Durante séculos foram usadas diversas formas de escrita de acordo com a língua e com as intenções dos falantes. Partindo de uma origem comum, surgiram os dois modelos de escrita mais bem-sucedidos da história: O alfabeto latino e o abjad árabe.
O alfabeto latino, também conhecido como alfabeto romano, é o sistema de escrita alfabética mais utilizada no mundo, e é o alfabeto utilizado para escrever a língua portuguesa e a maioria das línguas da Europa ocidental e central e das áreas colonizadas por europeus. Ao longo dos séculos: XIX e XX, o alfabeto latino tornou-se também o alfabeto preferencialmente adotado por um número considerável de outras línguas, em especial pelas línguas indígenas de zonas colonizadas por europeus que não tinham sistemas de escrita próprios.
O abjad árabe (em árabe: أبجديةعربية) é o principal sistema de escrita usado para representar a língua árabe, além de outros idiomas como o persa, urdu, pashtue línguas berberes. Até 1923, era usado também para escrever o turco, quando foi substituído pelo alfabeto latino. É o segundo mais utilizado no mundo, atrás apenas do alfabeto latino.
A diferença dos termos se dá porque no Alfabeto existem símbolos (letras) para representar vogais, consoantes e semivogais. Já um Abjadcada símbolo representa uma consoante. A representação das vogais é feita através de diacríticos colocados sobre ou sob as letras.
A sua grande difusão deve-se principalmente ao fato de Alcorão, o livro sagrado do Islam, estar escrito em árabe. Esse abjad é escrito da direita para a esquerda, assim como o abjad hebraico. Assim muitas línguas sem origem afro-asiática por motivo religioso adotaram a escrita árabe como padrão (por exemplo, as línguas turcas) criando uma dificuldade já que elas possuem um sistema vocálico mais rico que o árabe (por exemplo, 9 vogais diferentes na língua cazaque).
A solução encontrada foi utilizar outros mecanismos para representar as vogais. Essas línguas desenvolveram outros diacríticos para representar vogais inexistentes na língua árabe e/ou utilizam algumas consoantes da escrita árabe para representar vogais.
Tal recurso demonstra a possibilidade de utilização tanto do sistema de escrita latino como do árabe para qualquer língua do mundo, sem que os sons do idioma se percam, por falta de representatividade escrita.
A língua Portuguesa é uma língua neolatina derivada do latim e surgida na Península Ibérica e difundida pelo mundo por meio das grandes navegações e da colonização de vastos territórios.
Como uma língua neolatina naturalmente, o uso do Alfabeto latino é o padrão de escrita e, provavelmente, jamais conheceu qualquer outro modelo de escrita.
A língua portuguesa contém um sistema fonético formado por duas semivogais, vinte consoantes, sete vogais orais e cinco vogais nasais. Para representar todos esses fonemas, o idioma português recorre aos sinais diacríticos (acentos) e a união de letras os dígrafos.
Isso mostra bem que o próprio alfabeto latino original é pouco representativo para todos os sons existentes na nossa língua.
A motivação para a criação de um sistema de escrita alternativo para o alfabeto latino vem da naturalidade da motivação religiosa islâmica. Povos muçulmanos dos mais diversos lugares adotaram a escrita árabe, como padrão escrito único ou como um dos modelos adotados ao lado de outros sistemas de escrita.
Outro motivo é a necessidade de aprender a utilizar a escrita árabe tanto na leitura como na escrita para melhor compreender os textos religiosos antigos e na língua sagrada do Islam.
Assim foi criado o alfabeto Arabeza( alfabeto árabe da língua portuguesa) no qual se convencionou adotar o seguinte padrão:
Apesar de derivar de um abjad por ter as vogais letras separadas para sua representação trata-se de um alfabeto na correta acepção do termo.
FONEMAS | EXEMPLOS | LETRA | NOME |
/a/ | ato | ا | ALIF |
/b/ | bato | ب | BA |
/d/ | dado | د | DAL |
/e/ | sê | ع | E |
/ɛ/ | sé | عّ | É |
/f/ | fato | ف | FE |
/g/ | gato | غ | GAIN |
/i/ | si | ى | IE |
/ʒ/ | jarro | ج | JIM |
/k/ | cabo | ك | KAF |
/l/ | galo | ل | LAM |
/ʎ/ | galho | ي | LHE |
/m/ | mato | م | MIM |
/n/ | nato | ن | NUN |
/ɲ/ | pinha | نّ | NHE |
/o/ | pôs | وْ | O |
/ɔ/ | pós | وّ | Ó |
/p/ | pato | بْ | PA |
/ʁ/ | rato | ه | RRE |
/ɾ/ | pira | ر | RE |
/s/ | saca | س | SIN |
/t/ | talho | ت | TA |
/u/ | tu | و | UAU |
/v/ | vaca | بّ | VA |
/ʃ/ | chato | ش | XIN |
/z/ | zaca | ز | ZAIN |
FONEMA | LETRA |
Am, na | اً |
Em, en | عً |
Im, in | ىً |
Om, on | وً |
Um, un | وُ |
Somente as letras árabes ا ,ب , ع , و , ى, ن receberam sinais diacríticos para a representação de fonemas inexistentes em língua árabe ou para representação de sons nasais.
A escolha não foi aleatória e seguiu alguns princípios simples:
Encerro observando que a utilização desse alfabeto será muito útil para a comunicação e para o aprendizado do árabe já que houve a preocupação de preservar o máximo possível da escrita original.
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