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Shehu Usman dan Fodio e o Califado de Sokoto

Usman dan Fodio (1754 – 1817d.C), estadista, reformador, professor erudito e religioso, emergiu a partir das grandes ondas de reformas que atravessam o mundo muçulmano no final do século XVIII. Shehu (que significa Shaykh) Usman era filho de Fuduye Muhammad, cujos antepassados eram membros do clã Torobe do povo Fulani.

Nos séculos XV e XVI, os Fulani habitavam vastas pastagens entre o Sahara e as densas selvas tropicais da África. Eles cuidavam de suas ovelhas e gado e dependiam da generosidade natural da terra para obter seus alimentos. Entre eles, existiam muitos estudiosos que forneceram a espinha dorsal da tradição religiosa ao império Songai. A chuva era escassa, cerca de quinze polegadas por ano e a busca de pastagens produziu migrações periódicas. Os Fulani migraram gradualmente da África Ocidental para a sua fortaleza moderna no norte da Nigéria. Linguisticamente a língua Fulani tem sua base em Bantu com uma forte sobreposição de árabe. Ligações comerciais através do Sahara atou o Sudão ao Magreb, e houve uma mistura considerável entre os povos Bantu, Berber, árabe e outros islâmicos na África Ocidental. Em um processo semelhante ao do Sahel da África Oriental e da Costa Malabar da Índia, produziu uma amalgama rica de cultura, língua, linhagem e patrimônio.

Os Fulani traçam sua linhagem de Uqba bin Nafi (622 – 683 d.C), renomado conquistador da África do Norte (683 d.C). Shehu Usman Dan Fodio era, portanto, um descendente de Uqba bin Nafi pelo lado da família de seu pai. Do lado da família de sua mãe, ele era um Sayyid, um descendente do Profeta. Sua mãe, Sayyadatu Hawwa, estava na linhagem de al Hassan, filho de Fatima binte Profeta Mohamed (p).

O Sudão ocidental estava mais próximo dos centros intelectuais do norte da África do que o interior, e foi aqui onde nasceram as tendências de reforma que atravessaram a África Ocidental. No século XI, esta área produziu o movimento Murabitun (murabita), que se espalhou pelo Sudão Ocidental, África do Norte e Espanha. O movimento do Sinhaja e outras tribos em todo o Sahara forneceu o meio para transmissão de idéias. A ordem sufi Qadriya, originária de Bagdá, logo se espalhou para todas as partes do mundo islâmico. Os comerciantes que a introduziram (a ordem sufi qadriya) no Sahara também a introduziram na África Ocidental nos séculos XIV e XV. Em breve, plantou-se em solo africano e forneceu o meio mais eficaz para a propagação do islã. Uma vez que os Fulani se disseminaram tanto, eles estavam entre os primeiros povos na África Ocidental a entrar em contato com novas ideias do norte. Os Sufis estabeleceram zawiyas (casas de oração sufi), proporcionaram uma estrutura para a propagação da fé, ensinaram o Alcorão e a Sunnah, professores treinados e trabalhadores dedicados prestaram serviços sociais e agiram como protetores defensivos em tempos de guerra. O islã sufi que se espalhou na Pérsia, na índia e na Indonésia nos séculos XIV e XV encontrou abrigo na África. Os Fulani estavam entre as primeiras pessoas a abraçar essa nova visão do Islã. Do oeste da África, as tariqas sufis foram levadas pelos Fulani ao interior e além da curva do rio Níger que é hoje o norte da Nigéria. A Intelectualidade e seu conhecimento sobre o Islã tornaram os Fulani bem-vindos em vários reinos, então existentes na África Ocidental. Em 1775, os mallams (Plural de mallam, é um título honorífico dado aos estudiosos islâmicos na África, conotando o significado de ‘’mestre’’) Fulani formaram a espinha dorsal do estabelecimento religioso em todo o cinturão da África Ocidental. As interpretações rigorosas da Escola de Maliki fiqh às vezes os levaram a entrar em conflito com os emires locais que governaram usando uma mistura de lei islâmica e costumes animistas para atender às condições locais.

Na última parte do século XVIII, outra ordem sufi, a Tijaniya foi fundada no Marrocos. A partir daí, espalhou-se para o sul em áreas habitadas pelo Sinhaja que o levaram às regiões Sene-Gambia. Os Tijaniy eram mais assertivos do que os Qadriya na divulgação da fé e sua abordagem encontrou muitos adeptos entre os jovens que estavam impacientes com a abordagem lenta e deliberada da ordem Qadriya. Estas duas ordens, a Qadariya e a Tijaniya, foram a força espiritual por trás do avivamento islâmico no Sudão.

As convulsões políticas dos séculos XVI e XVII tiveram um impacto direto nas migrações de pessoas e na evolução da cultura e da religião na África Ocidental. Em 1592, Maulay Ahmed da dinastia Sa’adid no Marrocos enviou seu exército para o sul em direção ao Império de Songai. O que começou como um confronto de fronteira para controlar as minas de sal em Taghaza e Taodeni se multiplicou em uma invasão em grande escala. Armados com mosquetes e canhões, as forças invasoras causaram estragos nas cidades do rio da África Ocidental. Os grandes centros comerciais de Timbuktu, Gao e Jenne foram ocupados e danos consideráveis foram infligidos às cidades. O imperador de Songai, Askia Ishaq (…- 1549 d.C), recuou para o leste em direção a sua terra natal. Com os exércitos em retirada foram muitos dos estudiosos de Timbuktu, Gao e Jenne. Esses estudiosos proporcionaram um impulso adicional à propagação do islã no sul do rio Níger, que está localizado hoje em Níger e no norte da Nigéria.

As deslocações sociais causadas pela guerra destruíram o poder das cidades e aumentaram a importância das aldeias. Juntamente com a migração de estudiosos das áreas de Songai para Hausa e Fulani, houve um movimento de marabus, os menestréis errantes, que provaram ser o elemento ativo no transporte de ideias islâmicas para o interior. Os marabus, igualmente doutos em Shariah e tariqa, estabeleceram centros religiosos locais. A conversão para o Islã ganhou um impulso. Para o sudeste, além da curva do rio Níger, os comerciantes Fulani foram igualmente bem-sucedidos na propagação da fé. Até agora, o Islã era principalmente a religião dos governantes e da aristocracia dominante na África Ocidental. Agora, tornou-se uma religião das massas. Os novos participantes da fé trouxeram consigo suas tradições e cultura, assim como as pessoas da Índia e da Indonésia trouxeram a sua para o islã 300 anos antes. A confluência de costumes religiosos ancestrais africanos e doutrinas islâmicas ortodoxas foi a matriz a partir da qual emergiram os movimentos de reforma dos séculos XVIII e XIX.

A desintegração do Império songai foi uma bonança política para os povos Fulani e Hausa que viveram além da curva do rio Níger. Os Hausa-Fulani eram hábeis comerciantes e artesãos consagrados e moravam em áreas onde a agricultura prosperava. Eles estavam sob constante pressão militar de Songai, mas nunca se uniram ou se organizaram para resistir contra eles. Com a ameaça de invasão armada recuando, e Songai sob o controle militar marroquino, eles foram capazes de estabelecer um curso independente para si. Em 1629, um dos chefes Fulani, Ardo, se separou de Songai que era dominada pelos marroquinos. Movimentos similares para a independência por outras tribos Fulani seguiram nas décadas sucessivas. Em 1690, vários estados Fulani surgiram nas planícies de Messina, no noroeste da Nigéria e no sul de Níger. Por volta de 1790, um dos murabus, Shaykh Alfa Muhammed Diobo, fundou a cidade de Say. Esta cidade que está localizada hoje na fronteira entre Nigéria e Níger, tornou-se o núcleo do movimento político e do renascimento religioso nas áreas Hausa-Fulani.

Enquanto isso, a paisagem política do norte da África e do Mediterrâneo também havia sido transformada. Os exércitos otomanos, alegando representar a força total do Islã, saíram do Egito e ocuparam toda a África do Norte, exceto Marrocos. A rivalidade militar muçulmano-cristã foi intensa durante os séculos XVI e XVII. Os cristãos portugueses foram parados na batalha de al Kasr al Kabir (1578), e os exércitos terrestres turcos frustraram a ambição da Espanha católica e do Vaticano na Europa Oriental e da África do Norte. Embora o poder turco na Europa do Sudeste tenha recuado após o segundo cerco de Viena (1683), a África do Norte continuou sendo uma parte do Império Otomano ao longo do século XVIII e as fortes interações culturais e religiosas desenvolvidas entre a África Subsaariana e o Império Turco, bem como o reino independente marroquino.

As poderosas correntes que produziram a revolução de Usman Dan Fodio surgiram de uma confluência de cultura animista e Islã ortodoxo, em um ambiente de incerteza política. Até o ano de 1800, a paisagem social da África Ocidental estava sendo transformada. O Islã não era mais a religião da elite governante. Agora tinha raízes no solo. Milhares entraram na nova fé através do trabalho dos mallams. Conforme demonstrado na experiência anterior da Índia e da Indonésia, a aceitação de uma nova fé não resulta necessariamente no repúdio de culturas antigas. Os recém-chegados africanos trouxeram consigo sua cultura anterior e suas velhas práticas animistas. As condições políticas na Nigéria estavam longe de ser resolvidas. Houve instabilidade política devido à intensa rivalidade entre os Emirados de Kano, Air, Zamfara, Kebbi e Katsina.

Usman  Dan Fodio cresceu nestes tempos turbulentos. Em sua infância, recebeu treinamento em Alcorão, Hadith e nas ciências de Fiqh. Ele dominou o árabe clássico e era fluente nas línguas Hausa-Fulani. Quando jovem, Shaykh Usman foi influenciado pelas ideias de Al-Moghili (1425 – 1505 d.C), o conhecido pensador islâmico do norte da África. Al-Moghili, seguindo alguns dos Hadith do Profeta, acreditava que durante cada século um reformador surgiria de entre os crentes para trazer de volta a pureza da fé para as massas. Na última parte do século XVIII, as condições estavam bem-dispostas para a reforma na África Ocidental. Muitas pessoas recém-convertidas usaram o Alcorão como se fosse um talismã ao redor do pescoço para evitar o mal e não como um livro Divino de orientação. A adivinhação por árvores e pedras permaneceram práticas comuns. Al-Moghili afirmou que uma jihad devia ser travada para eliminar tais práticas. Contrariando a Shariah, alguns dos governantes locais impuseram impostos extorsivos aos agricultores e comerciantes. Al-Moghili declarou que um governante injusto devia ser derrubado. Alguns dos mallams, que até então foram pouco educados nas disciplinas clássicas do Alcorão, Hadith e Fiqh, não podiam fornecer interpretações corretas do Alcorão. Al-Moghili sustentou que uma pessoa, que afirma ser professor, deve conhecer o árabe para que possa entender corretamente o Alcorão, a Sunnah e o Fiqh.

Shehu Usman também estudou tasawwuf e tornou-se um sufi fervoroso. Tasawwuf é a dimensão interior do Islã e tem sido parte integrante do espectro islâmico desde a sua criação. As práticas sufis visam a purificação da alma para se tornar consciente da presença Divina. O Profeta atribuiu grande importância à auto-purificação e ensinou que a luta contra o eu era maior e mais importante que a luta contra inimigos externos. Shehu Usman leu as obras de Al Ghazzali (1058 – 1111 d.C) e tornou-se um seguidor de Shaykh Abdul Qadir Jilani (1077 – 1166 d.C) de Bagdá, fundador da ordem Qadriya, que é aceito nos círculos sufis como Shaykh ul Mashaiq (Mestre dos mestres). Shaykh Usman acreditava que Abdul Qadir Jilani tinha falado com ele em uma visão, pedindo-lhe que lutasse contra a incredulidade da era.

Até cerca do ano de 1800, Shehu Usman Dan Fodio reuniu em torno de si mesmo um grande número de intelectuais, estudantes e seguidores. Ele estabeleceu um zawiya (casa de oração) da ordem Qadriya na cidade de Degel. Este centro serviu de uma função religiosa semelhante à da cidade de Qum na Pérsia moderna. Os ulemá de Degel tornaram-se cada vez mais ativos em suas críticas aos emires corruptos e às práticas desviantes da população em geral. Mas o poder de novas idéias raramente não é contestado pelo establishment. O governante da província local, Yunfa, primeiro tentou assassinar Shehu Usman e depois o expulsou de Degel. Em 1804, seguindo o exemplo da hégira do Profeta, o Shehu migrou de Degel para Gudu, a cerca de trinta milhas de distância. Os ulemá e grande parte das massas se juntaram ao homem erudito nesta marcha e declararam-no seu imã, shaykh e emir ul momineen (líder dos fiéis). Alarmada com a crescente força do Shaykh, Yunfa enviou uma expedição contra Gudu. Escaramuças se seguiram. No verão de 1804, as forças de Dan Fodio ganharam uma vitória decisiva contra Yunfa. O Shaykh declarou prontamente que esta vitória seguia os passos da vitória do Profeta na Batalha de Badr. Sua visão agora abraçou toda a África ocidental e ele declarou uma jihad contra os reinos haúças. No entanto, no inverno do mesmo ano, os seguidores de Dan Fodio sofreram uma derrota. Não obstante estas reverências, Dan Fodio capturou Birnin Kebbi, capital de Kebbi em 1805. Os pastores de gado Fulani, fazendeiros haúças, comerciantes e estudiosos seguiram seu exemplo para estabelecer uma ordem social e política justa. Durante os três anos seguintes, as forças de Shehu Usman conquistaram sucessivamente Alkalwa, capital de Gobir, Katsina, Daura e Bauchi. Em 1808 realizaram-se campanhas de sucesso no estado de Borno.

Dan Fodio era um escritor prolífico e um orador consumado. O tema central em seus escritos é a injunção do Alcorão: “Você é o mais nobre da ummah criado para a humanidade, ordenando o que é certo, proibindo o que está errado e acreditando apenas em Deus”. Alguns de seus trabalhos bem conhecidos incluem Fath ul Bassa (O Desbloqueio da Visão Espiritual , ‘’ The Unlocking of Spiritual Vision’’), Tariq al Jannah ( The Road Towards Paradise, ‘’O caminho que leva ao Paraíso’’), Umdat ul Ulama (Support of the Scholars, ‘’Apoio aos ulemá’’), Bayan Bida como Shaitaniya ( Description of Religious Innovations of Shaitan , ‘’Descrição das Inovações Religiosas de Shaitan’’), Umda ul Bayaan Fil Ulum Allati Wajib Alal Ayan (Supportive Exposition of Knowledge Obligatory on Every Person , ‘’Exposição de Apoio ao Conhecimento Obrigatório para Todas as Pessoas), Udmat ul Mutabideen Wal Muhtarifeen ( Supportive Exposition of the Committed and Sincere Followers , ‘’Exposição de Apoio aos Seguidores Comprometidos e Sinceros) e Umdat ul Bayan (Supportive Expose) , ‘’Exposição de Apoio’’).

Shaykh Usman viu a religião como composta por: islã, Iman e Ihsan. O Islã, de acordo com o Shaykh, é implementação da Shariah (Lei Divina). Iman (fé) é a essência da vida religiosa. E Ihsan é a realização do potencial espiritual da alma humana. O Shaykh considerou uma obrigação a todos os crentes obter o conhecimento dessas três disciplinas e implementá-las em suas vidas.

Shehu Usman dividiu a ciência do tasawwuf em duas partes: (1) Takhallaq ou reforma do eu interior, e (2) Tahaqquq ou conhecimento da certeza (contemplação). A reforma do eu interior precede o conhecimento da certeza. Inclui a prática da Shariah, a lembrança dos nomes divinos e a renúncia aos atributos que corrompem a alma, como o ódio, inveja, raiva indevida e aquisições. O Shaykh ensinou que Shariah e tasawwuf eram ambos integralmente necessários para a completude e realização de uma vida islâmica. Ele considerou iman, islã e ihsan como pré-requisitos para qualquer aspiração de Tahaqquq ou conhecimento da certeza.

Shehu Usman era um estudioso consumado de jurisprudência. Ele tomou suas decisões de Al Suyuti, o estudioso Malikita dos tribunais Mamelucos (no ano de cerca de 1500) cuja influência irradiou em todo o norte da África e no Oriente Médio nos séculos seguintes. Embora o Shehu tenha seguido o Fiqh de Imã Malik bin Anas (711 – 795 d.C), ele deu igual peso ao Fiqh de Imã Abu Hanifa (699 – 767 d.C), Imã Shafi’i (767 – 820 d.C) e Imã Ahmad Ibn Hanbal (780 – 855 d.C).

A luta por uma ordem social e política justas era o lema dele. Ele se esforçou para o estabelecimento de um estado islâmico em que a Sharia fosse seguida, os impostos fossem justos e homens e mulheres fossem tratados com justiça e equidade. Em seu livro, Kitab al Farq, Shehu Usman descreve as diferenças entre um governo islâmico e um governo não-islâmico. Neste último, os funcionários são corruptos, recebem subornos; os governantes são opressivos e impõem impostos extorsivos sobre uma população desafortunada. Em contraste, um governo islâmico é justo e reto, onde a dignidade do homem é honrada e a honra das mulheres é preservada. Usman Dan Fodio fez Sokoto no norte da Nigéria, sua capital, e estabeleceu o califado de Sokoto. Este califa incluiu a maior parte do que hoje são as áreas Hausa-Fulani na Nigéria e se estendeu para o estado vizinho dos Camarões. Sua área era aproximadamente três vezes a área do estado de Nova York. Shehu Usman era um hábil administrador. Ele dividiu os territórios em quatro regiões. Seu irmão Abdullahi governou a região ocidental. Seu filho e sucessor, Muhammed Bello (1781–1837 d.C), governou a região leste. Seu comandante do exército, Ali Jedo, correu para a região norte. O Sul foi administrado por um de seus primeiros seguidores. O próprio Shehu Usman governou de Sokoto como líder religioso e Shaykh.

A influência de Shaykh Usman Dan Fodio não se limitou a áreas imediatas sob seu controle. Suas ideias irradiaram e tiveram um impacto profundo nas lutas religiosas em toda a África Ocidental. Um de seus discípulos, Shaykh Ahmed Lobo travou uma jihad e estabeleceu um reino em Macina (1827) na parte superior do rio Níger. Alhajj Omar, inspirado no exemplo de Shehu Usman, realizou uma jihad na região Sene-Gambia (1854-1864) que continha o avanço dos franceses da costa. Almami Samori estabeleceu um Emirado na Costa do Marfim. Para o leste, o califado de Kanem-Bornu foi formado após o califado em Sokoto. No norte dos Camarões, o povo local Fulani estabeleceu o Emirado de Adamawa. O objetivo em todas essas lutas era estabelecer as leis da Shariah, garantir uma justa tributação e justiça para todos e melhorar o bem-estar moral e material da população. Essas revoluções aumentaram o comércio, facilitaram o melhoramento produção agrícola e proporcionaram um grande estímulo para a erudição e a aprendizagem.

Grandes ideias são amiúde comprometidas quando são implementadas. O próprio Shehu estava menos interessado em política e administração e estava mais focado no ensino e na escrita. Política e administração foram delegadas a seu filho Muhammed Bello e a seu irmão Abdullahi. Muhammed Bello e Abdullahi eram estudiosos e eram excelentes administradores. Bello tomou o título de Emirul Momineen e estabeleceu um califado em Sokoto, que durou até as conquistas britânicas em 1903. Shehu Usman e Muhammed Bello só foram parcialmente bem-sucedidos em realizar sua visão de estabelecer um governo justo “ordenando o que é certo e proibindo o errado”. A razão era os ciúmes e as rivalidades entre seus seguidores que sentiam que mereciam ser recompensados ​​por seus esforços por altos cargos governamentais. O pai espiritual do movimento de Usman Dan Fodio, Al-Moghili, estava contra a ideia de estudiosos que buscassem posições oficiais. Aparentemente, a fé de Usman Dan Fodio “não foi compartilhada por seus seguidores imediatos que estavam mais interessados ​​em seu bem-estar pessoal do que em seguir os ensinamentos do grande Al-Moghili. As revoltas surgiram em várias partes do distante califado. Muhammed Bello teve que fazer campanhas sucessivas para suprimir essas revoltas. Muitas vezes, ele teve que comprometer e recompensar alguns dos chefes descontentes ao nomeá-los como chefes e emires. O califado de Sokoto não tinha um grande exército permanente para forçar sua vontade política sobre o império. As disputas deveriam, portanto, ser resolvidas por meio de compromissos. Esta falta de uma força de combate permanente tomou seu oneroso custo quando os britânicos finalmente chegaram à cena com seus canhões no início do século XX.

Fonte: https://historyofislam.com/contents/resistance-and-reform/uthman-dan-fuduye/

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