O mercado halal global movimenta US$ 2 trilhões e o Brasil, mesmo não sendo um país muçulmano, possui um papel de protagonismo como o quarto maior exportador para os países membros da Organização para a Cooperação Islâmica (OIC).
Os dados mundiais foram levantados pelo State of the Global Islamic Economy Report, que mostrou que em 2020 o Brasil faturou US$ 16,7 bilhões e a projeção para os próximos anos é de aumento nas exportações, afinal a população islâmica no mundo não para de crescer.
Atualmente, estima-se que o número de muçulmanos no mundo é de 1,9 bilhão, até 2030 este número deve chegar a 2 bilhões e em 2060 a 3 bilhões, cerca de 30% da população mundial.
Além do aumento das populações, a economia dos países membros da OIC deve fortalecer. O último relatório de PIB do FMI mostrou que a taxa de crescimento anual desses países é de 7% entre 2020 e 2026, enquanto a média global para o mesmo período é de 6,4%.
Em um artigo publicado pelo presidente da FAMBRAS, Mohamed Hussein El Zoghbi falou que o mercado halal não possui potencial de crescimento apenas entre muçulmanos: "são produtos que, já faz algum tempo, deixaram de ter como consumidores apenas os seguidores do Islam. Esses itens vêm sendo cada vez mais solicitados por todos os que buscam segurança dos alimentos, dietas veganas ou, simplesmente, uma forma de consumo mais consciente.".
A comida é o grande destaque do conceito halal, mas não é o único, além dela há também cosméticos, medicamentos e até mesmo roupas produzidas de acordo com as normas islâmicas.
As empresas que querem entrar no mercado estrangeiro dependem de uma certificação que garante que todas as instalações, insumos e processo nos quais o produto teve contato estão seguros para o consumo de um muçulmano.
O certificado halal abre portas não apenas para o mercado nos países islâmicos, mas também para localidades onde os muçulmanos já contam com uma população numerosa e bem consolidada, o que ocorre em diversas nações e em todos os continentes.
E não adianta achar que é possível ingressar no mercado islâmico de outra maneira, pois o consumo de produtos de origem duvidosa, que contenham riscos de ter algum insumo proibido de serem ingeridos ou que não há garantias de que que foi produzido segundo as normas da religião é vetado para os muçulmanos.
"O mercado islâmico já se relaciona com o Brasil há mais de 40 anos e está sempre aberto ao que temos de melhor para oferecer. E para abrir esse caminho, é preciso investir na certificação Halal, um passaporte fundamental para oportunidades crescentes e de extrema importância para a economia brasileira." Afirma Zoghbi.
O trabalho de garantir que a produção de uma fábrica esteja dentro dos padrões fica a cargo das empresas de certificação, elas devem ser solicitadas pelo produtor e, após a assinatura de um contrato, são realizadas duas auditorias para avaliar o que está fora dos conformes. Se for necessário, ainda é feita uma análise laboratorial e se tudo estiver dentro dos conformes o certificado halal é emitido.
Hoje no Brasil existem centenas de empresas certificadas dos mais variados segmentos, mas sem dúvidas o setor mais forte é o de proteínas animais.
Um dos exemplos que ilustram bem a força econômica desta categoria é o frango, que atingiu a marca de 1,915 milhão de toneladas explortadas para o mercado islâmico no ano de 2021. Este número representa quase metade da exportação brasileira desse segmento referente ao ano passado.
E a tendência é que em 2022 seja ainda melhor, de acordo com o último levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) os números da exportação de carne para os países árabes deste ano estão atingindo recordes com uma média acima de 400 mil toneladas por mês e com receita próxima de US$ 1 bilhão.
Com isso, o mercado brasileiro mostra que o conceito halal pode se expandir sem parar, pois o país está bem preparado para atender essa demanda.
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