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A Ciência Moderna Confirma o Hadith que Diz que Há um Antídoto na Asa da Mosca? – Shaykh Gibril F Haddad

Pergunta: A Ciência moderna está de acordo com os hadiths que indicam que há um remédio na asa da mosca?

Resposta: Em Nome de Allah, o Infinitamente Bom, o Misericordioso

Só nos tempos modernos que se descobriu que a mosca comum carrega parasitas patógenos de muitas doenças, como a malária, a febre tifoide, a cólera e outras. Também foi descoberto que a mosca carrega fungos parasitas bacteriofágicos que são capazes de combater os germes de todas essas doenças.

O Profeta Muhammad – que as bênçãos e a paz estejam com ele e sua Família – fez referência a ambos os fatos 1400 anos atrás quando, de acordo com os relatos de Abu Hurayra e Abu Sa‘id al-Khudri por al-Bukhari e na coleção Sunan, disse:

≪Se uma mosca cair em um dos seus recipientes [de alimento ou de bebida], mergulhe-a completamente antes de removê-la, pois sob uma de suas asas há doença e sob a outra, seu remédio.≫

Uma versão de Abu Hurayra em Abu Dawud, Ahmad e no Sharh Mushkil al-Athar de al-Tahawi (8:341 #3293) acrescenta:

≪E ela [al-Tahawi: “sempre”] protege a si mesma (yattaqi) com a asa que carrega o veneno. Por isso, mergulhe-a completamente.≫ Ahmad e al-Tahawai relatam ainda: ≪Então a remova.≫

Uma versão de transmissão confirmada em Ahmad, al-Tahawi, al-Nasa’i e Ibn Majah (os últimos dois mencionam somente a segunda metade) afirma:

≪Sa‘id ibn Khalid disse: Fui encontrar Abu Salama. Ele nos trouxe um pouco de manteiga e alguns pastéis de tâmaras, quando uma mosca caiu no prato. Abu Salama começou a mergulhá-la (yamquluhu) com seu dedo e eu disse: “Tio! O que está fazendo?” Ele respondeu: “Em verdade, Abu Sa‘id al-Khudri me contou que o Mensageiro de Allah disse: ‘Em uma das duas asas da mosca há veneno e na outra, seu antídoto. Se uma cair na comida, a submerja nela, pois ela primeiro solta o veneno e segura a cura.’” ≫ No Sharh Mushkil al-Athar (8:339 #3289) de al-Tahawi, há: ≪Tio! Que Allah o perdoe! O que está fazendo?≫

Al-Bazzar em seu Musnad e al-Diya’ al-Maqdisi em al-Ahadith al-Mukhtara (5:206) relatam de Thumama ibn ‘Abd Allah ibn Anas, por meio de relatos confiáveis segundo Ibn Hajar em Fath al-Bari (10:250) e Al-Qastallani em Irshad al-Sari (5:304):

≪Thumama disse: “Estávamos com Anas e uma mosca caiu num recipiente. Anas gesticulou com a mão, imergiu a mosca (faghamasahu) três vezes e disse: ‘Bismillah’. E disse que, verdadeiramente, assim que o Mensageiro de Allah ordenou a eles que fizessem.≫

Shah Wali Allah al-Dihlawi diz em Hujjat Allah al-Baligha que esse hadith demonstra o conhecimento concedido por Deus de muitas das doenças que as moscas podem carregar e que também ilustra a sabedoria do Criador ao dar a cada uma das espécies venenosas uma imunidade ou proteção por meio de antídoto contra seu próprio veneno, garantindo a sobrevivência delas. Sheikh Muhyi al-Din Ibn ‘Arabi, em uma de suas Wasayas, especifica que a mosca sempre mantém a sua “asa do antídoto” fora da substância em que se afunda, para tentar usá-la para voar. Os Ulamá dizem que esse comportamento é um instinto divinamente inspirado, semelhante aos das abelhas, das formigas, das poupas e da terra no Alcorão cf. al-Tahawi, Sharh Mushkil (8:343-344) e al-Khattabi, Ma‘alim al-Sunan (4:459).

Ibn Hajar escreveu o seguinte no seu comentário sobre esse hadith:

“Não encontrei nada entre as variações para definir com exatidão qual das asas que carrega o antídoto, mas um dos Ulamá disse que observou que a mosca se protege com a asa esquerda. Dessa forma, podemos deduzir que a asa direita é a asa do antídoto. … Outro disse que o veneno pode ser a ocorrência do orgulho (takabbur) na alma da pessoa, fazendo com que ela desdenhe o alimento ou não o coma e o descarte todo, enquanto o antídoto é subjugar a alma e forçá-la a ser humilde.”

Ibn Hajar também cita a nota de al-Jawazi de que moscas moídas com antimônio (estibinita) fazem bem para a visão, mas al-‘Ayni em ‘Umdat al-Qari (7:304) cita a receita de Ibn al-Baytar al-Maliqi, que leva moscas moídas com gema de ovo.

Dr. Ghyath Hasan al-Ahmad, no seu livro al-Tibb al Nabawi fi Daw’ al-‘Ilm al-Hadith (“A Medicina Profética sob a luz da Ciência Moderna”) (1995 2:188-189) menciona que o Dr. Nabih Da‘ish executou um experimento na Universidade Rei ‘Abd al-‘Aziz em Riyadh, em que criou dez culturas bacterianas com amostras de um líquido estéril onde caíra uma mosca, sem tê-la mergulhado nele. Outras dez culturas bacterianas com amostras onde a mosca fora submergida uma vez, dez outras de amostras onde a mosca fora submergida duas vezes e dez outras culturas com amostras onde a mosca fora submergida três vezes. Os resultados demonstraram que as colônias bacterianas se proliferaram nas primeiras culturas, mas se atrofiaram e se esgotaram na segunda leva, ainda mais na terceira e mais do que todas na quarta.

É estabelecido que moscas caseiras são vetores de patógenos perigosos para animais e humanos. Mesmo os críticos muscafóbicos devem concordar que ninguém na época do Profeta, que a paz esteja com ele, sabia que as moscas carregavam organismos tão prejudiciais. De onde procede a observação de que “sob uma de suas asas há veneno”?

E outra coisa, do ponto de vista da lógica, se a mosca não carregasse algum tipo de proteção em forma de antídoto ou imunidade, ela pereceria do seu próprio fardo venenoso e não sobraria mosca no mundo.

Além do mais, a transmissão do que a mosca carrega dentro ou por fora de seu corpo não é algo que acontece automaticamente. Por exemplo, o micróbio responsável por úlceras e outros males do estômago pode viver nas moscas domésticas, mas ainda não se sabe se as moscas o transmitem.

https://www.sciencenews.org/sn_arc97/6_7_97/ref1.htm

Faz tempo que há evidência de que micro-organismos que combatem bactérias vivem em moscas domésticas. Um artigo no Vol. 43 da publicação Journal of Experimental Medicine da Fundação Rockefeller (1927), p. 1037, afirma:

“Aplicamos nas moscas alguns micróbios cultivados de certas doenças. Depois de algum tempo os germes morreram e não sobrou traço deles, enquanto uma substância que consome micróbios se formou nas moscas – bacteriófagos. Se extraíssemos uma solução salina dessas moscas ela conteria bacteriófagos capazes de suprimir quatro tipos de germes causadores de doenças e de auxiliar na imunidade contra quatro outros tipos de micróbios.”

De ‘Abd Allah al-Qusami, Mushkilat al-Ahadith al-Nabawiyya wa-Bayanuha (p. 42)

Mais recentemente, um site da Universidade do Estado de Colorado, que fala sobre entomologia, afirmou: “Insetos gnotobióticos [=livres de germes] (Greenberg et al, 1970) foram usados para obter evidências da capacidade de suprimir bactérias da microbiota da Musca domestica [a mosca doméstica] … a maioria das relações entre os insetos e sua microbiota permanecem desconhecidas.

Estudos com gafanhotos gnotobióticos indicam que a microbiota traz benefícios previamente inesperados para o inseto hospedeiro.”

https://lamar.colostate.edu/~insects/systems/digestion/plenuryrd.html

Sendo assim, as moscas não são apenas vetores patogênicos, mas também carregam micróbios que podem fazem bem. A microbiota da mosca é descrita como “células de levedura longitudinais que vivem como parasitas dentro de suas barrigas. As células de levedura, para darem continuidade ao seu ciclo de vida, saem para fora por alguns túbulos respiratórios da mosca. Se a mosca for mergulhada num líquido, as células se rompem nele e o conteúdo delas é um antídoto contra os patógenos que a mosca carrega.” Cf. nota de rodapé na coletânea Translation of the Meanings of Sahih al-Bukhari by Muhammad Muhsin Khan (7:372, Livro 76 “Medicine,” Capítulo 58, Hadith 5782).

Esses micróbios presentes na mosca são bacteriofágicos, ou seja, se alimentam de germes. Os bacteriófagos são vírus de vírus. Eles atacam os vírus e as bactérias. Eles podem ser selecionados e cultivados para matar organismos específicos. Os vírus infectam a bactéria, se multiplicam e enchem a célula bacteriana com novas cópias deles mesmos e então atravessam a parede celular da bactéria, fazendo com que ela se rompa. A existência de mecanismos semelhantes que matam bactérias em dois bacteriófagos indica que antibióticos contra infecções em seres humanos podem ser elaborados com base nestas proteínas que destroem paredes celulares.

Science 292 (junho, 2001), p. 2326-2329

Remédios bacteriofágicos eram disponíveis no ocidente antes dos anos quarenta, mas saíram de circulação quando a penicilina e outros “antibióticos milagrosos” começaram a circular. Os bacteriófagos continuaram a ser bastante usados na Europa oriental como medicamentos que podiam ser comprados sem receita médica. O “01-fago” já foi usado para o diagnóstico de todos os tipos de Salmonela e a profilaxia da disenteria causada por Shigella era realizada com o uso de fagos.

Annales Immunologiae Hungaricae, N. 9 (1966) (em alemão)

A “terapia dos fagos” está voltando à tona no ocidente:

“Primeiramente denominados pelo pesquisador Felix d’Herelle no Instituto Pasteur da França, os bacteriófagos (ou, encurtando, apenas fagos) são vírus que “caçam” bactérias. Eles têm uma estrutura simples – uma cabeça cheia de DNA que se liga por uma haste a “pernas” como as de uma aranha, que são usadas para aderir na superfície das bactérias. Uma vez que um fago se anexa a uma bactéria, ele injeta sua carga de material genético na parte de dentro dela. A bactéria então começa a produzir rapidamente cópias “filhas” do fago – até que se encha demais e se rompa, mandando centenas de novas partículas de fago para o mundo.”

“Os médicos usavam fagos para tratar doenças desde a cólera até febres tifoides. Em alguns casos, um líquido contendo o fago era despejado sobre uma ferida aberta. Em outros, eram aplicados por via oral, por aerossol ou injetados. Em alguns quadros, o tratamento funcionava – já em outros, não. Quando antibióticos se popularizaram, a terapia com fagos praticamente sumiu no ocidente.”

“No entanto, pesquisadores da Europa oriental, também da antiga União Soviética, continuaram seus estudos sobre as potenciais propriedades medicinais dos fagos. E agora que cepas de bactérias resistentes a antibióticos estão se tornando mais comuns, a ideia da terapia com fagos vem atraindo mais atenção na comunidade médica mundial. Muitas empresas de biotecnologia foram formadas nos EUA para desenvolver tratamentos à base de bacteriófagos – muitos deles fazendo uso do conhecimento dos pesquisadores da Europa oriental.”

https://www.sciencefriday.com/pages/2000/Jul/hour1_072100.html

Hoje, consideram que as pesquisas sobre a aplicação medicinal dos bacteriófagos estão no seu ponto mais promissório. Um pesquisador da Universidade de Pittsburgh disse em junho de 2001: “Dada a quantidade e variedade de bacteriófagos à solta no planeta, eles representam em potencial uma grande reserva de novos agentes terapêuticos.”

Science 292 (junho, 2001), p. 2326-2329 (em inglês)

O artigo “Smaller Fleas… Ad infinitum: Therapeutic Bacteriophage Redux”, da publicação oficial Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America [PNAS], Vol. 93 n. 8 (16 de abril, 1996), 3167-8, discute as possibilidades para o uso de bacteriófagos no controle de doenças.

https://www.pubmedcentral.gov/tocrender.fcgi?iid=1253

O fato de que as moscas carregam agentes patofágicos, que comem germes, fazia parte do conhecimento dos homens antigos, que perceberam que picadas de vespa e de escorpião podiam ser tratadas esfregando o local da picada com uma mosca decapitada, como é mencionado na Tadhkira (1:140) de al-Anthaki, na citação que al-‘Aynis faz do al-Jami‘ li-Mufradat al-Adwiya wal-Aghdhiya de Abu Muhammad Ibn al-Baytar al-Maliqi (d. 646) em seu ‘Umdat al-Qari (7:304) e no Mukhtasar al-Suwaydi fil-Tibb (p. 98) de al-Sha‘rani.

Avicenna preferia usar uma galinha viva, aberta na metade, e aplicá-la na ferida. Cf. Ibn al-Azraq, Tas-hal al-Manafi‘ (ed. 1306, p. 171; ed. 1315, p. 147). Faz-se um uso semelhante, mesmo hoje em dia, com urina de camelo, de acordo com o site de Universidade de Calgary.

https://www.ucalgary.ca/applied_history/tutor/islam/beginnings/camels.html

Nas duas guerras mundiais, observaram que as feridas dos soldados expostos às moscas cicatrizavam mais rapidamente do que as dos soldados não expostos. Mesmo hoje, larvas de mosca são usadas medicinalmente para limpar feridas necrosadas. Os vermes comem somente o tecido morto e deixam o tecido saudável.

A mosca é ritualmente impura (najis)? Não. Os juristas concordam que a mosca seja pura (al-dhubab tahir) e que não torna líquidos impuros, mesmo pequeno volume de líquidos e mesmo se morrer dentro dele, exceto se, de acordo com al-Shafi‘i, um dos aspectos do líquido mudar (cheiro, cor, sabor) cf. al-Baghawi, Sharh al-Sunna (11:260-261) e al-Qastallani, Irshad al-Sari (5:304-305).

A Sunna do Profeta é um manual interminável de como viver com saúde e de administração prudente e prática para pessoas de todos os tipos, principalmente os pobres. O Profeta, que a paz esteja com ele, em todos os momentos, orientava sua Umma a evitar o desperdício e a indigência, mesmo quando sob condições insalubres. Da mesma forma que o hadith sobre leite e urina de camelo revela conhecimento sobre dieta e medicina natural, o hadith da mosca revela conhecimento de medicina preventiva e imunologia. Neste ponto, a ordem nesses hadiths, como em muitos outros, indica uma Sunna consultiva de permissibilidade, não de obrigação literal. “A ordem [de mergulhar a mosca] é um aconselhamento (al-amru lil-irshad) para se combater doenças com remédios.” Al-Qastallani, Irshad al-Sari (5:304).

Apesar de, de um lado, haver abundância de provas sobre a autenticidade destes relatos sobre medicina (do camelo e da mosca) e, do outro, haver abundância de provas da viabilidade científica deles, certas pessoas continuam rejeitando-os nos dois aspectos.

O ceticismo como princípio no que diz respeito às tradições autenticamente transmitidas que tratam de fatos demonstrados pela ciência antiga e moderna, ou cujo valor científico esteja vindo à tona apenas agora, é hábito de mentes estagnadas e corações doentes, para os quais não há remédio senão a misericórdia do nosso Senhor.

Fonte: https://www.seekersguidance.org/answers/general-counsel/does-modern-science-confirm-the-hadith-that-says-there-is-an-antidote-in-the-wing-of-a-fly

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