Existe uma diferença entre mentir, ou seja, deliberadamente violar a verdade e dar uma impressão enganosa [ma’areed], que significa dizer algo que supostamente implica um significado enquanto se pretende outro. Isso não contradiz a verdade da mensagem; mas o falante pretende um referente específico enquanto o ouvinte entende outra coisa. Pode-se recorrer a esse tipo de discurso para evitar danos.
Por exemplo, tem sido narrado que quando os muçulmanos buscaram refúgio com o rei Negus [rei da Abissínia no século VII] e ele se recusou a devolvê-los aos descrentes, ele foi acusado pelos cristãos de renunciar à sua religião. O rei escreveu em um pedaço de papel: “Não há divindade além de Allah e Muhammad é Seu servo e mensageiro. Jesus é Seu servo e Mensageiro, nascido de Maria, concebido sem pai”. Ele então prendeu o papel sob a camisa sobre o coração e foi ao encontro dos abissínios que o acusaram de rejeitar o cristianismo. “Você abandonou nossa religião e afirmou que Jesus é um servo enquanto [nossa religião nos ensina] que ele é o Filho de Deus.” Negus colocou a mão sobre o coração (e o papel) e disse: “Testifico que Jesus não era mais do que isso”, significando o que ele escreveu no papel. Os cristãos aceitaram sua palavra e o deixaram.
Tem sido dito que é aceitável recorrer a ma’reed em vez de mentir. Um grupo de estudiosos baseou essa permissibilidade no hadith que afirma a permissibilidade de mentir em certos casos, como a guerra, para reconciliar entre pessoas e evitar danos.
Fonte: https://eng.dar-alifta.org/foreign/ViewFatwa.aspx?ID=8041
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