Asma bint Umays foi uma das célebres discípulas do Profeta Muhammad, cuja história registra feitos notáveis como o fato dela ter participado de duas imigrações.
Também se destaca o fato dela ter se casado e ficado viúva três vezes ao longo de sua vida de importantes companheiros do Mensageiro de Allah.
Ela também é lembrada por ser uma das primeiras mulheres a se converterem ao Islam. Seu legado é relembrado não apenas por ser uma importante presença feminina, mas uma figura muito relevante para comunidade muçulmana.
É provável que asma tenha nascido entre os anos de 597 e 600.
Naquela época a Arábia não tinha um calendário numérico e a contagem dos meses era irregular, havendo anos com 12 e outros com 13 meses, o que dificulta a precisão de nascimento de vários personagens apostólicos do Islam.
Ela era irmã de Salma bint Umays e Awf ibn Umays e filha do imigrante Umays ibn Maad e Hind bint Awf.
Ela foi uma das primeiras muçulmanas da história, antes mesmo deles se reunirem na casa de al-Arqam para poderem orar.
É provável que ela tenha se convertido entre o ano de 614 e 616.
Jafar ibn Abu Talib, irmão mais velho de Ali ibn Abu Talib, foi o primeiro marido de Asma. Perto do período em que se casaram, a opressão dos Quraish contra os muçulmanos endureceu e muitas pessoas foram perseguidas e mortas.
Por causa disso, o Profeta Muhammad autorizou a primeira grande imigração dos seus companheiros para a Abissínia, onde hoje está o território da Etiópia.
Durante a imigração, eles tiveram dois filhos e viveram ali na região por 14 anos, até que o Profeta autorizou a hégira, a imigração dos muçulmanos para Medina.
A situação se tornou um pouco mais agradável para Asma com essa mudança. A Abissínia era um lugar de costumes bem menos comuns do que Medina, que por sua vez compartilhava uma raíz árabe.
Além disso, o Profeta Muhammad estava em Meca durante o período da imigração para a Abissínia, mas se mudou junto com os seus companheiros quando eles foram para Medina.
Em Medina, os muçulmanos de Meca estavam lá como hóspedes, enquanto o Profeta Muhammad era o governante da cidade, um panorama bem mais entusiasmante do que nos anos anteriores.
Jafar e Asma chegaram a Medina próximo da época da vitória dos muçulmanos em Khaybar. O Profeta ficou tão feliz com a chegada deles, que disse:
"Por Allah, não sei qual ocasião me agrada mais: a vitória em Khaybar ou a chegada de Jafar."
Após chegar, ela escutou de Omar ibn al-Khattab que o povo que estava em Medina estavam mais próximos do Profeta do que eles, pois haviam chegado antes na cidade.
Mas Asma protestou porque, afinal, ela tinha feito duas imigrações, então ela resolveu perguntar a respeito disso diretamente ao Profeta.
E o Profeta exaltou os feitos dela dizendo: “Ele não está mais perto de mim do que você (os imigrantes da Abissínia). Ele migrou apenas uma vez, mas vocês, as pessoas do navio, migraram duas vezes.”
Ao longo de sua vida, muitas pessoas foram até Asma para ouvirem ela narrar este hadith novamente.
Infelizmente, ela acabou ficando viúva após a batalha de Mutah, a primeira batalha em que os muçulmanos enfrentaram o Império Bizantino e seus clientes Gassânidas.
Foi uma batalha violenta em que alguns companheiros do Profeta Muhammad morreram, inclusive Jafar que teve os dois braços decepados.
Asma ficou profundamente triste com a morte do seu marido e chorou por três dias sem parar. O Profeta buscou consolá-la em algumas situações.
Um dos belos relatos deste momento, é quando ele disse a ela que Jafar agora tinha duas asas através das quais ele voava pelo paraíso.
Tempos após a morte de Jafar, Abu Bakr, principal companheiro do Profeta Muhammad , propôs casamento a Asma.
Ela o amava muito e ele também, juntos eles tiveram um filho chamado Muhammad ibn Abu Bakr no ano de 632.
Asma era muito próxima de Fátima, a filha do Profeta. Uma vez ela estava contando a uma amiga sobre a prática que havia na Abissínia em que eles cobriam as defuntas dentro de um caixão de madeira ou um caixão feito de folhas.
Fátima ficou muito impressionada, pois não gostava da ideia de seu corpo ser visto por homens estranhos durante o enterro.
Ela então pediu para que Asma lavasse seu corpo após sua morte e fizesse para ela um caixão semelhante.
Foi daí que surgiu os costumes funerários que os muçulmanos seguem até os dias atuais. Fátima foi a primeira pessoa a ser enterrada seguindo este rito.
Dois anos depois foi a vez de Abu Bakr falecer. Quando se despediu deste mundo, o nobre companheiro do Profeta era ninguém menos do que o primeiro califa dos muçulmanos.
Após a morte de Abu Bakr, Ali ibn Abu Talib, primo do Profeta, propôs casamento a ela. Juntos, eles tiveram dois filhos Yahya e Awn.
Alguns relatos deste período mostram como ela encarava a vida de seus falecidos maridos, e como ela lidava com justiça com os seus filhos de diferentes pais.
Dois deles, Muhammad ibn Jafar e Muhammad ibn Abi Bakr, brigaram pelas conquistas de seus pais. Vendo aquilo, Ali pediu para que Asma intervisse com o juíza, e ela respondeu:
"Nunca vi um jovem melhor do que Jafar e nunca vi um velho melhor do que Abu Bakr."
Embora Ali fosse um homem tão nobre quanto os outros dois maridos que Asma teve, infelizmente os anos de casamento com Ali foram bastante difíceis, pois é marcado pelo declínio do califado, o que afetaria sua vida pessoalmente.
Seu filho, Muhammad bin Abu Bakr, foi nomeado governador do Egito na época do governo de Ali.
Ele acabou sendo morto pelos rebeldes e, logo na sequência, foi a vez de Ali ser assassinados por membros de uma seita extremista que acreditava que ele havia transgredido a Sharia.
Asma perdeu os dois quase juntos, o que afetou a sua saúde de forma severa, fazendo com que ela morresse entre 658 e 661, na cidade de Medina.
Ela está enterrada no cemitério de al-Baqi, onde jaz outros grandes companheiros e familiares do Profeta Muhammad.
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