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A História de Moisés de acordo com o Islam

Moisés é um profeta importante para o Islam. Sua história é narrada no Alcorão com detalhes que não são apresentados em outros livros sagrados.
  • Moisés é destacado no Alcorão como um dos profetas mais importantes, nascido sob ameaça do Faraó, mas preservado por Deus para cumprir uma grande missão.
  • Ele confronta o Faraó com milagres divinos, liderando os israelitas para fora da escravidão no Egito, exemplificando a luta contra a opressão com fé inabalável.
  • Recebe as Tábuas da Lei no Monte Sinai, fundamentais para a orientação moral e espiritual dos israelitas, reforçando a obediência e a lei divina.
  • Seu encontro com Al-Khidr ensina lições sobre a sabedoria divina e os limites do conhecimento humano, enfatizando a importância da confiança e da paciência em Deus.

 

No Islam, Moisés, conhecido como Musa em árabe, é um dos profetas mais venerados e frequentemente mencionados no Alcorão. 

Sua história, que compartilha muitas semelhanças com a tradição judaico-cristã, é essencial para entender a mensagem islâmica de fé, obediência e libertação. 

Moisés é celebrado por sua missão divina de libertar os israelitas da opressão no Egito, enfrentando o Faraó com coragem e firmeza. 

Ele também recebeu a revelação da Torá, que contém mandamentos fundamentais para a conduta moral e espiritual. 

No contexto islâmico, Moisés é um exemplo de perseverança na fé, paciência frente às adversidades e zelo pela justiça de Deus, características que o tornam um modelo para os muçulmanos. 

Seu papel como um mensageiro de Deus, que enfrentou provações e desafios em sua missão, é frequentemente citado para ilustrar a importância da confiança em Deus e da resiliência diante das dificuldades.

A infância de Moisés

Quando o Faraó ordenou a morte de todos os recém-nascidos israelitas do sexo masculino para evitar a perda de seu trono para um israelita, como previsto em uma profecia, a mãe de Moisés foi inspirada por Deus a tomar uma ação corajosa para salvar seu filho. 

Deus revelou a ela que deveria colocar Moisés em uma cesta e lançá-lo ao rio, prometendo protegê-lo e devolvê-lo a ela. Este evento é detalhado no Alcorão, especificamente em Surata Al-Qasas, onde Deus diz:

"E inspiramos à mãe de Moisés: 'Amamenta-o; e quando temeres por ele, lança-o ao rio e não temas, nem te entristeças, pois Nós o devolveremos a ti e faremos dele um dos Nossos mensageiros.'" (28:7)

Após ser lançado ao rio, Moisés é encontrado pela família do Faraó. A esposa do Faraó, que não tinha filhos, convence o marido a adotar Moisés como seu próprio filho, sem saber de sua origem israelita. 

Deus guia a situação de tal maneira que, quando Moisés precisou ser amamentado, nenhuma das mulheres egípcias conseguia acalmá-lo. 

Foi então que a irmã de Moisés, que o seguia secretamente, sugeriu que conhecia uma mulher capaz de amamentá-lo. 

Assim, a própria mãe de Moisés foi chamada para amamentá-lo, e ele aceitou, cumprindo a promessa divina de devolver Moisés à sua mãe até que ele crescesse. 

Moisés causa uma morte acidental

Moisés  intercede em uma briga entre um homem da sua própria comunidade, os israelitas, e um egípcio. Buscando proteger o israelita, Moisés atinge o egípcio. 

A força do golpe, no entanto, é suficiente para matar o homem, um ato que Moisés não tinha intenção de cometer. Este evento é descrito no Alcorão na Surata Al-Qasas:

"E entrou na cidade em um momento de inatenção de seus habitantes e encontrou dois homens brigando: este era de seu partido, e aquele era de seus inimigos. E o que era de seu partido pediu-lhe ajuda contra o que era de seus inimigos, então Moisés o golpeou com o punho e o matou. [Moisés] disse: 'Isso é obra de Satanás; ele é um inimigo, desencaminhador manifestamente.'" (28:15)

Após perceber o que havia feito e reconhecer o erro, Moisés expressa remorso e pede perdão a Deus por seu ato, o que é também abordado no Alcorão. 

Ele reconhece sua necessidade de misericórdia divina, um tema recorrente na sua história que ressalta a importância do arrependimento e da confiança na misericórdia de Deus.

A morte do egípcio por Moisés o coloca em uma situação perigosa, pois ele se torna um fugitivo ao perceber que as autoridades egípcias o estavam procurando para puni-lo.

O abrigo em Midiã

Ao chegar em Midiã, Moisés encontra duas mulheres à margem de um poço, esperando para dar água aos seus rebanhos. 

Diferentemente dos outros pastores que se aglomeravam ao redor do poço, estas mulheres se mantinham à distância. 

Sensibilizado por sua situação, Moisés ajuda-as, retirando água para seus rebanhos. Esse ato de bondade é mencionado no Alcorão, na Surata Al-Qasas :

"Quando ele chegou às águas de Midiã, encontrou um grupo de pessoas dando de beber (aos seus rebanhos), e encontrou, além deles, duas mulheres afastando (os seus rebanhos). Ele disse: 'O que há com vocês duas?' Elas disseram: 'Não podemos dar de beber (aos nossos rebanhos) até que os pastores retirem (seus rebanhos) e nosso pai é um velho homem.' Então ele deu de beber (aos rebanhos) por elas. Então, ele se voltou para a sombra e disse: 'Meu Senhor, estou em necessidade de qualquer bem que envies a mim.'" (28:23-24)

Impressionado por sua força e caráter, o pai das mulheres, que é identificado como um homem justo e possivelmente um profeta, Shuaib, oferece hospitalidade a Moisés e propõe que ele se case com uma de suas filhas em troca de trabalhar para ele por um período de oito a dez anos. 

Moisés aceita a oferta, casando-se e trabalhando como pastor, um período que o prepara para sua futura missão profética.

O evento mais significativo durante a estadia de Moisés em Midiã é seu encontro com Deus através da sarça ardente. Enquanto pastoreava o rebanho de seu sogro, Moisés avista uma fogueira na montanha de Horeb (monte Sinai) e se aproxima para investigar. 

Deus chama Moisés da sarça ardente, revelando Sua presença e incumbindo Moisés com a missão de retornar ao Egito para libertar os israelitas da opressão. Este momento é narrado na Surata Ta-Ha:

"Quando viu uma fogueira e disse à sua família: 'Permanecei aqui; eu percebi uma fogueira; talvez eu vos traga dela alguma informação ou uma brasa da fogueira, para que vos aqueçais.' Mas quando chegou a ela, foi chamado pelo nome, do lado direito do vale, na área bendita, da árvore: 'Ó Moisés, Eu sou Deus, o Senhor dos mundos.'" (20:11-14)

Deus instrui Moisés a lançar seu cajado, que se transforma em uma serpente, e a colocar sua mão sob seu manto, que sai branca, como milagres para provar a verdade de sua missão aos israelitas e ao Faraó. 

Após essa revelação, Moisés é enviado de volta ao Egito com seu irmão, Aarão (Harun em árabe), que é nomeado como seu assistente na missão de libertar os israelitas.

A fuga do Egito

Após receber sua missão divina na sarça ardente no Monte Sinai, Moisés é instruído por Deus a retornar ao Egito, junto com seu irmão Aarão, com a tarefa de libertar os israelitas da escravidão sob o Faraó. 

Moisés e Aarão se apresentam ao Faraó, pedindo-lhe que liberte os israelitas e advertindo-o sobre a punição divina caso se recuse. 

Para provar sua autoridade divina, Moisés realiza milagres, como transformar seu cajado em uma serpente e tornar sua mão branca e radiante, mas o Faraó, cujo coração é endurecido, recusa-se a libertar os israelitas. 

Em resposta, Deus envia uma série de pragas ao Egito, incluindo enchentes, infestações de gafanhotos, piolhos, sapos, água transformada em sangue, trevas e a morte dos primogênitos egípcios.

Após a última praga devastadora, o Faraó finalmente concorda em libertar os israelitas. No entanto, assim que eles partem, ele muda de ideia e persegue-os com seu exército. 

Quando Moisés e os israelitas chegam ao Mar Vermelho, encontram-se aparentemente presos entre o mar e o exército egípcio que se aproxima.

Diante dessa situação desesperadora, Moisés mostra uma fé inabalável em Deus. Por ordem divina, ele toca o Mar Vermelho com seu cajado, e Deus milagrosamente divide as águas, permitindo que os israelitas atravessem em terra seca. 

Quando o exército egípcio tenta segui-los, as águas retornam ao seu lugar, afogando-os e salvando os israelitas da perseguição.

Provações no deserto

As provações no deserto enfrentadas por Moisés e os israelitas após a fuga do Egito são um aspecto central da narrativa corânica.

Uma das primeiras provações enfrentadas pelos israelitas no deserto foi a escassez de água e alimentos. 

Acostumados com a relativa segurança e disponibilidade de recursos no Egito, mesmo sob a escravidão, eles se encontraram em um ambiente desolado, onde a sobrevivência parecia incerta. 

O Alcorão relata como Deus milagrosamente providenciou para eles, trazendo água de uma rocha e enviando maná e codornizes do céu para alimentá-los. 

Esses milagres são mencionados na Surata Al-Baqarah, demonstrando a misericórdia de Deus e a necessidade de confiança Nele.

"E cobrimos vocês com sombras e enviamos para vocês o maná e as codornizes, dizendo: 'Comam das boas coisas que lhes fornecemos.' E não nos prejudicaram, mas estavam prejudicando a si mesmos.

E quando dissemos: 'Entrem nesta cidade e comam à vontade do que nela há, e entrem pela porta prostrando-se e digam: "Perdão", perdoaremos seus erros e daremos mais aos que fazem o bem.'

Mas aqueles que fizeram o mal mudaram a palavra para algo que não havia sido dito a eles. Então, enviamos do céu um castigo sobre eles pela sua transgressão.

E quando Moisés pediu água para o seu povo, dissemos: 'Bata com o seu bastão na pedra.' E dela jorraram doze fontes; cada tribo soube onde beber. 'Comam e bebam do sustento de Deus, e não ajam mal na terra, causando corrupção.'" (Alcorão 2:57-60)

Durante a ausência de Moisés, quando ele foi receber as Tábuas da Lei no Monte Sinai, os israelitas foram submetidos a outra prova significativa.

Influenciados pelo desespero e por um homem maligno entre eles, eles criaram e adoraram um bezerro de ouro, desviando-se da adoração monoteísta estrita exigida por Deus. 

Este incidente é um exemplo claro de falha em manter a fé e a paciência. Quando Moisés retorna e vê o que aconteceu, ele repreende seu povo por sua incredulidade e idolatria, como relatado na Surata Al-Araf.

"E o povo de Moisés, depois dele, fez de seus enfeites um bezerro (um ídolo) de corpo que emitia um som. Não viram que ele não falava com eles, nem os guiava a um caminho? Eles o adotaram, e foram transgressores.

E quando caíram em suas mãos (arrependeram-se) e viram que tinham se desviado, disseram: 'Se o nosso Senhor não tiver misericórdia de nós e nos perdoar, certamente estaremos entre os perdidos.'

E quando Moisés retornou ao seu povo, irado e triste, disse: 'Que péssima sucessão vocês me deram na minha ausência! Apressaram-se em seguir os mandamentos de seu Senhor?' E ele jogou as Tábuas e pegou a cabeça de seu irmão, arrastando-o para si. [Aarão] disse: 'Filho de minha mãe, o povo me considerou fraco e quase me matou. Não faça com que os inimigos se regozijem sobre mim e não me coloque junto com o povo injusto.'" (Alcorão 7:148-150)

Ao longo de sua jornada pelo deserto, os israelitas frequentemente questionaram a liderança de Moisés e expressaram insatisfação com suas condições, ansiando pela "segurança" de sua vida anterior no Egito, apesar da escravidão. 

O Alcorão menciona várias instâncias em que os israelitas questionam Moisés sobre questões variadas, desde a demanda por alimentos específicos até desafios diretos à sua autoridade.

Moisés reconhece a gravidade do pecado cometido por seu povo e a necessidade de arrependimento sincero. 

Ele suplica a Deus pelo perdão dos israelitas, demonstrando a importância da intercessão profética e do arrependimento na fé islâmica. 

A resposta de Deus ao arrependimento sincero dos israelitas destaca a misericórdia e o perdão divinos, mesmo após um pecado grave como a idolatria.

Entre os israelitas que adoraram o bezerro de ouro, aqueles que persistiram na idolatria e se recusaram a arrepender-se enfrentaram punições. 

O Alcorão indica que um castigo foi imposto aos culpados, ressaltando a justiça divina e as consequências sérias da desobediência e da idolatria.

Moisés recebe as tábuas da lei

A entrega das Tábuas da Lei a Moisés e sua subsequente transmissão aos israelitas reafirmam a aliança entre Deus e Seu povo, orientando-os a seguir um caminho de retidão e obediência a Deus. 

Esta renovação é um tema central na missão profética de Moisés, embora não seja citada por uma passagem específica que detalhe a renovação após o retorno das tábuas.

"E escrevemos para ele nas tábuas de tudo uma mensagem de advertência e uma explicação detalhada de todas as coisas. 'Toma-as, portanto, com firmeza e ordena ao teu povo que tome as melhores delas. Eu vos mostrarei a morada dos iníquos.'" (Alcorão 7:145)

Após serem testemunhas de vários milagres e do poder divino, alguns israelitas ainda sentiam a necessidade de uma prova mais concreta da existência de Deus. 

Eles se aproximam de Moisés e pedem-lhe que os faça ver Deus abertamente, esperando que tal visão direta eliminasse quaisquer dúvidas restantes em seus corações.

A resposta a este pedido é narrada na Surata Al-Baqarah, onde Deus revela:

"E [recordai-vos de] quando dissestes: 'Ó Moisés, nunca creremos em ti até que vejamos Deus abertamente,' então o trovão vos atingiu enquanto olháveis."  (Alcorão 2:55)

O resultado desse pedido foi que os israelitas foram atingidos por um trovão, levando à morte daqueles que haviam feito a exigência. 

Esse evento serve como um forte lembrete da transcendência de Deus e da inapropriada natureza humana de tentar impor limites ou condições à fé. 

Moisés, então, ora por seu povo, e Deus, em Sua infinita misericórdia, ressuscita os mortos, permitindo-lhes uma nova chance de arrependimento e fé verdadeira.

Moisés e Khidr
O encontro entre Moisés e Al-Khidr é uma das narrativas mais fascinantes e instrutivas no Alcorão, detalhada na Surata Al-Kahf (18:65-82). 

Este encontro é rico em simbolismo e lições espirituais, abordando temas como o conhecimento divino, a paciência, e a compreensão dos decretos de Deus, que muitas vezes estão além da compreensão humana.

A história começa quando Moisés afirma aos israelitas que é o mais sábio dos homens. 

Deus, querendo ensinar a Moisés uma lição de humildade e a natureza relativa do conhecimento humano, informa-o sobre a existência de Al-Khidr, um servo de Deus dotado de conhecimento especial. 

Moisés, então, parte em uma jornada para encontrar Al-Khidr, acompanhado por seu servo, levando um peixe em uma cesta como sinal de seu encontro.

Ao chegar ao local onde deveriam encontrar Al-Khidr, o peixe milagrosamente dá um salto para fora da cesta e entra no mar, o que serve como o sinal de Deus para Moisés de que encontrou a pessoa que buscava. 

Moisés encontra Al-Khidr e pede para acompanhá-lo para aprender de sua sabedoria especial.

Al-Khidr adverte Moisés que não conseguiria suportar pacientemente o que veria, pois não compreenderia as ações que seriam tomadas sob a orientação divina. 

Moisés promete paciência, e eles embarcam juntos em uma jornada durante a qual Al-Khidr realiza três ações aparentemente inexplicáveis e perturbadoras:

  1. Dano a uma embarcação: Al-Khidr faz um buraco em um barco que pertencia a alguns pobres pescadores.
  2. Morte de um jovem: Al-Khidr mata um jovem aparentemente sem motivo.
  3. Reparação de um muro em ruínas: Al-Khidr repara um muro que estava prestes a cair em uma vila cujos habitantes se recusaram a oferecer hospitalidade a eles.

Após cada um desses atos, Moisés questiona Al-Khidr, incapaz de conter sua confusão e surpresa, até que finalmente Al-Khidr decide revelar as razões por trás de suas ações:

  1. O barco foi danificado para protegê-lo de um rei tirano que estava apreendendo todas as embarcações intactas.
  2. O jovem foi morto porque sua conduta futura traria desgraça e sofrimento para seus pais crentes, e Deus desejava substituí-lo por uma criança melhor e mais pura.
  3. O muro foi reparado para proteger um tesouro escondido pertencente a dois órfãos na vila, cujo pai era um homem justo, garantindo que eles pudessem reivindicá-lo quando crescessem.

Conclusão

A história de Moisés (Musa) no Islam é uma das mais ricas e detalhadas narrativas entre os profetas mencionados no Alcorão. 

Sua vida exemplifica temas centrais da fé islâmica, incluindo a obediência a Deus, a paciência diante das provações, e a importância do arrependimento e do perdão divino. 

Desde seu nascimento milagroso e preservação da tirania do Faraó, passando por sua missão de libertar os israelitas da escravidão no Egito, até a entrega das Tábuas da Lei e seus encontros com Al-Khidr, a vida de Moisés está repleta de lições sobre confiança, fé e submissão à vontade divina.

Os milagres realizados por Deus através de Moisés, incluindo a divisão do Mar Vermelho e o brotar de água da pedra, destacam o poder divino e a provisão para aqueles em necessidade. 

A história do bezerro de ouro e a subsequente expiação dos israelitas demonstram a gravidade da idolatria e a importância do arrependimento sincero.

Moisés é venerado não apenas como um grande profeta, mas também como um eterno exemplo de como viver uma vida dedicada a cumprir a vontade de Deus.

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