‘’Sou servo do Alcorão enquanto estou vivo,
Sou a poeira no caminho de Muhammad, o Escolhido,
Se alguém narra algo de mim exceto isso,
Não sou dele e ultrajo suas palavras.’’(1)
– Jalal-ad-Din Rumi
Lamentavelmente, muitos muçulmanos ignorantes da riquíssima tradição islâmica tradicional criticam e rejeitam pilares da civilização islâmica como Jalal-ad-Din Rumi, ajudados nisto por alguns setores da ‘’new age’’ ocidental que intentam em fazer de Rumi uma especie de hippie agnóstico, modificando e tirando do contexto algumas de suas fases para apropriarem-se dele e fazer crer que o mesmo foi um de seus percussores. (2)
Na verdade, Rumi não foi somente um muçulmano ortodoxo como também um sábio muçulmano reconhecido, teólogo e um dos juristas da escola hanafi dos mais importantes da história do Império Otomano, além de ser um poeta excepcional e universalmente conhecido.
Sua obra poética é reconhecida por todos os muçulmanos do mundo, e ninguém o desconhece na Turquia, Irã ou Afeganistão. Seu legado é sem duvida uma das obras artísticas, teológicas e misticas mais impressionantes e destacadas da história islâmica. Sua obra maior, o ‘’Mathnawi’’, poderia ser chamada de ‘’um comentário do Alcorão em (25.000!) versos.’’ (3)
Pergunta: Pode explica a posição dos sábios sunitas (ahl ul sunnah) clássicos sobre Mawlana Jalal-ud-Din Rumi? Sábios como Ibn Hajar al-Asqalani ou Dhahabi disseram algo sobre ele?
Resposta:
As salam aleykum,
Mevlana Jalal-ad-Din ar-Rumi (m. 672 do calendário islâmico) era um sábio reconhecido da escola hanafi, como foi seu pai, seu filho e seu neto, todos sendo juristas de alta categoria, como também era um Iman na ciência da auto purificação (ihsan).
Em sua antologia sobre os sábios hanafis, Abu’l Wafa’ al-Qurshi (m.696) o apresenta como alguém ‘’conhecedor da escola hanafi, possuidor de um amplo entendimento dos temas juridicos, plenamente sábio das divergências jurídicas e outros tipos de ciência.’’
(fonte: Jawahir al-Mudiyya)
Similarmente, Ibn Qutlubugha (m.879), o grande jurista Hanafi, declarou em seu livro Taj al-Tarajim depois de haver mencionado a linhagem de Mevlana Rumi que acende até nosso mestre Abu Bakr ( que Allah esteja satisfeito com ele) que ‘’era conhecedor das escolas de jurisprudências, das diferentes opiniões e de várias outras ciências….e escreveu muitos versos de poesia,’’ E quanto a sua maestria nas ciencias islâmicas, lhe foi dado o dever de ensinar depois da morte de seu pai, na cidade de Konya (na atual Turquia). Seguindo a tarefa de ensinar aos estudantes nas ciências exteriores até seu encontro com Shams de Tabriz.
Talvez o que valha mais a pena mencionar aqui são as notas bibliograficas escritas sobre seu filho, Baha’ ad-Din Ahmad, que foi descrito por Ibn Hajar Asqalani em Durar al-Kamina como ‘’um dos Imames dos mestres hanafis, brilhante, ascético, piedoso, um jurista, especialista da metodologia juridica (usul) e um gramático…’’ e por Al-Qurshi em seu Jawahir como um ‘’Imam…que segiu seu pai deixando o mundo terreno para trás.’’
A razão por que estas notas sobre seu filho são significantes é por que ele era um dos campeões e representava a via de seu pai, tanto nas ciencias exteriores como nas interiores.. Tão é assim que nos fundamentos da ordem Mavlevi ( que seguem difundindo os ensinamento de Rumi no mundo) são frequentemente considerados como estabelecidos por Baha’ ad-Din Ahmad e ele, como seu pai, compos tantos versos de poesia persa.
Tudo isso indica que Mevlana Jalal ad-Din era nada além de um sábio sunita ortodoxo que não somente dominou as ciências exteriores, como também as interiores,
Que Allah esteja satisfeito com ele e com os que o seguem.
Salam.
Verificado e aprovado por Sheykh Faraz Rabbani
Notas do texto :
(1) Fonte: Rubayat p.140 tradução de Eva Vitray Meyerovitch. Os partidário do “Rumi new-age” fingem que este tipo de texto que afirma claramente a identidade de islâmica do autor (que realmente não gera nenhum tipo de duvida por quem quer que esteja familiarizado com os próprios livros de Rumi, sua obra principal, o Masnavi, é um comentário espiritual, poético e ético do Alcorão) foram escritos pelo mesmo Rumi antes de seu encontro com Shams. Shams segundo eles mostrou a Rumi a “verdadeira fé que transcende as religiões’. O que invalida esta teoria é o fato de que Rumi não escreveu nada de poesia antes de seu encontra com Shams (quando Rumi tinha 37 anos). Então todos os livros principais de Rumi: Fihi Ma Fihi, Rubaiyat, Masnavi, Diwan as-Shams são escritos obviamente depois de seu encontro com Shams.
(2) Sobre o tema das invenções e alterações a obra de Rumi para servir a uma agenda new-age e agnóstica leia (em inglês):
https://www.dar-al-masnavi.org/self-discovery.html
https://www.dar-al-masnavi.org/corrections_popular.html
O texto mais difundido nas redes sociais é um texto onde Rumi diz: “Oh muçulmanos! Não sou cristão, não sou zoroastriano, não sou muçulmano”. Este texto não existe nos manuscritos originais que temos de Rumi como o admite o próprio Nicholson (o primeiro tradutor de Rumi para o inglês e que publicou este pseudo-rumi) nas notas de sua própria tradução.Todos os textos do mesmo estilo são inventados e não tem fonte nos livros de Rumi. Porém como demais traduções foram traduzidas do inglês e não do persa, este erro de Nicholson se reproduz ao infinito
(3) Uma tradução (em espanhol) de algumas partes do Masnavi pode ser lida aqui.
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