decidiram conquistar o importante porto de Malaca para controlar o comércio com a China. No início, eles tentaram criar relações de amizade com o sultão de Malaca, Mahmud Shah e usar isso como um ponto de apoio no reino. No entanto, depois de serem avisados por muçulmanos Tamil que tinham visto atrocidades portuguesas em Goa, o Sultão Mahmud recusou-se a permitir que os portugueses entrassem na cidade.

 

Ruínas da fortaleza de A Famosa

Ruínas da fortaleza de A Famosa

 

Como resultado, em 25 julho de 1511, o comandante Português, Afonso de Albuquerque, começou um assalto à cidade. Apesar de aliar-se com os países muçulmanos vizinhos, o sultanato foi incapaz de resistir ao poder de fogo e armas portuguesas superiores, e no final de agosto, a cidade foi conquistada. Os portugueses logo começaram a construção de uma fortaleza, conhecida como A Famosa, que ajudou a proteger os portugueses na cidade de contra-ataques malaios. Grande parte do centro da cidade, incluindo as principais mesquitas e edifícios governamentais, foi destruída para fornecer pedra para a fortaleza. Este foi o fim oficial do Sultanato de Malaca já que a região ficou sob domínio estrangeiro, pela primeira vez em sua história.

Durante os próximos 150 anos, os portugueses iriam controlar o famoso e rico Estreito de Malaca e tentar subjugar a população local dos malaios. As tentativas de converter as pessoas ao catolicismo no geral foram um fracasso, mas a dominação econômica e política da região que se tornaria mais tarde a Malásia e Indonésia continuariam até o século 20. Após os portugueses vieram os holandeses em 1600 e os britânicos em 1800. Apesar do período colonial europeu, o Islam continuou a florescer na região e ainda fornece a base para a sociedade no Sudeste Asiático.

Bibliografia

Esposito, John L., Donner Fred , et al. The Oxford History Of Islam. 1st. Oxford: Oxford University Press, USA, 1999. Print.

Holt, P.M., Ann Lambton, and Bernard Lewis. The Cambridge History of Islam. 2A. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1970. Print.

Fonte: https://lostislamichistory.com/sultanate-of-malacca/

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