O Islam Sunita é a maior ramificação do Islam, compreendendo cerca de 85% a 90% dos muçulmanos em todo o mundo.
A palavra "sunita" vem do termo "Ahl as-Sunnah", que significa "povo da Sunnah", referindo-se àqueles que enfatizam a importância dos ensinamentos e práticas do Profeta Muhammad e de seus companheiros mais próximos.
Os sunitas acreditam que os califas, começando por Abu Bakr, foram os legítimos sucessores do Profeta, escolhidos com base em consenso e tradição.
A comunidade sunita é diversificada, abrangendo muitas culturas e nacionalidades em todo o mundo, desde a Ásia, África, partes da Europa, e até mesmo das Américas.
Neste texto, iremos explorar as raízes históricas, enfatizando a controvérsia sucessória que deu origem à divisão entre sunitas e xiitas, além de discutir as crenças, práticas, e a importância dos familiares e companheiros do Profeta Muhammad.
A origem dos sunitas remonta à questão da sucessão após a morte do Profeta Muhammad em 632 d.C.
Este evento desencadeou um debate significativo entre os primeiros muçulmanos sobre quem deveria liderar a comunidade muçulmana (Umma).
Antes de morrer, o Profeta ordenou que Abu Bakr liderasse as orações, e com isso compreendeu-se que as funções que pertenciam ao Profeta agora seriam de Abu Bakr, pois liderar o salat era guiar a função mais nobre da sociedade.
Além disso, este companheiro foi várias vezes exaltado por ser o melhor amigo do Profeta e a pessoa que o Mensageiro de Allah considerava a mais especial. Ele também foi elogiado por Allah no Alcorão na surata 9:40.
Quando houve uma consulta pública (shura), foi decidido entre os que estavam presente que Abu Bakr era o legítimo sucessor do Profeta, e os muçulmanos aceitaram esta decisão em peso.
Até mesmo Ali, que é uma das figuras centrais do Islam xiita aceitou que Abu Bakr era o legítimo califa e jurou lealdade a ele.
Os sunitas, portanto, são aqueles que aceitam a decisão que predominou entre os companheiros, e consideraram Abu Bakr as-Siddiq o primeiro sucessor do Profeta.
E não apenas isso, mas eles também aceitam que após Abu Bakr, sucederam-lhe Omar, Uthman e Ali.
Esses quatro governantes são reconhecidos pelo sunitas como "os califas bem guiados", e foram elementares para a difusão e conservação do Islam.
Na tradição sunita, as primeiras gerações de muçulmanos, conhecidas como as "Salaf as-Salih" (predecessores justos), detêm uma importância excepcional e são consideradas modelos exemplares de fé, prática e comportamento.
Essas gerações incluem os Sahaba (companheiros do Profeta Muhammad), os Tabiun (aqueles que seguiram os companheiros) e os Tabi al-Tabi in (aqueles que seguiram os Tabiun). A reverência a essas gerações reflete vários aspectos fundamentais na tradição sunita:
Os Sahaba tiveram a oportunidade única de interagir diretamente com o Profeta Muhammad, receber sua orientação e observar seu exemplo de vida.
Essa proximidade com a fonte da revelação é vista como uma garantia da pureza de sua compreensão e prática do Islam.
Os sunitas consideram os relatos e tradições transmitidos por esses primeiros muçulmanos como os mais autênticos e confiáveis.
As primeiras gerações são vistas como exemplos ideais de como viver de acordo com os ensinamentos do Islam.
Sua devoção, coragem, justiça, humildade e compromisso com a comunidade muçulmana são vistos como padrões a serem emulados pelos muçulmanos de todas as épocas.
Os sunitas buscam inspiração em suas histórias e lições de vida para orientar seu próprio comportamento e decisões.
Os Sahaba e as gerações subsequentes foram fundamentais na preservação e transmissão do Alcorão e da Sunnah.
Eles desempenharam um papel crucial na compilação do Alcorão e na coleta, avaliação e disseminação dos hadiths.
Portanto, a tradição sunita valoriza profundamente suas contribuições como guardiãs da autenticidade dos ensinamentos islâmicos.
Os sunitas respeitam várias figuras importantes para os xiitas que são consideradas predecessores justos, como é o caso de Ali ibn Abu Talin, Hassan ibn Ali, Hussein ibn Ali, Fátima Zahra, Jaffar al-Tayyar, Abbas ibn Ali, Hamza ibn Abdul Muttalib, entre outros.
No entanto, os xiitas não necessariamente respeitam figuras que são centrais para a tradição sunita.
Os sunitas têm crenças e práticas fundamentadas nos pilares do Islam e nas tradições (Sunnah) do profeta Muhammad. Suas crenças são estruturadas em torno dos seguintes princípios centrais:
Os sunitas seguem várias escolas de pensamento jurídico (madhahib) - Hanafi, Maliki, Shafi, e Hanbali - que interpretam a lei islâmica (Sharia) com base no Alcorão e na Sunnah.
Essas escolas oferecem diferentes perspectivas sobre questões de prática religiosa e lei, mas compartilham os mesmos princípios fundamentais do Islam.
As fontes do direito e da prática islâmica no sunismo baseiam-se principalmente em duas fontes principais, complementadas por duas secundárias. Juntas, elas formam a base da lei islâmica (Sharia) e da orientação ética e religiosa para os muçulmanos sunitas. As fontes são:
Além dessas quatro fontes principais, outras formas de raciocínio jurídico, como o istihsan (preferência jurídica) e o maslaha (consideração do bem-estar público), também podem ser utilizadas para lidar com questões que exigem flexibilidade e adaptação às circunstâncias locais ou mudanças sociais.
Os sunitas respeitam a decisão dos primeiros muçulmanos, que elegeram Abu Bakr como primeiro governante, enquanto os xiitas acreditam que a nomeação do líder deveria ser apenas de familiares do Profeta Muhammad através de sua filha Fátima Zahra, e o marido dela Ali ibn Abu Talib.
Ser sunita ou xiita não tem a ver com o quanto a pessoa segue a religião.
Ambos os ramos do Islam compartilham a maior parte das crenças fundamentais, a diferença está nas fontes e metodologia para interpretar as questões religiosas.
Há muçulmanos radicais e moderados tanto no xiismo quanto no sunismo, e não existe nenhuma questão fundamental que torne alguma das correntes essencialmente extremista.
Os sunitas são predominantes em quase todos os lugares onde há presença islâmica, exceto no Irã, Iraque, Azerbaijão e Bahrein, onde a maioria é xiita, além do Omã, onde a maioria é ibadita.
Em alguns lugares há uma divisão bastante proporcional entre sunitas e xiitas, como Líbano, Iêmen e Kuwait. Também há uma grande presença de sunitas no Omã.
No restante dos lugares, os sunitas formam a ampla maioria da população, como é o caso do Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Nigéria, Sudão, Somália, Turquia, Bósnia, Albânia, Arábia Saudita, Qatar, Síria, Jordânia, Palestina, Paquistão, Afeganistão, Indonésia, Malásia, entre outros.
O sunismo se distingue por ser o ramo islâmico que aceitou a decisão dos primeiros muçulmanos (que eram discípulos do Profeta Muhammad) de que Abu Bakr, Omar, Uthman e Ali foram os primeiros governantes da comunidade.
As primeiras gerações de muçulmanos possuem um status enfatizado no sunismo devido ao seu papel de destaque na preservação da tradição islâmica e na transmissão dos ensinamentos proféticos.
O sunismo, como a maior denominação do Islam, desempenha um papel fundamental na definição das crenças e práticas da vasta maioria dos muçulmanos em todo o mundo. Caracterizado pela diversidade e adaptabilidade, ele abriga tradições e interpretações jurídicas unidas por uma fé comum nos ensinamentos do Alcorão e na Sunnah do Profeta Muhammad.
Os sunitas seguem os seis artigos de fé e os cinco pilares do Islam, que formam a espinha dorsal de sua vida espiritual e prática religiosa, guiando-os em seu caminho para alcançar a proximidade com Deus.
As quatro principais escolas de pensamento jurídico (Hanafi, Maliki, Shafi e Hanbali) refletem a diversidade de interpretações dentro do Sunismo, permitindo uma flexibilidade que é vital para acomodar as variadas circunstâncias de vida dos muçulmanos em diferentes contextos sociais e culturais.
Essas escolas, embora distintas em suas metodologias jurídicas, compartilham um compromisso comum com os princípios do Alcorão e da Sunnah, trabalhando juntas para formar uma compreensão coesa da lei e da ética islâmicas.
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