No Islam, o termo "barzakh" refere-se ao estágio intermediário entre a morte e o Dia do Juízo.
Esta fase, também conhecida como o estado intermediário ou a vida no túmulo, é uma crença central no Islam sobre o que acontece com a alma após a morte física e antes da ressurreição final.
A palavra "barzakh" em árabe (بَرْزَخ) pode ser traduzida como "barreira" ou "intervalo". No Alcorão, o termo é mencionado em várias passagens, principalmente para descrever uma barreira entre duas coisas.
No contexto escatológico, ele se refere à barreira entre este mundo e o próximo, e se encerrará após a ressurreição, quando Allah julgará todos os homens.
Acredita-se que o barzakh seja uma fase de transição onde as almas dos falecidos aguardam a ressurreição e o julgamento final.
Este período é caracterizado por experiências que refletem a conduta da pessoa durante a vida terrena.
As boas ações levam a uma experiência pacífica e gratificante, enquanto as más ações resultam em sofrimento.
O conceito de barzakh é abordado no Alcorão e nos Hadiths (dizeres e ações do Profeta Muhammad):
"Até que, quando a morte vem a um deles, ele diz: 'Meu Senhor, manda-me voltar para que eu possa fazer o bem que deixei de fazer!' Nunca! É apenas uma palavra que ele diz. E atrás deles está um barzakh até o dia em que serão ressuscitados." (Alcorão 23:99-100)
"Ele liberou os dois mares (se encontram), entre eles há uma barreira (barzakh) que eles não transgridem." (Alcorão 55:19-20)
As experiências no barzakh são frequentemente descritas em termos de conforto ou tormento.
Os crentes que levaram uma vida justa e piedosa desfrutarão de uma antecipação do Paraíso. Seus túmulos se expandirão, e eles experimentarão paz e luz.
Aqueles que levaram uma vida de pecado e desobediência enfrentarão um aperto no túmulo, escuridão e sofrimento, uma antecipação do castigo do Inferno:
"O Mensageiro de Allah (ﷺ) disse: 'Quando um crente é colocado em seu túmulo, dois anjos vêm até ele, o fazem sentar e perguntam: 'Quem é o seu Senhor?' Ele responde: 'Meu Senhor é Allah.' Eles perguntam: 'Qual é a sua religião?' Ele responde: 'Minha religião é o Islam.' Eles perguntam: 'Quem é este homem que foi enviado a você?' Ele responde: 'Ele é o Mensageiro de Allah.' Então uma voz clama do céu: 'Meu servo falou a verdade, espalhem um tapete do Paraíso para ele, abram uma porta do Paraíso para ele.' E ele sente seu perfume e a sua sepultura se expande tanto quanto o olho pode ver. Mas quando o descrente é colocado no túmulo, dois anjos vêm até ele, o fazem sentar e perguntam: 'Quem é o seu Senhor?' Ele responde: 'Ah, ah, não sei.' Eles perguntam: 'Qual é a sua religião?' Ele responde: 'Ah, ah, não sei.' Eles perguntam: 'Quem é este homem que foi enviado a você?' Ele responde: 'Ah, ah, não sei.' Então uma voz clama do céu: 'Meu servo mentiu, espalhem um tapete do Inferno para ele, abram uma porta do Inferno para ele.' E ele sente seu calor e sua sepultura se aperta até que suas costelas se entrelaçam.'" (Sahih Ibn Hibban, Livro 7, Hadith 3111)
O barzakh serve como um lembrete para os muçulmanos sobre a importância de viver uma vida moralmente correta e obediente aos mandamentos de Deus.
O barzakh é a continuidade da existência da alma e a justiça divina que será plenamente estabelecida no Dia do Juízo.
O barzakh é um prelúdio ao destino final da alma, reforçando a ideia de responsabilidade moral e a certeza de uma vida após a morte.
Por causa disso, a crença no barzakh inspira práticas como a oração pelos mortos, a recitação do Alcorão e atos de caridade em nome dos falecidos, visando aliviar qualquer sofrimento que possam estar enfrentando nesta fase.
"Quando um homem morre, suas boas ações cessam, exceto três: uma caridade contínua (sadaqah jariyah), um conhecimento do qual as pessoas se beneficiam e um filho justo que ora por ele." (Sahih Muslim, Livro 13, Hadith 4005.)
"O Profeta (ﷺ) costumava, depois de enterrar os mortos, permanecer junto ao túmulo e dizer: 'Peçam perdão por seu irmão e supliquem firmeza para ele, pois agora ele está sendo questionado.'" (Sunan Abu Dawood, Livro 20, Hadith 3231)
Quando um muçulmano falece, devemos dizer: Inna lillahi wa inna ilayhi raji un
Isto significa: ' Certamente a Deus pertencemos e a Ele todos retornaremos'.
Existem outras súplicas que podem ser feitas ao falecido, e aquelas feitas de coração são melhores para alma do falecido.
Orar a Allah para que perdoe o falecido, proteja-o contra a sepultura e humilhação do Dia do Julgamento, e que ela alcance o paraíso são coisas algumas das melhores e mais comuns das coisas que podemos pedir.
Um exemplo comum é:
Allaahummaghfir li (nome da pessoa) warfa darajatahu fil-mahdiyyeena, wakhlufhu fi aqibihi fil-ghaabirina, waghfir-lanaa wa lahu yaa Rabbal-aalamina, wafsah lahu fi qabrihi wa nawwir lahu fihi
Isto significa:
Ó Allah, perdoe (nome da pessoa) e eleva sua posição entre aqueles que são guiados. Envia-o pelo caminho daqueles que vieram antes, e perdoa a nós e a ele, ó Senhor dos mundos. Amplia para ele seu túmulo e lança luz sobre ele nele.
A crença no barzakh desempenha um papel crucial na vida espiritual dos muçulmanos, reforçando a importância de uma vida moralmente correta e de ações virtuosas.
Este estágio intermediário entre a morte e o Dia do Juízo não apenas oferece uma perspectiva sobre o destino final da alma, mas também inspira práticas piedosas, como orações e caridade, para beneficiar os falecidos.
Ao compreender e refletir sobre o barzakh, os muçulmanos são lembrados da continuidade da existência da alma e da justiça divina, motivando-os a viver de acordo com os ensinamentos do Islam e a manter um vínculo espiritual com aqueles que já partiram.
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