O luto no Islam é uma manifestação de paciência e aceitação da vontade de Allah, iniciando imediatamente após a morte. Práticas como a recitação de "Inna lillahi wa inna ilayhi raji'un" são recomendadas para lembrar a transitoriedade da vida.
O período de luto geralmente dura três dias, durante os quais os enlutados se concentram em súplicas a Deus em favor do falecido e na reflexão sobre o momento. Excessos como lamentações exageradas são desencorajados, enquanto a paciência é incentivada.
O iddah, período de luto da esposa, dura quatro meses e dez dias, garantindo que ela processe emocionalmente a perda e não haja dúvidas sobre uma possível gravidez.
Mesmo após o fim do luto, é permitido continuar sentindo tristeza, desde que não se perca a paciência e a aceitação do decreto de Allah, como exemplificado pelo Profeta Muhammad.
O luto no Islam é uma manifestação de respeito, paciência e aceitação diante da perda de um ente querido, guiada por ensinamentos que orientam os muçulmanos a lidar com a morte de maneira serena e digna.
As práticas de luto no Islam variam conforme a relação com o falecido, mas todas refletem a importância de honrar a pessoa que partiu, fortalecer os laços familiares e buscar consolo na fé em Allah.
Neste texto, vamos explorar como o luto é compreendido e praticado pelos muçulmanos, destacando os rituais e as atitudes recomendadas nesse momento delicado, seja para muçulmanos ou não-muçulmanos.
O luto no Islam começa imediatamente após o falecimento de uma pessoa. Os muçulmanos são instruídos a tratar esse momento com serenidade e a lembrar-se de que a morte faz parte do decreto divino (qadr), uma transição para a vida após a morte.
Assim que a morte ocorre, é recomendado que os familiares e amigos recitem a frase "Inna lillahi wa inna ilayhi rajiun" (Certamente pertencemos a Allah, e a Ele retornaremos), que está mencionada no Alcorão, Surah Al-Baqarah (2:156).
Essa recitação serve como uma lembrança da transitoriedade da vida e da necessidade de aceitar a vontade de Allah com paciência (sabr).
Durante o período de luto, os muçulmanos devem seguir práticas que demonstram respeito pela pessoa falecida e apoio emocional aos enlutados.
"Quem oferece condolências a uma pessoa enlutada, receberá uma recompensa semelhante àquela" (Ibn Majah, 1601).
Isso inclui oferecer condolências à família, visitar os enlutados e participar das orações fúnebres (Salat al-Janazah).
O funeral islâmico deve ocorrer rapidamente, idealmente dentro de 24 horas após a morte, como um ato de respeito ao falecido, seguindo o exemplo do Profeta Muhammad.
O período de luto em geral dura três dias (com exceção das esposas), durante os quais as pessoas próximas ao falecido são encorajadas a se afastar de atividades sociais e se concentrar nas orações, súplicas ao falecido, na leitura do Alcorão e na reflexão sobre a vida e a morte.
É importante lembrar que, durante esse tempo, o Islam condena lamentações excessivas, como a autoflagelação ou histeria, pois essas atitudes são vistas como uma negação da aceitação da vontade de Allah.
"O Profeta disse: 'Aquele que se fere, rasga suas roupas ou clama com a voz da Ignorância (Jahiliyyah) não é um de nós.'"
(Sahih al-Bukhari, 1294 e Sahih Muslim, 103)
Em vez disso, a paciência é incentivada, como mencionado no Alcorão:
"E, com certeza, provaremos a todos vós com algo de medo, fome, perda de bens, de vidas e de frutos. Mas dá boas novas aos perseverantes, que dizem, quando atingidos por um infortúnio: 'Certamente somos de Allah e para Ele retornamos'" (Al-Baqarah, 2:155-156).
O luto, no contexto islâmico, serve para lembrar a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte, incentivando os muçulmanos a fortalecerem sua fé, a refletirem sobre a vida após a morte e a se prepararem espiritualmente para o encontro com Allah.
É um período de suporte à família, de respeito ao falecido e de introspecção religiosa, conforme os ensinamentos do Profeta Muhammad e as orientações do Alcorão.
O luto da esposa no Islam vem acompanhado de um período conhecido como iddah, e dura quatro meses e dez dias, conforme estabelecido no Alcorão, Surah Al-Baqarah:
"Quanto àqueles de vós que falecerem e deixarem esposas, elas aguardarão quatro meses e dez dias; e quando completarem seu prazo, não haverá pecado sobre vós pelo que elas fizerem de forma honrosa. E Allah está bem informado do que fazeis." (Alcorão 2:234)
Esse período estendido de luto para a esposa tem diversas razões religiosas e sociais.
A principal é assegurar que não haja gravidez, o que poderia gerar dúvidas sobre a paternidade de uma criança nascida após a morte do marido, além de proporcionar um tempo adequado para que ela possa processar emocionalmente a perda.
O iddah também reflete o respeito pelo vínculo matrimonial e a dignidade que a mulher deve manter após a morte do marido.
Durante esse período, a esposa deve observar uma conduta específica, conforme descrito na Sunna:
Durante o iddah, os membros da comunidade e da família devem ter uma atitude de respeito e cuidado em relação à esposa enlutada:
No Islam, é permitido e natural sentir tristeza pela perda de um ente querido mesmo após o término do período formal de luto.
O luto, com seu prazo específico, serve como uma orientação para que o muçulmano cumpra certos rituais e tenha um período dedicado à reflexão e aceitação da vontade de Allah, mas isso não impede que a dor da perda continue a ser sentida posteriormente.
A tristeza prolongada não é condenada no Islam, desde que ela não leve ao desespero ou à insatisfação com o decreto de Allah.
Em um hadith, o Profeta Muhammad exemplificou isso ao chorar pela morte de seu filho Ibrahim.
Anas ibn Malik relatou: "Entramos com o Mensageiro de Allah para ver Ibrahim, que estava dando seu último suspiro. Os olhos do Mensageiro de Allah começaram a derramar lágrimas. 'Ó Mensageiro de Allah!' perguntaram, 'Estás chorando?' Ele respondeu: 'Os olhos derramam lágrimas, o coração sente tristeza, mas não diremos nada que desagrade o Senhor. Estamos tristes com a sua partida, ó Ibrahim.'" (Sahih al-Bukhari, 1303 e Sahih Muslim, 2315).
Esse exemplo mostra que o Profeta experimentou e expressou tristeza pela perda de seu filho, mesmo sendo uma pessoa de fé e sabedoria incomparáveis.
Embora o período formal de luto seja limitado, a memória e o amor pela pessoa que partiu podem continuar a trazer sentimentos de saudade.
É permitido lembrar o falecido em suas orações, pedir a Allah por misericórdia para ele e honrar sua memória de maneira positiva.
O importante é que a tristeza seja equilibrada pela paciência e pela aceitação da sabedoria de Allah em todas as coisas.
O Islam ensina que os laços familiares, de amizade e de convivência com não-muçulmanos devem ser respeitados, e isso também inclui os momentos de perda.
O comportamento do muçulmano deve refletir compaixão e solidariedade, seguindo diretrizes claras que evitam conflitos com os ensinamentos islâmicos.
Muçulmanos podem comparecer ao funeral de não-muçulmanos, desde que não se envolvam nos rituais de outras religiões.
Por exemplo, é permitido estar presente no enterro e oferecer apoio emocional à família enlutada, mas o muçulmano deve evitar práticas que sejam contrárias à sua fé.
O Profeta Muhammad demonstrou isso em sua vida, como relatado em um hadith narrado por Anas ibn Malik:
“Passou um funeral e o Profeta (sobre ele a paz) ficou de pé. Disseram a ele: ‘É o funeral de um judeu.’ Ele disse: ‘Acaso não é uma alma humana?’” (Sahih al-Bukhari, 1311).
Esse hadith mostra que o respeito pelo falecido, independentemente de sua fé, é uma obrigação no Islam.
Isso inclui manter uma postura respeitosa e oferecer condolências, como forma de mostrar empatia e bondade.
No caso de um não-muçulmano falecer, a Salat al-Janazah não pode ser realizada para ele, pois é uma prática reservada exclusivamente para muçulmanos.
No entanto, o muçulmano pode fazer orações privadas pedindo paciência para si mesmo e conforto para os familiares, além de pedir a Allah que guie as pessoas vivas.
Há também um hadith que aconselha o respeito ao falecido não-muçulmano, evitando-se a participação em práticas religiosas que conflitem com o Islam:.
Não se deve orar a Deus pedindo perdão pela alma do falecido, pois a descrença é o único pecado pelo qual não há perdão:
"Não façam súplicas de misericórdia ou perdão para os descrentes..." (Alcorão 9:113).
No entanto, o muçulmano ainda pode pedir a Allah para que Ele dê ao falecido não-muçulmano aquilo o que sua alma merece.
O luto no Islam é um período de reflexão, paciência e aceitação do decreto divino, guiado por ensinamentos que promovem o respeito ao falecido e o apoio aos enlutados.
O tempo formal do luto é de três dias, exceto para esposas, que devem manter um período de quatro meses e dez dias para se assegurar que não há gravidez.
Neste período é preciso fazer o funeral, prestar condolências aos familiares e amigos, fazer súplicas e é indicado se afastar de atividades sociais.
Não é permitido manifestações excessivas, como histeria ou autoflagelação, pois isso pode facilmente levar ao descontentamento com Allah e se transformar em descrença.
A tristeza pode continuar após o fim do luto, mas deve ser equilibrada pela paciência e fé, reconhecendo que a morte é parte da jornada humana e uma transição para a vida eterna.
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