Rebelião liderada por negros muçulmanos marcou a reação á intransigencia religiosa das autoridades brasileiras.
Desde os tempos coloniais até a Proclamação da República em 1889, o Brasil tinha uma, e apenas uma, religião oficial: o catolicismo. Reuniões religiosas, especialmente envolvendo negros, eram consideradas caso de policia. De acordo com o perfil das autoridades, a repressão era maior ou menor. Acreditava-se que encontros religiosos pudessem fomentar a organização dos escravos – e a ordem era proibir reuniões públicas. Em 1805, dom Jõao de Saldanha da Gama Melo e Torres Guedes de Brito, o conde da Ponte, tomou posse como governador da capitania da Bahia. Durante sua gestão, havia o toque de recolher ás ave-marias. Qualquer negro pego nas ruas sem um passe era condenado a 150 chibatadas. Também tratou de destruir quilombos e a reprimir os batuques animistas e práticas islâmicas.
‘’O conde da Ponte usou mão de ferro no combate a tudo quanto era manifestação negra, religiosa ou lúdica. Foi sucedido pelo conde dos Arcos, que liberou o batuque porque achava que descomprimia a ‘’panela de pressão’’, diz o historiador João José dos Reis, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que escreveu Rebelião Escrava no Brasil – A História do Levante dos Malês em 1835. ‘’A repressão a religião escrava não era política coerente, nem da parte dos senhores nem das autoridades; entre ambos os grupos haviam os defensores do porrete e da negociação. embora muitas vezes mudassem de lado’’. Entre a sístole a diástole repressiva. os maiores perseguidos eramo os animistas, seus batuques e terreiros- curiosamente, a religião se perpetuaria na Bahia justamente por meio do sincretismo com os santos da igreja católica.
A relação entre poder e fé estava registrada na letra da lei. A primeira Constituição Brasileira, logo em seu artigo 5º, cravava: ‘’ A religião católica apostolica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do templo’’.
‘’Religões ou practicas religiosas que não fossem o catolicismo oficial eram automaticamente colocadas fora da lei’’, diz o historiador José Antônio Teofilo Cairus, da universidade do estado de Santa Catarina ( Udesc). Foi o que ocorreu com os muçulmanos em Salvador em 1835. A Revolta dos Malês, a maior de negros urbanos no Brasil, teve inicio por causa da intransigencia religiosa. – A resposta foi uma tentativa de tomada do poder e da criação de um governo negro na Bahia.
Menos de dois meses antes do levante, em novembro de 1834, os malês (palavra derivada do imale, muçulmano em iorubá) se reuniram numa mesquita domestica erguida na propriedade de Abraham Crabtree, no distrito de Vitória. Naquele dia, celebraram o Lailat al- Miraj, que festeja a acenção do profeta Muhammad ao céu. De origem inglesa. Crabtree havia permitido que dois de seus escravos, James e Diogo, construíssem uma palhoça no quintal de sua casa – portanto, respeitando o ‘’culto privado’’ constitucional. Quando o inspetor de quarterão André Antônio Marques, antigo desafeto dos malês, interrompeu o evento e dispersou os convidados, mal podia imaginar que, em vez restaurar a ordem, estava prestes a deflagrar uma guerra. No dia seguinte, o juiz da freguesia de Vitória recomendou a Abraham que derrubasse a palhoça que servia de casa de oração aos negros islâmicos.
‘’Toda religião que não fosse crstã era vista como suspeita e disconfiança por senhores de escravos e chefes de policia. Por essa rasão, os muçulmanos se viam obrigados a professar sua fé em segredo’’, diz a historiadora Luciana da Cruz Brito, da Universidade de São Paulo (USP). Nas casas dos africanos libertos, os malês se reuniam, a portas fechadas, para fazer orações, ler passagens do Alcorão e celebrar festas do calendario muçulmano. Como sabiam ler e escrever em árabe, transmitiam esse conhecimento aos novos devotos. ‘’Os adeptos do Islam dedicavam as sextas-feiras, dia sagrado para os muçulmanos, á prece e á meditação. Nesse dia, usavam roupas brancas, costume islâmico que se generalisou na Bahia’’, observa o antropologo Caesar Sobreira, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (URFPE). Na hora das refeições, os malês só consumiam alimentos preparados por mãos muçulmanas, não ingeriam carne de porco, proíbida pela religião, e jejuavam no mês sagrado do Ramadan, um dos pilares do Islam, pois acredita-se que nele foi revelado à Muhammad o Alcorão.
A religião foi determinante na escolha do dia 25 de Janeiro para o inicio do Levante. Para os católicos, a data é dedicada a Nossa Senhora da Guia e faz parte da festa do Senhor do Bonfim, umas das mais tradicionais de Salvador. Mas, para os muçulmanos é dia de comemorar Lailt al- Qadr, uma das festas que precedem o fim do Ramadã, e que pode ser traduzida como ‘’Noite do Decreto’’. Para se proteger do inimigo no dia do levante, os guerreiros islâmicos confeccionaram para si amuletos, com trechos do Alcorão escritos em árabe, como ‘’Ajude-nos contra aqueles que rejeitam a fé!’’.
Entre 1807 e 1830, a Bahia foi sacudida por incontaveis revoltas e conspirações escravas. Pelo menos 30, segundo os especialistas. Na rebelião de Maio de 1807, tida como a primeira de caráter religioso no país, os amotinados islâmicos pretendiam recolher as imagens da igrejas e queimá-las em praça pública. Noutra, em fevereiro de 1814, os rebeldes atearam fogo em 150 casas e mataram mais de 150 brancos, numa das mais violentas rebeliões de que se tem noticia no Brasil. Numa terceira, em dezembro de 1822, o levante terminou com a mais brutal punição imposta a escravos rebeldes: 52 deles foram executados. Mas, por que, então, a revolta de 1835 se destaca sobre as demais?
Reis atenta para o fato de que a Revolta dos Malês durou menos tempo que as outras. (certas rebeliões de 4 dias a 6 anos), vitimou um numero reduzido de adversários (segundo o chefe de policia Gonçalves Martins, 9 pessoas foram mortas pelos rebeldes) e quase não causou danos materiais (não houve casas ou plantações incendiadas, por exemplo). Mas ela ocorreu numa importante capital (e não na região do engenhos, o Reconcavo Baiano), o número de envolvidos foi alto (cerca de 600 insurgentes) e as baixas entre os rebeldes (mais de 70) chamam a atenção.
‘’Foi a revolta que mais documentos produziu, entre interrogatórios dos réus, depoimento das testemunhas e sentenças dos juizes, o que lhe conferiu maior visibilidade historiografica’’, justifica Reis.
Apesar de ter durado poucas horas e de não ter vingado como esperado, a revolta dos malês é um marcante exemplo da resistencia da população escravizada no Brasil. Segundo Luciana, o que faz dessa revolta um exemplo único foi seu sofisticado projeto politico e capacidade de articulação de seus líderes, que conseguiram arregimentar a população africana, tanto a liberta quanto a escravizada, em torno de um plano de instaurar uma nova ordem. Esses lideres, em reuniões secretas, transmitiam seu conhecimento (ler e escrever em árabe por exemplo) aos mais jovens. Ou seja, mais que uma rebelião religiosa, o que estava em jogo era um modelo politico no qual buscava-se vingar dos opressores. Imagine-se um malê, para quem até a prática da sua fé era tratada como ato subversivo.
Na Salvador de 1835, cuja população era estimada em 65 mil habitantes, quatro em cada 10 moradores eram escravos. Ao contrario da maioria da revoltas e conspirações anteriores, a dos malês foi protagonizada por escravos urbanos, que não cortavam cana em engenhos, nem passavam a noite em senzalas. Pelo contrario. Desfrutavam de relativa liberdade e podiam até trabalhar fora. Os ‘’negros de ganho’’ exerciam os mais variados oficios: de barbeiro a artesão, de alfaiate a vendedor. Com o que ganhavam, pagavam uma (cota) diária ao senhor. Com o que sobrava, arcavam com as proprias despesas com roupa, comida e moradia. Alguns economizavam para comprar a alforria. O sonho de liberdade custava em torno de 500 mil reis e levava 10 anos para se tornar realidade. Os poucos que conseguiam prosperar se tornavam homens de negocio. Alguns desses, depois de libertos compravam seus proprios escravos.
Embora tenha fracassado, a Revolta dos Malês, para alguns historiadores, cumpriu importante papel na proibição do trafico negreiro para o Brasil, 15 anos depois. ‘’Mesmo antes do levante, autoridades ja defendiam que o comercio de africanos deveria terminar, por que trazia para o Brasil individuos que ameaçavam o sistema escravista. Havia o medo de que ocorresse o aqui uma revolta na dimenssão daquela que colocou fim á escravidão no Haiti’’, afirma Luciana. Apesar do perigo iminente de revolta, o tradico ainda era visto como fundamental para a agricultura exportadora, sobretudo a partir da década de 1830. ‘’Uma combinação entre pressão inglesa e o medo da revolta africana convenceu a elite politica a terminar definitivamente como o trafico em 1850, por meio de uma rígida legislação’’, afirma Reis.
Quanto ao seu lugar de origem, os negros africanos podiam ser divididos em ‘’bandos’’, oriundos da Africa Centro-Ocidental, que compreende Angola e Moçambique, e ‘’sudaneses’’, provenientes da Africa-Ocidental, que engloba Nigéria Benin. Se os os povos da Africa Centro-Ocidental, como congos, cabindas, e banguelas, entre outros, se dedicavam á agricultura e ao pastoreio, as nações da Africa-Ocidental, como iorubás, haussás e tapas, só para citar algumas, exerciam atividades belicosas, eram arqueiros e cavaleiros. Entre os rebeldes que saíram ás ruas na madrugada do dia 25 de Janeiro, muitos ocupavam posição de liderança militar e travaram batalhas em seus países de origem. Não por acaso, o governador da captania da Bahia, João de Saldanha da Gama, o conde da Ponde, alertou, ainda em 1808, que a maioria dos africanos então importados representava ‘’um alto risco á paz escravocrata’’.
Ao longo da primeira metade do século 19, muitos dos negros traficados para a Bahia eram soldados capturados durante as Jihads. Diversos reinos da Africa-Ocidental viviam em guerra no Califado de Sokoto, um Estado muçulmano fundado em 1809 pelo xeique Usuman das Fodio, do grupo étinico Fulani, e que ocupou um vasto território situado no norte da atual Nigéria.
Inimigos em sua terra natal, esses prisioneiros de guerra tornaram-se aliados em solo baiano.
‘’Como os muçulmanos pertenciam a diferentes etnias, o Islam proporcionou a eles um sentimento de fraternidade. Tornou-se, por tanto, um elemento civilizatório que transformou heterogeneidade étnica em homogeneidade religiosa. Daí, cumprir os pilares da religião islâmica era importante para consolidação dessa nova comunidade multiétnica’’, afirma Sobreira.
Ainda hoje, pelo menos duas perguntas continuam sem respostas. A primeira delas: o que pretendiam os lideres do levante? Libertar prisioneiros, tomar o poder ou instalar um Estado muçulmano na Bahia? Dificil saber. Segundo Reis, nenhum dos depoimentos ouvidos no autos ou dos documentos apreendidos pela policia deixou claro o objetivo dos revoltosos.. ‘’Há pálidos indícios de que os rebeldes pretendiam matar os brancos, pardos e criolos (negros nascidos no Brasil) e escravizar os mulatos’’, especula. Não se pode afirmar que o levante dos malês tenha sido uma revolta estritamente religiosa. Ao contrario do que ocorrera na rebelião de 1807, quando os revoltosos planejaram atacar igrejas e queimar imagens, nada foi declarado pelos rebeldes sobre perseguição religiosa aos derrotadas. ‘’Não foi em oposição ao cristianismo que o levante malê ocorreu, Foi em oposição à opressão’’, afirma.
Passado 180 anos, outra questão continua a intrigar os historiadores: O que teria acontecido se, em vez de fracassar, o levante dos malês tivesse vingando? ‘’Não temos detalhes do que pretendiam se fossem vitoriosos. Certo era que a Bahia malê seria uma nação controlada pelos africanos, tendo á frente os muçulmanos’’, cogita Reis. O historiador José Antônio Teofilo Cairus defende a tese de que, desde o inicio, a revolta dos malês estava fadada ao fracasso. O contingente de revoltosos era pequeno. E os amotinados não tinham armas nem munição em número suficiente para fazer frente ás forças do governo. ‘’Mesmo que tivessem conseguido tomar o poder ou, quem sabe, até insuflar os escravos rurais, que viviam na região dos engenhos, os líderes africanos seriam esmagados por tropas do governo em questão de dias’’, acredita Cairus. ‘’Eles não tinham escapatoria’’. Antes do fim do dia, 73 rebeldes já tinham tombado mortos e mais de 500 feitos prisioneiros.
‘’A vitória vem de Allah! A vitória está proxima! Boas-novas para os crentes!’’. Diferentemente do que prometia o texto em árabe encontrado dentre de um amuleto malê confiscado pela policia no dia da revolta, a tão esperada vitória não chegou. Os corpos dos 73 rebeldes mortos no campo de batalha foram jogados em valas comuns de um cemiterio local. Os mais de 500 insurgentes presos foram interrogados, julgados e sentenciados. As penas variavam de açoites para os escravos, á deportação para os libertos. 4 deles – Jorge, Pedro, Gonçalo e Joaquim, todos (soldados rasos) da rebelião – receberam a pena maxima. A execução, em praça pública foi marcada para o dia 14 de Maio. Dispostas a dar um castigo exemplar aos rebeldes, ás autoridades mandaram construir forcas novas no Campo da Polvora, em Salvador. Mas se esqueceram de um detalhe: contratar um carrasco para cumprir a tarefa. Na falta de um, os condenados tiveram que ser executados por um pelotão de fuzilamento improvisado com soldados municipais.
As penas de açoite também foram executadas com pompa. O horrendo espetáculo visava intimidar revoltosas em potencial. As vitimas eram despidas, amarradas a um tronco e, sob a vigilancia de guardas armados, açoitadas nas costas e nadegas. Alguns rebeldes foram condenados a 250 chibatadas – em geral 50 por dia. Outros como Licutan, encarcerado no dia do levante, mil, pelo menos um deles Narciso, não aguentou o castigo e morreu durante a execução de 1200 chibatadas. Para evitar que isso voltasse a acontecer, um médico era chamado ás preças para avaliar o estado de saúde do sentenciado. Dependendo de suas condições, o castigo podia ser temporariamente suspenso. As chibatadas, porém, não encerravam o castigo. Muitos escravos foram obrigados a usar gargalheiras de ferro em torno do pescoço ou correntes nos pés por dias, meses ou anos a fio.
Até os africanos que não participaram do levante foram submetidos a rigoroso controle e perseguição policial. A partir de então, todo escravo encontrado perambulando pelas ruas de Salvador depois das 8 da noite deveria trazer um ‘’passe’’, devidamente assinado pelo senhor, indicando a hora em que saíra de casa e a hora que deveria voltar. Quem não respeitasse o ‘’toque de recolher’’ estaría condenado a levar 50 chibatadas.
Um decreto assinado pelo chefe de policia, Gonçalves Martins ia além: autorizava a qualquer cidadão a dar voz de prisão a escravos que estivessem reunidos em numero de 4 ou mais. Reunir gente em casa por exemplo, estava terminantemente proibído aos negros. A mais absurda das medidas, porém, era a que obrigava aos senhores a ‘’converter’’ seus escravos ao catolicismo. Se não o fizessem no prazo máximo de 6 meses, seríam multados em 50 mil reis para cada ‘’escravo pagão’’.
No tão esperado dia do levante, rebeldes sairam ás ruas vestidos de abadá – uma especie de camisolão folgado na cor branca. Por este motivo, as autoridades policiais costumavam se referir á bata islâmica como ‘’vestimenta de guerra’’ nos autos de devassa. Em tempos de paz, os malês procuravam usar os abadás em casa, em momentos de oração e outros ritos sagrados. Mas a indumentaria malê não estaria completa sem uma carapuça, algo semelhante a um turbante branco, cobrindo a cabeça. ‘’Hoje em dia, o uso do abadá tornou-se caracteristico do carnaval da Bahia’’, recorda Sobreria. ‘’Já o gorro com faixa branca virou item obrigatório entre os componentes do bloco Filhos de Gandhy’’, diz. Mas a influencia do povo malê na cultura brasileira vai além, muito além do turbante do abadá.
Segundo Reis, esse parentesco pode ser notado na cultura, no vocabulário e até na culinária. Difundido no interior do Sergipe e de Alagoas, a dança do parafuso seria, na opinião de alguns historiadores, uma dança malê. Reza a tradição que, na calada da noite os escravos se disfarçavam de assombração para fugir dos capitães do mato. No vocabulário, Reis sita o exemplo ‘’mandinga’’. ‘’Dissionarizado como feitiço, o termo vem da bolsa de mandinga, amuleto muçulmano que os negros mandingos introduziaram no Brasil’’, detalha. Na culinária baiana, outra tradição Islamica atravessou o Atlântico. Trata-se do arroz de haussá. Como o nome ja diz e herança de um dos grupos étnicos mais islamizados da Africa-Ocidental. Prato favorito do escritor Jorge Amado, é feito sem sal, óleo ou tempero e cozido com bastante água.
No aspecto religioso não poderia ser diferente, na mitologia iorubá, Obatalá é o nome dado ao deus supremo, ‘’aquele que fecunda’’, abaixo apenas de Olorum, o criador do universo. No sincretismo religioso brasileiro, ganhou o nome de Oxalá ou Orixalá, orixá associado a figura de Jesus Cristo. Segundo Reis, as aproximações rituais e simbolicas são muitas. ‘’A cor branca do abadá e o uso da água pelos muçulmanos em cerimônias públicas e rituais privados são indicios desse parentesco’’, exemplifica. Cairus aponta outra hipótese para a origem etmológica do nome ‘’oxalá’’: a expressão árabe in sha Allah’’, em tradução livre ‘’se Deus quiser’’. ‘’São várias as Áfricas que conviveram na Bahia. Uma dessas Áfricas é Islamica’’, assegura o historiador.
Texto de André Bernardo
Fonte: Revista Aventuras na História
Edição 141 – Abril 2015
Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/
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