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Noé: A História de um Profeta Islâmico

Conheça a história de Noé no Islam: desde sua pregação contra a idolatria, a construção da arca, o grande dilúvio até a salvação dos fiéis e animais.
  • Noé é considerado um dos profetas mais importantes no Islam, conhecido como Nuh, enviado para advertir seu povo sobre a adoração de ídolos e convocá-los ao monoteísmo.
  • Após seu povo rejeitar suas advertências, Deus ordena a Noé que construa uma arca para salvar a si mesmo, sua família (exceto aqueles que descrentes) e casais de cada espécie animal do dilúvio vindouro.
  • O dilúvio é um castigo divino para a humanidade descrente, e a arca de Noé aterra no monte Judi, segundo a tradição islâmica, marcando o fim do dilúvio.
  • Noé é frequentemente citado no Alcorão como exemplo de perseverança, obediência a Deus e como um "mensageiro para os descrentes", com sua história servindo de lição para a humanidade.

No Islam, Noé (conhecido em árabe como Nuh) é considerado um dos profetas mais importantes, sendo mencionado várias vezes no Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. 

Noé é reverenciado por sua profunda devoção a Deus, sua paciência e perseverança diante da adversidade, e por seu papel como um mensageiro divino enviado para advertir seu povo da iminente punição divina devido à sua descrença e má conduta.

De acordo com as tradições islâmicas, Noé viveu em uma época em que a sociedade estava mergulhada na idolatria e na imoralidade. 

Ele pregou a mensagem de Deus por um longo período, mas apesar de seus esforços, apenas um pequeno grupo de pessoas acreditou em sua mensagem e seguiu-o.

Deus, então, ordenou a Noé que construísse uma arca para salvar a si mesmo, aos crentes e a pares de todas as espécies de animais de um grande dilúvio que destruiria os descrentes. 

A história do dilúvio é semelhante em muitos aspectos à narrativa encontrada na tradição judaico-cristã, com algumas diferenças nos detalhes e ênfases.

A Pregação Inicial de Noé

Noé viveu em uma sociedade idólatra, onde as pessoas adoravam vários deuses e se entregavam a práticas imorais. 

Ele foi escolhido por Deus para ser Seu mensageiro para essas pessoas, incumbido de adverti-las sobre as consequências de suas descrenças e más ações e de convidá-las ao monoteísmo — a adoração exclusiva de Allah (Deus).

No período inicial da pregação de Noé, que durou impressionantes 950 anos, o povo de Noé adorava ídolos, uma prática que havia sido passada de geração em geração. 

Eles construíram estátuas e dedicaram-lhes culto, acreditando que esses ídolos poderiam trazer-lhes benefícios ou afastar o mal. 

O Alcorão menciona especificamente os nomes de alguns desses ídolos: "E disseram: 

'Não abandonem os seus deuses e não abandonem Wadd, nem Suwa, nem Yaghuth, Yauq e Nasr'" (Alcorão 71:23). 

Esses ídolos representavam diversas divindades associadas a diferentes aspectos da vida e da natureza, refletindo a profundidade da idolatria entre o povo.

Noé apelou ao seu povo para que se voltasse para a adoração do único Deus, Allah. 

Ele advertiu-os sobre as graves consequências de sua descrença e sobre o castigo que poderia se abater sobre eles se continuassem em seu caminho. 

"E, certamente, enviamos Noé ao seu povo, e ele disse: 'Ó meu povo, adorai a Allah, não tendes outro deus além d’Ele. Certamente, eu temo por vós o castigo de um Dia doloroso'" (Alcorão 7:59).

Apesar de sua mensagem clara e dos seus esforços incansáveis, o povo de Noé rejeitou suas advertências, respondendo com zombaria e desdém. 

Eles se recusaram a abandonar seus deuses e a ouvir Noé, questionando sua sanidade e o acusando de ser apenas um homem comum, tentando se destacar entre eles: 

"E os líderes do seu povo, que não creram, disseram: 'Este não é senão um homem como vós, que deseja ter superioridade sobre vós'" (Alcorão 23:24).

Noé não se deixou desanimar pela rejeição e continuou sua missão com determinação, dia e noite, em segredo e em público, sempre buscando diferentes maneiras de alcançar seu povo. 

"Meu Senhor, eu chamei meu povo, noite e dia, mas meu chamado só aumentou sua fuga [de Ti]" (Alcorão 71:5). 

No entanto, apenas alguns responderam ao seu chamado, enquanto a maioria permaneceu firme em sua rejeição e descrença.

Ao final dos 950 anos de pregação, com o povo de Noé ainda imerso em suas práticas idólatras e tendo rejeitado totalmente sua mensagem, Deus revelou a Noé que nenhum outro de seu povo acreditaria além daqueles que já haviam crido. 

Foi então que Deus ordenou a Noé que construísse a arca, preparando-se para o dilúvio que exterminaria os descrentes, marcando o fim de um período extenso de pregação caracterizado pela paciência e resiliência de Noé frente à obstinada descrença de seu povo.

Construção da Arca

Após ser informado de que nenhum outro de seu povo acreditaria além daqueles que já haviam crido, Noé recebeu instruções divinas para construir a arca, um comando que marcaria o início de uma nova fase para a humanidade.

Deus instruiu Noé a construir a arca sob a Sua orientação, enfatizando que a construção deveria ocorrer sob a observação e com a ajuda divinas. 

O Alcorão relata: 

"E foi revelado a Noé: 'Nenhum dos teus povo crerá, além daqueles que já creram. 

Não te entristeças, pois, pelo que costumavam fazer. E constrói a arca sob Nossos olhos e segundo a Nossa revelação; e não Me dirijas a palavra em favor dos injustos, porque eles serão afogados'" (Alcorão 11:36-37). 

Esta passagem sublinha que a construção não era apenas um ato de preservação física, mas também um ato de fé e submissão à vontade de Deus.

Durante a construção da arca, Noé enfrentou zombaria e desprezo por parte dos descrentes. 

Eles se maravilhavam de que ele construísse uma grande embarcação em terra seca, longe de qualquer corpo de água. 

"E cada vez que chefes de seu povo passavam por ele, zombavam dele. Ele disse: 'Se zombais de nós, assim como zombamos, zombareis de vós mesmos'" (Alcorão 11:38). 

Esta troca ilustra a profunda desconexão entre Noé e seu povo; enquanto eles viam a construção da arca como motivo de escárnio, Noé permanecia firme em sua missão e fé.

Embora o Alcorão não entre em detalhes específicos sobre as dimensões ou o design exato da arca, é enfatizado que sua construção foi realizada de acordo com a orientação divina, o que implica que possuía todas as especificações necessárias para abrigar Noé, sua família (exceto aqueles que não creram), e casais de todas as espécies de animais. 

O propósito da arca era claro: servir como meio de salvação para os crentes e para a continuidade da vida na Terra após o dilúvio.

Quando a arca foi concluída, Noé foi comandado a embarcar nela com sua família e os crentes, junto com casais de cada espécie animal. 

"Até que, quando veio a Nossa ordem e o forno transbordou, dissemos: 'Carrega nela um casal de cada [espécie], tua família – exceto aquele contra quem a palavra já foi pronunciada – e os que creram.' E não creram com ele senão poucos" (Alcorão 11:40). 

O Dilúvio

O Alcorão descreve o dilúvio como uma inundação abrangente, que cobriu a terra e destruiu os descrentes. 

"E assim, abrimos os portões do céu com água torrencial e fizemos a terra jorrar fontes, e as águas se encontraram para um assunto já decretado." (Alcorão 54:11-12). 

Esta descrição enfatiza a escala do dilúvio, que não foi um evento localizado, mas uma punição abrangente que afetou toda a região habitada pelos descrentes.

Noé, sua família (exceto aqueles que se recusaram a acreditar), e os crentes foram salvos na arca, junto com casais de todas as espécies de animais. 

O Alcorão relata este momento da seguinte maneira: 

"E foi dito: 'Ó terra, engole tua água, e ó céu, cessa [tua chuva]!' E a água foi absorvida, e o assunto foi concluído, e a arca repousou sobre o [Monte] Judi, e foi dito: 'Afastamento para o povo injusto.'" (Alcorão 11:44). 

Este versículo marca o fim do dilúvio e o início de uma nova era para a humanidade.

O fim do dilúvio é marcado pelo encalhe da arca de Noé no monte Judi, que é distinto do monte Ararat mencionado em outras tradições. 

Esse evento simboliza o término do castigo divino sobre os descrentes e o início de uma nova era para a humanidade, com os seguidores fiéis de Noé e os casais de cada espécie viva que estavam na arca repovoando a Terra, estabelecendo a continuidade da adoração a Deus na forma monoteísta.

O Filho Idólatra de Noé

Uma das partes mais emocionantes e frequentemente citadas da história de Noé no Alcorão envolve a descrição de um de seus filhos, que se recusou a embarcar na arca e escolheu permanecer entre os descrentes, levando a sua eventual perdição. 

Esta história é relatada na surata Hud (11:42-43), onde, enquanto Noé estava embarcando na arca com os crentes, ele viu seu filho e o chamou para se juntar a eles, advertindo sobre o dilúvio iminente. 

O filho, no entanto, respondeu que buscaria refúgio em uma montanha, acreditando que isso o salvaria da água. 

Noé tentou convencer seu filho da inutilidade de tal refúgio diante do decreto divino, mas sem sucesso. 

O Alcorão relata este triste momento com as palavras: "E a onda os separou, e ele estava entre os afogados."

Após o dilúvio, Noé, angustiado pelo destino de seu filho, invocou a Allah, questionando sobre seu filho, a quem ele considerava parte de sua família.

 

Noé disse: "Meu Senhor, certamente meu filho é parte da minha família, e Tua promessa é verdadeira, e Tu és o mais justo dos juízes" (Alcorão 11:45). 

Foi então que Deus repreendeu Noé, lembrando-lhe que seu filho havia agido iniquamente e, portanto, não deveria ser considerado parte de sua família espiritual: "Ó Noé, ele não é da tua família; na verdade, ele é [a personificação de] uma conduta não reta. Portanto, não Me peças o que não tens conhecimento. 

Eu te admoesto para que não estejas entre os ignorantes" (Alcorão 11:46).

Conclusão

A figura de Noé no Islam é emblemática, representando não apenas um dos primeiros mensageiros de Deus, mas também um exemplo quintessencial de fé, obediência, perseverança e resiliência diante da adversidade. 

A história de Noé, conforme narrada no Alcorão, oferece lições profundas sobre a natureza da fé, a importância da admoestação divina e a realidade do juízo divino.

Noé é apresentado como um modelo de fé inabalável e obediência a Deus. 

Sua determinação em cumprir a missão divina, apesar da rejeição persistente de seu povo e da zombaria enfrentada, destaca a importância de manter a fé mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras. 

A construção da arca, uma tarefa que parecia ilógica aos olhos dos descrentes, simboliza a essência da verdadeira fé: confiança completa e submissão à vontade de Deus, mesmo quando os comandos divinos transcendem a compreensão humana.

A paciência de Noé, pregando por 950 anos, reflete a paciência de Deus com Seus servos, dando-lhes ampla oportunidade para se arrependerem e retornarem ao caminho reto. 

O dilúvio, consequentemente, serve como um lembrete severo das implicações da desobediência e da descrença, bem como da justiça divina.

A narrativa do filho descrente de Noé introduz uma reflexão sobre a natureza das relações familiares em contraste com a fé. 

Ensina que os laços de fé podem superar os laços de sangue e que a verdadeira família na fé é aquela unida pela obediência a Deus. 

Esta parte da história de Noé destaca a difícil verdade de que a fé é uma escolha pessoal e que nem todos os membros da família podem escolher o caminho da crença.

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