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Mohammed Ali, Paxá do Egito, Síria e Arábia (1769-1849)

Um Esboço Biográfico Editado de Mohammed Ali, Paxá do Egito, Síria e Arábia

Escrito na Cidade de Washington, Março de 1835

Autor: William Brown Hodgson, Esq. de Savannah, Geórgia

Mohammed Ali Paxá, nasceu no ano 1182 da Hégira, correspondente ao ano 1769 da era Cristã. É digno de nota sabermos que, neste ano, também nasceu Napoleão Bonaparte. Da mesma forma que foram distintos pelo gênio militar, as personalidades destes líderes foram igualmente marcadas por uma ambição insaciável e uma atividade incansável.

 

Um retrato de Muhammad Ali Pasha, por David Wilkie.

 

Uma educação precoce, a vantagem da ciência, e um campo de atuação mais proeminente, deram à história de um, um brilho e sucesso que foram negados ao outro. Ainda assim, alguém que aprende a ler e escrever aos quarenta e cinco anos, como foi o caso de Mohammed Ali, e de uma profissão modesta como vendedor de tabaco ascende ao trono de um grande império, não pode ser um homem comum, e por isso pode ser comparado ao herói da França.

Com um exército disciplinado de 50.000 homens, uma frota de 9 navios de guerra e uma receita de vinte milhões de dólares, considerava-se que ele possuía os meios para consolidar seu poder, estabelecer sua dinastia e manter sua independência de facto. Ele desejava alçar o Egito ao nível da Civilização Europeia, superando a era augusta de El Mamun e Harun Rashid. O patrocínio que ele dava às artes e ciências; seu incentivo aos europeus de talento; suas editoras; escolas politécnicas, ténicas; elementares e médicas. Suas fábricas e melhorias infernais são evidências de suas opiniões ilustradas sobre administração civil.

O Paxá é normalmente chamado de Mehmet Ali, embora seu nome seja escrito como Mohammed Ali. A veneração Suprema pelo nome do seu Profeta, proíbe que um Muçulmano profane o nome de Mohammed através do uso coloquial, e assim é feita esta distinção ao se pronunciar seu nome. Ele também é chamado de Hajj Mohammed, ou peregrino, pois realizou a peregrinação à Meca, que é um dos cinco Pilares do Islam. Entre os inúmeros títulos notáveis atribuídos a ele por seus correligionários estão o de quediva, ou divino. Entre os Imperadores Romanos, Augusto foi o primeiro a ser glorificado e associado com a divindade.

Mohammed Ali Paxá, nasceu em Cavala, uma pequena cidade portuária da Rumélia, na parte europeia do Império Otomano. Este distrito é renomado no Oriente pelo seu tabaco aromático, que rivaliza com o de Laocideia entre os fumantes do chibuque oriental. Cavala é distante, noventa milhas a leste de Salônica, a antiga Tessalônica, onde hoje more um Cônsul dos Estados Unidos.

Ibrahim Agha, o pai de Mohammed Ali, era o chefe de polícia na cidade de Cavala. Quando seu pai faleceu, Mohammed Ali, sendo bastante jovem, foi levado para o serviço do Chorbaji, ou governador de Cavala.

Cedo, uma oportunidade se apresentou, apesar de Mohammed estar ligado à família do Chorbaji, pela qual ele obteve prudência, inteligência e bravura. Uma certa vila,  dentro da jurisdição de Cavala, se recusou a pagar suas contribuições usuais. O Chorbaji estava indeciso em relação às medidas mais eficientes para adotar na ocasião, e Mohammed Ali prontamente ofereceu seus serviços. Eles foram aceitos, e um corpo de homens armados foi designado para acompanhá-lo. Ele foi até a vila, e no horário da oração, quando a mesma foi anunciada pelo muezzin, foi para a mesquita realizar suas devoções. Depois de orar, ele pediu que fosse comunicado aos quatro líderes Muçulmanos da vila, que o aguardassem, sob o pretexto de negócios importantes. Estas pessoas, sem suspeitar de nada, foram até a mesquita. Mohammed Ali imediatamente ordenou a seus homens para prender estes chefes da vila, que foram conduzidos à Cavala entre as amaeças dos habitantes.

Este ato de bravura elegante e fina, resultou no pagamento das contribuições pelos refratários habitantes das vilas, e o Chorbaji ficou tão satisfeito que promoveu o jovem Mohammed  ao posto de Buluk Bai, ou capitão de uma companhia. O Chorbaji também o deu em casamento a uma de suas parentes, uma viúva, através da qual ele teve três filhos: Ibrahim, Tosun e Isma’il. Este casamento com uma viúva deu origem ao boato de que, Ibrahim Pasha, o conquistador de Akka e Síria, era na realidade o enteado de Mohammed Ali.

Destes três filhos mais velhos, Tosun e Isma’il, morreram alguns anos atrás. O primeiro conduziu uma campanha bem sucedida contra a seita Wahabita da Arábia.

Uma história muito fiel e eloquente desta formidável seita do Islam, pode ser encontrada no romance popular de Anastasius, pelo falecido Thomas Hope. Isma’il Paxá foi general da expedição contra Sanar e Kordofan, onde ele foi  assassinado por um dos seus chefes subjugados. Um ferimento infligido neste chefe pelo Paxá, foi vingado com seu assassinato. Foi esta expedição para Sanar, que Mr George Bethune English, de Boston, acompanhou em uma missão, e um relato dela foi publicado depois.

Ibrahim Paxá, o filho restante, está agora na Síria, com um exército numeroso, colhendo os louros conquistados em suas últimas batalhas com o Grão Vizir e as tropas disciplinadas do Sultão.

Mohammed Ali, depois do seu casamento, juntou à carreira militar, o trabalho de comerciante, e se tornou um grande negociador de Tabaco, o produto mais rico da Rumélia. Em seus negócios, ele adquiriu suas primeiras noções de monopólio comercial, ao qual ele era mais estritamente adepto do que os princípios sólidos da economia política, ou o bem de estão dos seus súditos Egípcios.

Em breve, ele seria chamado para entrar em um empreendimento maior e mais importante. Napoleão havia invadido o Egito, e na Batalha das Pirâmides derrotou os Mamelucos, abrindo os portões do Cairo, e assegurando a posse do país. Em 1800, a Sublime Porta, em aliança com a Grã-Bretanha, e auxiliada por suas forças, fez preparações para recuperar o Egito, e entre os contingentes de tropas requeridos pela Porta, estavam cem de trezentos homens do distrito de Cavala.  Eles foram reunidos pelo Chorbaji e colocados sob o comando de Ali Aga, seu filho, e Mohammed Ali foi nomeado para a dupla função de mentor de Ali e seu segundo no comando. Ali Aga em breve ficou insatisfeito com a fadiga do campo e retornou para casa, deixando sua companhia sob as ordens de Mohammed Ali. Ele assim adquiriu o posto de Binbashi no exército do Grão Vizir.

Após as vitórias de Abu Kir, e o campo de César, ganho pelas tropas Britânicas, o Grão Vizir començou as operações ofensivas. Mohammed Ali, em frenquentes combates contras as divisões francesas, destacou-se por grande bravura pessoal e por tática militar, se não por ciência estratégica.

Os Beis Mamelucos

Os limites deste esboço, requer que nós pulemos os inúmeros incidentes da carreira do Paxá, durante a qal ele foi alternadamente aplaudido e reprovado pelos seus superiores, até o importante período da sua eleição como Governador do Egito, por uma delegação de Sheikhs, no dia 14 de Março de 1805. O país era, naquele período, presa de uma guerra intestina. causada por aqueles pequenos tiranos, os Beis Mamelucos. Ele habilmente evitou e resistiu aos seus ataques e maquinações, e teve sucesso em obter dois meses após a eleição, sua confirmação como Paxá do Egito, pela Sublime Porta…

A influência Francesa ganhou ascendência nos conselhos Otomanos em 1807, e a Grã Bretanha declarou guerra contra o Sultão Selim e invadiu o Egito. As tropas de Mohammed Ali encontraram as forças britânicas em Rosetta e as derrotaram. Elas foram subsequentemente compelidas a evacuar Alexandria, que tinha capitulado ao General Frazer. Foi neste período que o esquadra Britânica, comandada pelo Almirante Sir John Duckworth, passou pelas tremendas baterias de Dardanelos e ancorou na cidade de Constantinopla. A travessia do Dardanelos por uma força militar nunca fora e nunca foi desde então realizada. Foi então que Marinha Inglesa podia perguntar quoe regio in terris, nostri non plena laboris? Pode ser que esqueçamos, que alguns anos antes deste evento, nosso Capitão Bainbridge, cruzou o Dardanelos em sua fragata, o Washington, e exibiu pela primeira vez, a bandeira americana no Chifre Dourado.

A Sublime Porta foi sensível aos importantes serviços prestados por Mohammed Ali, na então guerra contra a Inglaterra, e recebeu frequentes manifestações de satisfação do Sultão, através de presentes ricos e suntuosos. Ele continuou a preservar seu governo contra os inimigos internos e maquinações estrangeiras. Os Beis Mamelucos permaneceram em armas contra ele, e conduziram uma guerra aleatória. O Mameluco Elif Bey foi apoiado pelos Britânicos.

Em Primeiro de Março de 1811, Mohammed Ali obteve sucesso em destruir grande parte destes Beis revoltosos através de um ardil sanguinário, sem paralelo nos anais da História exceto naqueles dos impérios orientais. Seria assim julgado pela da moral abstrata. Ainda, a necessidade política o sancionaria no Oriente. O Paxá não havia então estudado Maquiavel, que desde então ele leu em parte. Ele havia conseguido conciliar aqueles Beis, em um certo grau, e os desarmou de seus medos e suspeitas. Sobre este período, a expedição contra os Wahabitas, os inimigos do Islam, estava se preparando para deixar o Cairo. A partida desta expedição tornou~se uma ocasião para conclamar as autoridades civis e militares em uma cerimônia. Os Beis Mamelucos também foram convidados para se juntar às cerimônias e a procissão que sinalizaria o evento. Eles obedeceram o convite, e foram recebidos com muitas demonstrações de amizade, e com distinção condizente ao seu status. Aqui então, o Paxá habilidosamente conseguiu reunir quatrocentos chefes Mamelucos na cidadela do Cairo, aqueles velhos e formidáveis inimigos, tanto para seu engrandecimento pessoal quanto para a tranquilidade do Egito.

A cidadela do Cairo, dentro da qual se localizava o palácio do Paxá, e o dilapidado, mas uma vez esplêndido, serai de Selahiddin (Saladino), repousa sobre um ombro projetado do Monte Muqattam. Das suas muralhas franzidas são vistas, na direção oeste, e além do Nilo, a grandes pirâmides de Gizé, e as mehores de Sakhara e Dashur. A alegórica esfinge repousa diante de você, como em séculos passados, e a famosa Mênfis é fracamente destacada pelas poucas sobras da sua glória passada, ocultada agora por bosques de palmeiras graciosas. Imediatamente abaixo das muralhas, repousa o Cairo, a mãe do mundo, como é chamada na linguagem figurada da Arábia, com suas avenidas populosas, suas avenidas populosas, suas línguas de Babel, palácios suntuosos e mais esplêndidas mesquitas e minaretes. O córrego prateado do Nilo “abençoado”, corre perto dos muros do Cairo, trazendo fertilidade para a terra e alegria para seu povo.

Desta cidadela, a procissão militar, liderada por Tosun Paxá, que havia sido nomeado para comandar a expedição contra os Wahabitas, se colocou em marcha, e descendo para a cidade, passou por uma passagem estreita ou desfiladeiro. Do outro lado, havia a rocha coberta por altos muros. Quando os Beis Mamelucos tinham entrado neste desfiladeiro, os portões dos dois lados foram subitamente fechados, e os soldados anteriormente a postos para este objetivo, começaram a atirar sobre estas vítimas insuspeitas de traição. Somente um Bei escapou desta terrível emboscada.

Destruição dos Wahabitas

A bem sucedida expedição do Paxá contra os Wahabitas da Arábia, os formidáveis inimigos da fé islâmica, estabeleceu a sua reputação como guerreiro, seus pedidos para a consideração da Sublime Porta e todo o mundo Muçulmano, e assegurou sua ininterrupta possessão do Egito. A guerra foi concluída em 1813, pela captura de Dariyah, a capital Wahabi, e do seu Chefe Abdullah ibn Sa’ud. A condução da guerra havia sido entregue à Tosun Paxá, o filho mais velho de Mohammed Ali. Através dele, a guerra foi quase concluída, e Abdullah ibn Sa’ud foi enviado para o Sultão, sob os cuidado de Isma’il Paxá, junto com uns poucos objetos restantes de valor, que foram recuperados entre os objetos saqueados dos santuários de Meca e Medina pelo pai de Sa’ud. Destes, o mais notável era uma cópia do Alcorão, tão pequena que rivalizava com a Ilíada de Homero que Alexandre, O grande, em pessoa carregava. Também havia pérolas e pedras preciosas de valor desconhecido, que a veneração pia havia depositado como ofertas votivas na tuma do Profeta. Abdullah ibn Sa’ud foi trazido acorrentado na presença do seu soberano, e Mohammed Ali, intercedeu em seu favor pela clemência imperial. O Sultão/Califa Mahmud estava constantemente em busca do chefe de uma seita herética, que havia por anos desafiado a sua autoridade, profanano dos lugares sagrados do Profeta e interrompido as peregrinações anuais do mundo islâmico, à Kaaba sagrada, às águas de ZamZam, e ao sepulcro sagrado em Medina. Sa’ud foi publicamente decapitado em Constantinopla, na praça pública, que pode ser vista hoje pelo viajante, entre a Porta da Sublimidade e a Mesquita de Santa Sofia.

Os Wahabitas. como uma seita religiosa, possuem a mesma referência à religião muçulmana. que o Socinianismo possui com o Cristianismo. O fundador, Abdul Wahab, nasceu na última parte do século passado (18). e após ter estudado religião em Medina e nas Madrassas, ou escolas de teologia de Bagdá, Basra e Isfahan, ele começou a pregar a nova doutrina, que o Profeta Mohammed era um simples homem, e que invocá-lo junto com outros santos era idolatria, e não estava autorizado pelo Alcorão. Ele aderiu religiosamente ao texto do livro sagrado, mas rejeitou todas as tradições, Hadith e comentários dos Imames ou doutores. Ele dizia que os muçulmanos precisavam voltar ao espírito original do Alcorão e ao culto exclusivo de Deus, em sua unicidade indisputada. Neste espírito, ele proibiu a peregrinação à Meca, a invocação do Profeta, divertimentos, tabaco, seda e jóias … Ele propagou suas doutrinas com a espada, e as tropas dos seus sucessores marcharam sobre Meca e Medina, destruindo santuários veneráveis, e roubando-os de inumeráveis ofertas votivas, com as quais eles se enriqueceram, por piedade e devoção.

Tais eram as doutrinas desta seita guerrilheira, que por um longo tempo desprezou e desafiou a autoridade espiritual e temporal do Sultão.

Liberto deste formidável inimigo, Mohammed Ali estava agora livre para subjugar as província do Sul (Núbia, Sanar e Kordofan). Estes países estiveram por um longo tempo em estado de anarquia e rebelião contra o governo do Egito. Ele, coerentemente, em 1820, enviou uma expedição de quatro mil homens para estes países, sob o comando do seu segundo filho, Isma’il Paxá, que resultou na conquista inteira de extensas províncias, com a qual o Egito sempre manteve um importante comércio. Foi esta expedição, que nosso compatriotas ingleses acompanharam. Khalil Aga de Nova York também estava ligado ao exército. Temos um outro exemplo do espírito aventureiro dos Americanos no atual Governador de um Distrito dentro dos territórios do Príncipe Indiano, Runjit Singh.

A Revolução Grega

A Revolução Grega começou por volta dessa época, e Mohammed Ali preparou-se para obedecer seu Sultão e fornecer ajuda em torma de tropas, navio e dinheiro. Enquanto ele combatia o movimento dos Gregos e contribuía com seus esforços para a supressão da rebelião, precisa ser dito em honra da sua humanidade, e em louvor a sua política esclarecida, que ele não massacrou seus súditos desafortunados, que residiam em Constantinopla. Nenhum súdito Grego foi molestado, e aqueles que fugiram para aquele país foram protegidos.

Os amigos da Grécia na Europa não temeram muito as hostilidades do Sultão, como as do Paxá, em sua luta pela independência. Acredita-se que este sentimento induziu alguns dos maiores governos a acenar para o Paxá com a possibilidade de sua independência,  para retirá-lo das operações combinadas com a Porta. Se ele desconfiava da diplomacia Cristã, ou estava satisfeito em desfrutar da sua independência de facto. ele continuou a fornecer os principais meios de operação contra a Moreia. A política de ministerios europeus foi uma vez imperfeitamente compreendida, e a persistência causou a perdda do esquadrão Egípcio em Navarino, e a retirada das legiões de Ibrahim Paxá da península …

Na cidade de Kutahya da Ásia Menor, na Primavera de 1833, os comissários, enviados da Inglaterra, França e Rússia, concluíram um armistício e uma convenção para a evacuação da Anatólia. Por esta convenção, com o consentimento da Porta, Mohammed Ali recebeu sua confirmação para o todo da Síria, compreendendo as quatro pachalicks de Alepo, Trípoli, Damasco e Saida, juntamente com a província de Adana, que é de primeira importância para o Egito, por causa da sua madeira. As notícias de paz foram recebidas em Alexandria com demonstração de alegria pública, e foram feitas todas as espécies de festividade. O Paxá foi comparado ao “Alexandre dos dois chifres”.

As negociações que aconteceram, e as notas diplomáticas que foram trocadas entre Mohammed Ali e o Almirante Barão de Roussin, embaixador da França na Porta, exibem o verdadeiro caráter do primeiro. Ele respondeu, em resposta à requisição do Barão para retirar suas tropas da Anatólia, “este pronunciamento contra mim não é uma pena de morte? Mas eu me sinto confiante, que a França e a Inglaterra não irão negar meus direitos. A honra deles se opõe a este passo. Mas se infelizmente eu for decepcionado nesta expectativa, eu irei me submeter sob tais circunstâncias à vontade de Deus, preferindo uma morte digna à ignomínia, alegremente devotando a mim mesmo à causa da minha nação, feliz em consagrar o meu último sopro de vida a ela. Sobre isto estou determinado, e a História oferece mais de um exemplo de um sacrifcício semelhante.

Mohammed Ali está agora na posse indisputada da Síria, Egito, o Hijaz da Arábia, Núbia, Sanar, Kordofan e a importante Ilha de Creta. Que ele irá transmitir seu poder e império, intactos para o seu sucessor na dinastia, seu passado histórico justifica a crença. Quando ele foi convidado para assumir o comando supremo do Egito, trinta anos atrás, ele disse, “Eu agora conquistei este país com a espada, e pela espada irei preservá-lo.”

Mohammed Ali é de estatura baixa ou mediana. Ele está agora em seus sessenta e sete anos, e possui uma constituição sólida e vigorosa. Seus traços não são aqueles dos Osmanli, de Constantinopla, onde frequentemente encontramos o ideal de beleza masculina. O rosto Tártaro, com suas maçãs do rosto altas, olhos pequenos e brilho geral, que são particularmente seus, foram perdidos entre os Otomanos da capital, pelos seus casamentos com os gregos da Jônia, ou com as beldades mais lânguidas da Circássia e Geórgia. Seus olhos verde escuros brilhavam com gênio e inteligência, e seus modos estariam marcados com mais dignidade, tivessem eles mais repouso. Seria difícil não sentir a presença de um homem superior, quando alguém se dirige a Mohammed Ali. Sua roupa, diferente daquela do Sultão Mahmud, não é do Nizam, ou da reforma. Ele ainda usa o turbante, que o Sultão abandonou, e este uso de uma cobertura de cabeça tão graciosa será aprovado por todas as pessoas de bom gosto. Esta observação se aplica somente ao Oriente. Sua roupa é de tecido colorido cor de oliva, sem detalhes nem decoração. Ao lado, ele sempre traz uma cimitarra curva.

O Paxá acorda cedo e possui hábitos frugais. No romper da aurora, ele realiza sas orações, e no pôr do Sol, ele vai até seu divã, para tratar de negócios. Após o anoitecer, ele janta e se retira para o seu harém, onde ele lê ou se reclina em uma almofada otomana enquanto uma de suas Sultanas favoritas, a filha de um Mufti, ou uma mulher de talentos, lê para ele às suas ordens. Ele ultimamente tem se dedicado a ler “O Espírito das Leis”, página por página, em um manuscrito traduzido, do qual cada página é levada por ele para seu harém, e se torna a ocupação ou relaxamento das suas noites. Ele leu Maquiavel alguns anos atrás e o Código Napoleônico é agora objeto do seu mais profundo estudo e reflexão.

Este pequeno resumo da vida de Mohammed Ali, não pretendeu exibir as melhorias maravilhosas que ele introduziu no Egito, nem a superintendência pessoal ainda mais maravilhosa que ele exerce sobre cada departamento de artes e cada ramo da indústria. Espera-se que o ímpeto que ele deu à civilização não seja posto em cheque, e que se a sua independência de jure deve, de qualquer maneira, contribuir para este objeto desejável, os conflitos de interesses dos ministérios Turco e Europeus  podem ser conciliados e ser direcionados para concorrer em tal reconhecimento.

Fonte: https://www.sunnah.org/history/mhdalip.htm

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