No Islam, Moisés, conhecido como Musa em árabe, é um dos profetas mais venerados e frequentemente mencionados no Alcorão.
Sua história, que compartilha muitas semelhanças com a tradição judaico-cristã, é essencial para entender a mensagem islâmica de fé, obediência e libertação.
Moisés é celebrado por sua missão divina de libertar os israelitas da opressão no Egito, enfrentando o Faraó com coragem e firmeza.
Ele também recebeu a revelação da Torá, que contém mandamentos fundamentais para a conduta moral e espiritual.
No contexto islâmico, Moisés é um exemplo de perseverança na fé, paciência frente às adversidades e zelo pela justiça de Deus, características que o tornam um modelo para os muçulmanos.
Seu papel como um mensageiro de Deus, que enfrentou provações e desafios em sua missão, é frequentemente citado para ilustrar a importância da confiança em Deus e da resiliência diante das dificuldades.
Quando o Faraó ordenou a morte de todos os recém-nascidos israelitas do sexo masculino para evitar a perda de seu trono para um israelita, como previsto em uma profecia, a mãe de Moisés foi inspirada por Deus a tomar uma ação corajosa para salvar seu filho.
Deus revelou a ela que deveria colocar Moisés em uma cesta e lançá-lo ao rio, prometendo protegê-lo e devolvê-lo a ela. Este evento é detalhado no Alcorão, especificamente em Surata Al-Qasas, onde Deus diz:
"E inspiramos à mãe de Moisés: 'Amamenta-o; e quando temeres por ele, lança-o ao rio e não temas, nem te entristeças, pois Nós o devolveremos a ti e faremos dele um dos Nossos mensageiros.'" (28:7)
Após ser lançado ao rio, Moisés é encontrado pela família do Faraó. A esposa do Faraó, que não tinha filhos, convence o marido a adotar Moisés como seu próprio filho, sem saber de sua origem israelita.
Deus guia a situação de tal maneira que, quando Moisés precisou ser amamentado, nenhuma das mulheres egípcias conseguia acalmá-lo.
Foi então que a irmã de Moisés, que o seguia secretamente, sugeriu que conhecia uma mulher capaz de amamentá-lo.
Assim, a própria mãe de Moisés foi chamada para amamentá-lo, e ele aceitou, cumprindo a promessa divina de devolver Moisés à sua mãe até que ele crescesse.
Moisés intercede em uma briga entre um homem da sua própria comunidade, os israelitas, e um egípcio. Buscando proteger o israelita, Moisés atinge o egípcio.
A força do golpe, no entanto, é suficiente para matar o homem, um ato que Moisés não tinha intenção de cometer. Este evento é descrito no Alcorão na Surata Al-Qasas:
"E entrou na cidade em um momento de inatenção de seus habitantes e encontrou dois homens brigando: este era de seu partido, e aquele era de seus inimigos. E o que era de seu partido pediu-lhe ajuda contra o que era de seus inimigos, então Moisés o golpeou com o punho e o matou. [Moisés] disse: 'Isso é obra de Satanás; ele é um inimigo, desencaminhador manifestamente.'" (28:15)
Após perceber o que havia feito e reconhecer o erro, Moisés expressa remorso e pede perdão a Deus por seu ato, o que é também abordado no Alcorão.
Ele reconhece sua necessidade de misericórdia divina, um tema recorrente na sua história que ressalta a importância do arrependimento e da confiança na misericórdia de Deus.
A morte do egípcio por Moisés o coloca em uma situação perigosa, pois ele se torna um fugitivo ao perceber que as autoridades egípcias o estavam procurando para puni-lo.
Ao chegar em Midiã, Moisés encontra duas mulheres à margem de um poço, esperando para dar água aos seus rebanhos.
Diferentemente dos outros pastores que se aglomeravam ao redor do poço, estas mulheres se mantinham à distância.
Sensibilizado por sua situação, Moisés ajuda-as, retirando água para seus rebanhos. Esse ato de bondade é mencionado no Alcorão, na Surata Al-Qasas :
"Quando ele chegou às águas de Midiã, encontrou um grupo de pessoas dando de beber (aos seus rebanhos), e encontrou, além deles, duas mulheres afastando (os seus rebanhos). Ele disse: 'O que há com vocês duas?' Elas disseram: 'Não podemos dar de beber (aos nossos rebanhos) até que os pastores retirem (seus rebanhos) e nosso pai é um velho homem.' Então ele deu de beber (aos rebanhos) por elas. Então, ele se voltou para a sombra e disse: 'Meu Senhor, estou em necessidade de qualquer bem que envies a mim.'" (28:23-24)
Impressionado por sua força e caráter, o pai das mulheres, que é identificado como um homem justo e possivelmente um profeta, Shuaib, oferece hospitalidade a Moisés e propõe que ele se case com uma de suas filhas em troca de trabalhar para ele por um período de oito a dez anos.
Moisés aceita a oferta, casando-se e trabalhando como pastor, um período que o prepara para sua futura missão profética.
O evento mais significativo durante a estadia de Moisés em Midiã é seu encontro com Deus através da sarça ardente. Enquanto pastoreava o rebanho de seu sogro, Moisés avista uma fogueira na montanha de Horeb (monte Sinai) e se aproxima para investigar.
Deus chama Moisés da sarça ardente, revelando Sua presença e incumbindo Moisés com a missão de retornar ao Egito para libertar os israelitas da opressão. Este momento é narrado na Surata Ta-Ha:
"Quando viu uma fogueira e disse à sua família: 'Permanecei aqui; eu percebi uma fogueira; talvez eu vos traga dela alguma informação ou uma brasa da fogueira, para que vos aqueçais.' Mas quando chegou a ela, foi chamado pelo nome, do lado direito do vale, na área bendita, da árvore: 'Ó Moisés, Eu sou Deus, o Senhor dos mundos.'" (20:11-14)
Deus instrui Moisés a lançar seu cajado, que se transforma em uma serpente, e a colocar sua mão sob seu manto, que sai branca, como milagres para provar a verdade de sua missão aos israelitas e ao Faraó.
Após essa revelação, Moisés é enviado de volta ao Egito com seu irmão, Aarão (Harun em árabe), que é nomeado como seu assistente na missão de libertar os israelitas.
Após receber sua missão divina na sarça ardente no Monte Sinai, Moisés é instruído por Deus a retornar ao Egito, junto com seu irmão Aarão, com a tarefa de libertar os israelitas da escravidão sob o Faraó.
Moisés e Aarão se apresentam ao Faraó, pedindo-lhe que liberte os israelitas e advertindo-o sobre a punição divina caso se recuse.
Para provar sua autoridade divina, Moisés realiza milagres, como transformar seu cajado em uma serpente e tornar sua mão branca e radiante, mas o Faraó, cujo coração é endurecido, recusa-se a libertar os israelitas.
Em resposta, Deus envia uma série de pragas ao Egito, incluindo enchentes, infestações de gafanhotos, piolhos, sapos, água transformada em sangue, trevas e a morte dos primogênitos egípcios.
Após a última praga devastadora, o Faraó finalmente concorda em libertar os israelitas. No entanto, assim que eles partem, ele muda de ideia e persegue-os com seu exército.
Quando Moisés e os israelitas chegam ao Mar Vermelho, encontram-se aparentemente presos entre o mar e o exército egípcio que se aproxima.
Diante dessa situação desesperadora, Moisés mostra uma fé inabalável em Deus. Por ordem divina, ele toca o Mar Vermelho com seu cajado, e Deus milagrosamente divide as águas, permitindo que os israelitas atravessem em terra seca.
Quando o exército egípcio tenta segui-los, as águas retornam ao seu lugar, afogando-os e salvando os israelitas da perseguição.
As provações no deserto enfrentadas por Moisés e os israelitas após a fuga do Egito são um aspecto central da narrativa corânica.
Uma das primeiras provações enfrentadas pelos israelitas no deserto foi a escassez de água e alimentos.
Acostumados com a relativa segurança e disponibilidade de recursos no Egito, mesmo sob a escravidão, eles se encontraram em um ambiente desolado, onde a sobrevivência parecia incerta.
O Alcorão relata como Deus milagrosamente providenciou para eles, trazendo água de uma rocha e enviando maná e codornizes do céu para alimentá-los.
Esses milagres são mencionados na Surata Al-Baqarah, demonstrando a misericórdia de Deus e a necessidade de confiança Nele.
"E cobrimos vocês com sombras e enviamos para vocês o maná e as codornizes, dizendo: 'Comam das boas coisas que lhes fornecemos.' E não nos prejudicaram, mas estavam prejudicando a si mesmos.
E quando dissemos: 'Entrem nesta cidade e comam à vontade do que nela há, e entrem pela porta prostrando-se e digam: "Perdão", perdoaremos seus erros e daremos mais aos que fazem o bem.'
Mas aqueles que fizeram o mal mudaram a palavra para algo que não havia sido dito a eles. Então, enviamos do céu um castigo sobre eles pela sua transgressão.
E quando Moisés pediu água para o seu povo, dissemos: 'Bata com o seu bastão na pedra.' E dela jorraram doze fontes; cada tribo soube onde beber. 'Comam e bebam do sustento de Deus, e não ajam mal na terra, causando corrupção.'" (Alcorão 2:57-60)
Durante a ausência de Moisés, quando ele foi receber as Tábuas da Lei no Monte Sinai, os israelitas foram submetidos a outra prova significativa.
Influenciados pelo desespero e por um homem maligno entre eles, eles criaram e adoraram um bezerro de ouro, desviando-se da adoração monoteísta estrita exigida por Deus.
Este incidente é um exemplo claro de falha em manter a fé e a paciência. Quando Moisés retorna e vê o que aconteceu, ele repreende seu povo por sua incredulidade e idolatria, como relatado na Surata Al-Araf.
"E o povo de Moisés, depois dele, fez de seus enfeites um bezerro (um ídolo) de corpo que emitia um som. Não viram que ele não falava com eles, nem os guiava a um caminho? Eles o adotaram, e foram transgressores.
E quando caíram em suas mãos (arrependeram-se) e viram que tinham se desviado, disseram: 'Se o nosso Senhor não tiver misericórdia de nós e nos perdoar, certamente estaremos entre os perdidos.'
E quando Moisés retornou ao seu povo, irado e triste, disse: 'Que péssima sucessão vocês me deram na minha ausência! Apressaram-se em seguir os mandamentos de seu Senhor?' E ele jogou as Tábuas e pegou a cabeça de seu irmão, arrastando-o para si. [Aarão] disse: 'Filho de minha mãe, o povo me considerou fraco e quase me matou. Não faça com que os inimigos se regozijem sobre mim e não me coloque junto com o povo injusto.'" (Alcorão 7:148-150)
Ao longo de sua jornada pelo deserto, os israelitas frequentemente questionaram a liderança de Moisés e expressaram insatisfação com suas condições, ansiando pela "segurança" de sua vida anterior no Egito, apesar da escravidão.
O Alcorão menciona várias instâncias em que os israelitas questionam Moisés sobre questões variadas, desde a demanda por alimentos específicos até desafios diretos à sua autoridade.
Moisés reconhece a gravidade do pecado cometido por seu povo e a necessidade de arrependimento sincero.
Ele suplica a Deus pelo perdão dos israelitas, demonstrando a importância da intercessão profética e do arrependimento na fé islâmica.
A resposta de Deus ao arrependimento sincero dos israelitas destaca a misericórdia e o perdão divinos, mesmo após um pecado grave como a idolatria.
Entre os israelitas que adoraram o bezerro de ouro, aqueles que persistiram na idolatria e se recusaram a arrepender-se enfrentaram punições.
O Alcorão indica que um castigo foi imposto aos culpados, ressaltando a justiça divina e as consequências sérias da desobediência e da idolatria.
A entrega das Tábuas da Lei a Moisés e sua subsequente transmissão aos israelitas reafirmam a aliança entre Deus e Seu povo, orientando-os a seguir um caminho de retidão e obediência a Deus.
Esta renovação é um tema central na missão profética de Moisés, embora não seja citada por uma passagem específica que detalhe a renovação após o retorno das tábuas.
"E escrevemos para ele nas tábuas de tudo uma mensagem de advertência e uma explicação detalhada de todas as coisas. 'Toma-as, portanto, com firmeza e ordena ao teu povo que tome as melhores delas. Eu vos mostrarei a morada dos iníquos.'" (Alcorão 7:145)
Após serem testemunhas de vários milagres e do poder divino, alguns israelitas ainda sentiam a necessidade de uma prova mais concreta da existência de Deus.
Eles se aproximam de Moisés e pedem-lhe que os faça ver Deus abertamente, esperando que tal visão direta eliminasse quaisquer dúvidas restantes em seus corações.
A resposta a este pedido é narrada na Surata Al-Baqarah, onde Deus revela:
"E [recordai-vos de] quando dissestes: 'Ó Moisés, nunca creremos em ti até que vejamos Deus abertamente,' então o trovão vos atingiu enquanto olháveis." (Alcorão 2:55)
O resultado desse pedido foi que os israelitas foram atingidos por um trovão, levando à morte daqueles que haviam feito a exigência.
Esse evento serve como um forte lembrete da transcendência de Deus e da inapropriada natureza humana de tentar impor limites ou condições à fé.
Moisés, então, ora por seu povo, e Deus, em Sua infinita misericórdia, ressuscita os mortos, permitindo-lhes uma nova chance de arrependimento e fé verdadeira.
A história começa quando Moisés afirma aos israelitas que é o mais sábio dos homens.
Deus, querendo ensinar a Moisés uma lição de humildade e a natureza relativa do conhecimento humano, informa-o sobre a existência de Al-Khidr, um servo de Deus dotado de conhecimento especial.
Moisés, então, parte em uma jornada para encontrar Al-Khidr, acompanhado por seu servo, levando um peixe em uma cesta como sinal de seu encontro.
Ao chegar ao local onde deveriam encontrar Al-Khidr, o peixe milagrosamente dá um salto para fora da cesta e entra no mar, o que serve como o sinal de Deus para Moisés de que encontrou a pessoa que buscava.
Moisés encontra Al-Khidr e pede para acompanhá-lo para aprender de sua sabedoria especial.
Al-Khidr adverte Moisés que não conseguiria suportar pacientemente o que veria, pois não compreenderia as ações que seriam tomadas sob a orientação divina.
Moisés promete paciência, e eles embarcam juntos em uma jornada durante a qual Al-Khidr realiza três ações aparentemente inexplicáveis e perturbadoras:
Após cada um desses atos, Moisés questiona Al-Khidr, incapaz de conter sua confusão e surpresa, até que finalmente Al-Khidr decide revelar as razões por trás de suas ações:
A história de Moisés (Musa) no Islam é uma das mais ricas e detalhadas narrativas entre os profetas mencionados no Alcorão.
Sua vida exemplifica temas centrais da fé islâmica, incluindo a obediência a Deus, a paciência diante das provações, e a importância do arrependimento e do perdão divino.
Desde seu nascimento milagroso e preservação da tirania do Faraó, passando por sua missão de libertar os israelitas da escravidão no Egito, até a entrega das Tábuas da Lei e seus encontros com Al-Khidr, a vida de Moisés está repleta de lições sobre confiança, fé e submissão à vontade divina.
Os milagres realizados por Deus através de Moisés, incluindo a divisão do Mar Vermelho e o brotar de água da pedra, destacam o poder divino e a provisão para aqueles em necessidade.
A história do bezerro de ouro e a subsequente expiação dos israelitas demonstram a gravidade da idolatria e a importância do arrependimento sincero.
Moisés é venerado não apenas como um grande profeta, mas também como um eterno exemplo de como viver uma vida dedicada a cumprir a vontade de Deus.
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