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Felicitar os não-muçulmanos em suas festividades – Sheykh Abdullah Ibn Bayyah

Obs: a seguinte tradução é um sumário da fatwa apresentada por Sheykh Abdullah Ibn Bayyah.

“Esta questão é, sem dúvida, muito importante e sensível, especialmente para os muçulmanos que vivem no Ocidente. Muitas perguntas foram feitas ao Conselho [Europeu] [para Fatwas e Pesquisa] de irmãos e irmãs que vivem nessas terras. Eles coexistem com os não-muçulmanos e estabeleceram muitos laços com eles como parte da vida, vizinhança, trabalho e escola. Às vezes um muçulmano pode sentir os favores do não-muçulmano sobre eles, como no professor que ajuda os estudantes muçulmanos com sinceridade, o médico que trata os pacientes muçulmanos também com sinceridade, etc. Como diz o ditado, o ser humano é aprisionado por bom tratamento, e o poeta disse: “Faça o bem às pessoas e você possuirá seus corações. Pois fazer o bem sempre cativou o ser humano.”

Qual é a posição dos muçulmanos em relação aos não-muçulmanos que são pacíficos com eles, não semearam inimizade contra eles, não os combatem em sua religião, e não os expulsaram de suas casas nem apoiaram aqueles que o tentam fazer? O Alcorão estabeleceu uma base para a relação entre muçulmanos e não-muçulmanos em dois versos do Livro de Deus, o Exaltado, que foram revelados em relação aos politeístas:

Deus nada vos proíbe, quanto àquelas que não nos combateram pela causa da religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que lideis com eles com gentileza e equidade, porque Deus aprecia os equitativos. Deus vos proíbe tão-somente entrar em privacidade com aqueles que vos combateram na religião, vos expulsaram de vossos lares ou que cooperaram na vossa expulsão. Em verdade, aqueles que entrarem em privacidade com eles serão iníquos.” (Alcorão 8-9)

Quanto aos primeiros (aqueles que são pacíficos), o verso legislou ter gentileza e tratamento justo com eles. [Mas as palavras árabes usadas no versículo implicam mais do que isso] porque a palavra “qist” significa justiça, e a palavra “birr” significa fazer o bem com uma medida extra dele, que é maior que a justiça. [O conceito de] justiça significa que você aceita o que é seu por direito, ao passo que “birr” significa que você concede alguns dos seus direitos. Em outras palavras, justiça, isto é, “qist”, é dar a pessoa o devido direito sem qualquer diminuição, mas um tratamento gentil, isto é, “birr“, [mencionado no verso] significa que você dá a uma pessoa mais do que o devido direito, como um ato de virtude.

[Também, observe aqui] que o Alcorão usou a palavra para tratamento gentil, isto é, “birr”, para o relacionamento com aqueles que são pacíficos, que é a mesma palavra usada para a maior obrigação sobre o ser humano depois de cumprir o direito de Deus o exaltado; o direito de “birr” para com os pais.

Além disso, a permissibilidade de felicitar os não-muçulmanos em seus feirados é mais confirmada no caso em que eles também parabenizam os muçulmanos pelos feriados islâmicos. Recebemos ordens de devolver o bem com o bem e de responder a uma saudação com uma que seja melhor do que isso, ou pelo menos igual a ela. O Exaltado disse:
 
Quando fordes saudados cortesmente, respondei com cortesia maior ou, pelo menos, igual, porque Deus leva em conta todas as circunstâncias.” (4:86)
 
Portanto, não é adequado para um muçulmano ser menos generoso ou ter um status inferior de bom caráter do que outros. Um muçulmano deve ser aquele que é mais gentil e ter o caráter mais nobre como foi transmitido no Hadith:

Os mais completos em fé entre os crentes são aqueles com o caráter mais nobre.”

O Profeta ﷺ tinha um caráter nobre e um generoso relacionamento com os politeístas dos Quraysh, apesar de seus danos para com ele e de se reunir contra ele e seus companheiros.

[Por fim] as palavras usuais usadas para parabenizar durante essas ocasiões não implicam a aceitação ou adoção de credo não-muçulmano. São simplesmente palavras de cortesia que são habituais nessas ocasiões. Também não há impedimento de aceitar presentes deles e recompensá-los com presentes em troca, porque o Profeta ﷺ aceitou presentes de não-muçulmanos, com a condição de que esses presentes não sejam aquilo que seria inadmissível para um muçulmano, como álcool ou carne de suíno.

[Deve ser mencionado] que não estamos de acordo com os muçulmanos que celebram os feriados religiosos dos politeístas ou do Povo do Livro. Vemos alguns muçulmanos desatentos celebrando o Natal da mesma forma que celebram Eid al-Fitr e Eid al-Ad’ha, ou até mais. Isso não é permissível porque temos nossos feriados religiosos e eles têm seus feriados religiosos. Mas não vemos mal em parabenizar as pessoas em seus feriados religiosos por aqueles que têm relações sociais com eles.”

Fonte: https://goo.gl/QFgxkz

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