O primeiro pilar do Islam é a Shahada: “Ash’hadu an la ilaha illa’llah, wa ash’hadu anna Muhammadan Rasulu’llah”. Sua tradução: “Testemunho que não há nada digno de adoração senão Allah e testemunho que Muhammad é mensageiro de Allah”.
Para se tornar um muçulmano (um seguidor da religião do Islam), tudo que é necessário fazer é proferir a Shahada e, claro, acreditar em sua mensagem como sendo a verdade. Fazendo isso, todos os seus pecados passados serão perdoados e será como se ele tivesse nascido novamente.
A primeira parte da Shahada é a crença no Tawhid. Esta é a crença de que Allah é o único deus, de que não há nada como Ele e que Ele é o único que deve ser adorado.
Em outras religiões há diversas divindades, como em alguns tipos de hinduísmo ou nas religiões dos povos do passado, como dos vikings, gregos, romanos e egípcios. Outros adoram criações de Allah, como o sol, a lua, as estrelas e o fogo. Alguns também adoram ídolos ou ícones criados por humanos. Também existe a crença de que outra criatura está associada a Allah, que Ele compartilha Seu espírito com alguma pessoa, que possui pai e ou filhos.
No entanto, é possível que apesar de não acreditarmos em outros deuses, cometamos Shirk. Shirk é atribuir parceiros na adoração a Allah, um grande pecado dentro da religião e, por isso, todos os muçulmanos devem evitar fazer esse tipo de associação.
Se qualquer coisa em nossas vidas é mais importante que nossa fé, que nossa crença em Allah e naquilo que Ele nos instruiu a fazer, então estamos cometendo Shirk. Por exemplo, se queremos ser ricos a ponto de estarmos dispostos a trapacear e roubar, quando sabemos que Allah nos disse para não fazer isso, estamos fazendo do dinheiro o nosso deus; ou se acreditamos que nosso trabalho é tão importante que não temos tempo para fazer a oração, estamos fazendo do trabalho o nosso deus. Da mesma forma, se quisermos nos vestir de uma maneira desavergonhada para impressionar nossos amigos, apesar de sabermos que o Islam nos diz que isso é errado, estamos fazendo dos nossos amigos o nosso deus.
Se realmente quisermos acreditar na primeira parte da Shahada, a de que Allah é o único que devemos adorar, então também devemos mudar a forma de viver nossas vidas. Tudo que fazemos deve ser porque queremos agradar a Allah e não desagradá-Lo.
A segunda parte da Shahada é a crença em nosso Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele) como servo e mensageiro de Allah.
Os cristãos acreditaram que seu Profeta era filho de Allah e o mesmo ocorreu com alguns judeus do passado, que acreditaram que um homem chamado Uzair era filho de Allah. Apesar de podermos acreditar no Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele) como a melhor e mais amada criação de Allah, não podemos cometer o mesmo erro de outros povos.
A Shahada nos atenta também ao fato de que não podemos separar o Profeta (que a paz esteja com ele) de Allah e ainda assim nos chamarmos de muçulmanos. Allah não nos enviou nossa religião diretamente, mas sim através do Profeta (que a paz esteja com ele). Assim, ele pôde nos ensinar e pudemos seguir seu exemplo para aprender a como agradá-Lo. Allah juntou o nome do Profeta ao Seu próprio nome; e, no Alcorão, Ele nos diz que fazer o que o Profeta nos diz para fazer é o mesmo que fazer o que Allah nos ordenou a fazer. Ele nos diz que o Profeta é possuidor do melhor caráter (portanto, devemos tentar ser como ele), e que se formos desrespeitosos ou até mesmo falar em tom muito elevado perante ele, Allah pode apagar todas as nossas boas ações. Allah também nos diz que se tivermos pecado, devemos ir até o Profeta e pedir-lhe para orar a Allah por nosso perdão. Essas instruções não se aplicam apenas ao período em que o Profeta (que a paz esteja com ele) estava vivo, mas para todos os muçulmanos até o Dia do Juízo.
A segunda parte da Shahada está nos ensinando a ter certeza de que ser um muçulmano também significa acreditar, respeitar e amar o Profeta (que a paz esteja com ele) mais do que amamos qualquer coisa em nossas vidas, inclusive a nós mesmos.
Sem acreditar na Shahada, é impossível ser muçulmano, e uma pessoa que não é muçulmana pode não entrar no Paraíso. Mas se Allah é tão generoso, por que Ele se importaria com o fato de as pessoas acreditarem ou deixarem de acreditar n’Ele; ou de elas seguirem outras religiões; desde que façam coisas boas? Por que elas podem não adentrar Seu Paraíso?
Allah é nosso Criador, nosso Senhor e Mestre. Ele é nosso Dono e nós somos Seus servos, Sua propriedade, e Ele pode fazer o que ele quiser conosco. Allah não nos deve nada; não podemos ajudá-Lo de forma alguma. No entanto, por ser tão generoso e misericordioso, Ele enviou Profetas com instruções para que pudéssemos aprender a como Lhe adorar, o que precisamos fazer para fazê-Lo feliz e o que não devemos fazer para não deixá-Lo furioso.
Se escolhermos ignorar tudo isso e acreditar em coisas incorretas sobre Ele (ou até mesmo acreditar que Ele não existe), desacreditar em Seus Profetas e insultá-Los e ignorar a orientação que Ele enviou para nosso benefício, então estaremos sendo incrivelmente rudes e ingratos. Não merecemos Sua punição? Por que Ele recompensaria tais pessoas com Seu Paraíso?
Que fique claro: as pessoas que não são muçulmanas (incluindo aqueles que seguem outras religiões, que não são religiosos e ateístas – que não creem em Allah), não são nossas inimigas e não devemos odiá-las. Podemos discordar de suas crenças e até não gostar de algumas coisas que eles praticam, mas o Profeta (que a paz esteja com ele) nos ensinou que devemos amar toda a criação de Allah. Devemos amá-los a tal ponto de querer lhes mostrar a coisa mais preciosa que temos, a nossa fé, na esperança de que Allah os guie para o Islam.
Para os que nasceram numa família muçulmana, proferir a Shahada para se tornar muçulmano é uma experiência improvável. No entanto, é necessário continuar a proferir a Shahada todos os dias, entendendo o que está sendo dito. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que quem disser a Shahada depois do Wudu (a ablução) terá todas as oito portas do Paraíso abertas para si e poderá entrar pela porta que quiser.
Fazemos o Wudu antes da oração, antes de recitar o Alcorão ou antes de ir para a mesquita. Para fazer o wudu, lavamos nossas mãos, gargarejamos, assoamos nossos narizes, lavamos nossa face e nossos braços (incluindo e até nossos cotovelos), passamos as nossas mãos molhadas sobre nossa cabeça, pescoço e orelhas, e lavamos nossos pés (incluindo os tornozelos). Fazemos cada ação três vezes, e começamos pelo lado direito.
A água que usamos deve ser limpa e devemos tomar cuidado para não gastar muita água, mesmo se estivermos usando uma torneira.
Dentre as coisas que quebram nosso Wudu (o que significa que precisamos realizá-las novamente) estão o ato de urinar, expelir gases ou defecar, vomitar e dormir. Alguns muçulmanos acreditam que sangrar também quebra nosso Wudu. Apesar de ser possível fazer o Wudu e permanecer o dia inteiro sem precisar fazê-lo novamente, precisaremos fazê-lo mais uma vez algumas vezes no dia, pelo menos para fazer a oração. Se precisarmos ir ao banheiro e for hora da oração, não devemos evitar a ida ao banheiro para orar rapidamente. Ao invés disso, devemos ir ao banheiro, refazer nosso Wudu e então orar.
Allah nos diz no Alcorão que Ele ama as pessoas que se mantêm puras e limpas. Ele também nos diz que precisamos nos limpar antes de tocarmos no Alcorão. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que estar limpo é metade de nossa fé, o que nos mostra o quão importante é. É por isso que nós nos lavamos depois de irmos ao banheiro ao invés de apenas usar papel higiênico.
Quando fazemos o Wudu várias vezes ao dia, estamos lavando as partes dos nossos corpos que geralmente ficam sujas ao longo do dia (como nossas mãos, pés e rosto). Enxaguando nossas bocas, gargarejando e assoando nossos narizes, também nos certificamos de que estes permaneçam limpos.
O Profeta (que a paz esteja com ele) escovava seus dentes com o Miswak (um tipo de galho usado para escovar os dentes) em todo Wudu. O benefício disso é que nossos dentes permanecem limpos e fortes, e nosso hálito não fica com um cheiro ruim (além de estarmos seguindo uma Sunnah, um costume, do Profeta). O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que fazendo isso, a recompensa por cada ato de adoração que realizamos é multiplicada em 70 vezes e que quando morrermos, morreremos como muçulmanos, proferindo a Shahada (declaração de fé).
Enquanto realizamos o Wudu devemos pensar sobre nossa intenção, sobre o que e por que estamos o fazendo. Não estamos simplesmente limpando nosso corpo; enquanto nos lavamos, devemos imaginar que estamos lavando todos os pecados cometidos com essas partes do corpo.
Dessa forma, depois de fazer o wudu, teremos limpado nossos corpos e nossas almas. Estaremos, então, prontos para ficarmos diante de Allah e orar para Ele; ou para ter uma conversa com Ele, recitando o Alcorão; ou para nos tornarmos Seu hóspede ao visitar Sua casa (a mesquita).
O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que devemos recitar “Bismillah” antes de começarmos o Wudu, e recitar a Shahada ao seu final. Isso abrirá todas as portas do Paraíso para nós. Ele também nos disse que se morrermos num estado de Wudu, temos o Paraíso garantido.
Na verdade, o Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que no Dia do Juízo ele poderá distinguir quais pessoas são seus seguidores, pois as partes dos seus corpos que eles costumavam lavar ao fazer o Wudu estarão brilhando intensamente.
Tendo em vista a grande importância do Wudu e quantas bênçãos Allah colocou nela para nós, devemos aprender a fazê-lo apropriadamente e nunca nos sentirmos indispostos em realizar um novo Wudu caso o anterior tenha sido quebrado. Os Awliyah-Allah (amigos de Allah) tentam se manter em estado de Wudu sempre, do momento em que acordam até a hora de dormir. Apesar de estarem em estado de Wudu, eles o renovam a cada oração.
O significado da palavra Azan é “escutar“ ou “ser contado sobre”. O Islam é a única grande religião do mundo no qual as pessoas são chamadas para adorar a Deus usando a voz humana ao invés de um instrumento (como um sino) ou barulho.
O que estamos dizendo quando recitamos o Azan?
“Deus é maior! Testemunho que não há nada digno de adoração além de Deus! Testemunho que Muhammad é o mensageiro de Deus! Venha para oração. Venha para a salvação. Não há nada digno de adoração além de Deus.”
No Azan recitado antes do Fajr (a oração antes do nascer do sol), há uma frase a mais que significa: A oração é melhor que dormir.
O Azan contém o louvor a Allah, o Tawhid (o anúncio de nossa crença em Allah, o único e verdadeiro Deus, o único digno de adoração), a crença em Muhammad como Seu mensageiro, o encorajamento à oração e uma recordação de que este é um dos atos de adoração mais importantes para agradar a Allah e ir para o Paraíso.
A pessoa que recita o Azan na mesquita é o muezim. Ele é sempre um homem. Alguns muçulmanos acreditam que mulheres podem recitar o Azan se todos no local a participarem da oração também forem mulheres (esta regra também se aplica para a mulher ser Imam).
No Dia do Juízo, todos os seres vivos que ouviram o muezim recitar o Azan serão testemunhas dele na frente de Allah, o que os ajudarão a entrarem no Paraíso.
O primeiro muezim foi o famoso companheiro do Profeta, Sayyidina Bilal (que Allah esteja satisfeito com ele). Quando os muçulmanos conquistaram Meca e a Caaba foi purificada dos ídolos presentes nela, o Profeta (que a paz esteja com ele) pediu para Bilal subir no teto da Caaba e recitar o Azan.
As pessoas que estão ouvindo o Azan devem repetir suas palavras silenciosamente, para si mesmas. Após o Azan terminar, devemos recitar uma súplica especial no qual pedimos a Allah para dar uma recompensa muito especial para o Profeta no Dia do Juízo. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que se fizermos isso, ele, então, no Dia do Juízo, pedirá a Allah para que nos perdoe e nos conceda o Paraíso.
Quando o Azan é recitado, Satanás não consegue ouvi-lo, então corre e não retorna até que tenha terminado. Devemos tomar muito cuidado para não seguir o exemplo de Satanás, conversando ou nos ocupando com outras atividades durante o Azan.
Quando o neto do Profeta, Sayyidina Hassan (que Allah esteja satisfeito com ele) nasceu, o Profeta (que a paz esteja com ele) sussurrou o Azan em seu ouvido. Pais muçulmanos realizam esta Sunnah com seus próprios filhos recém-nascidos. Assim, as primeiras palavras que qualquer criança muçulmana escuta é o Azan, o nome de Allah e de Seu Profeta (que a paz esteja com ele). Isso faz com que Satanás corra da criança.
Este também é um lembrete para todos nós, mesmo no momento do nascimento, quando uma nova vida entrou no mundo, que cada um de nós morrerá um dia. Isso ocorre porque a oração fúnebre não tem um Adhan recitado antes de sua realização, é quase como se o Adhan para a oração fúnebre que será lida para este bebê recém-nascido, estivesse sendo lido agora, no seu nascimento.
O Azan é uma parte muito especial e bela de nossa fé, que podemos escutar sempre que vamos para a mesquita para fazer nossas orações, ou quando moramos próximos de uma mesquita num país muçulmano. Quando ouvimos o Azan, devemos parar tudo que estamos fazendo e ouvi-lo atentamente, nos concentrar em suas palavras e significados, repeti-los para nós mesmos depois do muezim e recitar a súplica especial ao seu fim.
Allah ensinou a todos os Profetas, do Profeta Adão ao Profeta Jesus (que Allah esteja satisfeito com todos eles) formas de adorá-Lo que incluíam a prostração (colocar nossa testa no chão). Nosso Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele) recebeu o Salat quando ele realizou a Isra wal Miraj. Este foi um dos grandes milagres que Allah deu ao Profeta (que a paz esteja com ele), quando Ele levou o Profeta numa viagem de Meca para Mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém e de lá para além dos Sete Céus, até a Sua presença. Mesmo durante este encontro com Allah, que foi único para o Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele), ele estava se lembrando de nós, seus seguidores, pedindo a Allah para que nos perdoasse.
Durante este encontro, Allah deu ao Profeta um presente para nós: 50 orações. No caminho de volta de seu encontro, o Profeta Muhammad se encontrou com o Profeta Moisés (que a paz esteja com ambos), que lhe disse para pedir para Allah que as fizesse menos, para facilitar para nós. O Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele) voltou e Allah o fez. Mas o Profeta Moisés disse-lhe para pedir por menos, de tal forma que o Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele) foi e voltou até restarem cinco orações. Mas Allah nos disse que essas cinco orações contêm as mesmas bênçãos das 50 orações originais.
As cinco orações diárias são Fard. Isso significa que Allah nos ordenou a fazê-las. Não é nossa escolha se iremos fazê-las ou não, não podemos inventar desculpas.
O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que a primeira coisa sobre a qual seremos questionados no Dia do Juízo será a nossa oração. Se tivermos sido cuidadosos na realização de nossas cinco orações diárias, o Dia do Juízo será tranquilo para nós. Mas se não, se não tivermos sido cuidadosos em relação à oração ou se as realizamos com pressa ou sem nos concentrar, então o Dia do Juízo será aterrorizante para nós.
O Profeta (que a paz esteja com ele) também nos disse que a diferença entre um muçulmano e um não-muçulmano é a oração. Perder uma oração deliberadamente é um grande pecado. Alguns eruditos acreditam que isso significa que a pessoa não é mais muçulmana. Isso pode ocorrer por preguiça ou por não pensarmos no Salat como algo importante, nos ocupando com outra coisa. Isso nos diz o quão cuidadosos devemos ser quanto à realização das cinco orações diárias.
Quais recompensas Allah colocou na oração para nós? No Alcorão, Allah nos diz que a oração nos protege do cometimento de pecados. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que se fizermos as cinco orações diárias, isso é como tomar banho num rio cinco vezes ao dia. Da mesma forma que o rio lavaria toda a sujeira de nossos corpos, a oração lavaria nossos pecados.
Em todo Rakat (unidade) de oração, recitamos a Surata al-Fatiha, os 7 versículos da primeira surata do Alcorão. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que quando recitamos a Fatiha, Allah escuta e responde a cada versículo. Isso nos diz que quando oramos, estamos tendo uma conversa com Allah. O Profeta (que a paz esteja com ele) também nos disse que o mais próximo que podemos chegar de Allah é quando colocamos nossa testa no chão, durante o Sujud. Então, quando queremos fazer uma súplica importante, devemos fazer o Sujud. Isso nos diz para conversarmos com Allah porque Ele está escutando e responderá às nossas orações.
O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que a oração é o Miraj do muçulmano. Isso significa que se oramos concentrados, se recitarmos os versos corânicos acreditando que Allah está nos ouvindo e respondendo, se fizermos seus movimentos, sabendo que Allah nos vê, isso é como se estivéssemos na frente de Allah, em nosso próprio Miraj.
Se acreditamos no que o Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse, então há alguma experiência que possamos ter mais incrível que estar na presença e em conversa com Allah? Quão sortudos somos nós que podemos fazer isso cinco vezes, todos os dias? Se realmente acreditamos que isso seja verdade, como podemos perder uma oração de propósito, ou orar apressadamente, sem concentração?
Esta é a primeira surata do Alcorão e possui sete versículos. Este é um dos motivos para ela ser chamada de “a abertura” – porque o Alcorão começa com ela. Sua tradução é:
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. Louvado seja Deus, Senhor do Universo, Clemente, o Misericordioso, Soberano do Dia do Juízo. Só a Ti adoramos e só de Ti imploramos ajuda! Guia-nos à senda reta, à senda dos que agraciaste, não à dos abominados, nem à dos extraviados. (Alcorão 1)
Esta surata é uma súplica, uma oração que Allah nos ensinou. Ela contém louvor e agradecimento a Allah, Tawhid (nossa crença de que não há nada digno de adoração senão Allah e que Ele é o único a quem devemos adorar) e um pedido para que Allah nos ajude a fazer as coisas corretas e a agradá-Lo.
Portanto, esta curta surata contém um sumário da mensagem de todo o Alcorão, e é por esta razão que a Fatiha também é chamada de “a mãe do Alcorão”.
Esta é uma súplica tão especial que Allah nos disse para recitá-la em todo Rakat (unidade) das cinco orações diárias. É por esta razão que um de seus nomes também é “os sete versículos constantemente repetidos”. Quando a recitamos na oração, o Profeta (que a paz esteja com ele), nos disse que Allah nos escuta e nos responde a cada versículo. Quando O louvamos na primeira metade da surata, Allah se satisfaz conosco, e quando Lhe pedimos por coisas na segunda metade, Ele as concede para nós.
O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que uma surata tão especial quanto esta não foi dada para ninguém antes de nós, e que não há nenhuma outra surata como ela no Alcorão. Além de recitá-la na oração, há outros momentos em que devemos recitá-la. Outro nome da surata é “a cura”, porque ela pode ser recitada sobre alguém que está adoentado para pedirmos a Allah para que a cure.
Todos conhecemos a Surata al-Fatiha pois, sem conhecê-la, não poderíamos fazer a oração, mas também devemos aprender seu significado para que possamos ter uma conversa com Allah toda vez que formos orar.
Quando jejuamos não podemos comer ou beber do nascer ao pôr do sol. Isso nos permite experienciar a fome e a sede. Isso deve nos ajudar a lembrar daquelas pessoas no mundo que não tem nenhuma comida ou sequer água limpa, ou que ficam vários dias sem terem nada para comer ou beber. Isso deve nos fazer mais gratos a Allah por tudo o que Ele nos deu, do fato de nunca termos de nos preocupar um dia sequer sobre se teremos comida para comer ou água para beber. Isso também deve nos fazer querer dar mais dinheiro, em caridade, para ajudar os pobres e necessitados.
O jejum não é apenas sobre não comer e não beber. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que se uma pessoa não parar de mentir e cometer ações ruins, Allah não quer que ele pare de comer e beber. Jejuar é sobre controlar a nós mesmos e a nossos desejos, especialmente os ruins, como mentir, trair, roubar, discutir, ser rude ou brigar, sobretudo com nossa família, amigos, vizinhos, colegas de escola e trabalho.
Allah diz, no Alcorão, que Ele nos ordenou a jejuar da mesma forma ordenou às comunidades dos Profetas anteriores a jejuar e que isso nos ajudará a nos tornarmos “Muttaqin”. Um Muttaqi é uma pessoa que tem Taqwa. Isso significa sempre saber que Allah está nos vendo e que Ele sabe de tudo que nós fazemos. Taqwa também significa temer o que acontecerá se desagradarmos a Allah e ganhar Sua punição.
Se alguém está nos vendo, mesmo que não conheçamos essa pessoa, teremos cuidado com o que fazemos ou dizemos. Se essa pessoa for nossa amiga ou parente, devemos ter ainda mais cuidado. Não queremos que elas nos vejam fazendo algo ruim ou vergonhoso. Imagine se estivéssemos com nosso professor, iríamos nos comportar da melhor forma.
Agora, pense sobre o fato de que é Allah, o Senhor do Universo, o Rei dos reis, nosso Criador, o controlador de tudo que nos ocorre nessa vida e que decidirá se iremos para o Paraíso ou para o Inferno depois de morrermos; Ele é Quem está sempre nos observando. Se realmente acreditamos nisso, seremos capazes de ceder aos nossos maus hábitos e cometer pecados tão facilmente?
Quando jejuamos, toda a nossa rotina diária muda. Não estamos comendo ou bebendo, estamos tentando passar mais tempo fazendo boas ações, como orar, recitar o Alcorão, fazer caridade e ajudar aos outros. Tudo isso facilita nos lembrarmos de Allah mais do que de costume, e também nos lembra de que Ele está sempre conosco, sempre nos observando. É assim que o jejum nos ajuda a aumentar nossa Taqwa, e isso nos ajuda a parar de cometer pecados.
Acorrentando os Shayatin
O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que quando o mês de Ramadan começa, as Portas do Paraíso são abertas, as Portas do Inferno são fechadas e que os Shayatin (os demônios) são acorrentados. Esta é uma imensa bênção de Allah, o fato de o Demônio e seus ajudantes estarem presos. Isso significa que eles não podem nos sussurrar, tentando nos encorajar a cometer pecados durante este mês especial.
Controlando nosso Nafs
Mas se os demônios são colados na prisão, porque ainda assim cometemos pecados no Ramadan? Isso ocorre por causa de nosso Nafs, que é uma parte de nossa alma. É uma parte de nós que é como um animal: quer comer, beber, dormir, se sentir confortável e ter preguiça. Ela não se importa se fazemos essas coisas de maneira Halal (permitida) ou Haram (proibida), desde que seja mais fácil e confortável. Se fizéssemos tudo que o nosso Nafs quisesse, seríamos como animais, toda a nossa vida se resumiria a como iríamos curti-la.
Enquanto muçulmanos, estamos sempre lutando para controlar nosso Nafs. Isso ocorre porque estamos preocupados com a vida após a morte, com satisfazer Allah e ir para o Paraíso. Isso significa que devemos fazer apenas o que é Halal e ficar longe do que é Haram. No Ramadan, Allah tornou isso mais fácil ao prender os demônios e nos ordenando a jejuar. Isso não significa apenas deixar de comer e beber, mas também se afastar de todas as coisas ruins. Portanto, é muito mais fácil nos controlar e treinar nosso Nafs, nos afastar dos pecados e passar mais tempo adorando a Allah neste mês especial.
Há muitas outras bênçãos e recompensas pelo jejum no Ramadan. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que se fizermos outras coisas boas no Ramadan, como o Zikrullah (recordação de Allah), fazer caridade, realizar mais Rakats (unidades) de oração ou recitar o Alcorão, Allah nos recompensará como se tivéssemos realizado um ato Fard (algo que Allah nos ordenou a fazer, obrigatório). Se fazemos um ato Fard no Ramadan (como a oração, dar o zakat), Allah nos dá 70 vezes mais recompensas do que nos dá nos outros meses pelas mesmas ações. O Profeta (que a paz esteja com ele) também nos disse que se jejuarmos durante o Ramadan com a intenção de satisfazer a Allah e ganhar Sua recompensa, Ele nos perdoará por todos os nossos pecados menores que cometemos no passado.
Um dos companheiros (que Allah esteja satisfeito com todos eles) uma vez perguntou ao Profeta (que a paz esteja com ele) o que ele deveria fazer para entrar no Paraíso. O Profeta lhe disse para jejuar, dizendo que não há nada como o jejum. O Profeta (que a paz esteja com ele) também nos disse que o jejum servirá como um escudo para o muçulmano no Dia do Juízo, protegendo-o do Fogo do Inferno.
Em outro Hadith, o Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que Allah disse que Ele recompensará toda boa ação de 10 a 700 vezes, menos o jejum. Allah diz que isso se dá porque o jejum é para Ele e que Ele mesmo dará a recompensa por isso. Ele também disse que para o jejuador há dois momentos de felicidade: o momento em que ele quebra o jejum e o momento em que ele se encontrará com Allah.
Pense em quão sortudos nós somos por Allah nos ter dado um mês inteiro de dias tão especiais todos os anos. Então, quando o Ramadan vier, devemos tentar parar de fazer as coisas com as quais normalmente nos ocupamos e, ao invés delas, tentar fazer tantas boas ações quanto forem possíveis; e nos recordar de Allah o quanto for possível.
Allah nos diz no Alcorão que foi no mês de Ramadan que o Alcorão foi revelado, e que este é o mês em que devemos jejuar. Allah está nos contando sobre a conexão especial que o Ramadan tem com o Alcorão. Isso significa que durante o Ramadan devemos fazer um esforço especial para recitar o Alcorão todos os dias, tanto em árabe quanto em nossa língua materna, para que possamos entender melhor sua mensagem. Allah nos fala mais sobre isso em outro versículo do Alcorão:
Sabei que o revelamos o Alcorão, na Noite do Decreto. E o que te fará entender o que é a Noite do Decreto? A Noite do Decreto é melhor do que mil meses... (Alcorão 97)
O que Allah quer dizer falando que o Alcorão foi enviado no Laylat al-Qadr? Alguns eruditos dizem que esta foi a noite em que Allah enviou o Alcorão do al-Lawh al-Mahfuz (um livro que Allah possui no qual tudo que aconteceu e acontecerá está registrado) para o Céu mais baixo, de onde foi revelado para o Profeta (que a paz esteja com ele) por 23 anos. Alguns eruditos disseram que esta é a noite no qual Sayyidina Gabriel foi enviado por Allah para levar a primeira revelação para o Profeta (que a paz esteja com ambos) quando ele estava na caverna do Monte Hira:
Lê, em nome do teu Senhor Que criou… (Alcorão 97:1)
É por isso que Allah fez esta noite tão especial, mais valiosa que mil meses de adoração. Mil meses são mais de 83 anos, o que significa que se você recebeu as bênçãos de apenas um Laylat al-Qadr, é como se você tivesse passado toda a vida em adoração. Isso nos diz o quão importante o Alcorão é, que mesmo os dias e noites que possuem alguma conexão com ele se tornaram tão especiais. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que quem orar no Laylat al-Qadr, esperando a recompensa de Allah, terá todos os seus pecados anteriores perdoados.
O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que Laylat al-Qadr é uma das noites ímpares dos últimos dez dias de Ramadan (21, 23, 25, 27, 29). Mas não podemos ter certeza de que iniciamos o mês no dia correto (porque isso depende de nossa capacidade em ver a lua nova). Isso significa que a única forma de estarmos certos de que receberemos a bênçãos desta noite é passar todos as últimas 10 noites do Ramadan na adoração de Allah e fazendo boas ações.
Esta é uma lição para nós. Allah está nos ensinando que não devemos dar duro para agradá-Lo em uma só noite e não nos importar com o resto deste mês especial. Da mesma forma, não devemos apenas adorar a Allah e recitar o Alcorão durante o Ramadan, nos esquecendo do resto do ano, porque qualquer tempo que passamos, qualquer mês, dia ou noite, em adoração a Allah, é o melhor e mais valioso tempo de nossas vidas.
O Eid é um momento especial de celebração e felicidade. O Eid al-Fitr cai no primeiro dia de Shawwal, o mês que sucede o abençoado mês de Ramadan. Agradecemos a Allah pelo mês de jejum do qual pudemos participar. O Islam nos ensina a como fazer isto, como celebrá-lo de uma maneira que agradará a Allah.
Nossa celebração tem três partes:
O primeiro ponto é o Zakat al-Fitr, que é o dinheiro dado em caridade antes do Eid. Damos este dinheiro por um motivo especial: para ajudar os muçulmanos mais pobres a participarem das celebrações de Eid. Isso é tão importante que deve ser dado para todo muçulmano, menino ou menina, homem ou mulher, adulto ou criança. Isso agrada a Allah, Ele nos recompensará não apenas por nossa caridade (que é multiplicada em 700 vezes ou mais no Ramadan), mas também compensará quaisquer pecados ou erros que tenhamos cometido durante o Ramadan.
O segundo ponto é a oração especial do Eid. Esta é feita na mesquita pelos homens e mulheres (estas podendo fazê-las em casa também). O Profeta (que a paz esteja com ele) costumava tomar o café da manhã e tomar um banho antes de ir para a mesquita. Ele costumava caminhar até lá recitando o Takbir al-Tashriq:
Allahu Akbar, Allahu Akbar, la ilaha ill’Allah, wa’llahu Akbar, Allahu Akbar wa li’llahil-hamd.
Allah é maior, Allah é maior,não há nada digno de adoração além de Deus, e Allah é maior, Allah é maior e todos os louvores pertencem apenas a Ele.
Isso nos diz que quando estamos felizes e vamos celebrar, no Islam, devemos adorar e nos lembrar de Allah. Os muçulmanos sabem que toda felicidade e coisas boas que estão ocorrendo em suas vidas vêm de Allah, portanto, devem agradecê-Lo.
O terceiro ponto é o que fazemos durante o resto do Eid. Uma vez encerrada a oração do Eid, voltamos para nossas famílias e amigos e passamos o resto do dia celebrando com eles. Allah nos diz no Alcorão para sermos gentis e carinhosos com nossos pais, parentes e vizinhos. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que se formos gentis com nossos parentes, Allah nos dará uma longa vida e aumentará nossa riqueza. Se dermos caridade aos parentes mais pobres, receberemos duas recompensas: tanto por dar caridade mas também por termos cuidado de nossos parentes. As pessoas que não tomam cuidado de seus parentes são amaldiçoadas por Allah e Ele as punirá no Inferno.
Sempre que temos um momento de felicidade em nossas vidas devemos nos lembrar de como o Islam nos ensina a celebrá-lo, assim podemos agradecer a Allah por tudo que Ele nos deu.
Atividades
Um dos pilares do Islam é o Zakat – ele é Fard, é uma caridade que devemos dar. Todo ano Allah nos pede para dar uma pequena parte de nossas economias, 2 reais e 50 centavos de todos 100 reais que tivermos. Mas, além disso, podemos dar o quanto quisermos, quando quisermos – isso é Sadaqah.
Quando fazemos caridade não estamos ajudando Allah ou as pessoas a quem estamos dando o dinheiro. Allah é Aquele que ajuda Sua criação – esse é o significado de Seu nome “Ar-Razzaq”. Se não fizéssemos caridade, Allah faria os pobres e necessitados receberem ajuda de outra pessoa. Então, quando fazemos caridade, estamos ajudando apenas a nós mesmos, pois estamos fazendo algo que agrada a Allah.
Allah é Aquele que nos deu tudo que temos, incluindo todo nosso dinheiro. Ele só nos pede para dar uma pequena parte disso de volta para Ele, e isso é apenas para que possamos nos ajudar a nós mesmos.
Quando consideramos o quanto Allah recompensa as pessoas que fazem caridade, isso nos ajuda a entender o quanto Allah ama esta boa ação. No Alcorão, Ele nos diz que para tudo que dermos, receberemos uma recompensa multiplicada em 700 vezes, ou até mais. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que a caridade elimina os pecados da mesma forma que a água elimina o fogo. Ele também nos disse que a caridade faz com que coisas ruins não ocorram e faz com que Allah não se irrite conosco.
Caridade não é apenas dar dinheiro. Quando os companheiros do Profeta (que Allah esteja satisfeito com todos eles) perguntaram-lhe como alguém sem dinheiro poderia dar caridade, o Profeta (que a paz esteja com ele) disse que eles poderiam:
Em outro hadith, o Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que falar “SubhanAllah”, “Allahu Akbar”, “Alhamdulillah” e “La ilaha ill’Allah” também são formas de caridade. Recomendar os outros a fazerem o bem também é um ato de caridade, da mesma forma que recomendar a não cometerem pecados. Na verdade, ele nos disse que toda boa ação que realizamos é uma caridade.
A caridade é um ato tão especial que é uma das únicas coisas que podem nos ajudar mesmo após a nossa morte. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que se usássemos nosso dinheiro em caridade voltado a algo que ajudará as pessoas por muito tempo, como a construção de uma escola para as crianças estudarem, uma sala de oração para as pessoas orarem ou um poço de água para as pessoas beberem, enquanto as pessoas se beneficiarem desta caridade, Allah nos recompensará, mesmo após a nossa morte.
Se realmente acreditamos nisso tudo, então, a melhor forma de usar nosso tempo e dinheiro, de forma que nos ajudará nesta vida e na outra, é com a caridade.
Dhul Hijjah é o 12º e último mês do calendário islâmico. Este é o mês no qual o Hajj (a peregrinação para Meca) e o Eid al-Adha (a festa do sacrifício – Qurbani) ocorrem. No Alcorão, Allah jura pelos dez primeiros dias e noites de Dhul Hijjah. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que não há boas ações que Allah goste mais que as realizadas nesses dez dias. Uma razão para isso pode ser o fato de estes dez dias serem únicos – é o único momento em todo o ano no qual oração, jejum, caridade e Peregrinação ocorrem ao mesmo tempo.
Antes de prosseguirmos para o Hajj, ou durante a viagem, vestimos o “Ihram”. Ele envolve pensarmos em como, conforme viajamos para a casa de Allah com nossos corpos, também queremos nos aproximar de Allah com nossas almas. Envolve a troca de nossas roupas – para os homens, são dois lençóis brancos enrolados ao redor de seus corpos, e para as mulheres são roupas simples, confortáveis, que cobrem todo o seu corpo, exceto seu rosto e mãos.
Isso significa que todos os milhões de pessoas que visitam a casa de Allah estão vestidas da mesma forma, sejam ricas ou pobres, reis ou mendigos, pretos, pardos ou brancos. Isso nos lembra de nossa condição quando nascemos e de nossa condição quando morrermos: desnudos, exceto por uma simples cobertura enrolada ao nosso redor. Todas as coisas que coletamos ao longo de nossas vidas, nosso dinheiro, posses, carros, casas, trabalhos, qualificações – seremos incapazes de levar qualquer uma dessas coisas conosco, apenas as nossas boas ações nos ajudarão. Então, vestir o Ihram significa deixar para trás tudo deste mundo para viajar até Allah.
Quando vamos para a Meca, visitamos a Caaba. Uma grande mesquita de pedra que possui o formato de um cubo. Fazemos uma adoração especial que não é feita em nenhum outro lugar da terra, o Tawaf (rodar ao redor da Caaba sete vezes num sentido anti-horário).
Os humanos não são os únicos a fazê-lo, o Anjos próximos do Trono de Allah fazem Tawaf ao seu redor. Este ato de circunvolução (rodar ao redor de algo) é encontrado toda minúscula até toda gigantesca criação de Allah: de átomos a galáxias inteiras. No entanto, apenas sentar e olhar para a Caaba é um ato de adoração e Allah nos recompensa por isso a cada segundo que o fazemos.
A Caaba foi construída pelo Profeta Abraão e seu filho, o Profeta Ismael (que a paz esteja com ambos). No entanto, antes disso, desde a criação da terra, este local já era Sagrado. Ele sempre foi um local de adoração. Ela fica diretamente abaixo da Caaba dos Anjos no Sétimo Céu, al-Bayt al-Mamur, onde 70 mil anjos realizam visitas todas as manhãs e noites. Esta, inclusive, fica diretamente abaixo do Arsh (trono) de Allah. Para cada oração que fazemos em frente à Caaba, recebemos a recompensa de 100 mil orações feitas em qualquer outro lugar.
Para ajudá-los a construir a Caaba, quando as paredes ficaram altas demais, o Profeta Abraão (que a paz esteja com ele), ficou de pé numa pedra especial que Allah enviou dos Céus. Ela se movia e crescia, permitindo que eles completassem a construção das altas paredes da Caaba. Enquanto estava nela, a pedra ficou macia. Assim, suas pegadas ficaram nela. Esta pedra foi deixada no local que o Profeta Abraão (que a paz esteja com ele) orou após terminar a construção da Caaba, então, este local (chamado de Maqam Ibrahim, ou a Estação de Abraão) é um local onde peregrinos também oram dois Rakats (unidades de oração) após encerrarem o Tawaf.
Em um dos cantos da Caaba está outra pedra do Céu, chamada de al-Hajar al-Aswad (a Pedra Negra). Ao fazer o Tawaf, se possível, é uma Sunnah do Profeta (que a paz esteja com ele) beijá-la. Mas se a área estiver muito cheia e não pudermos nos aproximar da Pedra Negra, podemos saudá-la com um “Salam!” à distância. Durante a vida do Profeta (que a paz esteja com ele) as paredes da Caaba caíram por causa de sucessivas chuvas, e então teve de ser reconstruída. O Profeta (que a paz esteja com ele) foi um dos que colocaram a Pedra Negra de volta à parede da Caaba com suas próprias mãos.
O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que no Dia do Juízo a Pedra Negra terá permissão para falar e ela dará os nomes de todos aqueles que a beijaram como prova de que são muçulmanos. O Profeta (que a paz esteja com ele) também nos disse que essas duas pedras, al-Hajar al-Aswad e o Maqam Ibrahim são duas joias do Paraíso que tiveram sua luz ocultadas por Allah, pois, do contrário, teriam iluminado toda a terra.
Há duas colinas em Meca próximas da Caaba chamadas de Safa e Marwah. Quando vamos em Hajj ou Umrah, corremos entre elas sete vezes. Quando o Profeta Abraão alcançou uma idade avançada, Allah lhe deu um filho, o Profeta Ismael (que a paz esteja com ambos). Então, Allah ordenou que o Profeta Abraão deixasse sua esposa, Sayyidatuna Hagar (que Allah esteja satisfeito com ela) e seu bebê no meio do deserto. Isso significaria, normalmente, morte certa. Isso foi um teste: o Profeta Abraão estava disposto a desistir de sua coisa mais preciosa no mundo por causa do pedido de Allah?
No deserto, o Profeta Ismael começou a chorar por causa de sua sede. Então, Sayyidatuna Hagar (que Allah esteja satisfeito com ela) subiu uma colina para ver se havia água em algum lugar ou se haviam viajantes que podiam ajudá-la. Sem ver ninguém, e querendo ver como estava seu bebê, ela voltou correndo e, depois, subiu outra colina para fazer o mesmo.
Ela fez isso sete vezes, e Allah gostou tanto de seu esforço que Ele nos fez copiá-la. Depois disso, algumas histórias dizem que o bebê esfregou seu calcanhar no chão enquanto chorava, outras histórias dizem que o Arcanjo Gabriel (que a paz esteja com ele) atingiu o chão com sua asa. De qualquer forma, o resultado foi o surgimento de uma fonte de água no meio do deserto. Vendo quanta água estava jorrando, Hagar disse “Zamzam”, que significa “Pare! Pare!”.
O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que Zamzam é a melhor, mais valiosa e mais especial de todas as águas nesta terra. Há histórias de alguns dos companheiros (que Allah esteja satisfeito com todos eles) sobrevivendo por várias semanas só bebendo a água de zamzam, sem nenhuma outra comida ou bebida, se sentindo completamente dispostos e até carregando peso.
O Profeta (que a paz esteja com ele) também nos disse que seja lá qual for a intenção que tenhamos ao beber a água de Zamzam, Allah a realizará. As pessoas costumam beber a água de Zamzam pedindo a Allah para que as cure devido a algumas doenças, e Allah lhes concede a cura de suas doenças. No passado, as pessoas bebiam a água de Zamzam enquanto oravam para Allah para que ele expandisse seu conhecimento do Alcorão e dos Hadith, e para se tornarem grandes eruditos islâmicos.
Houve até quatro vezes na vida do Profeta quando o Arcanjo Gabriel (que a paz esteja com ele) abriu seu peito e lavou o seu coração com água, e essa água era a de Zamzam.
Os peregrinos tentam beber tanta água de Zamzam quanto for possível enquanto visitam a casa de Allah, e costumam trazê-las de volta para compartilhar com sua família e amigos. Quando bebemos a água de Zamzam, devemos ficar de frente para a direção da Caaba, recitar o Bismillah e bebê-la em três goles.
O 9º dia de Dhul Hijjah é o dia de Arafat, um dia muito especial. Allah nos diz, no Alcorão, como, antes de ter criado nossos corpos, quando todas as pessoas eram somente almas, reuniu-as todas em Sua presença no dia de Arafat. Ele lhes perguntou, “Não sou seu Senhor?”, ao que todas elas responderam que Ele era. Esta foi a promessa, um acordo que Ele tomou delas, para que não tivessem uma desculpa no Dia do Juízo para darem por não terem acreditado n’Ele ou em Suas ordens.
Nestes dias, os peregrinos oram do nascer ao pôr do sol e se lembram de Allah na Planície de Arafat. Eles estão dizendo a Allah que se lembram deste acordo que Ele fez com eles. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que Allah se gaba aos Anjos neste dia, dizendo “Olhem para todos os Meus escravos que vieram até Mim cansados e empoeirados”.
Quando o Profeta (que a paz esteja com ele) fez o Hajj, foi neste dia que um dos versículos mais especiais do Alcorão foi revelado – Allah nos disse que ele aperfeiçoou o Islam, que é para todos o seguirem até o Dia do Juízo. Isso também nos diz que Allah não vai enviar nenhum outro Profeta ou Revelação.
Para aqueles de nós que não estão no Hajj, Allah é tão generoso que se jejuarmos no Dia de Arafat, Allah perdoará todos os nossos pecados menores do ano anterior e do próximo (então, dois anos de pecados são perdoados por jejuarmos num só dia). O Profeta (que a paz esteja com ele) também nos disse que o melhor momento do ano inteiro para fazer súplicas para Allah é neste dia.
No Dia do Juízo, quando todos que viveram forem levados de volta à vida, todos serão reunidos ao redor da planície de Arafat.
Os três dias do Eid al-Adha ocorrem do dia 10 ao dia 12 de Dhul Hijjah, os dias nos quais sacrificamos um animal (Qurbani). A carne desses sacrifícios é dada aos pobres e necessitados. Há muitas pessoas no mundo que só têm carne para comer uma vez no ano, nos dias de Eid al-Adha.
Quando fazemos o Qurbani, estamos nos lembrando de outro teste do Profeta Abraão (que a paz esteja com ele). Quando o Profeta Ismael era uma criança, Allah pediu a Abraão para sacrificá-lo (que a paz esteja com ambos). Este foi um dos testes mais difíceis a que qualquer Profeta foi submetido, e não foi um teste apenas para Abraão, mas também para Ismael e Hagar (que a paz esteja com todos). Eles passaram nesse teste: Abraão e Hagar estavam prontos para sacrificar seu filho, o que Abraão fez com suas próprias mãos; e Ismael estava pronto para ser sacrificado se esse era o desejo de Allah.
Satanás tentou se aproximar de ambos para lhes impedir de fazer o que Allah lhes pediu, mas eles não o ouviram e jogaram pedras nele. Copiamos isto no Hajj quando jogamos pedras nos três Jamarat (pilares). Antes do sacrifício acontecer, o Arcanjo Gabriel trocou Ismael (que a paz esteja com ambos) com um cordeiro vindo do Céu, e este foi sacrificado em seu lugar. O Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que para todo cabelo ou fio de lã no animal a ser sacrificado, um de nossos pecados é perdoado.
Fazer o Hajj é um dos 5 pilares do Islam. Para aqueles de nós que são saudáveis e têm dinheiro suficiente para realizá-lo, se fizermos todas as coisas que precisamos fazer nos momentos e lugares certos, com a esperança de agradar a Allah e nos refrear de cometer qualquer coisa ruim (como discutir ou brigar com os outros), então o Profeta (que a paz esteja com ele) nos disse que todos os nossos pecados serão perdoados e retornaremos para casa como um bebê recém-nascido.
A história do Hajj é baseada na vida e nos testes da família do Profeta Abraão (que a paz esteja com todos eles). Eles estavam prontos para desistir de tudo, mesmo das coisas que mais amavam, por Allah, e Allah amou tanto sua atitude que Ele fez os muçulmanos seguirem seu exemplo até o Dia do Juízo.
Esta postagem se baseia conteúdo e nos objetivos do livro Teach Your Child Islam, Iman and Ihsan escrito por Dr. Abdul Qader Ismail que visa servir de recurso para pais, mães, pessoas que tenham interesse em ensinar (e até aprender) os fundamentos e aspectos básicos do Islam de uma maneira simplificada e objetiva para seus filhos, sobrinhos, netos ou até mesmo para recém-convertidos e não-muçulmanos. Para ver as outras postagens, acesse o link principal.
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