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Respondendo ao texto intitulado ”A Seita Desviada Dos Sufis”

Ele começa:

”A palavra “Sufismo” não era conhecido na época do Profeta Muhammad(Salla’Allahu Alayhi wa Salam)ou dos sahaabah ou o taabi’in(Seguidores dos Sahabah). Ele surgiu no momento em que um grupo de ascetas que usava lã(Sufi)surgiu, e este nome foi dado a eles. Foi também dito que o nome foi tirado da palavra ” Sofiya ” (” Sophia “) que significa ” sabedoria ” em grego. A palavra não é derivado de al-‘Safa ( ” pureza ” ) como alguns deles também dizem, porque o adjetivo derivado de ” Safa é safaa’ I, não Sofi(Sufi).”

Resposta: Mas isto é obvio, pois nem o profeta, nem os sahabas, nem os tabi’in eram nativos de Portugal, portanto o termo “sufismo” (em português) mais que logicamente era desconhecido por eles. Na verdade, a palavra “sufismo” em si tem por volta de 200 anos de idade, e suas origens nos escritos de orientalistas europeus que pensaram ter descoberto uma “teosofia panteísta persa” ao lerem suas pobres traduções de Muḥammad Hāfez e Musharrif ud-Dîn Sa’adi, que lhes levou a inventar o termo “sufismus” para definir a tradição islâmica milenar do “tassawuf” ou “ihsan”.

A suposta origem grega do termo já é uma tentativa de orientalistas posteriores para dissociar tal ciência do Islã, atribuindo a ela uma origem na filosofia greco-romana; e é incrível a maneira como salafis e orientalistas trabalham quase que incansavelmente há mais de dois séculos para fazer do Islã o que eles ensejam: uma religião rasa, barbara do deserto desprovida de qualquer tradição mistica ou intelectual. Não há qualquer conexão entre o “tassawuf” e a “sofiya” grega na tradição islâmica do tassawuf, porém, a primeira virá a se expressar no que é conhecido como “falsafa” ou “filosofia islâmica”, algo completamente diferente de “tassawuf”: vulgarmente chamado hoje em dia de sufismo por influencia europeia (nada de errado com o uso do termo, mas é preciso saber suas origens para não cair no ”conto do vigario”, neste caso, no do ”salaf-frário”).

Mas há sim na tradição islâmica o termo “sufi”, e ele está presente em diversas fontes primárias medievais e tratados teológicos, Então qual suas origens? O “tassawuf” que é um verbo, e não uma afiliação para qual o individuo adere, refere-se a pratica de “zuhud” ou ascetismo, e sua origem vem do termo “lã” ou “suff’ em árabe, considerado um tipo de tecido associado a pobreza ou humildade. Nos primeiros séculos do Islã, na geração composta pelos tabi’in (que nosso crítico desonestamente disse não ter conhecido o “sufismo”) já temos a figura do erudito Abū Sulaymān al-Dārānī que disse: “Usar lã é a maneira pela qual se esmaga o ego”, ou seja, nas primeiras geração de muçulmanos, conhecida como os ”salaf”, o uso do “suff” (lã) era tido como sinal humildade daqueles que estavam completamente focados em suas vidas no abandono dos desejos terrenos e apego a recordação divina metologicamente ensinada. Daí surgi o termo “tassawuf”, posteriormente associado ao ”sufismo”, e ”sufi” para aqueles que se vestiam de lã em busca desta prática.

E continua:
”Os primeiros sufis diferia do mais tarde sufis que espalham Bid’Ah(Inovação)em maior escala e fez fugir da Sunnah em ambas pequenas e grandes formas banais entre o povo, bem como contra as inovações que o Mensageiro de ALLAH(que a paz e as bênçãos de ALLAH estejam sobre ele)Avisou-nos quando ele disse: “Cuidado com as coisas recém-inventado, pois cada coisa recém-inventado é uma inovação e cada inovação é um extravio(desvio).”
(Tirmidhi)

Resposta:
Disse Rumi, um dos maiores expentes sheykhs sufis de todos os tempos: ‘’Sou servo do Alcorão enquanto estou vivo, Sou a poeira no caminho de Muhammad, o Escolhido, Se alguém narra algo de mim exceto isso, Não sou dele e ultrajo suas palavras.’’

Um dos princípios mais básicos do tassawuf, ensinado por todas as tariqas ortodoxas do mundo é “tiba’i sunnah”, ou seja, “seguir o procedimento do profeta”. Não há sufismo (que agora já etimologicamente explicado, será utilizado) sem sunnah, e propor isto é no minimo desonestidade. Obviamente há grupos sufis heterodoxos para os quais práticas não conformes com a shariah são norma, contudo, propor a totalidade das ordens sufis como uma massa homogênea de indivíduos que seguem unicamente as mesmas práticas e principios é pura loucura ou desonestidade intelectual. Há sim grupos sufis desviados que não seguem a sunnah e muitas inovações, como há hadiths inventados, fatwas emitidas para justificar ações erradas de governantes e todo tipo de distorção dos ensinamentos islâmicos associados a muitas de suas ciências pelos mais diversos fatores. Mas alguém em sã consciência chamaria as ciências do usul, fiqh, hadith e demais de desvio ou inovação por haverem desviados e inovadores dentre aqueles que afirmam estuda-las? Obviamente não. Portanto o mesmo vale para a ciência do sufismo.

E ele continua:

”O seguinte é uma comparação entre as crenças e rituais do sufismo e o islamismo que é baseado no Alcorão e na Sunnah. Sufismo tem numerosos ramos ou tareeqahs, tais como a teejaniyyah, qaadiriyyah, naqshbandiyyah, shaadhiliyyah, rifa ‘ Iyah, etc., os seguidores de que todos afirmam que sua especial tareeqah está no caminho da verdade, enquanto os outros estão seguindo a falsidade.

ALLAH(diz (interpretação do significado):

“… e não ser de al-Mushrikun(os incrédulos, idólatras,politeístas , etc), que separam a sua religião, e se dividiram em seitas, jubiloso cada partido com o que tem.”(i.e.quem deixou a verdadeira senda, e tornou-se inovador[E eles inventaram coisas novas na religião(Bid’ah)e seguiram os seus caprichos]” Al Corão(30:31,32)

Resposta: Neste trecho ele faz o que todo bom salafi faz, que é aplicar fora do contexto os versículos que Allah revelou sobre os incrédulos em muçulmanos. Este hábito é base das diretrizes salafistas. Mas o que disseram os sahabas sobre isso? Ibn Omar (رضي الله عنه), ao ser questionado por que considerava os Khawārij, a primeira seita heterodoxa da história do Islã, como as piores pessoas ele disse: “Pois, por certo, eles tomam versículos do Alcorão revelados para descrever os incrédulos e os aplicam sobre muçulmanos.”
Ao descrever as tariqas (ordens sufis) ele diz que elas se anatemizam umas as outras, algo que é totalmente inverídico. As diferentes tariqas existem pela variedade de metodologias pelas quais sheykhs sufis ensinaram seus alunos, e só. Não há acusação de heresia por membro de tais tariqas, ainda mais pelos quais ele sitou, as maiores e todas estritamente ortodoxas. Pois ao contrario do salafismo, as tariqas não são seitas de salvação que chamam outras de desviadas, e sim implementações sob diferentes metologias de uma unica ciência chamada “tassawuf”, tais como existem diferentes escolas nas ciências dos hadith, fiqh e aqida. Sem falar que uma rapida olhada no Google mostraria diversas fotos de sheykhs sufis de tariqas diferentes juntos, fazendo zikr juntos, elogiando uns aos outros em vídeos e coisas do tipo. O autor desse texto cai em uma das duas categorias: ou não sabe o que diz, ou é mentiroso.

E continua:
”Os sufis dividem a adoração de ALLAH com Profetas, “Santos ” vivos ou mortos. Eles dizem:”Ei, jelani “, ” Ei, rifa ” Ei Rumi ” , convidando seus protetores “], ou ” Ó Mensageiro de ALLAH(Deus), ajudar e salvar ” ou ” Ó Mensageiro de ALLAH(Deus), a nossa dependência é sobre você “, Etc.
Mas ALLAH proíbe-nos exortar a ninguém exceto ele em assuntos que estão além da capacidade da pessoa. Se uma pessoa faz isso, ALLAH vai contar-lhe como, idólatras, como ele diz(interpretação do significado): “E não invoques, além de ALLAH, o que não te beneficia nem te prejudica. Então, se o fizeres, por certo, será, nesse caso, dos injustos.”
Al Corão(10:106)

Os sufis acreditam que existem abdaal aqtaab protetores, e tipos de ” Santos “a quem ALLAH(DEUS)deu o poder para dirigir os assuntos do universo. ALLAH nos diz sobre a mushrikin(interpretação do significado): “Dize:(Ó Muhammad)……e quem rege todos os assuntos? ‘ eles vão dizer. ‘ ALLAH. …” Al Corão(10:31) Os árabes idólatras, sabia mais sobre ALLAH(DEUS)do que estes sufis! “E se ALLAH(Deus)te infligir um mal, ninguém poderá removê-lo a não ser Ele, e se ele te tocar com o bem, então ele é capaz de fazer todas as coisas.”
Al Corão(6:17)

Reposta: Mais aplicação de versículos do Alcorão que descrevem incrédulos sobre muçulmanos só que agora para uma nova falácia: a falácia da idolatria. O que ele descreveu acrescentando seus pontos é a prática do tawassul (pedido de interseção) que é aceita por unanimidade pelos sábios muçulmanos sunitas e xiitas, e teve em seu primeiro detrator a figura de Ibn Taimiyyah que só no século XIII desenvolveu a teoria de que tal prática consistia em idolatria, sendo considerado herético por muitos em sua época. A prática consiste em suplicar a Deus (em total consciência de que quem atende é Ele) através de seres humanos de grande elevação espiritual, tais como: profetas e virtuosos.

Imam at-Tirmidhi (utilizado como fonte pelo salafista no exemplo anteior) relata, através da sua cadeia de narradores, de ‘Uthman ibn Hunayf, que um homem cego veio ao Profeta Muhammad e disse, “Eu sofro da minha visão, então ore a Allah por mim.” O Profeta então lhe respondeu: “Faça ablução (wudu), reze duas rak’as e então diga:

“Ó Allah, Eu Te peço e me volto a Ti através do Meu Profeta Muhammad, O Profeta da Misericórdia; Ó Muhammad (Ya Muhammad), Eu busco a tua intercessão junto ao meu Senhor para o retorno da minha visão [e em outra versão: “para a minha necessidade, que ela possa ser satisfeita. Ó Allah, conceda a ele intercessão por mim”].” O Profeta acrescentou, “E se houver alguma necessidade, faça o mesmo.”

Os eruditos da Lei Sagrada inferem a partir deste hadith o caráter recomendado da “oração da necessidade,” na qual alguém em necessidade de algo de Allah, O Altíssimo realiza esta oração e então se volta para Allah com esta súplica, junto com outras súplicas aplicáveis, tradicionais ou não, de acordo com a necessidade e de como a pessoa se sente. O conteúdo expresso do hadith prova a validade legal do “tawassul” através de uma pessoa viva (pois o Profeta – que a paz esteja sobre ele – estava vivo naquela ocasião). Ele também prova, implicitamente, a validade do tawassul através de uma pessoa falecida, pois o tawassul através de uma pessoa, morta ou viva, não é pelo corpo físico, ou pela vida e morte, mas através do significado positivo (ma’na tayyib) atrelado à pessoa tanto na vida quanto na morte. O corpo é somente o veículo que carrega aquele significado, que requer que a pessoa seja respeitada, estando vida ou morta; pois as palavras “Ó Muhammad” são dirigidas a alguém ausente fisicamente – um estado no qual vivos e mortos são iguais – elas se dirigem ao significado, querido para Allah, que está conectado com seu espírito, um significado que é o terreno do “tawassul,” seja ele através de uma pessoa viva, ou uma pessoa morta.

Há outros versículos do Alcorão e hadiths que podem ser citados como prova para a validade do tawassul, mas para não transformar esta já longa resposta num livro, irei parar por aqui.

Ele disse:

”Alguns sufis acreditam em wahdat al-Wujood(Unicidade de existência). Eles não têm a ideia de um criador e sua criação, em vez disso, eles dizem que tudo é criação e tudo é ALLAH(Deus).

Resposta:

A escola de pensamento sufi “Wahdatu l-Wujud” é uma descrição de um estado místico e não um “dogma”, na qual aquele que a atingi tem a percepção real de que tudo que existe emana de Deus e não que ele literalmente é sua criação. Ela visa descrever o estado de realização espiritual para que as pessoas tenham uma “intuição” dele e aspirem obtê-lo, ela não visa dar nenhuma “definição dogmática definitiva”. Mas, em todo caso, não afirma que a individualidade humana é destruída quando a pessoa atinge a realização espiritual. Isso, se fosse possível, seria um tipo de suicídio existencial, uma estupidez sem limites que nunca foi suporte doutrinal do Caminho Sufi. Esse é mais um caso de “vamos inventar um sufismo que nunca existiu para assim ser mais fácil refuta-lo, nos aproveitando da ignorância dos ouvintes”, só isso.

Ele diz:

”Os sufis referem-se aos seus shaykhs e dizem a seus seguidores para ter uma foto do seu shaykh em mente quando se lembram de ALLAH e, mesmo quando eles estão a rezar. Alguns deles até colocar uma foto dos seus Shaykhs na frente deles quando eles estão a rezar. O Profeta Muhammad(que a paz e as bênçãos de ALLAH estejam sobre ele)disse: ” Quando você estiver a adorar a ALLAH, faça como se pudesse vê-lo, e embora você não possa vê-lo, ele pode te ver.”
(Muslim)

Resposta:

Não conheço nenhum sheikh que comande seus discípulos a colocarem uma foto dele na sua frente na oração, e se você que escreveu isto sabe de algum, então saiba que este é um herético e que seus ensinamentos não são de forma alguma o seguido pelos sufis (duvidando extremamente da existência de tal pessoa). O que sim é ensinado pelos sheykhs sufis é a pratica de “rabita” (conexão), que é basicamente pensar no mestre quando estiver fazendo a recordação de Allah como outra forma de tawassul (interseção) e não focar nele e adora-lo ao invés de Allah.

Ele diz:

”Os sufis permitem dançar, tocar tambores e instrumentos musicais, e levantar a voz quando fazer dhikr(recordação)mas ALLAH diz(interpretação do significado): “Só são fiéis aqueles que, quando ALLAH é mencionado, sentem um medo em seus corações…” Al Corão(8:2)”

Resposta:

Disse Allah no Alcorão:

“E quando tiverdes concluído a oração, mencionai Deus, quer
estejais de pé, sentados, ou deitados.’’ (Alcorão 4:103)

O que ele descreveu como “dança” ou “toque de tambores” enquanto se faz zikr é uma prática voluntária nas ordens sufis conhecida como hadra ou “presença”. Nela indivíduos repetem preces, odes religiosas ou nomes de Deus de forma rítmica para aumentar sua concentração e foco na recordação.

Sayyiduna al Imam `Ali [que Allah enobreça seu generoso rosto] disse:

“Visitei o Profeta junto com Ja’far [ibn Abi Talib] e Zaid [Ibn Haritha]. O Profeta disse a Zaid: “Tú és meu liberto” [anta mawlay] e após ouvi-lo, Zaid começou a dançar saltando sobre uma só perna [hajala]. Depois o Profeta se dirigiu a Ja’far e lhe disse: “Tú te pareces comigo em aparência e caráter” [ashbahta khalqi wa khuluqi], e após ouvir isso Ja’far começou a fazer o mesmo atrás de Zaid. O Profeta então me disse: “Tú és parte de mim e eu sou parte de tí” [anta minni wa-ana mink]. Após o qual, comecei a dançar [por fascinação]
atrás de Ja’far e os 3 ao redor do Profeta [que sobre ele estejam as Bênçãos e a Paz].’’

É igualmente narrado do Imam Ali que disse:

“Quando Allah, o Transcendente era mencionado [em frente aos sahabas], se balançavam como fazem as árvores durante um dia de muito vento, ​depois seus olhos derramavam lágrimas até que, Por Allah! Molhavam suas roupas. Por
Allah! As pessoas de hoje em dia estão dormentes e em inconsciência [distantes destes estados]’’. Abû Nu`aym, Hilya [1985 1:76, 10:388].

É narrado de Anas que os abissínios [habashis] estavam presentes em frente ao Profeta Muhammad e dançavam [​yurqasun] enquanto diziam: ​ “​Mu ammadun Ãbdun Salih” em seu idioma. ​E o Profeta Muhammad perguntou: “O que dizem?”, e lhe foi respondido: Dizem: “Mu ammadun Abdun Salih” ou “Muhammad é um servo virtuoso. Ao vê-lhes neste estado, não lhes censurou e aprovou o que eles faziam​’’.” [Musnad Ahmad bin Hanbal, Volume No.3, Página no. 152]

Muslim narra em seu livro Salat al-`idayn em seu Sahih de `A’isha:

“Que os abissínios dançavam de maneira coreografada na Mesquita do Profeta, no Dia de Eid al-Fitr, enquanto o Profeta e sua esposa observavam; ao que lhes disse o abençoado Profeta: “Oh Bani Arfada, saltem​!” [dunakum ya Bani
Arfada], e Aisha continua: “Apoiei minha cabeça sobre seu ombro, com minha bochecha sobre ele. vendo entre suas orelhas e seu ombro’’.

Anas Ibn Malik narra que pouco depois Omar entrou e ao ver a música e a dança dentro da Mesquita, ordenou que parassem. E assim que o Profeta soube da reclamação de Omar, lhe repreendeu dizendo:

“Oh Omar, deixe eles em Paz! Deixe que desfrutem e se divirtam, pois não gosto de ver rigidez em vossa religião [fé]​’’.

Comentando o hadith disse o Imam Nawawi
“Dançar não é proibido já que se trata só de movimentos estando de pé ou inclinado. Furani e outros sábios declararam expressamente que não contém nada de “desaconselhável”, sendo totalmente permissível. Tal e como atesta o hadith no qual o Profeta Muhammad parou diante de Aisha para ocultá-la de modo que também pudesse observar os abissínios praticando e dançando [na Mesquita do Profeta, enquanto lhe elogiavam dizendo “Muhammadun Abdun Salih”]. Sempre e quando, é claro, não sejam movimentos lânguidos como os
feitos pelos afeminados’’.[Mughni al muhtaj ila ma’rifa ma’ani alfaz al-Minhaj (y73), 4.430]

”Umar ibn al-Khattâb, o companheiro do Profeta e segundo califa da comunidade muçulmana relatou: Um dia o Mensageiro de Allah nos pediu doações (para a comunidade recém estabelecida). O desejo que me veio foi o de ultrapassar Abu Bakr, que sempre esteve à minha frente em todo ato bom. Eu trouxe uma fortuna representando metade de tudo que possuía e vim até a presença do Profeta.

O Santo Profeta questionou a ‘Umar o quê ele deixou para si e para sua família. ‘Umar afirmou que doou metade de suas posses no nome de Allah e que deixou metade para si mesmo e sua família. Então Abu Bakr veio com um saco cheio de ouro e o pôs aos pés de seu Mestre. O Santo Profeta lhe fez a mesma pergunta. Abu Bakr disse que doou toda sua riqueza. Então o Mensageiro de Allah, olhando-me, perguntou a Abu Bakr: “Por que você não deixou nada para seus filhos?” Abu Bakr respondeu: “Minha família e filhos estão aos cuidados de Allah e Seu Mensageiro.”

Depois desse incidente Abu Bakr não esteve visível por alguns dias e não apareceu na mesquita do Profeta. Sentindo um vazio na ausência de Abu Bakr, o Profeta perguntou de seu paradeiro. Os companheiros responderam que Abu Bakr distribuiu todas as suas posses e que não tinha nada mais para se vestir além de uma peça de tecido, que ele dividia com sua esposa, alternando o uso entre eles para se envolverem na hora da reza.

Naquela hora o Profeta pediu a Bilâl al-Habashi para que fosse à casa da filha do Profeta, Fâtima, e lhe perguntou se tinha uma peça extra de roupa que pudesse ser levada para Abu Bakr para que ele pudesse se vestir e vir para a mesquita. Tudo o que a nobre Fâtima tinha era uma peça extra de tecido de lã feita de pelo de bode. Quando Abu Bakr a enrolou na sua cintura, era muito curta. Então ele costurou algumas folhas de tamareira ao tecido par que pudesse se cobrir decentemente, e seguiu rumo ao caminho da mesquita.

Antes de ele chegar, o Arcanjo Gabriel apareceu para nosso Mestre nas mesmas vestimentas impróprias que Abu Bakr estava vestindo. Quando o Profeta disse para Gabriel que nunca o vira em tais trajes estranhos, Gabriel respondeu que hoje todos os anjos no céu estão vestidos assim para honrar Hadhrat Abu Bakr, o leal, generoso e fiel.

Allah O Altíssimo estava enviando bênçãos e saudação para Abu Bakr. Gabriel disse: “Diga a ele que seu Senhor está satisfeito com ele se ele estiver satisifeito com Seu Senhor.”

Quando Abu Bakr veio até a presença de nosso Mestre e ouviu as boas novas dos lábios do amado Profeta, levantou-se, agradeceu a Allah, dizendo: “Certamente estou satisfeito com meu Senhor!” e em estado de alegria girou três vezes.”

(Kitâb al-Futuwwa de Ibn al-Husain al-Sulami.)

É narrado em Al Hawi lil Fatawi, Volume No. 2, Página No. 234 [Maktaba al Asriyyah, Beirut, Líbano]:

“Foi perguntado ao Imam Jalal al-Din as-Suyuti com relação a um grupo de sufis que havia se reunido para fazer dhikr de pé [hadra]’’. Ele respondeu: “Como alguém pode condenar aqueles que fazem dhikr de pé ou levantam-se ao
fazer dhikr quando Allah Subhanahu wa Ta´âla disse: […] “Aqueles que mencionam Deus, estando em pé, sentados ou deitados…’’ (Alcorão 3:191). E A’isha [que Allah esteja satisfeito com ela] disse: “O Profeta costumava invocar
a Allah á todo momento [de pé, sentado, deitado, quieto, movendo-se…] [Sahih Muslim, 1.282: 373]. E se a isto é adicionado o movimento rítmico, não pode ser condenado, já que é resultado da felicidade pela visão espiritual e
fascinação. E o hadith é real [em muitas fontes como o Musnad al-Imam Ahmad, 1.108, com uma cadeia de transmissão autêntica] que: “Jafar Ibn Abi Talib dançou [por fascinação] frente ao Profeta quando o Profeta lhe disse: “Tu
te parecesses comigo em aparência e caráter’’; dançando de felicidade que sentia ao haver recebido estas palavras…e o Profeta jamais condenou sua ação: esta é uma base legal para a lícita permissibilidade de que os sufis dancem pela felicidade da fascinação que experimentam, Portanto é correto levantar-se e mover-se ritmicamente durante as reuniões de Dhikr e Samâ, segundo a Maioria dos Sábios, estando entre eles Sheykh-ul Islam Ïzz ud-din bin Abd as-Salam”.

Ash-Sheykh Yusuf Khattar Muhammad em sua obra Al-Mawsu’ah Al-Yusufiyyah fi Bayaan Adillat As-Sufiyyah narra que disse Al-Hafiz Ibn Hajjar Al-Asqalani vía Imam As-Suyuti:

“Al-Hafiz Ibn Hajjar, o grande muhadith (estudioso dos ditos do Profeta), foi perguntado em relação ao “raqs’’ [hadra] dos sufis: Há base legal para isso? Alguém fez haqs na presença do Mensageiro de Allah Salawatullah ‘alaih wa Alihi wa Sahibih?” Ele respondeu: “Sim! Certamente Ja’far Ibn Abi Talib Radhiya Allahu ‘Anhu fez “raqs’’ na presença de Rasulullah quando lhe disse: “Tu te parecesses comigo em caráter e forma física’’. Haveria sido necessário para o Nabi [Aleihi salam] clarificar se oque ele fazia era halal ou haram; contudo o Nabi não lhe censurou em nada. Isto é conhecido em Mustalah al-Hadith como “Iqraar’’, ou aceitação e aprovação tática por parte do Profeta Muhammad. E o Nabi jamais permaneceria em silêncio diante de algo proibido [haram] ou detestável [maqruh].

E ele continua:

Além disso, você vê alguns deles fazer dhikr(recordar)apenas por pronunciar o nome de ALLAH(Deus), dizendo: ” Alá, Alá, Alá.” isto é bid’Ah(inovação)e não tem significado no Islam. Eles até mesmo ir ao extremo de dizer, ” Ah, ah ” ou ” HU, hu.” a sunnah é para os muçulmanos para lembrar seu senhor em palavras que tem um verdadeiro significado para o qual ele será recompensado, tais como dizendo subhaan Allah wa alhamdulillah wa laa ilaaha illa Allah wa allaahu akbar, e assim por diante.

Resposta:

Segue esta Fatwa completa com todas as fontes e explicações sobre a permissibilidade de se fazer zikr repetindo apenas o nome de Allah: https://images.iqaraislam.com/e-permitido-fazer-dhikr-recordacao-a…/

E ele continua:
Os sufis ficam a recitar poemas de amor mencionar os nomes de mulheres e rapazes em seus ajuntamentos dhikr(recordação), e repetem palavras como ” amor “, ” paixão “, ” desejo ” e assim por diante, como se eles estivessem em um encontro onde as pessoas dançam e chegam(em alguns casos)a beber vinho e bater palmas e gritar. Tudo isto tem a ver com os costumes e atos de adoração dos mushrikeen(idólatras)ALLAH diz(interpretação do significado):
“E seus salaah(oração)em casa(de ALLAH , a Caaba em Meca)não são senão assobios e palmas. …” Al Corão(8:35) “E quem desdenhar da memória do Clemente nós lhe apontaremos um demônio , que será um companheiro para ele.” Al Corão(43:36)

Resposta: Não vou continuar apontando sempre a prática salafi de utilizar versículos fora do contexto, ato condenado por Ibn Omar. Sobre beber vinho, bem, todos os muçulmanos do mundo em consenso sabem que é explicitamente proíbido, e que se alguém bebe incorre em pecado. Dizer que sufis bebem vinhos em suas reuniões é outra mentira absurda. Já no que tange a poesias, bem, são obviamente metáforas, não iremos inferir nestas palavras uma descrição literal de termos poéticos. Quando poemas sufis falam em “vinho”, referem-se a embriaguez lícita na qual se encontra aquele que recorda de Deus em abundancia. Quando se fala em amor e paixão, é sobre o amor Divino e coisas parecidas.

Ele continua:

”Os sufis afirmam ter o conhecimento do invisível, mas o Alcorão mostra-los a ser mentirosos. ALLAH diz(interpretação do significado): “Dize:”Ninguém daqueles que estão nos céus e na terra conhece ao Invisível, exceto ALLAH.”
Al Corão(27:65) Os sufis afirmam que ALLAH(DEUS)criou o mundo para o bem de Muhammad(que a paz e as bênçãos de ALLAH estejam sobre ele), mas o Alcorão mostra-los a ser mentirosos. ALLAH diz(interpretação do significado): “E eu ALLAH(DEUS)não criei os gênios e humanos exceto para me adorarem(sozinho).” Al Corão(51:56) ALLAH, que ele seja glorificado e exaltado, debruçou-se sobre o seu profeta(que a paz e as bênçãos de ALLAH estejam sobre ele)com as palavras(interpretação do significado): “Adorai vosso Senhor , até que chegue a certeza(morte).” Al Corão(15:99) Os sufis afirmam que podem ver ALLAH(Deus) nesta vida, mas o Alcorão mostra-los a ser mentirosos. ALLAH diz(interpretação do significado): “Moisés disse: Ó Senhor meu! Mostra-me(ti), para que eu possa te ver. ALLAH disse: você não pode me ver… ” Al Corão(7:143). Os sufis alegam que eles tomam conhecimento diretamente de ALLAH, sem a mediação do Profeta Muhammad(que a paz e as bênçãos de ALLAH estejam sobre ele)e em um estado consciente(ao contrário de sonhos). Então eles estão melhor do que os sahaabah???
Os sufis alegam que eles tomam conhecimento diretamente de ALLAH(Deus), sem a mediação do profeta(que a paz e as bênçãos de ALLAH estejam sobre ele). Eles dizem, “Haddathani Qalbi”(meu coração me disse do meu senhor).”

Resposta:

“Os sufis afirmam isso”, “os sufis afirmam aquilo”, ele repete tudo sem ao menos citar uma fonte ou qual sufi disse estas coisas, outro caso de “vamos inventar um sufismo que nunca existiu para assim ser mais fácil refuta-lo, nos aproveitando da ignorância dos ouvintes”. Quando sufis afirmam ter o “conhecimento do invisível” não é de forma alguma ao nível de Allah, e sim algo que aqueles que aperfeiçoam em altos níveis as ciências espirituais em sua vida alcançam, que é a visão de coisas que outros seres humanos não veem pelo estado de distração de seus corações, e é Allah que proporciona estas visões. Algo plenamente embasado na vida do Profeta e seus companheiros. Omar, o segundo califa do Islam e um dos maiores companheiros do Profeta, apontou como comandante de seu exército um sahaba cujo nome era Sariyah. Certa vez, enquanto proferia o sermão de sexta feira em cima do púlpito na Mesquita do Profeta em Medina, ele começou a gritar: ” Sariyah! Vá para a montanha!”, ” Sariyah! Vá para a montanha!”. Quando um mensageiro do exército veio, ele disse: “Ó emir dos crentes! Quando encontramos nosso inimigo, chegou um ponto da batalha que pensamos que seriamos derrotados, mas então escutamos uma voz dizendo ” Sariyah! Vá para a montanha!”, então partimos para a montanha e ficamos de costas para ela, conseguindo derrota-los,”

Narrado por Ahmad em “Fada’il Al-Sahabah”, por Abu Nu`aym em “Dala’il Al-Nubuwwah”, Al-Diya’ em seu “Al-Muntaqa min Al-Masmu`at”, Ibn `Asakir em seu “Tarikh”, Al-Bayhaqy
em “Dala’il Al-Nubuwwah” e Ibn Hajar em “Al-Isabah” com um bom isnad (cadeia de narração).Também foi narrado por Ibn Kathir em seu “Tarikh” com um bom isnad, e por Al-Haythamy em “Al-Sawa`iq Al-Muhriqah” igualmente.

Quanto a afirmação de que os sufis dizem que: “Deus criou o mundo para o bem de Muhammad”, não é de forma alguma literal dizendo que o proposito da criação em si seja outro que não a adoração (que Hasan al-Basri difiniu como “conhecimento”), e sim que para Deus não há passado e nem futuro, pois o tempo é criação dele. Para ele existe apenas sua realidade do agora, e portanto nossa condenação pelos pecados já existe, e o “bem de Muhammad” é para nos orientar para longe dela, pois ao mesmo tempo em que fomos criados, fomos condenados e fomos salvos ou não (no tempo de Allah) pela orientação do Profeta, pois Allah já sabe nosso destino quando nos criou.

Dizer que “os sufis dizem” que podemos ver a Allah nesta vida é outra mentira que ele colocou, só por mentir mesmo.
E quanto a dizer que os sufis tomam conhecimento sem mediação do profeta, ué? Não são vocês que dizem que mediação (tawassul) é idolatria e que devemos tomar diretamente de Allah? Mas de qualquer forma, o que os sheykhs sufis ensinam é que Allah inspira nos corações humanos sua vontade, através da natureza inerente a todos os seres humanos, conhecida como “fitra”. Através dela sentimos quando algo é haram mesmo sem termos ainda as provas explicitas para tal, sentimos quando pecamos, quando algo não é bom, ou quando o é. É uma comunicação divina entre o servo e seu Senhor através da alma e do coração.

Narrado por Wabisah bin Ma’bad, disse o profeta Muhammad:

“Consulte seu coração. A bondade é aquilo sobre o qual a alma se sente à vontade e o coração se sente tranquilo. E o mal é aquilo que perturba a alma e desconforta o peito, mesmo que as pessoas tenham repetidamente emitido sua opinião legal [a favor] “. (Ahmad e al-Darimi)

Ele disse:

Os sufis comemoram mawlid(aniversário do Profeta)e organizam ajuntamentos para enviar bênçãos sobre o profeta(que a paz e as bênçãos de ALLAH estejam sobre ele), mas eles vão contra seus ensinamentos por levantar suas vozes em dhikr e anaasheed(“’músicas religiosas’”)e qaseedahs(poemas)que contêm flagrante desvio e exagero. Disse o profeta(que a paz e as bênçãos de ALLAH estejam sobre ele)para comemorar o aniversário dele? Abu Bakr, ‘Umar, ‘Uthman,’ Ali, os Quatro Imams(as quatro escolas)ou alguém mais foram a comemorar o aniversário dele? Quem sabe mais e é mais correto no culto, o Profeta Muhammad(que a paz e as bênçãos de ALLAH estejam sobre ele)e os salaf salihim(predecessores virtuosos), ou os sufis?

Resposta:

“É narrado sob autoridade de Abu Sa’id al-Khudri, que Muwayiah (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: “O mensageiro de Allah se deparou com um círculo de seus companheiros reunidos, e lhes perguntou: “Qual o motivo desta reunião?” ao que responderam: “Nos reunimos para suplicar a Allah e louvarmos a Ele por ter nos guiado a Sua religião e nos ter abençoado com você.” Ao que ele questionou: “Eu lhes pergunto, por Allah, é este o único motivo?” e lhe responderam: “Por Allah! Não nos reunimos por outra razão.” E ele lhes disse: “Não estou pedindo que façam juramento por ter qualquer suspeita, e sim por que o anjo Gabriel veio a mim e disse que Allah, o Poderoso e Sublime, está se gabando de vocês para os anjos.”
[Sahih-Sunan Nasa’i].

Mawlid não é um encontro de aniversário, no sentido ocidental convencional, mas um encontro mencionando na sirah (biografia) do Mensageiro de Allah (que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele) que sem necessidade de menção incluiria o relato de seu nascimento abençoado. Estes encontros geralmente incluem recitação do Alcorão e canto de qasaid (poemas), a grande maioria deles sendo realizados ao longo da história até hoje, sem quaisquer ações haram (ilicitas) misturadas. Sendo uma questão de fiqh ela foi lidada como tal pelos estudiosos muçulmanos do passado, os quais em sua vasta maioria deram fatwas (vereditos) de sua permissibilidade e recomendação. Entre estes gigantes mestres do saber islâmico estão Hafiz Ibn Hajar, Imam al-Suyuti, Ibn Abidin e numerosos outros incluindo Shah Abd al-Aziz al-Dihlawi. Da mesma forma, sendo uma questão de fiqh a qual os ulemás tradicionais discorreram sobre sua permissibilidade, não é permitido então a condenação daqueles que participam de tais encontros, onde nada ilícito acontece.

Os estudiosos muçulmanos tomaram duas abordagens para argumentar que as reuniões do Mawlid são permitidas / recomendadas. Primeira: encontros para o Mawlid existiam na época dos salaf (predecessores virtuosos) mas não eram conhecidos por este nome (referem-se a Fatwa de Shaykh Abd al-Hayy al-Luknawi e o hadith acima). Segunda: os encontros do Mawlid nesta forma exata não existiam na época dos salaf mas sua base está presente na Shariah que deu espaço para que eles ocorressem, assim eles não podem ser considerados como uma má inovação. (Esta é a abordagem de Hafiz Ibn Hajar e Imam al-Suyuti). Se o nome dos encontros Mawlid fosse alterado para “Lição de Sirah (Biografia do Profeta)”, onde alguns qasaid (poemas) também são cantados quantas pessoas iriam achar problemático? Na verdade, se você convidassem-os para tal evento provavelmente nem sequer se dariam conta de que estavam frequentando um Mawlid. Esta é a abordagem que eu vi ser tomada em Madinah al-Munawwarah onde fora do lugar de um conhecido Mawlid semanário encontra-se um aviso: “Majlis al-Sirah al-Nabawiyyah” (Reunião para o Estudo da Biografia do Profeta).

Mawlids são realizadas fora do mês de Rabi al-Awwal e alguns estudiosos do passado são ditos terem realizado estes encontros todos os dias à noite em suas casas. Tal como acontece com outras lições, encontros do Mawlid são talvez realizados uma vez por semana devido aos compromissos do tempo das pessoas e incapacidade de assistir todos os dias. Assim, argumentar que eles só acontecem em Rabi al-Awwal é incorreto e enganoso. Copiar e colar artigos longos sobre bidah (inovação) e apenas repetir o argumento falho de que “O Profeta (Que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele) comemorava o Mawlid?” demonstra uma ignorância do que é a sunnah. Nossa pergunta a essas pessoas é: Você considera as palavras e a aprovação tácita do Profeta (Que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele) como constituinte da sunnah? Se assim por que você menciona somente ações? Se você concorda conosco com o fato de que as palavras proféticas e a aprovação tácita são parte sunnah, então como você pode afirmar que organizar encontros onde a sirah e qasaid são lidos não é sancionado pela sunnah?

”Minha nação não irá se unir no desvio, então se você lhes ver divergindo, siga a grande maioria.”

Explicando este hadith, o Imam al-Suyuti disse:

“O Hadith indica que é apropriado agir de acordo com a opinião da maioria”.

At-Tirmidhi (2167) narrou de Ibn ‘Umar (que Allah esteja satisfeito com ele) que o Mensageiro de Allah (Que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele) disse : ”Allah não fará minha nação concordar com a falsidade; a mão de Allah está com o jamaa‘ah (grupo majoritário dos muçulmanos).”

Uma das falácias propagadas incansavelmente por agentes da pregação salafista é a de que o Mawlid é um ”costume inovador sufi” sem base na sunnah praticado por uma minoria de muçulmanos. Entretanto, a verdade é que ele é aprovado e praticado por 90, 95 % dos muçulmanos do mundo, e é feriado religioso em 52 dos 57 países muçulmanos do mundo, e isso com a aprovação explícita das autoridades religiosas de cada um desses países.

Ele argumenta:

”Os sufis viajam para visitar os túmulos e buscar as bênçãos de seus ocupantes ou fazer tawaaf(ritual de circundar)ao seu redor ou fazer sacrifícios nestes locais, tudo que vai contra os ensinamentos do profeta(que a paz e as bênçãos de ALLAH estejam sobre ele)o Profeta disse:”não viajar para visitar qualquer lugar além das três mesquitas: AL-Masjid Al-Haram(em Makkah)esta minha mesquita(em Madinah)E AL-Masjid Al-Aqsa(em Jerusalém).”

Resposta:

Visitar os túmulos (ziyara) é algo completamente permitido e embasado nas tradições proféticas. Disse o profeta Muhammad: “Eu lhes havia proibido de visitar os túmulos. Porém de agora em diante, os visitem, pois isto os fará sentirem-se desapegados do mundo e lhes farão lembrar da próxima vida.” (Sunan Ibn Maja)

Sob a autoridade Aisha é narrado que quando se aproximava a última parte da noite, o Profeta Muhammad costumava ir ao cemiterio de Baqi’ e dizer:

“Que a paz esteja convosco ó grupos de crente! O que lhes foi prometido lhes será dado, e logo vosso destino lhes alcançará. E por certo, nos encontraremos logo. E se Alla quiser, eu estarei convosco. Ó Allah! Tenha misericordia de todos estes (enterrados) em Baqi’ al-Garqad.” Sahih Muslim

E há toda uma vastidão de hadiths falando sobre a virtude e méritos espirituais de se visitar os túmulos, principalmente dos virtuosos. Quanto a circundar os túmulos e fazer sacrifícios, há uma divergência de opinião entre os estudiosos sobre este tema, que é uma questão de FIQH (jurisprudência), e não de tassawuf. Se há pessoas que fazem, bem, devemos buscar as evidências apresentadas por elas, e não simplesmente e burramente dizer que é errado e pratica de sufi, o que não é verdade. Daí ele inventa um dito que o profeta teria dito para “não viajar para qualquer lugar exeto Meca, Medinah e Jerusalém”. Orás! Pelo amor de Deus! O Profeta viajava, os sahabas viajavam, os tabi’in viajavam, todos viajavam. Viajar é parte do Islam e inclusive há toda uma explanação jurisprudencial das regras de viagem. O que o hadith na verdade diz é que não devemos viajar com o objetivo de orar em mesquitas se não as citadas, pois não há locais mais sagrados que estas.

Ele disse:
Os sufis são cegamente leais aos seus shaykhs, mesmo quando eles vão contra as palavras de ALLAH e seu mensageiro. Mas ALLAH, diz(interpretação do significado):
Ó vós que credes! Não colocar(-se)em frente antes de ALLAH e seu mensageiro…”
Al Corão(49:1]

Resposta:

Disse sheykh Abdul Rahman Saghouri, um dos maiores mestres sufis da tariqa Shadhiliyyah no século XX:

“Se vocês, meus discípulos, me virem entrar na mesquita com o pé esquerdo, parem de me seguir”

E disse sobre o mesmo Sheykh Nazim al-Haqqani, um dos maiores mestres sufis do século XX:

‘Quando você toma um avião, você também coloca sua confiança no piloto. Você não pensa em dizer a ele como fazer. O mesmo com médicos, as pessoas fazem tudo aquilo que os médicos lhes dizem para fazer. Se você tivesse olhos que pudessem ver tudo, você não precisaria de um Sheikh. Nós queremos abrir os olhos das pessoas, não fazê-las cegas.”

Ou seja, isso é mais uma falácia absurda proposta pelos extremistas salafis. Não há sheykh sufi que diga aos seus alunos que lhe sigam até quando estes estão errados ou fora da sunnah. O que há sim no Tassawuf é uma prática de extremo respeito a orientações do mestre, que presupõe-se alguém que conhece bem todas as realidades da religião, e não segui-lo aos seus caprichos egoticos. Quem faz isso são os seguidores de uma certa seita ai que quando seus sheykhs mandam que eles se explodam em mesquitas, mercados delegacias etc… o fazem sem nem pensar duas vezes matando muitos inoscentes. Alguém conhece os seguidores desta seita? Vou dar dicas: Dizem seguir apenas o Alcorão e a Sunnah, surgiram do século XVIII, chamam sufis de desviados e matam mais muçulmanos de que os “infiéis” que dizem estar combatendo…..o resto é com vocês!

Ele disse:
”Os sufis utiliza talismãs, letras e números para a tomada de decisões e por fazer amuletos e encantos e assim por diante.”

Resposta:

No livro do Imam Malik, al-Muwatta, encontramos o seguinte hadith: ”Um menino chorava em uma casa e disseram que aquilo vinha de mau-olhado. Urwa disse; ”O mensageiro de Deus ﷺ disse: ”Por que não encontram alguém para fabricar um amuleto e protege-lo do mau-olhado?” Esta opinião se baseia também nas práticas dos companheiros do Profeta ﷺ e são as opiniões dos grandes sábios do passado com o Imam Malik, narrado por Allama Alusi al-Hanafi e seu tafsir (exegese):”Segundo o Imam Malik é autorizado colocar no pescoço um amuleto (ta’wiz) escrito com o nome de Allah. O Imam Baqir (da familia do Profeta) disse também que era permitido por um amuleto (ta’wiz) no pescoço de uma criança.” [Ruh al-Mani, 15, Sura al-Mu’minun, 97] O Imam al-Qurtubi (da escola maliki) disse:

”Os amuletos (ta’wiz) que são proibidos são aqueles dos tempos da ignorância (antes do Islam), estes são satânicos e contém elementos de politeísmo. Os amuletos (ta’wiz) que são permitidos são aqueles que são escritos com orações provenientes do Alcorão e da Sunnah somente.” [al-Qurtubi, at-Tadhkirat, capitulo sobre ‘Ta’wiz’]

Ele continua:
”Os sufis não se limitam as bênçãos específicas sobre o profeta(que a paz e as bênçãos de ALLAH(DEUS)estejam sobre ele). Inventaram novas fórmulas que envolvem buscando suas bênçãos e outros tipos de shirk (idolatria) gritante que são inaceitáveis para aquele de quem eles estão enviando bênçãos.

Resposta:
Não há limites para o que se pede de bençãos sobre o Profeta Muhammad, e muitos sheykhs sufis compuseram e ainda compõem odes de bençãos sobre o profeta que só são entendidas como idolatria por salafis, e sabe por que? Por que na verdade eles amam mais a interpretação que dão a religião de que o próprio profeta. Alguns possuem um desdém flagrante quanto a figura do Mensageiro de Deus, como notado nos discursos de um dos maiores expoentes desta seita, Ibn Baz. Contudo, disse o profeta Muhammad:

“Nenhum de vós alcançará a fé até que me ame mais de que seu pai, seus filhos e toda a humanidade.”
[Bukhari Volume 001, Livro 002, Hadith 014.]

Ele continua:

No que diz respeito à questão de saber se os shaykhs deles(sufis)ter algum tipo de contato , isto é verdade, mas é o contato deles com os shayatiin(demônios), não com ALLAH(DEUS), então eles inspiram com um outro discurso adornado como uma ilusão ou por meio de mentiras, como ALLAH diz(interpretação do significado): “E por isso temos nomeados para cada profeta inimigos: demônios entre a humanidade e os gênios, adornada com um outro discurso como uma ilusão(ou por meio de mentiras). Se o senhor quisesse, eles não teriam feito isso…” Al Corão(6:112) E ALLAH diz(interpretação do significado): “… e, certamente, os demônios fazem inspirar seus amigos(da humanidade)…”
Al Corão(6:121) “Devo informar-Te(ó povos), sobre quem os demônios descerão? Descerão sobre todo o mentiroso, pecador.” Al Corão(26:221-222) Este é o contato que é real, não o contato que eles falsamente afirmam ter com ALLAH(Deus). Glorificado seja ALLAH(Deus)muito acima disso.

Quando alguns destes shaykhs Sufis desaparecer de repente, a partir da visão de seus seguidores, este é o resultado do seu contato com os shayatiin(demônios), que podem até mesmo levá-los para um lugar distante e trazê-los de volta no mesmo dia ou de noite, para enganar o seu humano seguidor.
Então a regra importante aqui não é julgar as pessoas pelos feitos extraordinários que eles podem fazer. Devemos julgá-las pelo certo ou não. Como não estão de acordo com o Alcorão e na sunnah. Os verdadeiros amigos de ALLAH(Deus)não são conhecidos para realizar feitos surpreendentes. Pelo contrário, são eles quem adoram a ALLAH(Deus)da forma que ele receitou-lhe, e não por a fazer atos de Bid’Ah(Inovação). A verdade sobre os amigos de ALLAH são aqueles a quem nosso Senhor descreveu no hadith qudsi narrado por al-Bukhaari em seu sahih(5/2384)de Abu Hurayrah, que disse: O Mensageiro de ALLAH(que a paz e as bênçãos de DEUS estejam sobre ele)disse: “ALLAH(Deus)disse, ‘ quem mostra inimizade para com um amigo(Wali)meu, declaro guerra contra ele.”

Resposta:
Agora me pergunto, como ele sabe e afirma que sheykhs sufis tem contato com demônios? Não era somente Allah segundo ele mesmo que tinha conhecimento do oculto? Essa acusação de quem opera milagres tem parte com o demônio era feita pelos incrédulos pagãos de Meca sobre o Profeta Muhammad também, e sobre Jesus pelos judeus, e sobre Moisés pelos egípcios e por ai vai. É comum daqueles que tem o coração cheio de hipocrisia e ódio pela verdade acusarem os santos de Deus de serem enganadores quando estes executam milagres para dar provas da realidade divina para aqueles que precisam.

O jurista, erudito e mestre sufi Ibn ʿAṭaʾ Allah al-Iskandari (d. 1309) escreveu, ” desacreditar no milagre de um santo é desacreditar (jahd) na capacidade de Deus, o Todo-Poderoso (qudrat al-qadir).” Por afirmar os milagres dos santos, nos afirmamos que as leis naturais que tomamos como dados, tais como gravidade, o fogo queimar a madeira, a necessidade de dormir e comer, e o sol nascendo no leste, são criados por Deus, e Deus pode querer que eles sejam quebrados e tem o poder final para faze-lo. Em outras palavras, por afirmar o milagre, nos afirmamos a completa soberania de Deus. O estudioso egípcio do século XVII Imam Ibrahim al-Laqqani (d. 1631) disse em seu famoso poema didático sobre teologia, Jawharat al-Tawhid (A joia da Unicidade Divina): ”E afirmem os milagres dos santos (awliya). Quanto a quem os nega, rejeite suas palavras.”

Porém, se tem uma parte desta torrente de asneiras que ele acertou foi o final deste trecho, pois é verdade que os “amigos de Allah” ou “awliyah u-Llah” são aqueles que mais adoram a Ele. Por isso, em um dos livros que li da tariqah Naqshbandiyyah (Naqshbandi Handbook), 260 páginas são só sobre práticas que os membros da ordem sufi devem fazer todos os dias, entre orações, súplicas e recitações do Alcorão. Tudo com base na jurisprudência islâmica e seguimento estrito da sunnah, praticado abertamente em sua plenitude por diversos sheykhs sufis que tomam para si o exemplo do profeta. A wilayah (santidade) de sheykhs sufis é aparente, e fica meu aviso aos salafis para que não caiam justamente no hadith qudsi que afirmou o autor acima, e serem combatidos por Deus em pessoa.

Para concluir ele utiliza a velha história do Imam Malik:

Um certo homem perguntou ao Imam Málik(رحمه الله)acerca de um povo literalmente designado “Sufis”, comem estranhamente demasiado, entoam poemas e depois dançam…? Imam Málik(espantado)diz: “São de idade menor eles?” O homem disse: “Não.” O Imam Málik(RA)novamente pergunta:
“A caso são malucos?” O homem disse: “Não, são idosos e outros, sensatos e conscientes…” Imam Málik(RA)disse:
“Nunca ouvi que há alguém pertencente desta religião(Islam)que faz isso.”

Resposta:

Certos opositores do tasawwuf aduzem dois relatos, um sem cadeia de transmissão e um de cadeia fraca, originários de um homem da cidade de Nasibin (Iraque), `Abd al-Malik ibn Ziyad al-Nasibi, que foi criticado como munkar al-hadith ou “rejeitado em suas narrações” por afirmar que o Imam Malik ridicularizou um grupo de dhikr. Nosso amigo salafi nem se quer coloca o dito inteiro, para maliciosamente não deixar escapar a realidade do relato, ou mesmo se dá conta de que no começo de seu texto, ele diz que o “sufismo” não era conhecido nos tempos dos tabi’in, então como podia o Imam Malik ter conhecido sufis? em fim…vamos analisar esta história:

1. Al-Tinnisi disse: estávamos sentados com Malik e seus companheiros à sua volta. Um homem do povo de Nasibin disse: “Temos algumas pessoas que se intitulam sufis. Eles comem muito, então eles cantam poemas (qasa’id), depois do que eles se levantam e começam a dançar “. Malik disse: “Eles são meninos (sibyan)?” Ele disse não. Malik disse: “Eles estão loucos?” Ele disse: “Não, eles são velhos (mashayikh) e, além disso, são maduros e sãos (‘uqala’)”. Malik disse: “Nunca ouvi dizer que nenhuma das pessoas do Islã faz isso”. O homem disse-lhe: “Na verdade, eles fazem! Eles comem, então eles se levantam e começam a dançar intensamente (dawa’ib), e alguns deles esbofeteiam suas cabeças e alguns seus rostos. Malik começou a rir e depois entrou em sua casa. Seus companheiros disseram ao homem: “Você é um azarado (mash’um) pelo nosso amigo [Malik], pois nos sentamos com ele há trinta e poucos anos, e nunca o ouvimos rir.

Isto é narrado sem cadeia de transmissão por Al-Qadi `Iyad. em Tartib al-Madarik (2: 53-54).

2. ‘Abd al-Malik ibn Ziyad al-Nasibi disse: ”Estávamos com Malik quando eu mencionei para ele sufis em nossa cidade. Eu disse a ele que eles usavam roupas iemenitas elegantes, e faziam tal e tal. Ele respondeu: “Ai de você! Eles são muçulmanos? Ele então riu até deitar de costas. Alguns de seus companheiros me disseram: “O que é isso? Nunca vimos maior problema (fitna) causado ​​ao Shaykh do que você, pois nunca o vimos rir! ”

Narrado por al-Khallal em al-Hathth `ala al-Tijara wal-Sina`a wal-`Amal (ed. Abu Ghudda, §97) com uma cadeia fraca por causa de Abd al-Malik ibn Zyad al-Nasibi que é “condenado em suas narrações e não confiável” (munkar al-hadith, ghayr thiqa) de acordo com al-Azdi bem como por Ibn al-Jawzi em al-Du`af wal-Matrukin (1: 149), enquanto Ibn Hibban em seu Thiqat (8: 390) disse que este homem narrou esquisitices sobre o Imam Malik.

De acordo com o conteúdo, nenhum dos relatos acima mostram uma condenação inequívoca do grupo de zikr, mas apenas que algumas pessoas que se passavam por sufis no tempo do Imam alegadamente cometiam certos excessos infantis ou violações irracionais do decoro. Os relatos mostram apenas que o Imam Malik achou a história divertida. O delator parece obcecado pelo “comer e dançar” que ele menciona duas vezes como se temesse que o Imam Malik não tivesse ouvido pela primeira vez. Há também, por parte do círculo dos amigos de Malik, uma desaprovação clara do delator, aparentemente percebido como intruso.

Que Allah nos ajude, e nos livre sempre dos inovadores na religião.

Wa min Allahi al-Tawfiq, al Fatiha.

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