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Dez Rabinos contra o Sionismo

Os judeus tiveram grande papel no desenvolvimento do antissionismo. Conheça 10 grandes rabinos que eram contra um estado judeu na palestina.

A tradição antissionista é tão antiga quanto o seu ideal antagônico. Se engana quem pensa que a parcela dos judeus que se opõem ao atual estado de Israel é insignificante, pelo contrário, são muitas pessoas.

Há uma vasta colaboração dos judeus para o antissionismo e até mesmo em favor da causa pela libertação da Palestina.

São pessoas que acreditam que lutar contra a política de Israel, ou da Palestina, é algo intimamente ligado à sua profissão de fé.

Neste texto, conheceremos dez rabinos que são lembrados pela luta antissionista que travaram.

1. Yosef Tzvi Dushinsky

Nascido na Hungria em 1867, o rabino Yosef Tzvi Dushinsky foi o primeiro  mestre da dinastia rabínica de Dushinsky.

Ele também foi rabino chefe em Galanta, na Eslováquia, até que se mudou para a Palestina ocupada pelo mandato britânico em 1930.

Viveu em Jerusalém, onde se tornou rabino chefe da organização haredim e hassídica Edah HaChareidis. Ele faleceu em 1948.

Ficou marcado na história por sua oposição ao estabelecimento do estado judeu na Palestina, especialmente por um discurso realizado no Comitê Especial das Nações Unidas para a Palestina em 1947, quando disse:

"[...] A razão básica da nossa oposição a um Estado judeu independente é que, nas circunstâncias atuais, a representação oficialmente reconhecida do povo judeu não considera a autoridade da Lei Sagrada como vinculativa nos assuntos públicos do povo judeu... e é contrário aos desejos de Deus o estabelecimento um Estado judeu... O Judaísmo ortodoxo, por sua vez, não tem a menor intenção de subjugar qualquer secção da população da Terra Santa [...]

Além disso, desejamos expressar a nossa oposição definitiva a um Estado judeu em qualquer parte da Palestina."

[Rabino Yosef Tzvi Dushinsky (1867 – 1948), Declaração ao Comitê Especial Das Nações Unidas para a Palestina - 16 de julho de 1947, Biblioteca da Tutela das Nações Unidas.] 

2. Joel Teitelbaum

Nascido na Áustria-Hungria em 1887 e falecido em 1979, Joel Teitelbaum foi o grande mestre fundador da dinastia hassídica de Satmar, que é o maior grupo hassídico ultraortodoxo do mundo.

Entre alguns posicionamentos sociais da dinastia, um dos mais marcantes é a oposição ao judaísmo modernista e ao sionismo.

Dos posicionamentos de Teitelbaum sobre o sionismo, podemos destacar:

"Eu disse que não queria entrar em questões políticas, e não há nada a dizer sobre isso [...] mas o sionismo é uma fonte de heresia permanente, é uma fábrica de heresia! [...] Portanto, por causa deles, as nações do mundo são levadas a odiar os judeus, pelo que uma das melhores coisas a fazer seria proclamar desinteressadamente às nações que os sionistas não são os representantes do povo judeu e que os judeus religiosos não têm qualquer ligação com eles [...]”

[Rabino Joel Teitelbaum z”l (1887 – 1979) - Kuntres Dibros Kodesh - Páginas 216-217]

3. Sholem Dovber Schneersohn

Nascido na Rússia em 1860 e falecido em 1920, Sholem Dovber Schneersohn foi o quinto rabino da dinastia Chabad-Lubavitch, uma das maiores organizações do judaísmo ortodoxo.

Ele foi um oponente proeminente do sionismo. Sua preocupação era, sobretudo, com o caráter secular inerente ao nacionalismo, que poderia substituir a religiosidade pelo sionismo secular como principal fundamento da identidade judaica.

Em uma de suas declarações sobre o assunto, ele disse:

"Relativamente à sua pergunta sobre os sionistas, permita-me que lhe responda brevemente. Aqueles que ajudam os sionistas pagarão no Dia do Juízo Final, porque estão a levar as massas a pecar [...] devemos nos opor a eles tanto quanto possível.

Quanto ao argumento dos sionistas de que os judeus fiéis à Torá devem tornar-se líderes do seu movimento, responderei da seguinte forma: Como pode um judeu temente a Deus estar à frente de um movimento que contradiz os fundamentos de nossa crença na Redenção?"

[Grande-Rabino Sholem Dovber Schneersohn z"l (1860 – 1920), em uma de suas cartas] 

4. Chaim Soloveichik Brisker

Nascido em 1853, na Bielo-Rússia, e falecido em 1918, Chaim Soloveichik Brisker era membro da dinastia rabínica Soloveitchk e foi um importante estudioso do Talmud, responsável por criar a abordagem de estudo Brisker.

Assim como Schneersohn, via o nacionalismo do sionismo como um antagonista à identidade religiosa do povo judeu, sobre o qual declarou:

"O povo judeu sofreu muitas pragas (espirituais) - os saduceus, os karaitas, os helenistas, os sabateístas, o Iluminismo, a Reforma e muitos outros. Mas a mais forte de todas é o sionismo".

"Os sionistas não fazem dos judeus hereges para terem um Estado, eles querem um Estado para fazer dos judeus hereges! [...] Se pretendes dar uma moeda ao Fundo Nacional Judaico, dê a outra idolatria, mas não aos sionistas, uma vez que esta idolatria é pior do que qualquer outra."

[Rabino Chaim Soloveichik Brisker z "l, o Chaim Brisker (1853 – 1918), citado pelos seus alunos e numa carta a Rabino Moshe Carpas] 

5. Yisroel Meir HaKohen Kagan

Nascido na Lituânia, em 1838, o rabino Yisroel Meir HaKohen Kagan era um erudito na lei judaica, halacha, além de ser um filósofo da ética judaica, o que o coloca como uma figura muito influente no judaísmo ortodoxo.

Orientou vários judeus a não participarem da Organização Sionista Mundial e também criticou os esforços para criar uma língua hebraica moderna, pois o idioma está diretamente ligado às escrituras sagradas judaicas. Faleceu em 1933.

Embora evitasse falar no assunto, contribuiu de forma significativa para o antissionismo rabínico. Em uma de suas declarações sobre o sionismo, ele alegou:

"Se os pensamentos desses sionistas fossem realmente para o bem de Israel, como afirmam, eles se absteriam do assunto, e haveria um fim para todas as calamidades que dele decorrem.  À primeira vista, não parece haver razão para que eu me estenda sobre esse tema, visto que é claramente proibido no tratado de Kesubos* subir à Terra em coluna, ou seja, com uma multidão [...] quem quer que leia as palavras dos sionistas saberá que mesmo os melhores entre os gentios serão transformados em nossos inimigos".

[Rabino Yisroel Meir HaKohen Kagan, o Chofetz Chaim (1838 – 1933), numa carta, citada em "A Transformação" The Voice of Torah, pp 188-19]

*Talmud Kesuvos 111a. 

6. Elchonon Wasserman

Nascido em 1874 na Polônia, o rabino Elchonon Wasserman foi diretor de diversas Rosh yeshivah e integrou o movimento ortodoxo Agudas Yisroal.

Se opôs a todas as formas de sionismo e considerava isso uma rejeição à vinda do Messias. Considerava que, mesmo um estado judeu religioso, que colaborasse com o sionismo, estaria contribuindo para a corrupção da religião.

Nem mesmo o início da perseguição Nazista aos judeus levou o rabino a abrir mão de sua posição contra o sionismo e tampouco desencorajou a imigração para a Palestina ou para os EUA.

Ele dizia que os antissemitas matavam o corpo enquanto os sionistas matavam a alma e, por isso, era melhor morrer do que associar ao sionismo. Foi uma das vítimas do holocausto Nazista no ano de 1941.

Em uma de suas declarações sobre o assunto, ele disse:

"O conceito nacionalista do povo judeu como uma entidade étnica ou nacionalista não tem lugar entre nós, e não é nada senão um implante estrangeiro no Judaísmo; não é nada além de idolatria. Sua 'irmã mais nova', [o] 'sionismo religioso', é idolatria que combina o Nome de HaShem juntamente de heresia."

[Rabino Elchonon Wasserman z”l (1874 – 1941). Kovetz Maamarim, vol. 1 "Eretz Yisroel", pg. 166.]

7. Avigdor Miller

Nascido em 1908 nos EUA e falecido em 2001, foi um dos importantes rabinos Haredi da América do Norte. 

Era uma figura cujas posições antissionistas eram reconhecidas por sua comunidade. Sobre este assunto, ele declarou:

“De fato, o Estado de Israel não resolve nada. Todos os 'problemas' permanecem os mesmos e novos são criados. As terras árabes tornaram-se inabitáveis para os judeus; é preciso travar guerras constantes com os vizinhos [...] e os proponentes do Estado de Israel - tentam inflamar os judeus em todas as terras, a fim de tornar a sua posição insustentável, para que emigrem e aumentem a população do novo Estado.

O Estado de Israel representa o maior perigo para a existência judaica na história.”

[Rabino Avigdor Miller z"l (1908 – 2001), "Sing, You Righteous", 1973.]

8. Amram Blau

Amram Blau nasceu em 1894, na Palestina, durante o mandato britânico. Sua família era de origem húngara. 

Ele foi um rabino haredi co-fundador do movimento antissionista Neturei Karta, influenciado pelos ensinamentos do rabino Joel Teitelbaum, e acreditava que o sionismo era uma contradição clara aos princípios judaicos.

Chegou a propor a mudança do grupo para Jerusalém Oriental, na época que a cidade era controlada pela Jordânia, para que os membros do grupo evitassem as tentações do estado secular de Israel.

Ele foi preso diversas vezes por protestar contra as violações do shabat, recrutamento de mulheres no exército, piscinas mistas para homens e mulheres, além de outras políticas governamentais. Faleceu em 1974.

Sobre o sionismo, ele chegou a declarar:

"As nações do mundo aceitaram uma mentira evidente quando reconheceram os sionistas, esses hereges que estabeleceram o seu Estado através da conquista sob o nome de 'Israel', como fazendo parte do povo judeu [...] O povo judeu opõe-se absolutamente a qualquer dano contra a nação árabe. A nação árabe nunca fez mal ao povo judeu até ao advento do nacionalismo sionista."

[Rabino Amram Blau (1894 – 1974), "A Todos Aqueles Que Acreditam Na Justiça". Jerusalém, 17 de janeiro de 1974] 

9. Chaim Sonnenfeld

Nascido em 1848 na República Tcheca, foi rabino-chefe na yishuv de Jerusalém durante o mandato britânico na Palestina.

Foi um ferrenho antissionista co-fundador da comunidade ultra-ortodoxa Edah HaChareidis, que era contra a formação do estado judeu na Palestina.

Ele integrou uma comitiva de judeus que manifestou uma posição contrária ao sionismo junto ao Rei Faisal do Iraque e ao Rei Hussein da Jordânia.

Durante sua vida, fez apelos para que árabes e judeus vivessem em paz e também desencorajou os judeus a tomarem as terras dos palestinos.

Ele faleceu em 1932. Em um de seus registros sobre o sionismo, disse:

"O Inferno entrou na Terra de Israel junto com Herzl*."

"... é proibido a qualquer homem de Israel pôr os pés no terreno do ‘Monte do Templo’, até a vinda do justo Messias, que, com o espírito do Senhor, que pairará sobre ele, governará com justiça, para o bem de toda a criação, e nos devolverá a pureza exigida pela Torá."

[Rabino Chaim Sonnenfeld z "l (1848 - 1932), "Verdade e Paz", Jornal Kol Yisroel, 22 de novembro de 1929]

*Theodor Herzl, o idealizador e fundador do movimento sionista organizado.

Quem foi: Rabino-chefe do Velho Yishuv de Jerusalém e co-fundador da organização comunitária ultraortodoxa Edah HaChareidis.

10. Avraham Yeshaye Karelitz

Rabino ortodoxo nascido na Bielo-Rússia em 1878, Avraham Yeshaye Karelitz se estabeleceu na Palestina em 1933, durante o mandato britânico, e viveu ali até falecer em 1953.

Se opôs à criação do estado sionista e via os valores nacionalistas e seculares como antagônicos à identidade religiosa judaica.

Sobre o sionismo, ele disse:

"A única diferença real da formação do Estado Sionista [para os outros] é que antes disso, [os sionistas] eram bandidos sem armas, e agora, os bandidos têm armas."

[Rabino Avraham Yeshaye Karelitz, o Chazon Ish (1878 - 1953), citado pelo Rav A. Y. Weintraub]

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