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Circuncisão no Islam: Quais são seus significados

A circuncisão no Islam é uma prática recomendada que promove a higiene e a pureza, sendo considerada uma tradição profética seguida por muçulmanos.
  • A circuncisão no Islam é considerada uma tradição profética, transmitida como uma prática comum entre os muçulmanos ao longo dos séculos.
  • Ela é vista como um ato de purificação e higiene, facilitando a manutenção da pureza corporal necessária para rituais religiosos.
  • Embora tenha paralelos com outras tradições religiosas, a circuncisão possui uma perspectiva autêntica dentro do Islam.

A circuncisão, conhecida como khitan em árabe, é uma prática importante no Islam, sendo considerada uma tradição profética (sunnah) e uma recomendação religiosa para os homens. 

Embora não seja explicitamente mencionada no Alcorão, a circuncisão tem um fundamento sólido na Sunnah, com vários hadiths indicando que o Profeta Muhammad recomendou a prática. 

A circuncisão no Islam e no judaísmo, embora compartilhem raízes históricas e religiosas, possuem algumas diferenças significativas. 

No judaísmo, a circuncisão (brit milá), além de ser um ritual, é uma prática obrigatória realizada em todos os meninos judeus no oitavo dia de vida, simbolizando a aliança de Allah com o profeta Abraão. 

Já no Islam esta prática não é uma obrigação religiosa e não há uma idade fixa para sua realização.

Enquanto a circuncisão no judaísmo é um rito estritamente religioso, no Islam ela é vista como uma prática de higiene e pureza, no entanto, veremos a seguir que esta limpeza também está envolta de significados espirituais.

A tradição da circuncisão

A tradição da circuncisão no Islam remonta ao profeta Abraão, que recebeu a ordem de Allah para se circuncidar e circuncidar os homens de sua casa, incluindo seu filho Ismael.

“Abraão (que a paz esteja com ele) foi circuncidado quando tinha oitenta anos com um machado.” (Sahih al-Bukhari 6298)

O Profeta Muhammad, descendente de Ismael, manteve essa prática e a ensinou como parte da Sunnah, consolidando-a na vida dos muçulmanos. 

Ele considerava a circuncisão uma marca distintiva dos muçulmanos e a via como um ato de purificação e respeito às tradições dos profetas anteriores. 

Assim, a circuncisão tornou-se uma prática comum entre os muçulmanos, transmitida de geração em geração,sendo praticada até hoje por boa parte dos muçulmanos ao redor do mundo.

Razões pelas quais a circuncisão é enfatizada

A circuncisão é amplamente considerada uma prática higiênica, pois reduz o acúmulo de sujeira e bactérias, prevenindo infecções e doenças. 

A ênfase na limpeza é um princípio fundamental no Islam, e a circuncisão é vista como uma forma de manter a pureza corporal, pois isso é a base para todas as outras práticas religiosas.

Frequentemente o prepúcio acumula urina, e esse tipo de sujeira pode anular a pureza ritual caso a concentração dela seja grande, podendo também dificultar a higiene da região.

A pureza ritual é necessária para que o muçulmano possa realizar as cinco orações obrigatórias (salat), além de outros rituais como a circumambulação da Caaba (Tawaf), leitura do Alcorão, etc.

Portanto, a remoção do prepúcio é parte da "fitrah", isto é, da natureza inata do ser humano, que envolve outras práticas saudáveis que facilitam a limpeza do corpo e evita o acúmulo de sujeira.

Disse o Mensageiro de Allah: "Cinco são os atos que estão de acordo com a fitrah, ou cinco são os atos da fitrah: circuncisão, raspar os pelos pubianos, cortar as unhas, arrancar os pelos das axilas e aparar o bigode." (Sahih Muslim 257a)

Ou seja, a circuncisão é um ato profundamente espiritual, pois ela se conecta com uma longa tradição profética e promove a higiene que é necessária para a pureza ritual, e isso está na base das obrigações religiosas.

"Disse o Mensageiro de Allah: A limpeza é a metade da fé (...)" (Sahih Muslim 223)

Circuncisão feminina

A circuncisão feminina, conhecida em árabe como khafd, refere-se a uma prática específica que envolve a remoção do prepúcio do clitóris, uma pequena área de tecido na parte superior da vulva. 

Na tradição islâmica, a prática da circuncisão feminina não é amplamente estabelecida como uma exigência religiosa.  

Não há menção explícita a essa prática no Alcorão, e os hadiths que fazem referência a ela possuem cadeias fracas de transmissão ou não mencionam a prática explicitamente.

Um dos poucos hadiths que fala explicitamente sobre isso está no compilado de Abu Dawud, e afirma que o Profeta encontrou um caso de circuncisão feminina e sugeriu que o corte não fosse excessivo, mas esta também é uma evidência fraca.

A ausência de fontes autênticas que corroborem esta prática faz com que ela seja menos enfatizada para as mulheres, embora exista estudiosos que levem isso em conta e acreditem que é algo religiosamente estabelecido.

No entanto, é importante destacar que também estudiosos que consideram a circuncisão feminina uma prática neutra em mérito espiritual.

O khafd, no entanto, não deve ser confundido como remoção parcial ou total do clitóris, lábios menores, excisão dos lábios maiores ou estreitamento da abertura vaginal. 

Essas práticas não são permitidas na religião islâmica, não fazem parte da tradição religiosa e podem ser consideradas uma forma de mutilação, sendo pecado para quem as pratica.

O muçulmano pode fazer a circuncisão com um médico não-muçulmano?

Muitos estudiosos enfatizam a importância de fazer o procedimento com um muçulmano, mas em países onde o Islam não é a religião predominante, como em muitos países lusófonos, a cirurgia pode ser feita com um médico não-muçulmano.

O principal objetivo da circuncisão é cumprir com uma prática religiosa e cultural de acordo com os ensinamentos islâmicos. 

Com a assistência médica, há a vantagem de realizar o procedimento com higiene e cuidados necessários com a recuperação, evitando também uma remoção do prepúcio além do necessário.

Portanto, a escolha do médico deve focar na competência e na segurança do procedimento, o que está em conformidade com os valores islâmicos de limpeza, proteção da saúde e do bem-estar dos muçulmanos.

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