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13 grandes mulheres da História Islâmica

Apesar de milhões de exemplos de grandes mulheres na história Islâmica, listamos aqui 13 grandes mulheres que poucos conhecem. Leia!
  • Tanto na Missão Profética de Muhammad quanto na história do Islam, as mulheres despenham papel fundamental.
  • Algumas delas são consideradas exemplos de conduta para as mulheres muçulmanas.
  • As mulheres no Islam tiveram grande responsabilidade no desenvolvimento da religião.

Por causa do Dia Internacional da Mulher, eu pensei que seria interessante introduzir as pessoas à vários nomes de mulheres muçulmanas importantes da história, mulheres que eles podem não ter lido a respeito antes. Embora os nomes de figuras extraordinárias como a Imperatriz Theodora, Eleanor de Aquitânia, Joana d´Arc, Anne Boleyn, Caterina Sforza e Elizabeth I são geralmente bem conhecidos, os seus homólogos no mundo muçulmano medieval e moderno não são. As mulheres desempenharam um papel importante no mundo muçulmano pré-moderno como acadêmicas, poetas, místicas, governantes e guerreiras. Esta é uma pequena lista de algumas delas.

1. Khadija bint Khuwaylid (morte em 620)

Tumba de Khadija antes de sua destruição
Tumba de Khadija antes de sua destruição

Mesmo antes de seu famoso casamento com o Profeta Muhammad, ela foi uma figura importante por si só, sendo uma comerciante bem sucedida e uma das figuras da elite de Meca. Khadija bint Khuwaylid desempenhou um papel central no apoio para propagar a nova fé do Islam e tem a distinção de ser a primeira muçulmana. Como o próprio profeta Muhammad disse em um hadith preservado em Sahih Muslim: “Deus Todo-Poderoso nunca me concedeu ninguém melhor nesta vida do que ela. Ela me aceitou quando as pessoas me rejeitaram; ela acreditou em mim quando as pessoas duvidaram de mim; ela compartilhou sua riqueza comigo quando as pessoas me privaram; e Deus me concedeu crianças só através dela.”

De fato, outra das mulheres mais importantes do início do Islam, Fátima al Zahra, era a filha do Profeta por Khadija e é somente através de Fátima (especialmente através de seus dois filhos, al  Hasan e al Husayn) que a linhagem do Profeta Muhammad foi preservada. Estes fatos tornam Fátima e sua mãe Khadija entre as personagens femininas mais reverenciadas na história islâmica.

2. Nusayba bint Kab al Ansariyya (morte em 634)

Também conhecida como Umm Ammara, ela era um membro da tribo Banu Najjar e uma das primeiras convertidas ao Islam em Medina. Como uma companheira do Profeta Muhammad, havia muitas virtudes atribuídas a ela. Ela é mais lembrada, no entanto, por tomar parte na batalha de Uhud (625), em que ela carregava espadas e escudos e lutou contra os habitantes de Meca. Nusayba bint Kab al Ansariyya protegeu o Profeta Muhammad dos inimigos durante a batalha e até mesmo recebeu vários ferimentos de lança e flechas quando ela lançou-se na frente dele para protegê-lo. Diz-se que depois que ela recebeu sua décima segunda ferida, ela caiu inconsciente e a primeira questão que ela perguntou quando ela acordou (um dia mais tarde, em Medina) foi “o Profeta sobreviveu?”

3. Khawla bint Al Azwar (morte em 639)

Outra contemporânea do profeta Muhammad. Ela é mais conhecida por sua participação na batalha de Yarmuk (636) contra os bizantinos. De acordo com as narrativas posteriores das conquistas islâmicas, os autores descreveram Khawla bint Al Azwar como tendo a habilidade e capacidade de luta do general muçulmano famoso Khalid ibn al Walid

Selo jordaniano de Khawla b. al-Azwar
Selo jordaniano de Khawla b. al-Azwar

Há um monte de enfeites e detalhes obscuros que surgem a partir de fontes posteriores sobre ela, o que fazem os detalhes questionáveis, o que levou alguns estudiosos a duvidarem se ela realmente existiu! Apesar destes detalhes, não deixa de ser notável que estudiosos como al-Waqidi e al-Azdi, que escreveram nos séculos VIII e IX, acharam necessário atribuir tamanha importância para uma guerreira de grandes conquistas. Na verdade, se ela nunca existiu de fato isso faz com que sua lenda seja ainda mais interessante.

4. Aisha bint Abu Bakr (morte em 678)

Uma figura que exige quase nenhuma introdução, Aisha era a esposa do Profeta Muhammad, que tinha talvez a maior influência sobre a comunidade muçulmana após a sua morte. Ela desempenhou um papel central na oposição política para o terceiro e quarto califa Uthman ibn Affan e Ali Ibn Abi Talib, chegando a levar um exército contra o último em Basra em 656. Embora ela tenha se retirado da vida política após sua derrota, ela continuou a desempenhar um papel importante como uma transmissora de ensinamentos islâmicos.

Ela é uma das principais narradoras de hadith na tradição sunita. De muitas maneiras, ela é uma das figuras mais controversas no início do Islam, especialmente porque as implicações de suas ações para a participação das mulheres nos estudos, vida política e na esfera pública entraram em confronto com concepções conservadoras posteriores sobre o papel das mulheres na sociedade islâmica.

5. Zaynab bint Ali (morte em 681)

Ela era a neta do Profeta Muhammad através de sua filha Fátima (morte em 633.) e seu marido Ali ibn Abu Talib (d. 661). Ela era uma das figuras mais ilustres e admiráveis ​​da Ahlul Bayt (família do Profeta) e desempenhou um papel central durante e após o Massacre em Karbala (680), onde seu irmão al Husayn ibn Ali, e 72 de seus sobrinhos e outros irmãos foram mortos pelos Omíadas.

Templo de Sayyida Zaynab em Damasco
Templo de Sayyida Zaynab em Damasco

Por um tempo, ela foi a líder eficaz da Ahlul Bayt e serviu como o principal defensora da causa de seu irmão, al Husayn. Em Kufa, Zaynab bint Ali defendeu seu sobrinho Ali ibn al Husayn da morte certa pelo governador da cidade e, ao ser apresentada ao Yazid ibn Muawiya em Damasco, fez um discurso tão inflamado e contundente na corte real que forçou o califa a soltá-la e também os prisioneiros capturados em Karbala. Sua força, paciência e sabedoria faz dela uma das mulheres mais importantes no início de Islam. Seu santuário em Damasco continua a ser um importante local de visitação por ambos os sunitas e xiitas, fato que ressalta a universalidade de seu legado entre os muçulmanos.

6. Rabia al Adawiyya (morte em 801)

Uma das místicas mais importantes (ou Sufi) na tradição muçulmana, Rabia al Adawiyya passou grande parte de sua vida anterior como escrava no sul do Iraque antes de atingir sua liberdade. Ela é considerada um dos fundadores da escola Sufi de “Amor Divino”, que enfatiza o amor por Deus pelo Seu puro amor, e não por medo de punição ou desejo de recompensa por parte de Deus. Ela coloca isso em um de seus poemas:

“Ó Deus! Se eu te adorar por medo do inferno,

me queime no inferno,

e se eu te adorar na esperança do Paraíso,

me exclui do Paraíso.

Mas se eu Te adorar

Por Sua própria existência,

não me afaste de Sua eterna Beleza.”

Quando perguntado por que ele incluiu uma grande parte sobre Rabia em seu dicionário biográfico dos místicos (o Tadhkirat al awliya), o estudioso do século 13 Fariduddin Attar (morte em 1220) explicou: “o Profeta (que a paz esteja com ele) mesmo disse, “Deus não considera suas formas exteriores. A raiz da questão não é a forma, mas a intenção interior. A humanidade será levantada de acordo com suas intenções.” Além disso, se é adequado para nós obtermos dois terços de nossa religião a partir de uma mulher, a nobre e abençoada Aisha bint Abu Bakr, então certamente é permitido aprendermos com alguém que se inspirou em Aisha.”

7. Lubna de Córdoba (morte em 984)

Originalmente uma escrava de origem espanhola, Lubna passou a se tornar uma das figuras mais importantes do palácio dos omíadas em Cordoba. Ela era a secretária no palácio dos califas Abd al Rahman III (morte em 961) e seu filho al Hakam bint Abd al Rahman (morte em 976). Ela também foi matemática especialista e presidiu a biblioteca real, que consistia em mais de 500.000 livros. De acordo com o famoso estudioso andaluz Ibn Bashkuwal: “Ela se destacou na escrita, gramática e poesia. Seu conhecimento em matemática também foi imenso e ela foi proficiente em outras ciências também. Não havia ninguém no palácio omíada tão nobre como ela.”

Pintura de Lubna por José Luis Muñoz
Pintura de Lubna por José Luis Muñoz

8. Fátima bint Abi al Qasim Abd al Rahman bint Muhammad bint Ghalib al Ansari al Sharrat (morte em 1216)

Ela era uma das mulheres mais instruídas em Andaluzia durante o final do século XII e início do XIII. O envolvimento de Fátima com obras da teoria jurídica, jurisprudência, bem como misticismo torna evidente que ela estava familiarizada com uma grande variedade de ciências islâmicas. Ela era a mãe do eminente professor Abu al Qasim bint al Taylasan. De acordo com o estudioso andaluz Abu Jafar al Gharnati (morte em 1309.): “Ela memorizou livros enumeráveis ​​sob a orientação de seu pai, incluindo al Makki Tanbih, de al Qudai Shihab, Ibn Ubayd al Mukhtasar de Tulaytali, todos os três ela sabia de cor. Ela também memorizou o Alcorão, sob a orientação de Abu Abd Allah al Madwari, o grande asceta que é considerado dentre os Abdal [um posto importante dentro Sufismo]. Com seu pai, ela também aprendeu Sahih Muslim, Sira (biografia do Profeta Muhammad) de Ibn Hisham, al Mubarrad al Kamil, Nawadir de al Baghdadi e outras obras.”

9. Razia Sultan (morte em 1240)

Ela era a governante do Sultanato de Delhi entre 1236 e 1240. Seu pai, Shams al Din Iltutmish (reinado entre 1210 e 1236) tinha designado Razia como sua herdeira antes de sua morte, portanto, tornando-a a regente oficial do sultanato. Ela era uma regente bastante eficiente e foi uma grande patrona da aprendizagem, criação de escolas e bibliotecas em todo o norte da Índia. Em todas as questões, ela se comportou como um sultão, liderando exércitos, sentando no trono e até mesmo adotando o mesmo vestido real, semelhante ao seu pai; para a indignação de muitos, ela também insistiu em aparecer descoberta em público. Em 1240, ela foi deposta em uma rebelião pelos nobres do reino, que, entre outras coisas, foram fortemente contra serem liderados por uma mulher e a mataram.

10. Shajar al Durr (morte em 1257)

Ela era a viúva do sultão aiúbida al Salih Ayyub (reinou entre 1240 e 1249) e desempenhou um papel importante na política egípcia após a morte de seu marido. Shajar al Durr era mais provavelmente de origem turca, começando sua vida como uma escrava na corte aiúbida. Por volta de 1250, ela se tornou a governante (ou sultana) do Egito; seu reinado é geralmente considerado por marcar o início do sultanato mameluco do Egito. Ela desempenhou um papel importante nos preparativos na defesa do norte do Egito contra a Sétima Cruzada, derrotando os cruzados (embora ela mesma não estivesse presente) na batalha de Fariskur (1250) e tendo o rei Luís IX de França preso como cativo. Ela era a chefe de estado efetivamente e seu nome foi mencionado no khutba e moedas cunhadas em seu nome com o título “Malikat al Muslimin” (Rainha dos muçulmanos).

Tumba de Shajar al-Durr
Tumba de Shajar al-Durr

No entanto, foi difícil para as pessoas aceitarem serem governadas unicamente por uma mulher e, em agosto de 1250, como resultado de várias pressões, ela se casou com seu comandante-em-chefe Izz al Din Aybak, que se tornou o primeiro sultão mameluco. Apesar do casamento, Shajar al Durr manteve seu poder e foi capaz de assegurar que os documentos de Estado desse os nomes de ambos os soberanos, em vez de apenas o de Aybak. No entanto, em 1257, ela decidiu eliminar seu marido (por razões políticas, além de descobrir que ele estava envolvido em um caso com outra mulher ou tentou casar com uma esposa adicional [as fontes são obscuras sobre esta questão]) e assassinou-o em banho. Quando isso foi descoberto, ela foi deposta e assassinada brutalmente, trazendo o seu reinado à um fim trágico.

11. Zaynab bint Ahmad (morte em 1339)

Ela foi, talvez, uma das estudiosas islâmicas mais eminentes do século XIV. Zaynab pertencia à escola Hanbali de jurisprudência e residia em Damasco. Ela tinha adquirido um número de ijazas (diplomas ou certificados) em vários campos, principalmente hadith. No início do século XIV, ela ensinou livros como Sahih Bukhari, Sahih Muslim, o Muwatta de Malik ibn Anas, o Shamail de al Tirmidhi, e de al Tahawi Sharh Maani al Athar. Entre seus alunos estava o viajante Norte Africano, al Dhahabi (morte em 1348) Ibn Battuta (morte em 1369), Taj al Din al Subki (morte em 1355), e seu nome aparece em várias dezenas dos isnads de Ibn Hajar al Asqalani (morte em 1448). É importante salientar que Zaynab foi apenas uma das centenas de estudiosas do sexo feminino de hadith durante o período medieval no mundo muçulmano.

Manuscrito de Sahih Bukhari
Manuscrito de Sahih Bukhari

12. Sayyida al Hurra (morte em 1542)

Com um nome que significa literalmente “mulher livre”, Sayyida al Hurra foi uma das figuras muçulmanas mais interessantes do século XVI. Ela era originalmente do Reino Nasrid de Granada, mas foi forçada a fugir após a sua conquista pela Espanha Cristã em 1492. Como muitos muçulmanos Andaluzes, ela se estabeleceu no Marrocos e, junto com seu marido, fortificou e governou a cidade de Tetouan no norte da costa. Após a morte de seu marido em 1515, ela se tornou a única governante da cidade, que cresceu em força e população com mais muçulmanos Andaluzes sendo exilados ou expulsos da Iberia no início do século XVI.

Por várias razões, incluindo o desejo de vingar a destruição de Andaluzia e conversão forçada ao cristianismo dos muçulmanos lá, ela se virou para a pirataria e transformou Tetouan em uma grande base de operações navais contra a Espanha e Portugal. Ela aliou-se com o famoso Otomano corsário-girar-almirante Hayreddin Barbarossa em Argel e, juntos deram um duro golpe ao poder imperial espanhol no norte da África e do Mediterrâneo Ocidental. É interessante notar que as fontes muçulmanas são bastante silenciosas sobre Sayyida al Hurra, e a maioria de nossas informações sobre ela é derivada de documentos espanhóis e portugueses, que enfatizam sua eficácia como uma rainha pirata e a destrutividade dos ataques que ela forjou contra as costas do sul da Península Ibérica. Mais tarde, ela se casou com o Sultão oatácida marroquino, Abul Abbas Muhammad (reinou entre 1526 e 1545). Enquanto as piratas Anne Bonny e Mary Read são bem conhecidas piratas do sexo feminino para o público em geral, é uma pena que Sayyida al Hurra é muito menos conhecida.

13. Kosem Sultan (morte em 1651)

Muitos falantes da língua inglesa estão bastante familiarizados com Roxelana ou Hurrem Sultan, a rainha-consorte de Suleyman I (reinou entre 1520 e 1566). No entanto, Kosem Sultan parece ser muito menos conhecido. Como a consorte (então esposa) do sultão otomano Ahmed I (reinou entre 1603 e 1617), a mãe dos sultões Murad IV (reinou entre 1623 e 1640) e Ibrahim (reinou entre 1640 e 1648), e a avó do sultão Mehmed IV (reinou entre 1648 e 1687), ela exercia enorme influência e pode ser considerada como sendo talvez a mulher mais poderosa da história otomana.

Originalmente grega com o nome de Anastasia, foi escravizada em uma idade jovem e levada ao palácio otomano, onde ela se tornou concubina do sultão Ahmed I. De acordo com uma fonte contemporânea, Cristoforo Valier, em 1616, Kosem era a mais poderosa dos associados do sultão: “ela poderia fazer o que ela quisesse com o Sultão e possuía seu coração absolutamente, e não há qualquer coisa que ele havia negado à ela”. Entre 1623 e 1632, atuou como regente de seu filho Murad IV, que assumiu o trono como um menor. Até seu assassinato em 1651, como resultado de intrigas da corte, ela exerceu uma grande influência sobre a política otomana.

Traduzido de Ballandalus

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