A caridade é, sem dúvida, um ato nobre que é encorajado em várias culturas, e dentro do Islam não é diferente. A maioria dos muçulmanos sabe a importância de ser generoso e gentil, especialmente com os mais necessitados – não é à toa que um dos cinco pilares da religião é o zakat, a maneira mais conhecida de se doar riquezas para aqueles que possuem poucas ou nenhuma.
Embora o zakat seja fundamental para a fé do muçulmano, ele não é a única maneira de praticar caridade. Aliás, o próprio Profeta Muhammad ﷺ deixou ensinamentos preciosos sobre a generosidade, que servem para todos os povos, de todas as religiões.
“Sorrir para o seu irmão é uma caridade. Recomendar o bem e repelir o mal é uma caridade. Guiar um homem perdido pela terra é uma caridade. Emprestar sua visão para um homem que não enxerga bem é uma caridade. Remover pedras, espinhos e ossos da estrada é uma caridade. Derramar o que sobra no recipiente do seu irmão é uma caridade.” (Timirdhi)
Os dizeres do Profeta ﷺ nos ensinam que a caridade vai muito além do ato de dividir riquezas materiais, pois também é possível doar talentos e qualidades para beneficiar outras pessoas. E há boas razões para que isso seja feito, que estão intimamente ligadas com a adoração a Deus.
Aqueles que procuram beneficiar as criaturas de Allah certamente estão de acordo com os ensinamentos sagrados. São pessoas que não querem recompensas pelos seus bons atos e, por isso, são gratificadas com o melhor dos tesouros, que são as bênçãos de seu Criador.
“Contudo, livrar-se-á dele (do fogo voraz) o mais temente a Allah, Que aplica seus bens, com o fito de purificá-los, E não faz favores a ninguém com o fito de ser recompensado, Senão com o intuito de ver o Rosto do seu Senhor, o Altíssimo, E logo alcançará (completa) satisfação.” (Alcorão, 92:17-21)
Para que se entenda melhor, é preciso saber que há duas partes na prática da doação. A primeira está na intenção, que deve ser pura, e a segunda diz respeito à ação em si.
É muito comum que as pessoas tenham vontade de exibir suas boas ações a fim de serem reconhecidas e louvadas pelo que fizeram. No entanto, querer ganhar algo também é uma forma de vaidade, e em alguns casos, até de ganância.
O que o doador precisa ter em mente é que, quando ele busca recompensas ao fazer uma boa ação, ela deixa de ser algo para a glória de Deus e torna-se motivo de benefício próprio. Isto significa que o principal objetivo do doador deve ser agradar ao seu Senhor.
A segunda parte da caridade é a ação que, caso esteja baseada em uma boa intenção, poderá ser exibida diante de todos, pois isso estimulará que mais pessoas pratiquem a bondade.
Muitas pessoas não possuem condições de doar dinheiro com frequência. Outras, mesmo quando podem, correm o risco de se comprometer financeiramente, caso decidam doar grandes quantias.
Mas em algumas situações, o pouco dinheiro pode fazer toda diferença para aqueles que não têm nenhum. Aliás, isto se aplica a qualquer bem material que possa beneficiar as pessoas que passam por necessidades.
Certamente, o dinheiro e as riquezas são importantes no mundo em que vivemos, mas eles não são as únicas formas de ajudar quem passa por dificuldades. O Alcorão sagrado diz: “Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á” (Alcorão, 99:7). Isso mostra que a nossa bondade é a maior riqueza para conseguir a salvação.
Aqueles que não possuem condições de doar dinheiro podem doar um pouco do seu tempo, ou de sua atenção, para ajudar pessoas necessitadas. Podem, inclusive, voluntariar-se em ações beneficentes.
Ao longo do tempo, essas práticas trazem satisfação e também melhoram o caráter e a personalidade do doador.
É muito comum que pessoas que praticam caridade agradeçam aos beneficiados pelas ações que elas mesmas praticaram, pois ao doar, elas sentem que obtiveram uma nova riqueza, de valor mais nobre do que o material.
Para aqueles que são tementes a Deus, a gratidão durante os atos generosos é excelente. Afinal, eles sabem que as maiores recompensas pelos seus atos serão dadas principalmente na vida vindoura.
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